Significado de Êxodo 20

Êxodo 20

Êxodo 20 registra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés e aos israelitas no Monte Sinai. O capítulo descreve as leis e os princípios fundamentais que Deus deu a Seu povo para guiar seu relacionamento com Ele e uns com os outros. O capítulo enfatiza a importância da soberania de Deus, a santidade da vida humana e a centralidade da adoração e descanso.

O primeiro parágrafo de Êxodo 20 descreve os primeiros quatro mandamentos, que se relacionam com nosso relacionamento com Deus. Esses mandamentos enfatizam a importância de reconhecer a soberania de Deus, evitar a idolatria e santificar o Dia do Senhor. O capítulo enfatiza a importância de adorar a Deus e priorizar nosso relacionamento com Ele acima de tudo.

O segundo parágrafo de Êxodo 20 descreve os seis mandamentos restantes, relacionados ao nosso relacionamento com os outros. Esses mandamentos enfatizam a santidade da vida humana, a importância da honestidade e integridade e a necessidade de honrar e respeitar os outros. O capítulo enfatiza a importância de tratar os outros com compaixão e justiça e de valorizar a santidade da vida e a dignidade de cada indivíduo.

O terceiro parágrafo de Êxodo 20 enfatiza a santidade do momento e a natureza inspiradora da presença de Deus. O capítulo registra que os israelitas ficaram com medo e pediram a Moisés que falasse com Deus em seu nome. Moisés assegurou-lhes que Deus veio para testá-los e inspirá-los a viver em obediência e santidade. O capítulo enfatiza a importância de responder aos mandamentos de Deus com humildade e reverência e de viver em obediência à Sua vontade.

Concluindo, Êxodo 20 é um capítulo que descreve as leis e os princípios fundamentais que Deus deu a Seu povo para guiar seu relacionamento com Ele e uns com os outros. O capítulo enfatiza a importância da soberania de Deus, a santidade da vida humana e a centralidade da adoração e descanso. Isso nos lembra da necessidade de priorizar nosso relacionamento com Deus e tratar os outros com compaixão e justiça. 

No geral, Êxodo 20 é um testemunho da santidade e majestade de Deus e da importância de viver em obediência e santidade aos Seus olhos.

Comentário de Êxodo 20

Êxodo 20.1-17 Esta passagem obedece ao padrão dos tratados que aconteciam no antigo Oriente Médio firmados entre um monarca e seus vassalos. O grande Rei apresentou aos Seus servos, os israelitas, os deveres e as obrigações da aliança que estabeleceu com estes.

Êxodo 20.1 As palavras a seguir são conhecidas como as leis de Moisés. Contudo, Moisés foi meramente um profeta relutante, um porta-voz das palavras celestiais. Esta Lei, na verdade, é a Lei de Deus, por isso a declaração falou Deus.

Êxodo 20.2 Eu sou o Senhor, teu Deus. Primeiro, o grande Rei se identificou ao dizer o próprio nome (Êx 3.14, 15). Então, Deus lembrou aos israelitas a graciosa ação em seu favor (capítulos 12 a 15), por meio da afirmação que te tirei da terra do Egito. Nos antigos tratados, um monarca descrevia a história das relações entre seu reino e aqueles com quem estava tratando. Neste pacto entre o Senhor e os israelitas, Deus relatou a execução da grande libertação que tirou o povo do cruel cativeiro.

Êxodo 20.3 Não terás outros deuses. O Senhor não deveria ser visto por Israel como um deus qualquer entre todos os outros, e nem como o melhor deles. Ele era e é 0 único Deus vivo. Ele, e somente Ele, deveria ser adorado, obedecido e louvado pelos israelitas. Muitos estudiosos consideram o conceito de monoteísmo uma conquista de Israel, tal como a arte é uma realização original dos gregos, e o direito, uma façanha dos romanos. Tais eruditos acreditam que o verdadeiro monoteísmo (a crença em um único Deus) não fora totalmente estabelecido até a época de Amós (séc. 8 a.C.). Entretanto, o testemunho da Bíblia apresenta uma visão diferente desse conceito crítico. A história bíblica apresenta a crença em um único Deus desde o começo da história de Israel como uma nação. O primeiro mandamento é uma comprovação disso. E tal fato não foi uma realização de Israel. Este povo foi apenas o receptor das revelações divinas.

