Apostasia — Estudo Bíblico

Apostasia — Estudo Bíblico

APOSTASIA

Vem do grego apostada, “afastamento”. Aponta para o abandono deliberado da crença na fé cristã (ou em qualquer fé, anteriormente defendida), por alguém que dizia seguir essa fé. No catolicismo romano, indica a total deserção da fé, ou das santas ordens, ou do estado monástico. O apóstata formal está sujeito à exclusão. Em sentido menos amplo, a palavra é usada para indicar pessoas que deslizam p ara o descuido e o abandono no tocante à sua fé religiosa, embora, teoricamente falando, continuem crendo em algumas das suas doutrinas.

1. Usos do termo.  

Em forma nominal, encontra-se somente por duas vezes no Novo Testamento: Atos 21:21 e II Tess. 2:3. É uma forma posterior do grego apóstasis,  “manter-se longe de”. Foi usada por Plutarco para indicar revolta política, sendo usada na Septuaginta, no sentido de revolta contra Deus (Jos. 22:22). É dito sobre Antíoco Epifânio que ele favorecia a apostasia do judaísmo para o helenismo (I Mac. 2:15).

2. No Novo Testamento.  

Indica um “afastamento”, talvez indicando uma “revolta”, com o abandono dos princípios básicos do cristianismo. (II Tess. 2:3). É a dissolução de qualquer vínculo sério com Deus e com Cristo, paralelamente à rebeldia e à hostilidade para com esses vínculos. Dentro do ponto de vista cristão, a apostasia envolve mais do que a mudança de ideias sobre doutrinas reveladas. A princípio, é a outorga da alma a algum a causa maligna, e não o m ero abandono daquilo que antes era professado.

3. A apostasia.  

O trecho de II Tess. 2 e certas descrições no Apocalipse indicam que, no fim dos tempos, antes da parousia (ver o artigo), isto é, da segunda vinda de Cristo, ou do início da era áurea ou milênio  (ver o artigo a respeito), haverá um afastamento especialmente radical de muitos, que abandonarão a fé cristã. Essa rebelião será encabeçada pelo anticristo  (ver o artigo). Visto que o anticristo será o “filho” da trindade maligna (Satanás, o anticristo e o falso profeta), por meio dele será adorado o pai dele, Satanás. Quanto a trechos bíblicos que dão informações sobre vários aspectos desse ensino, ver Mat. 24:4,5; 10:13; Mar. 13:5,6,22; Luc. 21:8; I Tim. 4:1 ss ; II Tim. 3:1 ss ; Apo. 13:8,15.

A apostasia promovida pelo anticristo será especialmente maligna, porque ele encabeçará uma forma espúria de cristianismo, dentro do arcabouço de uma religião do mundo. No seio da cristandade, os homens deixarão de prestar lealdade ao Senhorio de Cristo, e não mais haverão de considerá-Lo único e sem-par(Col. 2:18; I João 4:1-3; II Ped. 2:1). Quanto a descrições dos líderes apóstatas (os gnósticos dos tempos neotestamentários), ver II Tim. 4:3; II Ped. 2:1-19; Judas 4,8,11,13,16. “Eles saíram de nosso meio, entretanto não eram dos nossos” (I João 2:19), uma outra declaração a respeito dos gnósticos, é aplicável em espírito a esses desertores. Ramos que antes pareciam participar da vida da vinha, perderão a vitalidade, porque sua união com a vinha será decepada. Por conseguinte, serão lançados fora (ver João 15:6).

4. Aspectos Históricos da Apostasia: 

No Novo Testamento, faz-se a distinção entre o apóstata e o herege. Aos crentes é ensinado que tentem preservar a comunhão com os hereges (Tito 3:10), mas a condição dos apóstatas parece ser irreversível (II Tess. 2:10-12; II Ped. 2:17,21; Jud 11-15; Heb. 6:1-6). Naturalmente, essa irreversibilidade não é teórica, porque somente um pecado é. considerado imperdoável (Mat. 12:31). Portanto, trata-se de uma irreversibilidade prática. Pode-se dizer com plena confiança: “Um apóstata não volta”.

O herege, por outra parte, é alguém que caiu em algum tipo de erro doutrinário; mas, de modo geral, ele é discípulo de Cristo e pode ser restaurado. Como é óbvio, devemos lembrar que a definição do que é um herege pode ser restringida a ideias denominacionais de ortodoxia doutrinária, de tal modo que um membro em regular situação perante uma denominação pode ser tido como herege perante outra denominação. Além disso, os grandes hereges, com O Jesus, Paulo e Lutero, para citar alguns poucos, foram aqueles que trouxeram grandes avanços espirituais. Portanto, devemos usar esses termos com extrema cautela. A palavra “ortodoxia” nem sempre é sinônima de “verdade”, pois esse termo com demasiada frequência é empregado para indicar “o que eu creio”, e não, necessariamente, “o que, de fato, é verdade”. Na Igreja pós-apostólica, havia três modos segundo os quais uma pessoa ou uma igreja podiam ser considerados apóstatas:

1. mediante a renúncia da fé (uma das definições usuais); 2. mediante lapso moral, por haver o indivíduo cometido os grandes pecados de adultério ou homicídio (sem arrepender-se dos mesmos). Os cristãos não recebiam de volta à comunhão aos que assim transgredissem. Porém, na Idade Média, a palavra apostasia parece que era aplicada somente àqueles que renunciavam inteiramente à fé cristã (Tomás de Aquino, Suma Teológica, gg. 11,12). Nos primeiros séculos, a apostasia podia ser punida não apenas pela Igreja, mas também pelo governo secular, e muitos apóstatas perderam assim a vida. As leis civis também puniam os apóstatas cortando-os de seus empregos, de suas posições e confiscando-lhes as propriedades, conforme sucedeu na época do rei. Guilherme III, da Inglaterra. Esses costumes, porém, foram abandonados. Nos tempos modernos, igrejas e denominações inteiras têm sido chamadas apóstatas, e não: apenas indivíduos isolados, devido ao liberalismo teológico ou à presença de atividades políticas ou outras, incompatíveis com os ideais cristãos. Quanto a outras notas bastante completas sobre a apostasia, salientando o problema especial levantado no sexto capítulo, da epístola aos Hebreus, ver o NTI em II Tess. 2:3 e Heb. 6:4. Ver o artigo Segurança Eterna do Crente que apresenta detalhes sobre a controvérsia.


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