Significado de Atos 2
Atos 2
Atos 2 descreve o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes. O capítulo começa com os discípulos reunidos em Jerusalém, onde são cheios do Espírito Santo e falam em línguas, o que é ouvido por uma multidão de pessoas de muitas nações diferentes.
O apóstolo Pedro então faz um poderoso sermão, explicando o significado dos eventos que acabaram de acontecer e proclamando as boas novas de Jesus Cristo para a multidão. Muitas pessoas são convencidas pelas palavras de Pedro e são batizadas, e a primeira comunidade cristã é estabelecida em Jerusalém.
O capítulo também descreve as características dessa comunidade cristã primitiva, incluindo sua devoção aos ensinamentos dos apóstolos, sua comunhão uns com os outros, o compartilhamento de recursos e a adoração em conjunto.
No geral, Atos 2 é um capítulo que enfatiza a importância do Espírito Santo na vida da igreja e na propagação da mensagem do evangelho. O capítulo destaca o poder do evangelho para transcender as barreiras culturais e linguísticas e o impacto transformador da mensagem na vida daqueles que a ouvem. O capítulo também fornece um modelo para a comunidade cristã primitiva, enfatizando a importância da comunhão, do discipulado e da adoração.
Comentário de Atos 2
Há também alguns estudiosos que acreditam que o Pentecostes era uma festa realizada em observância à entrega da Lei de Deus no monte Sinai. Esse dia, no livro de Atos dos Apóstolos, é significante porque marca quando Deus começou a escrever a Sua Lei em nosso coração pelo Espírito Santo. Estavam todos reunidos. Muitos afirmam que todas as 120 pessoas mencionadas em Atos 1.15 estavam presentes quando o Espírito Santo veio em Pentecostes. Provavelmente não é o caso, visto que vários dias tinham se passado entre a fala de Pedro a respeito de Judas até o dia dos acontecimentos em Pentecostes. Primeiro, Lucas não disse no dia seguinte, em Atos 1.26, mas cumprindo-se o dia de Pentecostes. Segundo, a descrição estavam todos reunidos deve naturalmente se referir ao último grupo mencionado: o grupo de apóstolos referidos em Atos 1.26. Terceiro, aqueles que falaram em línguas em Atos 2.1-4 são descritos como galileus, sendo tal alusão uma reminiscência de Atos 1.11, que se refere somente aos apóstolos (compare com At 1.2,3). Por último, quando Pedro levantou-se para falar em Atos 1.14, ele falou como pertencente ao grupo dos 12 apóstolos, e não como pertencente ao grupo maior de discípulos. No mesmo lugar. O lugar provável desses acontecimentos deve ter sido uma parte do templo de Jerusalém, pois é difícil imaginar como uma grande multidão (At 2.5) poderia ter observado as atividades no cenáculo ou se reunido nas ruas estreitas circunvizinhas à casa onde os apóstolos estavam.
Atos 2.2 Um som como um vento veemente e impetuoso era necessário para atrair as multidões até a pequena reunião dos apóstolos, os quais estavam assentados, posição normal para ouvir alguém falar, em vez de estar de pé para a oração.
Atos 2.3 E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo. A grande multidão, após ser atraída pelo grande som mencionado no versículo 2, contemplou a manifestação visual de Deus. O fogo frequentemente indica na Bíblia a presença de Deus. Deus apareceu a Moisés na sarça ardente que não se consumia (Ex 3). Deus guiou o Seu povo no deserto com uma coluna de fogo que brilhava à noite (Ex 13.21,22), e desceu a ele em fogo no monte Sinai (Ex 19.18). Deus enviou fogo para consumir a oferta de Elias no monte Carmelo (1 Rs 18.38,39), e ainda usou uma visão de fogo para avisar Ezequiel acerca de Seu vindouro julgamento (Ez 1.26,27). Esse fogo, em forma de línguas repartidas sobre cada um deles, traria de volta imediatamente a lembrança de todos esses exemplos do Antigo Testamento que diziam respeito ao fogo.
