Significado de Mateus 6
Mateus 6
Mateus 6 continua o Sermão da Montanha, uma coleção de ensinamentos e ditos de Jesus. Mateus 6 começa com Jesus advertindo seus seguidores a não praticarem sua justiça para serem vistos pelos outros, mas sim em segredo, pois seu Pai celestial os recompensará.
Jesus ensina seus seguidores sobre a maneira correta de orar, enfatizando a importância de não usar palavras vazias ou repetir frases, mas orar com sinceridade e simplicidade.
Jesus continua ensinando sobre a importância do perdão, tanto em termos de perdoar os outros quanto de buscar perdão pelos próprios pecados. Adverte contra o acúmulo de tesouros na terra e encoraja seus seguidores a confiar na provisão de Deus e buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça.
Cristo discute a importância de não se preocupar com as próprias necessidades físicas, mas sim confiar no cuidado e na provisão de Deus.
O capítulo termina com Jesus advertindo seus seguidores contra julgar os outros, e ele os encoraja a se concentrar em suas próprias falhas, em vez de criticar os outros.
No geral, Mateus 6 apresenta Jesus como um professor de justiça e fé, que enfatiza a importância da sinceridade, humildade, perdão e confiança em Deus. O capítulo desafia seus leitores a priorizar seu relacionamento com Deus sobre seus bens materiais e buscar primeiro os valores do reino dos céus. Ele também adverte contra a hipocrisia e o julgamento, convidando seus leitores a se concentrarem em seu próprio crescimento espiritual, em vez de criticar os outros.
Comentário de Mateus 6
Mateus 6:1-4 Já receberam o seu galardão. O verbo traduzido por receberam era usado em recibos e significava totalmente pago. A única retribuição que os hipócritas receberiam era a glória dos homens (Mt 6:5, 16). Compare tais recompensas com os galardões celestiais que Cristo dá a Seus servos (2 Co 5.10; Ap 22.12).Mateus 6:1 Jesus, tendo falado a seus discípulos sobre a justiça superior esperada deles, agora os adverte sobre o perigo da hipocrisia. “Tua justiça” se repete aqui (cf. comentário em 5:20), embora o foco tenha mudado de “justiça” em um sentido puramente positivo para “justiça” em um sentido formal e externo.
Jesus está preocupado principalmente com os motivos por trás de uma vida justa. Tentar viver de acordo com a retidão explicada nos vv.21–48 com a ânsia de receber aplausos humanos é prostituir essa retidão. Para isso não haverá recompensa (ver comentário em 5:12) do Pai celestial. Não há contradição com 5:14–16, onde os discípulos são instruídos a deixar sua luz brilhar diante dos homens para que possam ver suas boas ações; ali o motivo é que outros louvem o Pai celestial. Trocar o objetivo de agradar ao Pai pelo objetivo trivial e idólatra de agradar as pessoas nunca será suficiente.
Este versículo apresenta os três atos principais da piedade judaica (cf. vv.2-18) — esmola, oração e jejum. Em cada ato, a estrutura lógica é a mesma: (1) um aviso para não fazer o ato a ser elogiado pelos seres humanos, (2) uma garantia de que aqueles que ignorarem esse aviso conseguirão o que desejam, mas nada mais, (3) instrução sobre como realizar o ato de piedade secretamente, e (4) a certeza de que o Pai que vê em segredo recompensará abertamente.
Mateus 6:5-8 Aqueles que oram com propósitos errados já receberam o seu galardão assim como aqueles que praticam boas obras, mas com intenções indevidas (Mt 6:2).
Mateus 6:7 A partir dos propósitos de oração (Mt 6:1-6), Jesus voltou-se para os métodos de oração. O propósito da oração determina como alguém ora (Mt 26:39, 42, 44). Não há nada de errado em repetir uma oração. Jesus está falando aqui da repetição de palavras vazias.
Não é o tamanho da oração, mas, sim, o seu poder, que agrada a Deus. O próprio Jesus orou a noite inteira antes da crucificação e em outras ocasiões fez breves orações, na maioria das vezes. Ele não está criticando longas orações aqui, embora não haja nada de especialmente espiritual nelas. Ele está simplesmente dizendo que a oração deve expressar um desejo sincero do coração, não apenas um monte de palavras. Deus não se impressiona com palavras, mas com o verdadeiro clamor de um coração necessitado.
Mateus 6:8 Muitos questionam o significado dessa afirmação de Jesus: Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes. As pessoas se perguntam: “Por que devemos orar então?”. A oração não é uma tentativa do homem de mudar a vontade de Deus. O método que Deus usa para mudar nossa vontade é fazer com que ela se torne semelhante à dele. Mais do que mudar alguma coisa, a oração muda as pessoas. Oração não é dirigida a Deus para que Ele nos responda, mas para nos sintonizar com a Sua vontade, para que Ele nos ajude a obedecer-lhe. A oração na vida de um verdadeiro cristão é uma atitude de total confiança e conformidade aos planos e propósitos de Deus.
Mateus 6:2 Enquanto alguns nos dias de Jesus acreditavam que a esmola merecia mérito, a ostentação, e não a teologia do mérito, é o ponto aqui. Jesus assume que seus discípulos darão esmolas: “ Quando você der aos necessitados”, ele diz, não “ Se você der aos necessitados”.
A referência a anúncios de trombeta é difícil. Parece mais provável que Jesus esteja se referindo a uma prática de proclamar jejuns públicos ao som de trombetas. Nessas ocasiões, orações pedindo chuva eram recitadas nas ruas (cf. v.5), e era amplamente aceito que a esmola assegurava a eficácia dos jejuns e orações. Mas essas ocasiões ofereciam oportunidades de ouro para ostentação, e era exatamente disso que os “hipócritas” (GR 5695) eram culpados.
A forma de hipocrisia mencionada aqui parece ser a daqueles que se enganam pensando que estão agindo para o melhor interesse de Deus e dos outros e também enganam os espectadores. É improvável que os necessitados reclamem quando recebem grandes presentes, e sua gratidão pode lisonjear e, assim, reforçar a auto-ilusão do doador.
A grande fraqueza dos fariseus era que eles amavam mais o elogio dos outros do que o louvor de Deus (cf. Jo 5,44; 12,43). Aqueles que doam com essa atitude recebem sua recompensa integralmente. Eles ganham aplausos humanos, e isso é tudo que eles conseguem (cf. Sl 17:14).
