Ararate — Estudo Bíblico

Ararate — Estudo Bíblico

Ararate


No hebraico, “deserto”. Nome aplicado à região entre o rio Tigre e as montanhas do Cáucaso, conhecida como Armênia, mas chamada Urarti nas inscrições assírias. O nome veio a ser aplicado à cadeia montanhosa, e especialmente ao duplo pico em forma de cone, a pouco mais de onze quilômetros separados um do outro, respectivamente com 5.182 m e 4.265 m de altura. O pico de maior altura é chamado Massis pelos nativos, ou então Varaz-Baris; e os persas lhe dão o nome de Kuhi-Nuh, “monte de Noé”. Seu cume é perpetuamente coberto de neve. Tradições nativas dizem que a arca repousou sobre sua vertente sul. Mas as inscrições assírias identificam um pico um tanto mais ao sul, a saber, o monte Nish’r, com 2.745 m de altura, comumente identificado com o Pir Omar Gudrun.

Há relatos sobre o dilúvio por todo o Oriente, alguns dependentes da narrativa bíblica. Outras, porém, são independentes da mesma. Outrossim, essas narrativas sobre o dilúvio são universais, e supomos que a maioria delas, independentes do relato bíblico. Os sacerdotes egípcios disseram a Heródoto: “Vocês, gregos, são apenas crianças. Sabemos apenas sobre um dilúvio, mas temos registros sobre muitos dilúvios”. Os registros geológicos, como a reversão do magnetismo das rochas, indicam que não apenas por um a vez, m as por muitas vezes (talvez até quatrocentas vezes) os pólos têm mudado de lugar, com deslizes consequentes da crosta terrestre, produzindo, obviam ente, grande destruição e imensos dilúvios. Pensamos que o dilúvio de Noé foi a última dessas grandes catástrofes, e que ainda haverá outras, no futuro. Ver o artigo sobre o dilúvio.

No Oriente existem vários montes sagrados, assim feitos pelas tradições, que os identificam com o lugar onde.a arca teria repousado, terminado o dilúvio. Portanto, além dos montes de Ararate, há outros picos que são assim considerados, como o Sufued Koh (Monte Branco), onde os afegãos dizem que a arca descansou. O pico de Adão, na ilha de Ceilão é outro desses lugares, sendo curioso que em Gên. 8:4 o Pentateuco Samaritano diga Sarandib,  nome árabe p ara Ceilão. Os versos sibilinos afirmam que as montanhas do Ararate ficavam na Frigia. Outros situam-nas na porção oriental da cadeia montanhosa antigamente chamada Cáucaso e Imaus, que termina nos montes do Himalaia, no norte da Índia. As descrições bíblicas, porém, parecem eliminar regiões relacionadas ao Afeganistão, ao Ceilão e ao norte da índia, embora alguns advoguem esses lugares como região onde a arca ficou, ao terminar o dilúvio.

1. Localizando o Ararate.  

As únicas outras passagens bíblicas (além do livro de Gênesis) onde a palavra “Ararate” ocorre são II Reis 19:37 (Isa. 37:38) e Jer. 51:27. Nas duas primeiras, faz-se referência à terra para onde fugiram os filhos de Senaqueribe, rei da Assíria, depois que o assassinaram. Tobias 1:21 diz que eles fugiram para “as montanhas de Ararate”. Isso indicaria um lugar, e não uma região dominada pela Assíria, embora não muito distante. A descrição adapta-se à antiga Armênia, que agora faz parte da Turquia moderna, em sua porção oriental. A antiga Armênia era um reino a nordeste da Ásia Menor, incluindo o leste da Turquia e da moderna Armênia, que faz p arte da União de Repúblicas Socialistas Soviéticas. Se o dilúvio começou quando Noé estava em algum lugar da Mesopotâmia, então as m ais elevadas montanhas das vizinhanças, quando baixaram o suficiente as águas do dilúvio, teriam sido as de Urartu (Ararate), correspondendo à informação dada acima.

2. Descrição do Ararate.  

O monte e seu satélite, o pequeno Ararate, m ais p ara suleste, são vulcões extintos, que se elevam espetacularmente em meio à planície plana. O Ararate é um cone irregular, com ombros proeminentes e com um profundo abismo do alto ao sopé do monte, em seu lado nordeste. Seu cum e é perpetuam ente recoberto de neve, m as a natureza porosa e cheia de cinzas do solo impede a formação de rios, pelo que o monte é quase desnudo de árvores da base ao cume. É ligado ao Pequeno Ararate por um a longa cadeia de quase 13 km de extensão. Tratados de fronteira entre a Rússia e a Turquia (p arte da qual era a antiga Armênia) deixaram o Ararate em território turco.

3. O reino de Ararate.  

“Ararate” é a forma hebraica do assírio Urartu,  nome de um reino fundado no século IX A.C. A região continuou sendo chamada por esse nome muito tempo depois de tornar-se ela A rm ênia, nos fins do século V II A .C. O reino de Urartu floresceu no tempo do império assírio, nas vizinhanças do lago Vã, na Armênia. Esse reino é freqüentemente mencionado nas inscrições assírias como um vizinho perturbador do norte. Sua cultura foi muito influenciada pela civilização da Mesopotâmia, e, no século IX D.C., foi adotada e modificada a escrita cuneiforme para se escrever a língua urartiana, também chamada vânica e caldiana, que não deve ser confundida com o caldeu. A língua urartiana não estava relacionada à acadiana. Cerca de duzentas inscrições em urartiano têm sido encontradas pela arqueologia. Nessas inscrições, a terra é chamada de BIAI-NAE, e sua população é chamada de “filhos de Haldi”, uma das principais divindades de sua religião.

Exemplares de sua arte e arquitetura têm sido descobertos em Toprak Kale. A antiga capital, Tuspa, era perto do lago Vã, e, nos tempos modernos, em Karmir Blur, uma aldeia próxima de Erivan, na União de Repúblicas Socialistas Soviéticas. As inscrições de Salmaneser I mencionam Urartu pela prim eira vez no século X III A.C. O reino começou como um pequeno estado entre os lagos Vã e Urmia. Então cresceu até tornar-se uma séria ameaça à Assíria, pelo século IX A.C. Em cerca de 830 A.C., Sardur I encabeçou uma dinastia ali, estabelecendo sua capital em Tuspa. Pelos fins do século VIII A.C., houve a invasão dos cimérios (ver o artigo sobre Gômer), e o reino de Urartu praticamente terminou. Houve um breve reavivamento em meados do século VII A.C., sendo possível que o rei Rusa II, daquela época, fosse o hospedeiro dos assassinos de Senaqueribe (ver Isa. 37:38). Não se sabe com certeza como terminou esse reino, mas isso parece ter ocorrido na primeira metade do século VI A.C. Antigas inscrições cuneiformes em persa antigo chamam o lugar de Armênia,  uma designação indo-europeia, mostrando que os povos de raça jafetita provavelmente tinham tomado conta da região, pelo século VI A.C., data dessas inscrições.