Atos 2.4 A palavra traduzida como línguas é uma palavra grega usual para línguas conhecidas. Falar em línguas ou em outras línguas fez com que a Igreja ampliasse o seu alcance evangelístico. Essas testemunhas estavam falando línguas estrangeiras a pessoas de outras nações que estavam reunidas para o Pentecostes.
Essa festa, como uma das três maiores celebrações dos judeus, era caracterizada pela peregrinação de pessoas que viviam fora de Israel. Essas pessoas viajavam até Jerusalém para celebrar o Pentecostes. Elas eram provenientes da Arábia, Creta, Ásia e até mesmo de Roma. Muitas delas ficaram em Jerusalém durante os 50 dias de celebração [da Páscoa ao Pentecostes]. Conforme o Espírito Santo lhes concedia que fa lassem. Note que o texto não diz que o Espírito falou por meio dos apóstolos, mas que os capacitou para falarem línguas das quais não tinham conhecimento prévio.
Atos 2.5-11 Varões [...] de todas as nações que estão debaixo do céu. Pessoas de todo o mundo conhecido estavam em Jerusalém. Muitas delas provavelmente sabiam o grego, mas também falavam outros idiomas do mundo mediterrâneo. Cada um os ouvia falar na sua própria língua. Os visitantes esperavam que os apóstolos falassem a língua aramaica ou grega, mas, em vez disso, eles os ouviram falando em seus próprios idiomas estrangeiros. Os visitantes estavam assustados porque sabiam que isso não era possível, a menos que os apóstolos fossem oriundos dos mesmos lugares que eles. Era um sinal vindo do céu, um evento sobrenatural.
Todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. Parece que falar em línguas consistiu em louvar a Deus por Suas maravilhosas obras (At 10.46; 1 Co 14-16).
Atos 2.12, 13 E todos se maravilhavam e estavam suspensos [...] E outros, zombando, diziam. Um contraste entre os dois grupos, os helenistas e os judeus (At 6.11). Ambos os grupos ouviram os apóstolos falando em línguas. O versículo 12 trata da reação dos helenistas, oriundos de várias partes do mundo: eles entenderam os dialetos falados pelos apóstolos e, consequentemente, o milagre do evento. Por outro lado, os mencionados no versículo 13 eram os judeus, que não compreendiam as línguas estrangeiras que os apóstolos estavam falando. Por essa razão, concluíram que os apóstolos estavam bêbados e falavam palavras sem nexo.
Atos 2.14 Pedro, o primeiro discípulo a reconhecer a verdade sobre Jesus (Mt 16.13-19), foi também o primeiro a dar testemunho do Senhor. Pedro pregou um sermão para os varões judeus e para todos os que habitavam em Jerusalém, os quais julgaram o episódio inteiro como resultado do consumo de muito vinho (At 2.13-15).
Atos 2.15 Estes homens não estão embriagados. Eram apenas nove horas da manhã quando esses fatos aconteceram. Os judeus abstinham-se de comer e beber em dias sagrados até o fim do dia.
Atos 2.16-21 Pedro começou o seu sermão citando a passagem de Joel 2.28-32, da tradução grega do Antigo Testamento. Nessa passagem, Deus havia prometido que chegaria um tempo em que Seus seguidores receberiam o Seu Espírito, e não somente os profetas, reis e sacerdotes. Pedro indicou que aquele tempo predito pelo profeta tinha chegado. Deus falaria por meio de todos aqueles que fossem até Ele, ou por meio de visões, sonhos ou por profecia. Tal evento representa o começo dos últimos dias. O ato final da salvação de Deus começou com o derramamento do Espírito Santo e continuará até o fim desta era.
Atos 2.22, 24 Este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência. Jesus Cristo era a provisão de Deus para o perdão de todo o pecado; ainda que tenha sido a nossa natureza pecaminosa a conduzir o Senhor à morte. Em outras palavras, foi tanto a natureza pecaminosa da humanidade como o plano divino de salvação para todo o mundo que fizeram com que Jesus fosse crucificado (Is 53.10). Até mesmo na morte de Seu Filho, Deus manifestou Seu controle soberano sobre todos os eventos; ainda que as pessoas sejam responsáveis por suas próprias ações pecaminosas.