Mateus 6:3–4 A maneira de evitar a hipocrisia não é parar de doar, mas fazê-lo com tanto sigilo que mal saibamos o que demos. Os próprios discípulos de Jesus devem ser tão doados a Deus (cf. 2Co 8,5) que sua doação seja motivada pela obediência a Deus e pela compaixão dos outros. Então seu Pai, que vê o que é feito em segredo (Hb 4:13), os recompensará (uma recompensa recebida tanto no tempo quanto na eternidade).
Mateus 6:5 No seu segundo exemplo, Jesus assume que os seus discípulos vão rezar, mas proíbe as orações dos “hipócritas” (ver comentário ao v.2). A oração teve um lugar de destaque na vida judaica e levou a inúmeras decisões rabínicas. Para Jesus, o elemento crítico não era o local ou a posição de quem orava, mas os motivos (“ser visto pelo homem”). E novamente há a mesma recompensa (cf. v.2).
Mateus 6:6 Se Jesus estava proibindo toda oração pública, então claramente a igreja primitiva não o entendeu (por exemplo, 18:19–20; At 1:24; 3:1; 4:24–30). A antítese público versus privado é um bom teste dos motivos de alguém; aqueles que oram mais em público do que em particular revelam que estão menos interessados na aprovação de Deus do que no louvor humano. Não a piedade, mas uma reputação de piedade é a preocupação deles. Muito melhor lidar radicalmente com essa hipocrisia (cf. 5:29-30) e orar em um “quarto” privado. O Pai, que vê em segredo, recompensará tais discípulos.
Mateus 6:7–8 Mateus 6:7–15 diverge dos três atos principais da piedade judaica. No entanto, o conteúdo desses versículos é certamente relevante para a questão da oração. A oração é central na vida de um crente. Então Jesus dá mais advertências e um exemplo positivo.
Jesus rotula todos aqueles que oram repetidamente, judeus ou gentios, como pagãos! Ele não está condenando a oração mais do que está condenando a esmola (v.2) ou o jejum (v.16). Ele também não está proibindo todas as orações longas ou todas as repetições. Ele próprio rezou longamente (Lc 6,12), repetiu-se na oração (Mt 26,44) e contou uma parábola para mostrar aos seus discípulos que «devem orar sempre e não desanimar» (Lc 18,1). Seu ponto é que seus discípulos devem evitar orações repetitivas e sem sentido oferecidas sob o equívoco de que a mera extensão tornará as orações eficazes. Essencialmente, essa tagarelice é totalmente pagã, pois os deuses pagãos supostamente prosperam com encantamento e repetição. Mas o Pai pessoal a quem os crentes oram não requer informações sobre nossas necessidades (v.8).
Não é o tamanho da oração, mas, sim, o seu poder, que agrada a Deus. O próprio Jesus orou a noite inteira antes da crucificação e em outras ocasiões fez breves orações, na maioria das vezes. Ele não está criticando longas orações aqui, embora não haja nada de especialmente espiritual nelas. Ele está simplesmente dizendo que a oração deve expressar um desejo sincero do coração, não apenas um monte de palavras. Deus não se impressiona com palavras, mas com o verdadeiro clamor de um coração necessitado.
Mateus 6:8 Muitos questionam o significado dessa afirmação de Jesus: Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes. As pessoas se perguntam: “Por que devemos orar então?”. A oração não é uma tentativa do homem de mudar a vontade de Deus. O método que Deus usa para mudar nossa vontade é fazer com que ela se torne semelhante à dele. Mais do que mudar alguma coisa, a oração muda as pessoas. Oração não é dirigida a Deus para que Ele nos responda, mas para nos sintonizar com a Sua vontade, para que Ele nos ajude a obedecer-lhe. A oração na vida de um verdadeiro cristão é uma atitude de total confiança e conformidade aos planos e propósitos de Deus.
Mateus 6:9, 10 Orareis assim não significa usar as mesmas palavras, mas sim seguir esse modelo de oração. As pessoas geralmente reduzem essa oração a uma recitação vazia justamente o que o Senhor disse para não fazermos (Mt 6:7). A oração aqui é composta por seis pedidos. Os três primeiros são para que venha o Reino (Mt 6:9, 10), e os três últimos para que Deus supra as necessidades de Seu povo até que o Reino seja plenamente estabelecido (Mt 6:11-13). Santificado seja o teu nome não são palavras de adoração ao Pai. O verbo aqui está no imperativo e quer dizer que o teu nome seja santificado! Isso nos traz à mente a profecia em Ezequiel 36:25-32, em que o profeta diz que Israel profanou o nome de Deus entre as nações. Um dia Deus reunirá Seu povo dentre as nações, irá purificá-lo e, assim, vindicará santidade ao Seu santo nome. A santificação do nome do Pai significa a chegada do Reino de Deus.
Mateus 6:11 O pão nosso de cada dia é uma lembrança do maná que Deus enviava diariamente para alimentar o povo de Israel no deserto.
Mateus 6:12 Este pedido, que é explicado em Mateus 6:14, 15, não se refere a como as pessoas são justificadas (compare com Romanos 3.21-26; Efésios 2.8-10), mas sobre como alguém que foi justificado deve andar todos os dias com Deus. Não se trata de um perdão posicionai, forense (legal), mas de um preceito para preservar a comunhão familiar (1 Jo 1.9).
Mateus 6:13 A doxologia no final da oração vem de 1 Crónicas 29.11; alguns manuscritos antigos das Escrituras a omitem.
Mateus 6:13-15 E não nos induzas à tentação é um clamor para que Deus nos ajude a enfrentar a tentação diária do pecado. Em Tiago 1.13, 14, fica bem claro que Deus não nos tenta com o mal, mas, ao contrário, nós é que somos tentados pelas nossas próprias concupiscências. No entanto, Deus nos testa para nos dar a oportunidade de provarmos nossa fidelidade a Ele. O desejo de Deus jamais foi induzir-nos a fazer o mal. Sendo assim, se resistirmos ao diabo, temos a promessa de que ele fugirá de nós.
Mateus 6:9 O que se segue agora é comumente chamado de “Pai Nosso”, não tanto sua própria oração (Jo 17 é apenas isso) mas o modelo que ele deu a seus discípulos (“É assim que [não o que] vocês devem orar”). As três primeiras petições são feitas em termos da glória de Deus, as demais em termos do nosso bem.
A paternidade de Deus não é um tema central no AT. Onde “pai” ocorre com respeito a Deus, é comumente por meio de analogia, não endereço direto (Dt 32:6; Sl 103:13; Is 63:16; Ml 2:10). Não até Jesus é característico dirigir-se a Deus como “Pai” (GR 4252). O próprio Jesus dirigiu-se a Deus como seu próprio Pai (Mc 14,36) e ensina seus discípulos a fazerem o mesmo. Tal endereçamento a Deus só poderia parecer familiar e presunçoso para oponentes que estavam acostumados a enfatizar a transcendência de Deus.
