Significado de 2 Samuel 1

Significado de 2 Samuel 1
Significado de 2 Samuel 1

2 Samuel 1
1.1— 10.19 — As qualificações espirituais de Davi para o seu papel como o rei eleito por Yahweh são realçadas por sua preocupação com a arca e seu desejo de construir um templo para a adoração ao Senhor. As habilidades de Davi são evidenciadas por suas campanhas de conquista bem-sucedidas nos territórios vizinhos. Durante esse tempo, ele serviu a Deus com integridade e usufruiu Suas bênçãos.

1.1 — A morte de Saul foi registrada em 1 Sm 31.3-5. Após esse episódio, Davi retomou da vitória sobre os amalequitas, um povo nômade, salteador, que perambulava pela parte meridional de Canaã. Eles eram inimigos ferrenhos de Israel, até que foram dominados pelos israelitas no tempo de Davi. Este permaneceu dois dias em Ziclague, uma das cidades israelitas do deserto do sul ou Neguebe, originalmente designada a Judá (Js 15.31). A Davi foi garantida a autoridade sobre a cidade quando ele serviu a Aquis, rei de Gate (1 Sm 27.6).

1.2 — Com as vestes rotas e com terra sobre a cabeça. Isso indica que o homem estava enlutado (1 Sm 4.12). Ele se lançou no chão para mostrar o seu apoio a Davi como sucessor de Saul no trono de Israel. Com essas atitudes de luto e humildade, o homem tentou revelar aquele que estava prestes a tornar-se um rei.

1.3 — Escapei do exército de Israel. O exército de Israel havia batalhado com os filisteus, mas o homem que foi ao encontro de Davi tinha escapado do campo de batalha.

1.4 — A pergunta Como foi lá? leva o leitor a antecipar o clímax na narrativa, que chega a Davi pelo mensageiro: o povo fugiu, e muitos morreram, inclusive Saul e Jônatas. A menção desses dois nomes foi o ponto central para Davi no resto do encontro. Comparada com a morte deles, a perda da batalha foi algo ínfimo.

1.5 — Como sabes tu...? Davi buscou verificar a informação sobre a morte de Saul e Jônatas. Alguns dizem que a primeira perda na guerra é a verdade; rumores, mentiras e distorções não são inovações nas guerras modernas. Davi precisava saber se a asserção do amalequita era verídica.

1.6-10 — A informação do amalequita sobre a morte de Saul é diferente do relato em 1 Samuel 31.4, o qual registra que Saul morreu caindo sobre a sua própria espada. Parece que a história contada pelo homem foi uma invenção. Talvez ele buscasse algum reconhecimento ou recompensa de Davi afirmando ter assassinado Saul.

1.6-8 — A montanha de Gilboa é uma pequena cordilheira localizada a leste do vale de Jezreel.

1.9 — Neste contexto, o termo angústias (hb. shabas) se refere à agonia da morte.

1.10 — Porque bem sabia eu que não viveria. De acordo com a história do amalequita, uma vez que Saul não tinha nenhuma chance de restabelecer-se, havia justificativa para matá-lo. A coroa era um símbolo da realeza. A manilha era um ornamento usado na parte superior do braço. Aparentemente, era costume dos reis irem às batalhas em trajes reais (1 Rs 22.30). O amalequita levou esses objetos a Davi para substanciar o seu relato.

1.11 — Apanhou Davi as suas vestes e as rasgou. Rasgar as próprias vestes era uma tradicional expressão de luto nos tempos antigos (2 Sm 3.31; Gn 37.34).

1.12 — Pelo povo do SENHOR. Davi e seus companheiros ficaram de luto não apenas pela morte do rei e do seu filho, mas também por todos que morreram no exército de Saul. Isso é surpreendente, porque era esse mesmo exército que vinha tentando capturar e matar Davi. Este não via os homens de Saul como inimigos, mas como membros da família de Deus.

1.13 — De onde és tu? A pergunta de Davi pode ter sido designada a averiguar se o amalequita residia em Israel ou em um território amalequita no sul. Davi deve ter-se indagado como o homem poderia ser tão ignorante acerca do respeito que ele tinha por Saul.