Êxodo 20.4 Não farás para ti imagem de escultura. As pessoas no mundo antigo costumavam esculpir ou moldar imagens de muitos ídolos. O povo de Israel foi proibido de fazer tal coisa desde o início. Os israelitas não podiam produzir nada que diminuísse ou prejudicasse a exclusiva adoração ao Deus vivo. Entretanto, a proibição da criação de imagens não era uma determinação contra os outros tipos de arte.

Êxodo 20.5 O comando não te encurvarás a elas mostra que não é aceita nenhuma forma de adoração a outro deus. Deus é um Deus zeloso (hb. 'el ganna), isto é, que zela pela verdade de que Ele é o único Deus e tem ciúme de seus rivais. O verbo traduzido do hebraico como visito significa venho em um ato de misericórdia (Rt 1.6) ou venho para trazer o divino julgamento (que é o sentido aqui). Essa visitação se estenderia até à terceira e quarta gerações. Logo, a idolatria traria o castigo que afetaria os descendentes dos idólatras.

Êxodo 20.6 A misericórdia do Senhor (hb. hesed, amor leal) se estenderia a um número muito maior de gerações das pessoas íntegras. O contraste dos termos terceira e quarta (v. 5) com milhares demonstra que a misericórdia de Deus é maior do que Sua ira. Os efeitos da idoneidade se prolongariam mais do que as consequências da perversidade. O par de palavras amam e obedecem é também encontrado nos ensinamentos de Jesus (Jo 14.15).

Êxodo 20.7 O terceiro mandamento diz respeito à santidade do nome divino (Êx 3.14, 15). A revelação do nome de Deus, Yahweh, transmite um risco. Se este for usado a esmo entre as pessoas, há a probabilidade de que não seja proferido no contexto da reverência. O uso do nome de Deus em vão (hb. shaw') envolve: 1) torná-lo trivial e insignificante; 2) possibilitar sua utilização em ofertas de propósitos malignos. Ao entoá-lo dessa maneira, viola-se seu caráter e sua finalidade (esta era uma das formas como os sacerdotes de falsas religiões usavam os nomes de seus falsos deuses); 3) utilizá-lo imprudentemente na adoração.

Êxodo 20.8-11 O quarto mandamento, lembra-te do dia do sábado, era o símbolo especial da aliança com Israel no monte Sinai (Êx 31.12-18). Com este mandamento, Deus diferiu os israelitas de seus vizinhos. Outros povos possuíam seus próprios padrões de trabalho e ociosidade, mas Israel foi instruído a reservar um dia entre sete. A palavra Shabat (sábado) significa descanso. O dia foi santificado e, nessa ocasião, todo tipo de tarefa deveria cessar. O Shabat era especificamente o sétimo dia, sábado. Seu padrão foi originado no dia de descanso do Senhor, o sétimo dia, após os seis dias anteriores de criação. Durante o Shabat, os israelitas adoravam a Deus e relembravam sua libertação da escravidão egípcia (Dt 5.15). Até mesmo os estrangeiros que moravam entre eles deveriam cumprir o Shabat.

Êxodo 20.12 Antes da descoberta dos antigos padrões de tratados e de sua relação com os Dez Mandamentos, muitas pessoas achavam que as duas tábuas talhadas de pedra (Êx 34.1) eram divididas de tal forma que em um dos lados estivessem as leis relativas a Deus e no outro aquelas relativas às pessoas. Usando esta lógica, o quinto mandamento, descrito neste versículo, começaria na segunda tábua. Entretanto, seguindo nosso entendimento acerca de tratados primitivos, é provável que cada uma das tábuas contivesse todos os Dez Mandamentos.

No mundo antigo, uma cópia do tratado era colocada no templo principal de cada uma das partes. No caso em questão, ambas as partes foram mantidas juntas perante Deus e o povo no Santo dos santos. Em relação ao mandamento honra a teu pai e a tua mãe, o termo honrar significa tratar com importância. E o oposto do em vão (v. 7). O cuidado com os pais era um elemento básico da responsabilidade em sociedade e da divina misericórdia para com Israel. Neste versículo, tal princípio está ligado diretamente a como a pessoa viveria na terra. Os indivíduos infiéis a Deus que desrespeitavam seus pais não teriam vida longa na Terra Prometida.