O uso que Jesus fez de Abba (“Pai” ou “meu Pai”; Mc 14:36) foi adotado pelos primeiros cristãos (Rm 8:15; Gl 4:6); e não há evidência de que alguém antes de Jesus tenha usado esse termo para se referir a Deus. Ao longo da oração a referência é plural: “Pai Nosso “. Em outras palavras, Jesus ensina uma oração a ser feita em comunhão com outros discípulos (cf. 18,19), não isoladamente (cf. Jo 20,17). Devemos prestar atenção ao uso de pronomes por Jesus com “Pai”. Quando o perdão dos pecados é discutido, ele fala de “seu Pai” (6:14–15) e se exclui. Quando ele fala de sua filiação e autoridade únicas, ele fala de “meu Pai” (por exemplo, 11:27) e exclui outros. O “Pai nosso” no início desta oração modelo é plural, mas não inclui Jesus, pois faz parte de sua instrução sobre como seus discípulos devem orar.
Esta designação inicial estabelece o tipo de Deus a quem a oração é oferecida: Ele é pessoal. O fato de ele ser “nosso Pai” estabelece a relação que existe entre os discípulos de Jesus e Deus; nesse sentido, ele não é o Pai de todas as pessoas indiscriminadamente (ver comentário em 5:45). O fato de ele ser “nosso Pai que está nos céus “ nos lembra de sua transcendência e soberania.
O “nome” de Deus é um reflexo de quem ele é. Portanto, rezar para que o nome de Deus seja “santificado” (GR 39) não é rezar para que Deus se torne santo, mas para que seja tratado como santo (cf. Ex 20,8; Lv 19,2; 1Pe 1,15) e que seu nome não deve ser desprezado (Ml 1:6) pelos pensamentos e conduta daqueles que foram criados à sua imagem.
Mateus 6:10 Assim como Deus é eternamente santo, ele reina eternamente em absoluta soberania. O “reino” ou “reinado” de Deus (ver comentário em 3:2; 4:17) pode referir-se àquele aspecto da soberania de Deus sob o qual há vida. Esse reino está surgindo sob o ministério de Cristo, mas não é consumado até o fim dos tempos (28:20). Orar “venha o teu reino” é, portanto, tanto pedir que o reino salvífico e real de Deus seja estendido agora, enquanto as pessoas se curvam em submissão a ele, quanto clamar pela consumação do reino.
Orar para que a “vontade” de Deus (GR 2525), que é “boa, agradável e perfeita” (Ro 12:2), seja feita na terra como no céu é usar uma linguagem ampla o suficiente para abranger três pedidos. (1) Oramos para que a vontade de Deus seja feita agora na terra como agora está sendo realizada no céu. “Vontade” inclui tanto as exigências justas de Deus quanto sua determinação de realizar certos eventos na história da salvação. Então, para que essa vontade seja “feita” inclui tanto a obediência moral quanto a realização de certos eventos, como a cruz. Esta oração corresponde a pedir a presente extensão do reino messiânico. (2) Oramos para que a vontade de Deus possa finalmente ser tão plenamente realizada na terra quanto agora está sendo realizada no céu. (3) Oramos para que a vontade de Deus seja finalmente feita na terra da mesma forma que agora está sendo realizada no céu.
As últimas petições solicitam explicitamente coisas para nós mesmos. O primeiro é “pão” (GR 788), um termo usado para cobrir todos os alimentos (cf. Pv 30:8; Mc 3:20; At 6:1; 2Ts 3:12; Tg 2:15); pode ainda sugerir todas as nossas necessidades humanas físicas.
Devemos orar por nossas necessidades, não por nossas ganâncias. É para um dia de cada vez, refletindo o estilo de vida precário de muitos trabalhadores do primeiro século que eram pagos um dia de cada vez e para quem alguns dias de doença poderiam significar uma tragédia. “Diário” é uma palavra difícil de traduzir, provavelmente significando “para o dia seguinte”. Jesus instrui assim seus discípulos a orar: “Dá-nos hoje o nosso pão para o dia que vem.” Isso pode soar redundante para os leitores ocidentais, mas é uma petição urgente para aqueles que viviam na miséria.
A ideia de Deus “dar” o alimento em nada diminui a responsabilidade de trabalhar (ver vv.25-34), mas pressupõe não apenas que os discípulos de Jesus vivam um dia de cada vez (cf. v.34), mas que todas as coisas boas , até a nossa capacidade de trabalhar e ganhar o nosso alimento, vem da mão de Deus (cf. Dt 8,18; 1Co 4,7; Tg 1,17). É uma lição facilmente esquecida quando a riqueza se multiplica e a autossuficiência absoluta é retratada como uma virtude.
Além das provisões físicas, também precisamos do perdão dos pecados e da libertação da tentação. A palavra “dívida” (GR 4052) significa “pecado” ou “transgressão”, aqui concebida como algo devido a Deus (cf. Lc 11,4).
Alguns entenderam que a segunda cláusula significa que nosso perdão é a causa real do perdão de Deus, ou seja, que o perdão de Deus deve ser conquistado pelo nosso. Mas devemos distinguir entre o conceito de ganhar o perdão (não ensinado aqui) e adotar uma atitude que torne o perdão possível. Esse pensamento é reforçado nos vv.14–15 e 18:21–35 (ver também comentários sobre 5:5, 7).
A palavra usada para “tentação” (GR 4280) raramente ou nunca antes da escrita do NT significa “tentação” no sentido de “sedução ao pecado” (ver comentários sobre 4:1; Lc 4:1–2); ao contrário, significa testar. Mas o teste pode ter vários propósitos e diversos resultados (por exemplo, maior pureza, crescimento na fé, mas também pecado); a palavra pode assim deslizar para o sentido totalmente negativo de “tentação” (ver especialmente Tg 1:13-14). À luz de Tg 1:13-14, a palavra usada aqui não pode facilmente significar “tentação”, pois isso seria orar para que Deus não fizesse o que de fato ele não pode fazer.
