Estudo Bíblico sobre Gênesis
Gênesis 38
A FROUXIDÃO MORAL DE JUDÁ (38.1-30)
Esta história parece uma intrusão na história de José. Talvez foi
inserida aqui para elucidar por que Judá, que mais tarde figurou
significativamente na história, foi desqualificado para ser o líder da quarta
geração no concerto com Deus. Revela notavelmente as extremas tentações morais
a que, por habitarem entre os cananeus, os filhos de Jacó estavam sujeitos.
Os acontecimentos da história cobrem um período de tempo paralelo às
provações e triunfos de José no Egito, e oferecem explicação parcial para a
mudança final para o Egito. Se a integridade do concerto precisava ser mantida,
eles deviam, por certo tempo, estar afastados da corrupção da vida religiosa e
social de Canaã.
Um Casamento fora das Normas do Concerto (38.1-5)
Um Casamento fora das Normas do Concerto (38.1-5)
Em seu relacionamento com os vizinhos cananeus (2), Judá viu uma moça
cananéia que o atraiu. Casou-se com a filha de Sua e, no devido tempo, ela deu
à luz três filhos: Er (3), Onã (4) e Selá (5). Em sua criação, estes filhos
estiveram sob a maciça influência dos relapsos padrões morais de sua mãe e
parentes cananeus.
O Levirato que não Deu Certo (38.6-11)
O Levirato que não Deu Certo (38.6-11)
Quando Er tinha idade para casar, o que era normalmente no meio da
adolescência, Judá lhe deu como esposa uma moça cananéia chamada Tamar (6).
Mas Er era mau (7) e morreu antes que o casal tivesse filhos. O
texto indica que a morte do rapaz foi ato de julgamento divino.
O costume do levirato era praticado amplamente entre os povos do antigo
Oriente Próximo, porque se dava muita importância na conservação do nome do
filho primogênito por meio de um filho.' Se o filho mais velho morresse
prematuramente sem deixar filhos, era responsabilidade do próximo filho mais
velho tomar a viúva como esposa. Porém, os filhos nascidos por esta união
pertenceriam legalmente ao irmão morto e não ao verdadeiro pai.
Neste caso, o próximo filho mais velho, Onã (8), recusou assumir
sua responsabilidade. Mostrou, de maneira vergonhosa, desdém por Er e desprezo
por Tamar. Seu castigo foi a morte, ordenada pelo SENHOR (10). O
terceiro rapaz era muito novo para casar, por isso Judá (11) disse a Tamar
que esperasse na casa de seu pai. Mas Judá não conseguiu resistir à
sugestão de que ela pode ter sido a culpada pela morte dos outros filhos.
A Evasão de Responsabilidade de Judá (38.12-23)
A Evasão de Responsabilidade de Judá (38.12-23)
Depois do luto apropriado por sua esposa falecida, Judá estava ocupado
tosquiando ovelhas com seu amigo e possivelmente sogro, Hira (cf. vv.
1,2). Tamar (13), cansada de esperar Selá (14), que já era
adulto, decidiu forçar Judá a agir.
Ela estava muito mais preocupada com os aspectos legais da situação do
que com a moral. A lei comum lhe dava o direito de ter filhos por um irmão, ou
pelo menos por um parente do marido morto. Na realidade, sua obrigação era dar
um filho ao falecido. Considerando que Judá parecia estar mantendo
deliberadamente Selá longe dela, decidiu envolver o próprio Judá. Não
havia recursos legais em tribunais, por isso ela dependia de um embuste
inteligente.
Observando cuidadosamente os movimentos de Judá, ela viu que ele ia
sozinho para Timna ou Enã (Js 15.34). A frase: Entrada das duas
fontes (14), tradução do nome da cidade Enaim (cf. ARA), é mais
corretamente traduzida por “um lugar aberto”. No momento certo, ela mudou de
vestes e pôs um véu, roupa de prostituta (15, zonah) comum.
