Interpretação de Efésios 3
Efésios 3
Efésios 3 dá continuidade à carta do apóstolo Paulo à igreja de Éfeso, aprofundando-se no mistério do plano de Deus para a humanidade, especialmente em relação aos gentios. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Efésios 3:1. O Mistério Revelado (Efésios 3:1-6): Paulo começa explicando que ele é um prisioneiro por causa dos gentios, enfatizando seu chamado único como apóstolo para os gentios. Ele revela que um mistério lhe foi revelado por revelação, que não foi totalmente revelado nas gerações anteriores, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus. O mistério é que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo por meio do evangelho. Este é um conceito radical na época, pois a unidade de judeus e gentios em Cristo não era amplamente compreendida.
2. A Oração de Paulo pelos Efésios (Efésios 3:7-13): Paulo explica que lhe foi confiado o evangelho e considera um privilégio pregar aos gentios. Ele reconhece que a sua missão é trazer à luz o plano do mistério escondido há séculos em Deus. Ele ora pelos efésios, pedindo que compreendam a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo, que excede todo o conhecimento. Paulo enfatiza que o plano de Deus para os gentios demonstra Sua sabedoria aos governantes e autoridades nos lugares celestiais.
3. O Desejo de Paulo para a Igreja (Efésios 3:14-19): Paulo ora para que os efésios possam ser fortalecidos com poder através do Espírito Santo no seu ser interior, resultando em Cristo habitando nos seus corações através da fé. Ele enfatiza a importância de estarmos enraizados e alicerçados no amor, compreendendo o vasto amor de Cristo e sendo cheios da plenitude de Deus. Esta oração sublinha o significado de experimentar o amor de Cristo e a presença do Espírito Santo na vida do crente.
4. O poder de Deus em ação (Efésios 3.20-21): Paulo conclui este capítulo com uma doxologia, dando glória a Deus. Ele afirma que Deus é capaz de fazer muito mais abundantemente do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com Seu poder operando dentro de nós. Paulo atribui toda a glória a Deus, agora e para sempre.
Em Efésios 3, Paulo enfatiza o mistério do plano de Deus, que é a inclusão dos gentios na promessa de salvação por meio de Cristo. Ele destaca o papel do Espírito Santo na revelação deste mistério e convida os crentes a compreender a profundidade do amor de Cristo. A oração de Paulo sublinha o poder transformador do Espírito Santo no ser interior dos crentes, resultando na presença habitada de Cristo. O capítulo termina com uma declaração do infinito poder e glória de Deus. Em última análise, Efésios 3 sublinha a unidade dos crentes em Cristo e o profundo amor de Deus, que ultrapassa a compreensão humana.
A Revelação do Mistério. 3:1-13.
O apóstolo Paulo foi escolhido por Deus para esclarecer e explicar pelo menos duas grandes revelações. A primeira delas é o próprio Evangelho - as boas novas da salvação através da morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo. A segunda era a verdade da Igreja como o corpo de Cristo. Nas grandes epístolas evangélicas – Romanos, I e II Coríntios e Gálatas – Paulo desenvolve extensamente a primeira revelação. Nas epístolas do presente grupo cronológico, as “Epístolas da Prisão”, ele trata em grande parte da segunda dessas revelações – a Igreja como o corpo de Cristo. O capítulo 3 forma o clímax da primeira divisão principal da epístola, que nos dá a nossa posição em Cristo.
A Dispensação da Graça de Deus. 3:1-6.
Eis aqui o mistério da Igreja na qualidade de corpo de Cristo.
3:1. Por esta causa. Refere-se a toda a declaração precedente. Eu, Paulo. A repetição que o escritor faz do seu nome prova a seriedade e a importância que ele imputa àquilo que está para escrever. O prisioneiro de Jesus Cristo. É claro que Paulo era um prisioneiro de Cristo no sentido de que ele fora capturado por Cristo, mas esse não é o principal pensamento aqui. Ele era um prisioneiro em Roma quando escrevia, e foi por amor a Cristo que era prisioneiro. Por amor de vós, gentios. Paulo foi especificamente o apóstolo dos gentios por ordem do Senhor Jesus (cons. Rm. 15:16).