Mas se a palavra significa “teste”, enfrentamos outro problema. O NT em todos os lugares insiste que os crentes enfrentarão testes ou provações de muitos tipos e que devem enfrentá-los com alegria (Tg 1:2). Assim, orar por graça e perseverança na provação é compreensível; mas orar para não ser levado a testes é estranho. No entanto, talvez isso não seja tão estranho. O NT nos diz que esta era será caracterizada por guerras e rumores de guerras (24:6), mas não acha incongruente exortar-nos a orar por aqueles que estão em posição de autoridade para “para que vivamos vidas pacíficas e sossegadas” (1 Timóteo 2). :2). Enquanto Jesus disse a seus discípulos para se alegrarem quando perseguidos (5:10-12), ele os exortou a fugir disso (10:23) e até a orar para que sua fuga não fosse muito severa (24:20).
“Livrar” (GR 4861) pode significar “nos poupar de” ou “nos livrar de”. Ambos são espiritualmente relevantes, e a maneira como o verbo é tomado depende muito de como a cláusula anterior é entendida. As palavras traduzidas como “o maligno” podem significar “maligno” ou referir-se especificamente ao Diabo. Uma referência a Satanás é muito mais provável aqui por dois motivos: (1) “livrar de” é uma expressão usada predominantemente para pessoas e (2) a primeira menção de Mateus à tentação (4:1–11) está inequivocamente ligada ao Diabo.. Assim, a oração-modelo do Senhor termina com uma petição que, embora reconheça implicitamente nosso próprio desamparo diante do Diabo, a quem somente Jesus poderia derrotar (4:1-11), indica confiança no Pai celestial para libertação da força e artimanhas do Diabo.
A doxologia é teologicamente profunda e contextualmente adequada, mas é melhor deixar de considerá-la, pois não faz parte da obra original de Mateus.
Mateus 6:14–15 Esses versículos reforçam o pensamento da quinta petição (ver comentário no v.12). A repetição serve para sublinhar a profunda importância de a comunidade dos discípulos ser uma comunidade de perdão para que as suas orações sejam eficazes (cf. Sl 66, 18).
Mateus 6:16-18 Quando jejuardes é uma referência ao jejum estabelecido pela Lei mosaica no Dia da Expiação (Lv 16:29) e o jejum voluntário. Os fariseus acrescentaram dois dias de jejum, às segundas e terças-feiras de cada semana, para mostrar ao povo sua piedade. Mas o verdadeiro propósito do jejum era a contrição e a comunhão com Deus.
O jejum é especialmente citado como um meio eficaz de subjugar a carne e vencer a tentação (Is 58.6). Os fariseus consideravam a prática do jejum uma maneira de demonstrar piedade e apareciam nas sinagogas vestidos de modo desleixado. A aparência abatida do rosto e as vestes maltrapilhas que usavam eram uma tentativa de mostrarem uma santidade maior diante do povo.
A frase desfiguram o rosto (gr. aphanizo) significa literalmente cobrem o rosto. Também é uma figura de linguagem que expressa os gestos de contrição e a aparência humilde daqueles que queriam que todos vissem que eles estavam jejuando. Isso também era feito com cinzas (Is 61.3).
O jejum é especialmente citado como um meio eficaz de subjugar a carne e vencer a tentação (Is 58.6). Os fariseus consideravam a prática do jejum uma maneira de demonstrar piedade e apareciam nas sinagogas vestidos de modo desleixado. A aparência abatida do rosto e as vestes maltrapilhas que usavam eram uma tentativa de mostrarem uma santidade maior diante do povo.
A frase desfiguram o rosto (gr. aphanizo) significa literalmente cobrem o rosto. Também é uma figura de linguagem que expressa os gestos de contrição e a aparência humilde daqueles que queriam que todos vissem que eles estavam jejuando. Isso também era feito com cinzas (Is 61.3).
Mateus 6:16 Para o jejum na Bíblia, veja o comentário em Mc 2:18 e ZPEB 2:501-4. Nos dias de Jesus, os fariseus jejuavam duas vezes por semana (Lc 18,12). Algumas pessoas devotas, como Ana, jejuavam com frequência (Lc 2,37). Mas tais jejuns voluntários forneciam oportunidades maravilhosas para exibições religiosas externas para ganhar uma reputação de piedade. A questão não é que não houve contrição genuína, mas que esses hipócritas estavam intencionalmente chamando a atenção para si mesmos. Eles queriam os aplausos de outras pessoas e os obtiveram. E isso é tudo que eles têm.
Mateus 6:17–18 No entanto, Jesus, longe de proibir o jejum, supõe que seus discípulos jejuarão, darão esmolas e orarão (vv.3, 6). O que ele condena é a ostentação no jejum. Além disso, ele proíbe qualquer sinal de que um jejum foi feito, porque o coração humano está tão misturado em seus motivos que o desejo de buscar a Deus será diluído pelo desejo de louvor humano, viciando assim o jejum.
Lavar e ungir com óleo (v.17) eram apenas etapas normais de higiene. O ponto do v.18 é não chamar a atenção para si mesmo, seja por um semblante sombrio ou por uma alegria extravagante. Jesus deseja reticência, não engano. E o Pai, que vê em secreto, dará a recompensa (ver comentário no v.4).
Mateus 6:19, 20 Não ajunteis [...] ajuntai pode ser parafraseado assim: “Não dê prioridade a isso, mas dê prioridade àquilo”. Essa passagem não quer dizer que é pecado ter certos bens ou provisões, como seguro, plano de saúde ou poupança. Afinal de contas, o homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus filhos (Pv 13.22; 2 Co 12.14).
Para vós outros (ARA) deixa bem claro que o desejo de receber galardão no Reino não é pecado. O problema está em querer recebê-lo totalmente aqui e agora. Não podemos levar nada material conosco, mas podemos investir agora para colher bens imperecíveis no futuro.
Mateus 6:20-21 A atenção dos cristãos deve estar voltada para os tesouros no céu. A palavra tesouros implica o acréscimo ou acúmulo de bens. Ambos os tesouros estão condicionados ao lugar em que se encontram (na terra, ou no céu). O conceito de ajuntar tesouros no céu não é sinal de algo que merecemos, mas a recompensa pelas obras da fé, como nos mostram vários outros ensinamentos de Jesus. A concentração de nossos esforços é que revelará onde nosso coração está.
Para vós outros (ARA) deixa bem claro que o desejo de receber galardão no Reino não é pecado. O problema está em querer recebê-lo totalmente aqui e agora. Não podemos levar nada material conosco, mas podemos investir agora para colher bens imperecíveis no futuro.