1.14 — O fato de Davi ter usado a expressão o ungido do Senhor indica que, embora Saul fosse seu inimigo, Davi respeitava o direito divino de Saul de ser um rei. Com a unção de Saul, Deus tinha estabelecido um relacionamento santo com ele (1 Sm 10.1); como rei, Saul foi um representante de Deus e líder sobre o Seu povo. Davi, repetidas vezes, recusou-se a feri-lo por causa disso (1 Sm 24.6;26.9).

1.15 — Lança-te sobre ele. Davi aparentemente acreditou na história do amalequita e sentenciou-o à morte com base no seu próprio testemunho. A execução do amalequita praticada por Davi foi uma forte declaração àqueles sob o seu comando de que ele não teve qualquer participação na morte de Saul e não recompensou isso de forma alguma. Com esse ato, ele deu exemplo de respeito à autoridade e eximiu-se da acusação de ser um usurpador.

1.16 — O teu sangue seja sobre a tua cabeça. O amalequita, não o seu executor, era moralmente responsável pelo derramamento de seu próprio sangue.

1.17-27 — As palavras de Davi a respeito de Saul e Jônatas são altamente poéticas, intensamente pessoais e emocionalmente carregadas de tristeza por uma tragédia nacional (compare com 2 Sm 3.29). Este é um salmo que revela muito sobre Davi, o homem segundo o coração de Deus (1 Sm 13.14). O salmo foca particularmente a perda de Davi de seu amigo, Jônatas. Ele é organizado em três movimentos diferentes (v. 19-24;25,26; 27), que gradativamente diminuem em força. Cada estrofe (seção) inicia com a exclamação Como caíram os valentes! (v. 19,25,27).

1.18 — A denominação do hebraico filhos de Judá não se refere aos jovens, mas aos descendentes ou às tribos de Judá. Estes deveriam ser instruídos em táticas de guerra e no uso do arco (SI 18.34; 144-1; 149.6). Alguns sugerem que a expressão em destaque se baseia na referência no versículo 22. Quanto ao termo o livro do Reto, talvez tenha sido uma coleção de hinos sobre as guerras de Israel, nos quais importantes eventos e figuras nacionais foram comemorados em poesia (Nm 21.14-18; Js 10.13).

1.19 — Ornamento de Israel se refere a Saul e a Jônatas. Nos teus altos alude à montanha de Gilboa (v. 6), onde os guerreiros morreram.

1.20 — Gate e Asquelom são mencionadas como representantes das cidades dos filisteus (1 Sm 6.17) que se regozijariam diante da morte da família real de Israel. Essas duas cidades se uniram a Ecrom, Gaza e Asdode para formar a pentápole filisteia ou liga de cinco cidades.

1.21,22— A declaração nem orvalho, nem chuva caia sobre vós foi uma maldição pronunciada na montanha de Gilboa, a cena do desastre militar (2 Sm 1.6; 1 Sm 31.8), pois nesse local o escudo dos valentes de Israel foi lançado com desprezo. Normalmente, esfregavam-se os escudos com óleo para limpá-los, poli-los e protegê-los. O escudo de Saul foi declarado inútil, como se não fora ungido com óleo, porque não o tinha protegido da morte.

1.23,24 — Águias e leões eram símbolos poéticos de velocidade e força, aos quais Saul e Jô natas foram comparados. Ao conclamar chorai por Saul, Davi convidou as mulheres de Israel para liderarem uma lamentação pública por Saul, cujas façanhas militares elevaram o padrão da realeza e enriqueceram a nação (1 Sm 14-47). Davi não queria que as filisteias cantassem (v. 20), mas convidou as israelitas para prantear.

1.25 — Como caíram os valentes...! A repetição poética destas palavras do versículo 19 prepara o leitor para o deslocamento do foco do poema para Jônatas.

1.26 — A palavra em hebraico para angustiado (sar, frequentemente traduzida como problemas) significa um aperto ou constrição, como se a própria vida estivesse extinguindo-se. Davi comparou o amor de Jônatas, o teu amor, em profundidade e lealdade, com o que é sentido por mulheres. Davi não tinha medo de falar sobre o profundo e genuíno amor por seu amigo.

1.27 — Como caíram os valentes. A terceira repetição desta frase (v. 19,25) conduz o salmo à sua conclusão penosa. A expressão as armas de guerra é uma referência figurativa aos guerreiros que pereceram.