3:2. Da dispensação da graça de Deus. A palavra dispensação significa mordomia. A mensagem da graça foi um depósito sagrado entregue a Paulo, a fim de que ele pudesse revelá-la aos gentios. A mim confiada para vós outros. Não foi dada a Paulo para que a guardasse, mas para que a passasse adiante, particularmente aos gentios.
3:3. Pois segundo uma revelação me foi dado conhecer o mistério. Paulo sempre insistia na sua recepção direta do Evangelho do próprio Senhor Jesus, sem qualquer intermediário humano (cons. Gl. 1:11, 12). O mistério. Veja comentário sobre 1:9. Conforme escrevi há pouco, resumidamente. Provavelmente não uma carta anterior mas algo já mencionado na presente epístola (cons. 1:9 e segs.).
3:4. Este versículo e o seguinte lançam muita luz sobre o uso da palavra mistério no N.T. A palavra significa, não algo místico ou mágico, mas um segredo sagrado que não foi previamente revelado; quando for revelado, só será compreendido pelos iniciados - aqui, aqueles que são salvos.
3:5. Como agora foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito. Exatamente como os homens santos de Deus foram inspirados pelo Espírito Santo nos tempos do V.T. (II Pe. 1 20, 21), assim também o foram os escritores do N.T.
3:6. Os gentios. O mistério não consistia em que os gentios queriam ser salvos – há muita coisa no V.T. relacionada com a salvação dos gentios, particularmente em Isaías – mas que seriam ligados aos judeus em um só corpo.
A Comunhão do Mistério. 3:7-23.
3:7. Ministro. Paulo transformou-se em servo pelo dom de Deus. Esta é a palavra traduzida para diácono – alguém que serve às mesas. Paulo jamais considerou o seu ofício como algo elevado que o afastasse dos outros homens. Ele sempre falou de si mesmo humildemente.
3:8. O menor de todos os santos. Em diversos outros lugares Paulo, lembrando-se do que fora antes de ser salvo e do que fizera à igreja, fala de si mesmo com auto-renúncia (cons. I Co. 15:9, I Tm. 1:15). A expressão traduzida para o menor de todos não é uma forma usual – comparativo do superlativo. Me foi dada esta graça. A graça de Deus foi dada a Paulo não principalmente para seu prazer, mas para que a passasse aos outros. De pregar aos coríntios. O Senhor Jesus deu esta palavra Ananias referindo-se a Paulo (Atos 9:15). Das insondáveis riquezas. Aqui novamente a palavra riquezas destaca-se como um adjetivo indicando seu caráter ilimitado.
3:9. E manifestar. Jogar luz sobre o que é a dispensação do mistério. Em alguns manuscritos encontramos a palavra mordomia em vez de dispensação. Desde os séculos oculto em Deus. Outra confirmação da definição do “mistério” antes citado. Que criou todas as coisas. Tudo o que existe, não simplesmente a criação física ou apenas a criação espiritual.
3:10. Nos lugares celestiais. A quarta ocorrência da frase na epístola. Outra indicação de que os seres celestiais estão observando a Igreja e vendo na Igreja o desdobrar da sabedoria de Deus. Ambos, anjos bons e maus, estão evidentemente admirados com a operação de Deus quando Ele redime homens e mulheres.
3:11. Segundo o eterno propósito. Cons. Rm. 81 29; Ef. 1:11.
3:12. Pelo qual. Isto é, em Cristo. Acesso com confiança. Fora de Cristo não podemos nos aproximar. Isso já foi demonstrado no cap. 2. A fé nele. Genitivo objetivo. Cristo é o objeto de nossa fé.
3:13. Nas minhas tribulações por vós. Compare com o que Paulo diz em Atos 20:18-35 sobre sua obra em Éfeso; também em II Co. 1:8-11.
A Segunda Oração de Paulo. 3:14-21.
Esta é a segunda oração de Paulo pelos efésios, e tal como a anterior em Ef. 1, relaciona-se principalmente com seu bem-estar espiritual. Enquanto a primeira oração se centraliza no conhecimento, esta focaliza o amor.