Mateus 6:20-21 A atenção dos cristãos deve estar voltada para os tesouros no céu. A palavra tesouros implica o acréscimo ou acúmulo de bens. Ambos os tesouros estão condicionados ao lugar em que se encontram (na terra, ou no céu). O conceito de ajuntar tesouros no céu não é sinal de algo que merecemos, mas a recompensa pelas obras da fé, como nos mostram vários outros ensinamentos de Jesus. A concentração de nossos esforços é que revelará onde nosso coração está.
Mateus 6:19 A proibição deste versículo poderia muito bem ser traduzida como “parar de acumular tesouros”; chegou a hora de uma pausa decisiva. O amor à riqueza é um grande mal (1 Timóteo 6:10), suscitando frequentes advertências. Para herdeiros do reino acumular riquezas nos últimos dias (Tg 5:2-3) é particularmente míope. No entanto, como acontece com muitas das proibições de Jesus neste sermão, seria imprudente absolutizar esta de tal forma que a própria riqueza se torne um mal. Em outro lugar, as Escrituras exigem que um homem sustente seus parentes (1 Timóteo 5:8), elogie o trabalho e a provisão para o futuro (Pv 6:6–8) e nos encoraje a desfrutar das boas coisas que o Criador nos deu (1 Timóteo 4:3–4; 6:17). Jesus está preocupado com o egoísmo; seus discípulos não devem acumular tesouros para si mesmos.
Os “tesouros na terra” podem ser roupas que podem ser atacadas por traças. A moda mudava pouco e as roupas podiam ser passadas adiante. Eles também podem se deteriorar. “Ferrugem” refere-se não apenas à corrosão de metais, mas também à destruição causada por ratos, bolor e coisas semelhantes. Tesouros menos corruptíveis poderiam ser roubados.
Mateus 6:20–21 Em contraste, os tesouros no céu estão para sempre isentos de deterioração e roubo. Referem-se a tudo o que é de bom e eterno significado que resulta do que é feito na terra. Praticar atos justos, sofrer por amor de Cristo, perdoar uns aos outros — tudo isso tem a promessa de “recompensa” (ver comentários sobre 5:12; cf. 5:30, 46; 6:6, 15). Outras ações de bondade também acumulam tesouros no céu (10:42; 25:40), incluindo a disposição de compartilhar (1Tm 6:13-19).
O ponto de Jesus é que as coisas mais preciosas ocupam o “coração” (GR 2840), o centro de uma personalidade que abrange mente, emoções e vontade; assim, o tesouro mais querido sutilmente, mas infalivelmente, controla toda a direção e os valores de uma pessoa.
Mateus 6:24 Mamom se refere às riquezas, ao dinheiro ou bens materiais. Ninguém pode servir a dois senhores. Mamom nos encoraja a juntar bens materiais para desfrutarmos deles agora. Mas Jesus nos aconselha a investir em nosso futuro com uma entrega total a Ele.
Mateus 6:25, 26 Depois de mostrar-nos o perigo de viver em função de juntar bens materiais, Jesus agora trata de uma tendência igualmente perigosa: a preocupação! Não andeis cuidadosos (gr. merimnao) quer dizer não fiquem ansiosos. A ansiedade é uma preocupação exagerada e prejudicial com nossas necessidades imediatas. É diferente de ter cuidado, precaução e fé. Portanto, até mesmo os pobres não precisam preocupar-se com o que vão comer, beber ou vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Essa pergunta indica que o equilíbrio mental e interior deve vir do espírito do homem, e não da provisão material. Colocar o coração nos bens materiais e preocupar-se com a falta deles é viver sempre inseguro e privar a si mesmo de receber as bênçãos espirituais de Deus.
Mateus 6:27 Estatura aqui, provavelmente, alude ao tempo de duração da vida ou idade. Côvado, aqui, alude a um período de tempo, não uma distância.
Mateus 6:28-30 Homens de pequena fé. Estes são os que creem em Cristo, mas vivem ansiosos pelas coisas materiais (Mt 8.26; 16:8). “Lírios do campo” (v.28) pode ser qualquer uma das flores silvestres tão abundantes na Galiléia. O ponto de Jesus é um pouco diferente da primeira ilustração sobre pássaros; as flores não trabalham nem fiam. A questão não é que os discípulos de Jesus possam optar pela preguiça, mas que a providência e o cuidado de Deus são tão ricos que ele veste a grama com flores silvestres que não são nem produtivas nem duradouras. Mesmo Salomão, o mais rico e extravagante dos monarcas de Israel, não se vestia como um desses campos. Jesus encerra com o pensamento de que a raiz da ansiedade é a incredulidade.
Mateus 6:31, 32 Gentios aqui se refere não judeus aqueles que não conhecem a Deus (3 Jo 7). O povo judeu, devido à revelação dada a eles por Deus, pensava de uma maneira muito diferente dos gentios.
Mateus 6:22, 23 Observe as palavras de Paulo em Gálatas 3.1: Quem vos fascinou (iludiu) [...] perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? O conceito aqui está baseado na antiga concepção de que os olhos são as janelas pelas quais a luz entra no corpo.
Mateus 6:22–23 Através do olho, o corpo encontra seu caminho. O olho deixa entrar a luz, e assim todo o corpo é iluminado. Mas os olhos maus não deixam entrar a luz, e o corpo está em trevas (v.23). A “luz dentro de você” é irônica; os que têm olhos ruins, que andam nas trevas, pensam que têm luz, mas essa luz na realidade é escuridão. A escuridão é tanto mais terrível quanto não a reconhecemos pelo que é (cf. Jo 9, 41).
Essa descrição bastante direta tem implicações metafóricas. O “olho” pode ser equivalente ao “coração”. O coração posto em Deus para se apegar aos seus mandamentos (Sl 119:10) é equivalente aos olhos fixos na lei de Deus (Sl 119:18, 148; cf. 119:36-37). Jesus também se move do “coração” (v.21) para o “olho”.
No nível físico, o “corpo inteiro” é apenas isso, um corpo, do qual o olho é a parte que fornece “luz”. No nível metafórico, representa a pessoa inteira que está mergulhada na escuridão moral.
Mais básica do que a escolha entre dois tesouros e duas visões é a escolha entre dois mestres: Deus ou o Dinheiro. Ambos são retratados, não como patrões, mas como proprietários de escravos. A escravidão envolve a propriedade de uma pessoa e requer serviço em tempo integral; uma pessoa não pode servir a dois proprietários de escravos. Ou Deus é servido com uma devoção sincera ou não é servido de forma alguma.