Atos 2.25-36 Joel profetizou a vinda do Espírito, e tal promessa foi cumprida por Jesus (Jo 14-16). Se Jesus estivesse morto, Ele não poderia ter enviado o Espírito. Por isso, Ele está vivo. Jesus não poderia ter enviado o Espírito, a menos que tivesse ascendido como Senhor aos céus. Eis a razão de Jesus ser tanto nosso Salvador como Senhor. Seja-me lícito dizer-vos livremente. Pedro sabia (At 2.29) que ninguém poderia discutir a revelação no Salmo 16.8-11, de que o Messias não está morto. Davi foi enterrado e não tinha ressuscitado, por isso o Salmo fala a respeito de outra pessoa da descendência de Davi.
Pedro observou que esse descendente é Jesus, que foi morto e ressuscitou. Jesus não apenas ressuscitou dentre os mortos como também assentou-se e está agora à direita de Deus. Em seguida, Pedro expôs outro texto de autoria davídica (Sl 110.1), que relata que o Messias estaria assentado à direita do Pai. E deve ser levado em consideração que Davi não ascendeu aos céus, mas os apóstolos declaravam-se testemunhas da ascensão de Jesus em conformidade com a referência no Salmo. Baseado nessa argumentação, a conclusão de Pedro é clara: Jesus é o Unico que foi crucificado e, após ressuscitar, foi feito por Deus Senhor e Cristo.
Atos 2.37 O argumento de Pedro era irrefutável: Compungiram-se em seu coração. Os judeus perguntaram o que deveriam fazer. Essa era uma marca do novo nascimento. O Espírito de Deus trouxe confirmação em seus corações, alavancando- os à ação.
Atos 2.38 Arrependei-vos. O arrependimento envolvia, na crença judaica, a rejeição das atitudes formais e as suas opiniões concernentes a quem era Jesus. Na fé, eles o tinham aceitado tal como Ele se declarou ser enquanto estava na terra, em uma declaração confirmada por Sua ressurreição e ascensão. E cada um de vós seja batizado. Quando uma pessoa reconhece quem Jesus realmente é, o resultado é o desejo de fazer o que Ele realmente ordena. A primeira ação que Jesus requer de um novo convertido é o batismo (Mt 28.19,20), uma expressão externa da graça interna. A ideia de um cristão não batizado é estranha ao Novo Testamento (At 2.41; 8.12,36; 9.18; 10.48; 16.15,33; 18.8). Fé e batismo estão intimamente conectados. O batismo vem depois da fé em Cristo, mas é o primeiro sinal da fé no Senhor. A fé é para o batismo o que as palavras são para as ideias. E possível ter ideias sem palavras, mas, para que as ideias sejam compreendidas por outros, as palavras são necessárias. O mesmo se aplica ao batismo e à fé em Cristo. Se uma pessoa diz que tem colocado sua fé em Jesus Cristo como Salvador, essa pessoa deve querer obedecer a Ele como Senhor, fazendo o que agrada a Ele. Para perdão dos pecados. Está Pedro dizendo que nós devemos ser batizados para recebermos o perdão de nossos pecados? As Escrituras ensinam com bastante clareza que somos justificados apenas pela fé, não mediante a prática de boas obras (Rm 5.1-8; Ef 2.8,9). O termo mais importante da frase para elucidar a questão é para, o qual também pode ser traduzido por com vistas a. Uma comparação com a mensagem de Pedro em Atos 10.34-43 torna claro que perdão de pecados é uma expressão utilizada para se referir a qualquer que crê.
Os cristãos são batizados com vistas a dar testemunho da ação perdoadora de Deus, e não para receber simplesmente um perdão eventual dos seus pecados. O perdão de Deus em Cristo é o que dá sentido ao batismo.