Êxodo 20.13 O sexto, o sétimo, o oitavo e o nono mandamentos foram moldados para construir uma sociedade coesa na antiga Israel. Cada um foi baseado nos valores que Deus pôs sobre os seres humanos (sua vida, seus relacionamentos, sua propriedade e sua reputação). Todos esses parâmetros foram reafirmados no Novo Testamento, O sexto mandamento, não matarás, não proibiu todos os tipos de execução. A própria Lei permitia que fosse tirada a vida como punição por alguns crimes (Êx 21.15-17, 23), assim como no caso de guerra (Êx 17.8-16). O assassinato intencional de outra pessoa (fora a legítima concessão de pena de morte ou a guerra) violava flagrantemente a santidade da vida. Isso incluía as mortes praticadas por oficiais de estado (leia a história de Nabote em 1 Rs 21).

A primeira execução registrada na Bíblia foi o assassinato de Abel por Caim (Gn 4-8-14). Entretanto, a morte de Jesus, baseada em falsas acusações e julgamento ilegal, foi a mais terrível execução de todos os tempos.

Êxodo 20.14 O sétimo mandamento é relativo ao adultério. Deus considerava a santidade do matrimónio como uma responsabilidade sagrada similar à santidade da vida (v. 13), pois o relacionamento no contexto conjugal é um símbolo de fidelidade.

Êxodo 20.15 O oitavo mandamento proíbe o roubo, protegendo o direito de propriedade.

Êxodo 20.16 O nono mandamento proíbe levantar falso testemunho. Neste sentido, protege a reputação das pessoas contra a calúnia. Ele também estabelece uma base concreta para o antigo sistema israelita de justiça. De acordo com as antigas leis de Israel, uma pessoa era considerada culpada ou inocente com base na declaração de uma testemunha fidedigna (Dt 17.6). O falso testemunho arruinava gradativamente a justiça.

Êxodo 20.17 Cobiçar (hb. hamad) significa possuir enorme desejo por. Cobiçar não era apenas apreciar algo à distância, e sim possuir uma vontade incontrolável, excessiva e egoísta de apoderar-se do bem de outrem. O décimo mandamento aborda uma disposição interior: o pecado também ocorre no pensamento. Isso demonstra que Deus queria que os israelitas não só evitassem praticar as ações malignas previamente estabelecidas em sua mente, como também descartassem todos os pensamentos perversos que levavam às atitudes de cobiça.

Êxodo 20.18-20 A resposta de Moisés neste trecho estabelece um dos mais importantes conceitos contidos nos primeiros cinco livros da Bíblia. Note o intercâmbio entre as expressões não temais e temor de Deus. O profeta disse ao povo que parasse de temer; Deus não faria mal a ninguém. Ainda assim, os israelitas continuavam a ter medo do Senhor (Êx 19. 16; 20.18, 19).

Deus não queria que Seu povo vivesse aterrorizado, como se Ele fosse uma força irracional, incontrolável e violenta, pronta para agredir pessoas inocentes sem nenhuma razão. Entretanto, o Senhor também desejava que os israelitas respeitassem os riscos óbvios do pecado intencional. Neste sentido, um medo apropriado do Senhor faria com que o povo se tornasse prudente, cauteloso, reverente, obediente e adorador. Assim, os hebreus evitariam pecar.

Êxodo 20.21 Deus permaneceu na espessa nuvem um símbolo de Sua elusiva presença (SI 97.2) . Somente Moisés podia aproximar-se.

Êxodo 20.22-24 O povo de Israel foi proibido de fazer qualquer tipo de altar mais elaborado do que um altar de terra, o qual seria usado apenas até a escolha do lugar único de adoração a Deus (mais tarde, em Jerusalém, conforme Dt 12). [Leia Êxodo 24-4 para ver a descrição do exemplo de altar construído por Moisés no monte Sinai, e 1 Reis 18.31, 32 para ver a descrição do altar feito por Elias no monte Carmelo.] A edificação desse altar tinha por objetivo rememorar o nome do Senhor, como se verifica na sentença fizer celebrar a memória do meu nome, ou seja, onde quer que Eu faça relembrar o meu nome.

Êxodo 20.25, 26 O termo tua nudez foi empregado porque a adoração aos deuses de Canaã envolvia atos de perversão sexual. Nada obsceno ou indecente era permitido na adoração ao Deus vivo e santo.

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