Mateus 6:25 “Portanto”, à luz das alternativas apresentadas (vv.19-24), Jesus instrui seus discípulos a não se preocuparem com as necessidades físicas, muito menos com os luxos implícitos nos versículos anteriores. Com muita frequência, toda a nossa existência se concentra nessas coisas. O argumento vai do maior para o menor: se Deus nos deu a vida e um corpo, ambos reconhecidamente mais importantes que a comida e a roupa, não nos dará também este último?
A colina onde Jesus proferiu o Sermão da Montanha ainda está coberta de pequenas flores (possivelmente os lírios de 6:28) na primavera.
Mateus 6:26 Preocupar-se com comida e bebida é não ter aprendido nada com a criação natural, que dá testemunho da providência de Deus. A questão não é que os discípulos não precisem trabalhar - os pássaros não esperam simplesmente que Deus coloque comida em seus bicos - mas que eles não precisam se preocupar. Eles podem fortalecer ainda mais sua fé lembrando que Deus é seu Pai em um sentido especial e que eles valem muito mais do que pássaros (“você” é enfático). Aqui o argumento é do menor para o maior.
Várias opções estão disponíveis para traduzir este versículo (veja a nota da NVI; veja o comentário em Lc 12:25–26). É mais provável que a preocupação encurte a vida do que a prolongue e, em última análise, tais assuntos estão nas mãos de Deus (cf. Lc 12:13-21). Confiar nele deveria ser o suficiente.
À luz do cuidado generoso de Deus, as perguntas feitas no v.31 são irrespondíveis. Pior, eles são essencialmente pagãos. Os discípulos de Jesus devem viver vidas qualitativamente diferentes das pessoas que não confiam no cuidado paternal de Deus e não têm objetivos fundamentais além das coisas materiais.
Mateus 6:33 Tendo em vista os vv.31–32, esse versículo deixa claro que os discípulos de Jesus não devem simplesmente se abster de perseguir as coisas temporais como seu objetivo principal para se diferenciarem dos pagãos. Em vez disso, eles devem substituir tais atividades por objetivos de significado muito maior. “Buscar primeiro o reino [de Deus]” (ver comentários sobre 3:2; 4:17) é desejar, acima de tudo, entrar, submeter-se e participar da divulgação das novas do reino salvador de Deus. É buscar as coisas pelas quais já se orou nas três primeiras petições da Oração do Senhor (6:9–10).
Buscar a “justiça” de Deus não é, neste contexto, buscar justificação; ao contrário, é buscar a retidão da vida em total submissão à vontade de Deus, conforme prescrito por Jesus ao longo deste discurso (ver comentário em 6:1). Pois qualquer outra preocupação de dominar a mente de alguém é rebaixar-se à preocupação pagã. Dentro dessa estrutura de compromisso, os discípulos de Jesus têm a certeza de que todas as coisas necessárias lhes serão dadas por seu Pai celestial.
Mateus 6:34 Preocupar-se com os infortúnios de amanhã não faz sentido, porque o hoje já tem o suficiente para ocupar nossa atenção e porque os temidos infortúnios de amanhã podem nunca acontecer. Além disso, a graça de hoje é suficiente apenas para hoje e não deve ser desperdiçada no amanhã. Se o amanhã trouxer novos problemas, haverá uma nova graça para enfrentá-los.
Mateus 6:1 (Devocional)
Justiça
Este capítulo não é mais sobre o princípio cristão em contraste com a lei como em Mateus 5, mas sobre nosso Pai com quem temos que lidar em segredo. A expressão “seu Pai” é usada aqui mais de dez vezes. Os discípulos são levados a uma conexão pessoal com o Pai. Ele nos entende, vê tudo o que acontece dentro e ao nosso redor, nos ouve e nos dá conselhos. Tudo mostra que Ele tem a mais profunda preocupação por nós.
O capítulo anterior trata da natureza da justiça. Este capítulo é sobre fazer justiça. Com isso, o Senhor aponta o grande perigo de praticarmos a justiça diante dos olhos dos homens, a fim de obter sua apreciação e reconhecimento. Isso não passa de hipocrisia.
O Senhor apresenta três formas de justiça que são facilmente praticadas para angariar a glória dos homens. Ele fala de fazer justiça nas formas de dar (Mateus 6:2-4), oração (Mateus 6:5-15) e jejum (Mateus 6:16-18). Na exibição externa, essas formas podem impressionar as pessoas, mas não a Deus. Deus busca a verdade interior. Recebemos a recompensa que o Pai paga no reino da paz. Perdemos isso quando fazemos as coisas diante dos olhos das pessoas.
Dar é sobre nossa atitude para com nossos semelhantes, a oração é sobre nossa atitude para com Deus e o jejum é sobre nós mesmos. É como pela graça que nos ensina que “vivemos com sensatez, justiça e piedade” (Tito 2:12). ‘Sensatamente’ é sobre nossa atitude interior, somos “justos” para com nossos semelhantes e mostramos “piedade” para com Deus.
Mateus 6:2-4 (Devocional)
O Senhor repetidas vezes usa as palavras “eu vos digo” também neste capítulo. Ele fala com autoridade e não os ensina como seus escribas.
Os fariseus estimam muito sua generosidade. Eles fazem isso nas sinagogas, onde ensinam, e também em público. O Senhor os chama de “hipócritas”. Essas pessoas não têm olhos para Deus. Eles estão preocupados apenas com a aprovação e elogios de seus semelhantes. Bem, eles o recebem e com isso recebem sua recompensa ao mesmo tempo. Eles não precisam mais esperar uma recompensa diferida ou futura.
Depois que o Senhor aponta a forma errada de dar, Ele mostra qual é a maneira certa. Com dar o ponto é que acontece diante dos olhos do Pai. Mesmo que ninguém saiba, o Pai vê, aprecia e recompensará.
A mão esquerda também não deve saber o que a mão direita está fazendo. Isso significa que não devemos dar para nos dar um bom pressentimento sobre isso. Não vamos contar aos outros, mas estamos orgulhosos de nós mesmos por dar algo. Tudo deve ser feito para e diante dos olhos do Pai e não diante dos olhos das pessoas, nem mesmo diante dos nossos próprios olhos. O que acontecer sem que as pessoas saibam, será recompensado abertamente no futuro.
Mateus 6:5-8 (Devocional)
Oração
Deus abomina uma oração que não serve a nenhum outro propósito senão dar aos outros uma ‘demonstração de oração’. Em tal oração, a oração é dirigida a Deus, mas não para que Deus a ouça, mas para que outros a ouçam. Deus nem mesmo ouve isso. Essa oração é hipocrisia porque dá a impressão de que está sendo feita a Ele, embora seja feita para impressionar as pessoas.