O batismo é a declaração pública de que os pecados da pessoa foram perdoados por causa da obra de Cristo na cruz do Calvário por ela. Outra opção gramatical possível para se entender essa verdade é: Arrependei-vos para remissão de vossos pecados e que cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo. Outros têm interpretado o batismo como sinal e selo da graça de Deus, similar à circuncisão, que era o sinal da aliança abraâmica. O dom do Espírito Santo. Era a promessa de Jesus em João 14.16,17. O Espírito Santo nos coloca em comunhão com o Pai e com o Filho. A presença do Espírito em nós é uma bela promessa da nova aliança (Jr 31.33,34), sendo uma indicação não somente de que nossos pecados foram perdoados, mas também de que o Senhor colocou a Sua Lei dentro de nós.
Atos 2.39 Pedro exortou os seus ouvintes ao arrependimento. Em outras palavras, cada pessoa deve fazer sua decisão de abrir mão de todos os seus sentimentos, pensamentos e desejos pecaminosos e voltar- se para Deus em fé (At 16.31,33,34). Assim fazendo, Deus concede o perdão dos pecados e declara essa pessoa justa por causa da obra de Jesus na cruz. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos. No Israel do primeiro século, o pai exercia grande influência em seu lar. Quando acontecia de um pai decidir receber a Cristo e ser batizado, ele era seguido pelos seus filhos em sua decisão.
Atos 2.40-43 Quase três mil almas. A resposta ao sermão de Pedro foi tremenda. O impressionante crescimento do número de convertidos criou novas necessidades e responsabilidades. Os apóstolos tinham o dever de treinar esse grande grupo e conduzi-lo à comunhão com os outros cristãos.
O processo se dava em quatro etapas: (1) Era ensinado aos novos convertidos que eles deveriam perseverar na doutrina dos apóstolos. A uniformidade da crença em relação à pessoa de Jesus, baseada no testemunho ocular de Seus seguidores, era essencial. (2) Os novos convertidos eram incentivados a partilhar da comunhão da Igreja. A palavra grega traduzida por comunhão significa compartilhar sua vida com outros cristãos. (3) Os novos convertidos eram incentivados a partir o pão, provavelmente, uma referência à ceia do Senhor (1 Co 11.23,24). Alguns creem que essa é uma referência mais ampla à Festa do Amor, uma refeição de comunhão da Igreja primitiva. (4) Os novos convertidos eram ensinados na disciplina da oração. As orações coletivas eram vistas como parte essencial do crescimento espiritual da Igreja.
Muitas maravilhas e sinais aparentemente eram concedidos aos apóstolos pelo Senhor para validar a condição de ministros ordenados por Deus e para comprovar a veracidade do testemunho deles, objetivando o estabelecimento da Igreja primitiva (Hb 2.3,4).
Atos 2.44, 45 A disposição e distribuição dos bens na Igreja primitiva eram feitas entre todos, segundo a necessidade de cada um. Quando uma carência física ou espiritual chegava ao conhecimento da Igreja, a ação era realizada, para que o problema fosse resolvido (Jo 3.17). Os cristãos do Novo Testamento demonstravam seu amor uns para com os outros por meio da doação deles próprios como sacrifício ao Senhor. Era essa uma forma de comunismo primitivo? Definitivamente, não! O comunismo ensina que os bens ou propriedades devem ser distribuídos igualmente entre todos, para que ninguém tenha mais que o outro. Aqui, a disposição e distribuição dos bens na Igreja primitiva eram baseadas na necessidade. No comunismo, o Estado utiliza-se da força para obter o resultado desejado. Aqui, a associação entre os irmãos não era obrigatória, mas, sim, uma expressão livre de amor em favor dos que eram pobres e necessitados. O comunismo objetiva uma constante reestruturação da sociedade; aqui, a distribuição foi pontual e temporária, ou seja, até que a severa crise decorrente do grande afluxo de convertidos em Jerusalém fosse resolvida.
Atos 2.46, 47 Perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. Eles se faziam presentes na comunidade e não se isolavam.
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