Postou-se à beira da estrada para atrair Judá, que reagiu exatamente
como ela havia pensado. Tamar não se interessou pelo pagamento — um cabrito
do rebanho (17) —, visto que ela estava obtendo algo de Judá que depois o
identificaria indiscutivelmente. Sob sua insistência, ela ficou com o selo (18),
que provavelmente tinha forma cilíndrica com um buraco longitudinal pelo
centro, tendo por fora um desenho ou emblema talhado que o distinguia. O lenço,
ou melhor, “cordão”, que era passado pelo selo para ser pendurado no
pescoço. Também ficou com o cajado que o líder tribal ou de clã usava
como símbolo de autoridade. Ninguém se equivocaria com a identificação do
proprietário destes objetos.
Concluído o estratagema, Tamar voltou imediatamente para casa e vestiu
as vestes da sua viuvez (19), e Judá voltou para cuidar dos seus rebanhos.
Judá tinha escrúpulos, talvez com um sentimento subjacente de culpa, em levar
pessoalmente o cabrito (20) para a suposta prostituta, por isso o enviou
por meio de um amigo. O amigo adulamita não perguntou sobre o
local de uma prostituta comum (zonah), mas sobre uma prostituta cultual
cananéia (qedeshah), a qual desfrutava de mais status nos círculos
sociais cananeus. Todos disseram ignorar tal pessoa nas redondezas. O adulamita
informou a Judá, que imediatamente percebeu que poderia cair em desprezo (23,
ser chantageado) pela pessoa que possuía os objetos que o identificavam Judá
pareceu frustrado e confuso. Justificando-se a si mesmo, disse ao amigo: Eis
que tenho enviado este cabrito, mas tu não a achaste.
A Armadilha é Acionada (38.24-26)
A Armadilha é Acionada (38.24-26)
Quase três meses depois (24)
deste incidente, chegou a Judá o rumor que Tamar estava grávida.
Obviamente ela havia sido infiel às suas obrigações com o filho de Judá. Esta
notícia enfureceu Judá, que exigiu que ela fosse publicamente queimada viva
(cf. Lv 21.9; Dt 22.20-24).
Quando Tamar foi levada para a execução, pediu apenas um privilégio: a
identificação do homem a quem pertencia certos objetos que estavam com ela.
Assim que Judá (26) os viu, percebeu o que Tamar havia feito e como sua
falta de firmeza moral o havia tornado vulnerável à trama dela. Confessou que
ele era o homem responsável pela condição dela.
A observação de Judá: Mais justa é ela do que eu (26), fornece
interessante luz lateral ao significado do termo hebraico tsedeqah. Tem,
basicamente, a conotação legal de “estar no direito ou ter uma causa justa”.
Para nós, Tatuar cometeu ato moralmente condenável, mas em sentido técnico, na
lei do levirato, ela estava em seu direito. Ela conseguiu um filho através do
homem responsável em providenciar que um parente do seu marido lhe fosse dado
como marido substituto. Diante de todos ficou comprovado que Judá foi
negligente em seu dever de dar Sela a Tamar, e que era o responsável por
engravidar a mulher a quem tinha condenado furiosamente à morte. Logicamente
que nenhum dos dois está à altura dos mais sublimes conceitos de justiça na
Bíblia, mas Judá estava mais errado que Tamar.
Os Gêmeos de Tamar (38.27-30)
Os Gêmeos de Tamar (38.27-30)
O relato do nascimento dos filhos descreve um incidente incomum que deu
origem aos nomes dos filhos gêmeos de Judá. A mão de um gêmeo apareceu e foi
marcada com um fio roxo (28), mas a mão se recolheu e a outra criança
nasceu primeiro. O nome Perez (29) significa “fazer brecha ou forjar
por”, designando assim seu caráter agressivo. O significado do outro nome, Zerá
(30), é incerto. Foi por Perez que a linhagem de descendentes passou
a Boaz, depois a Davi, até chegar a Jesus Cristo (1 Cr 2.3-15; Mt 1.3-16; Lc
3.23-33).
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Um comentário:
Excelente estudo :)
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