As demonstrações são dadas em edifícios e em público. Todos aqueles que não têm relacionamento com Deus admiram essas demonstrações. Essa admiração é a recompensa para quem ‘reza’. A recompensa de Deus passa por eles. A recompensa de Deus está pronta para aqueles que não buscam a honra das pessoas, mas que buscam um contato real com Ele. Contato com Deus e falar com Ele não é show. É um assunto pessoal e delicado. É por isso que precisamos buscar a solidão. A chance de ser perturbado pelo lado de fora também deve ser minimizada: a porta deve estar trancada. Para o tempo em que vivemos, significa também desligar o smartphone e aparelhos similares para que possamos orar sem ser incomodados.
Outro ponto importante é não usar repetições sem sentido. O Senhor quer dizer com isso que uma oração é feita o mais longa possível pela repetição de palavras. Esse é um costume gentio. Um exemplo disso é a reza do ‘terço’ na igreja católica romana. Isso não significa que não devemos orar por muito tempo. No entanto, ninguém precisa saber a duração e a intensidade de nossa vida de oração. Portanto, é bom orar breve e vigorosamente em público. Não oramos para dar a conhecer a Deus coisas que Ele ainda não conhece. Ele sabe tudo muito antes de perguntarmos qualquer coisa a Ele. Oramos para nos livrarmos dos fardos.
Mateus 6:9-15 (Devocional)
O ‘Pai Nosso’
Em Seu ensinamento sobre oração, o Senhor agora indica como eles podem orar. Com isso ele não quer dizer uma ‘oração padrão’ que precisa ser rezada repetidamente. Então o efeito poderia ser precisamente aquele que Ele acabou de dizer que não deveria ser. Nesta oração, ele indica a quem eles podem se dirigir e qual deve ser o conteúdo de sua oração.
No discurso “Pai nosso que estás nos céus”, reside a distância. O discípulo na terra fala com o Pai no céu. Isso mostra que não se destina principalmente aos cristãos. O cristão tem livre acesso a Deus, seu Pai no céu. Não há distância. Existe uma grande distância entre o povo terreno de Deus e Deus no céu. Isto faz desta oração uma oração que se faz com vistas à vinda do reino da paz, enquanto as circunstâncias ainda se opõem a ele. Embora esta oração seja dirigida principalmente ao remanescente de Israel, podemos aprender muito com ela.
O anúncio do reino da paz por João Batista e pelo próprio Senhor leva os discípulos a desejarem o estabelecimento de Seu reino. Para isso, eles precisam superar as dificuldades de um mundo hostil. Eles devem ser preservados para as ciladas do inimigo, enquanto é necessário fazer a vontade do Pai.
A oração contém seis petições. Primeiro vêm três petições que têm a ver com Deus. Relaciona-se com Seu Nome, Seu reino e Sua vontade. Em seguida, vêm três petições que têm a ver conosco. É sobre nosso pão, nossas dívidas e nossa salvação da tentação e libertação do mal. O Pai celestial e Suas reivindicações são em primeiro lugar. Nossas necessidades vêm em segundo lugar.
O verdadeiro discípulo desejará que o Nome de seu Pai, que ainda é tantas vezes blasfemado e desonrado, seja santificado em toda a terra. Quando o Senhor Jesus reinar, a santidade do Nome do Pai será reconhecida e falada com respeito por todos. Os discípulos encontram sua maior alegria no fato de que seu Pai, que ainda está fazendo tudo em segredo, será louvado e engrandecido abertamente.
Se o Nome do Pai for santificado em todos os lugares, a vontade do Pai também será feita em todos os lugares. Esta será a situação quando chegar o “Teu reino”, o reino da paz. Então também haverá total obediência e “a tua vontade” será feita na terra como sempre foi feita no céu.
Mas ainda não é essa hora. O discípulo ainda depende dos cuidados de seu Pai, enquanto está cercado de inimigos. Especialmente na grande tribulação, que precede imediatamente o estabelecimento do reino da paz, haverá grande carência da maioria das necessidades diárias. O Senhor diz aqui que todos os dias eles podem invocar o Pai para lhes dar o que precisam.
Eles também estarão cientes de que a necessidade em que estão é o resultado de seus pecados. Eles pedem perdão e o fazem com o espírito de perdão que demonstraram a seus perseguidores. Ao mesmo tempo, eles reconhecem sua fraqueza para resistir à tentação. O Senhor diz que eles podem orar se seu Pai os impedir de cair em tentação, onde eles podem negá-lo. Eles podem ao mesmo tempo pedir a seu Pai que os livre do maligno.
Nas palavras finais de Seu ensinamento sobre a oração, o Senhor retorna ao perdão. A palavra “porque” em Mateus 6:14 indica uma conexão clara com o anterior. É necessário ter a mente do perdão para ter a consciência do perdão. Se um discípulo não está disposto a perdoar os outros pelo mal que lhe fizeram, o Pai também não pode mostrar essa disposição. Pela falta de vontade de perdoar, o acesso ao Pai em oração é bloqueado.
Mateus 6:16-18 (Devocional)
Jejum
O jejum aparece várias vezes no Antigo Testamento (Esd 8:21; Ne 9:1; Is 58:1-14). Também aparece nas cartas do Novo Testamento que descrevem a vida da igreja. Geralmente está associado à oração (Atos 14:23). Também neste capítulo decorre diretamente da oração. Enquanto a oração diz respeito ao lado espiritual do homem, o jejum diz respeito ao lado físico. Ao jejuar, sente-se com o corpo o que o ocupa na mente e na alma.
O jejum acompanha a humildade e é também uma expressão de tristeza. Quando alguém jejua, ele nega a si mesmo o gozo das coisas terrenas que em si mesmas lhe é permitido desfrutar. Quem jejua, nega a si mesmo certas coisas terrenas para um propósito maior durante o período de jejum.
O jejum não é um objetivo em si. É assim que os fariseus jejuam. Por mostrarem um rosto sombrio, negligenciando até mesmo a aparência, eles sabem como conquistar o apreço das pessoas. Eles querem que as pessoas vejam quão bons e piedosos eles vivem e como eles se entristecem com o estado espiritual do povo de Deus. O Senhor Jesus vê através da verdadeira natureza dessa performance. Ele os chama de “hipócritas” e diz que eles já têm sua recompensa.
Você não percebe jejum real com ninguém. É, como a oração, algo entre o Pai e o discípulo. O Pai recompensará se alguém se compadecer dEle sobre a situação de Seu povo. O jejum acontece para Ele e não para os outros.