3:14. Por esta causa. Isto retoma o pensamento começado em 3:1. Evidentemente o pensamento principal deste capítulo é a oração, e 3:2-13 é explanatório. Me ponho de joelhos. Embora as Escrituras não indiquem nenhuma posição corporal necessária à oração, o pôr-se de joelhos indica sincera reverência. Do Pai. Alguns manuscritos omitem as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. Há um jogo de palavras com a palavra Pai em 3:14 e a palavra traduzida para família (que é paternidade) em 3:15.
3:15. Toda a família. Há duas possíveis explicações para isto. Alguns preferem cada família, com a ideia de que o conceito de família ou paternidade vem de Deus. Isto é verdade, é claro, embora menos comum. Gramaticalmente a outra explicação parece encaixar-se melhor no contexto das Escrituras de um modo geral; isto é, toda a família. A expressão tanto no céu como sobre a terra parece favorecê-la. Isto é, toda a família dos redimidos – aqueles que já partiram e aqueles que ainda estão vivos aqui na terra – têm um só Pai, que é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
3:16. Segundo a riqueza. Novamente a referência à abundância do que temos de Deus (cons. 1:7; 2:4; Fp. 4:19). Que sejais fortalecidos com poder. Paralelo da outra oração, a qual muito falou sobre o poder de Deus.
Mediante o seu Espírito. O Espírito é o agente da Deidade, aplicando-nos a redenção. No homem interior. Isto é, nossa parte imaterial, a verdadeira personalidade.
3:17. E assim habite Cristo. Não meramente viva, mas esteja em sua casa – habite. Disso é que cada cristão precisa sempre, não orar que Cristo entre pela primeira vez, pois Ele já habita em cada crente, mas, que esteja à vontade no sentido de que o crente já Lhe entregou toda a sua vida. Estando vós arraigados e alicerçados em amor. Uma metáfora mista referindo-se àquilo que foi plantado e àquilo que foi edificado (cons. Cl. 2:2, mais ou menos paralelo a esta passagem).
3:18. A fim de poderdes compreender, com todos os santos. Um conhecimento que todo crente deve ter. Qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade. Esse tipo de conhecimento deveria crescer continuamente, pois caso contrário jamais poderíamos medir essas dimensões.
3:19. Conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento. Algumas coisas não podemos conhecer inteiramente; frequentemente temos experiências que não podemos entender ou explicar. Entretanto, a mesma raiz foi usada aqui no infinitivo e no substantivo, e a ideia parece ser de conhecer aquilo que é essencialmente impossível de conhecer – e conhecê-lO o suficiente para nos regozijarmos nEle.
Tomados de toda a plenitude de Deus. Deus é infinito e nós somos finitos. Isto é um paradoxo, é claro, mas é uma tentativa de transmitir através da linguagem aquilo que significa algo para nós. A superabundância da graça colocada à nossa disposição pelo Pai celestial. através de nosso Senhor Jesus Cristo
3:20. Esta plenitude torna a ser descrita na bênção que introduz o final da primeira grande divisão desta epístola. Ora, àquele. É claro que o verbo e o predicado estão no versículo seguinte. Poderoso. Não há limite para o que Deus pode fazer. Infinitamente mais. Os superlativos se amontoam uns sobre os outros a fim de nos impressionar com esta verdade. Tudo quanto pedimos, ou pensamos. Somos geralmente limitados em nosso pedir, achando que Deus não fará determinada coisa por nós. Ele é capaz de fazer muito mais do que pedimos; na verdade, mais até do que podemos imaginar. E Ele o faz conforme o seu poder que opera em nós. Isto é, fomos fortalecidos pelo Seu Espírito. Consequentemente, este poder está sendo ativado em nós.
3:21. A ele seja a glória pode ser tomado como uma declaração – a Ele é a glória; ou como uma sentença imperativa – a ele seja a glória. Na igreja. A glória de Deus está sendo manifesta por toda a eternidade no corpo que Ele redimiu. Por todas as gerações, para todo o sempre. Literalmente, por todas as gerações, pelo século dos séculos. Uma expressão muito forte para a eternidade. Com esta oração e bênção Paulo conclui esta porção da epístola, que nos fala sobre o que Deus fez por nós e sobre a nossa posição em Cristo.