Mateus 6:19-21 (Devocional)
Tesouros no Céu
A última parte deste capítulo (Mateus 6:19-34) trata das posses terrenas e das coisas necessárias à vida. O Senhor dá as exortações necessárias por causa da profunda tendência de cada ser humano para perseguir tesouros terrenos. A admoestação de não juntar tesouros na terra contrasta com a exortação de dar, da qual o Senhor fala no início deste capítulo.
Há duas razões para não colocar o coração nas posses terrenas. Essas razões estão relacionadas às duas maneiras pelas quais podemos perder nossos tesouros. Em primeiro lugar, eles podem ser danificados por forças da natureza que não podemos controlar. Em segundo lugar, pessoas violentas podem roubá-los de nós. Ainda podemos fazer o possível para nos defender de ambos, mas a data de durabilidade de nossos bens não pode ser garantida.
O Senhor aponta outros tesouros que não são perecíveis e não podem ser roubados de nós. Estes são os tesouros no céu. Esses tesouros estão ligados a Ele, “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”, isto é, Ele mesmo (Cl 2:3). O que coletamos ocupando-nos com as coisas do alto (Cl 3:1-2), é de valor eterno e indestrutível.
Se realmente conhecemos o Pai do céu, temos nosso tesouro no céu e nosso coração também está lá. Nós só temos um coração e é com o objeto que mais aprecia o coração.
Mateus 6:22-23 (Devocional)
A Lâmpada do Corpo
Para estimar o valor do tesouro no céu, precisamos de um olho claro ou único. Nosso olho é uma lâmpada. O olho em si não é uma fonte de luz, mas capta a luz e a transmite ao corpo. Então os membros sabem o que devem fazer. Em vista do tesouro no céu, podemos fazer a oração que Paulo também fez. Ele orou pelos crentes em Éfeso para que os olhos do coração fossem iluminados (Efésios 1:18), para que pudessem conhecer as riquezas do céu.
Os cristãos nominais, aqueles que dizem ter uma ligação com o Senhor Jesus, mas não O têm como vida, gabam-se de ter luz. Mas o olho deles é ruim. Eles não têm tesouro no céu, mas ajuntam tesouros na terra. A luz que eles supostamente possuem é, na realidade, escuridão. Quem presume possuir a luz está na maior escuridão possível. Tal pessoa se desliga completamente da luz de Deus.
Mateus 6:24 (Devocional)
Deus ou Riqueza
Não é possível coletar tesouros no céu se nossos olhos flutuam para frente e para trás entre os tesouros do céu e os tesouros da terra. Deus e Mamom são dois senhores que querem ser servidos. [Riqueza: Gr mamonas, para Aram mamon (mammon); isto é, riqueza, etc., personificada como um objeto de adoração.] Deus quer que O sirvamos e Ele tem direito a isso. Mammon, o deus do dinheiro e da riqueza, quer nos seduzir para servi-lo. É impossível servir os dois ao mesmo tempo.
Muitos cristãos acreditam que isso pode ser feito e também tentam. O Senhor Jesus diz aqui que isso não é possível. Deus e Mamom se excluem completamente, são completamente opostos um ao outro. Quem diz que serve a Deus, enquanto sua vida mostra que vive para as coisas terrenas, nega sua relação com Deus. Na prática, as coisas terrenas ganharão cada vez mais terreno e assim a vida para a glória de Deus perderá cada vez mais terreno.
Mateus 6:25-34 (Devocional)
Preocupações
Esses versículos não são sobre os perigos da riqueza, mas sobre as preocupações da vida. Podemos conectar isso com a petição “dá-nos hoje o pão nosso de cada dia” (Mateus 6:11). As preocupações da vida podem tomar tanto do nosso tempo quanto colecionar tesouros. O perigo das preocupações não significa que não devemos cuidar da nossa família, por exemplo, mas que estamos nos preocupando com a nossa família e refletindo sobre ela. Podemos colocar as preocupações da vida em segundo lugar na confiança de que o Senhor proverá o que precisamos. Ele também provê tudo o que é necessário para a natureza, não é?
O Senhor nos convida simplesmente a olhar para os pássaros. Todos eles recebem seu sustento porque nosso Pai celestial os alimenta. Podemos saber que excedemos em muito os pássaros em importância. Se estivermos conscientes disso, a preocupação com a comida desaparecerá. O mesmo vale para a duração de nossas vidas, ou seja, nosso tempo de vida e nossas roupas. Para que não exageremos em nossa preocupação, Ele nos convida a olhar os lírios e a grama. Quando vemos como Deus lida com eles e o que acontece com eles quando não florescem, o fardo dessas coisas pode desaparecer de nós. O Senhor tranquiliza Seu discípulo, ele não precisa se preocupar com comida, bebida ou roupas.
As pessoas do mundo não têm mais nada com que se preocupar. Eles não têm nenhum tesouro no céu e nenhum Pai no céu e vivem apenas para o prazer terreno. É sobre o foco em outro mundo. Sob essa luz, a importância da comida, bebida e roupas está diminuindo. Para fazer a escolha certa, o olhar deve estar voltado para o que é invisível, eterno e celestial. Caso contrário, a escolha é feita pelo que é visível, temporário e terreno.
Um discípulo do Senhor pode saber que Seu Pai celestial sabe que ele precisa e cuidará de todas as coisas visíveis, temporárias e terrenas. A primeira preocupação de um discípulo pode, portanto, ser – e deve ser, pois essa é a sua tarefa – o reino de Deus e a Sua justiça. A busca do reino de Deus significa colocar-se inteiramente ao seu serviço. É reconhecer o senhorio do Senhor Jesus sobre todas as áreas da vida. É fazer o que Ele diz e dizer o que Ele quer e ir aonde Ele quer que vamos. A busca pela justiça de Deus é a busca pelo caminho reto que Deus nos mostra para andar e que Cristo nos precedeu.
Se servirmos a Deus, que é nosso Pai celestial, cairemos sob Seu cuidado vigilante e bondoso. Nosso Pai celestial conhece todas as nossas necessidades e se importa com elas. Podemos, portanto, estar completamente livres de preocupações ansiosas e ter total confiança em Seu cuidado amoroso.
O Senhor diz mais uma vez que não precisamos nos preocupar, nem com o amanhã. Também não faz sentido se preocupar com o que pode vir amanhã. Já temos o suficiente do mal do dia que estamos experimentando agora. Não precisamos atrair para nós agora as preocupações que eventualmente possam surgir amanhã. Quando chegar o amanhã, a preocupação já pode ter desaparecido. E se a preocupação ainda existe, lembre-se que Deus também existe.