Interpretação de Gênesis 19

Gênesis 19

Gênesis 19 narra a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra. Este capítulo contém vários temas e interpretações principais:

1. O Pecado de Sodoma e Gomorra: O tema principal de Gênesis 19 é a maldade das cidades de Sodoma e Gomorra. A narrativa destaca a extensão da sua depravação, incluindo a imoralidade sexual e a violência. As pessoas dessas cidades se afastaram de Deus e abraçaram um estilo de vida de pecado.

2. A Hospitalidade de Ló: No início do capítulo, Ló demonstra hospitalidade ao oferecer abrigo e alimento aos dois anjos que visitam a cidade. Este ato reflete as normas culturais de hospitalidade no antigo Oriente Próximo e contrasta com a falta de hospitalidade do povo de Sodoma.

3. Julgamento Divino: Deus envia dois anjos para investigar a situação em Sodoma e Gomorra. Eles pretendem destruir as cidades devido à sua maldade. O julgamento iminente destaca o princípio bíblico do julgamento divino contra o pecado e a injustiça.

4. Resgate de Ló: Os anjos instruem Ló e sua família a deixar a cidade antes de sua destruição. Ló hesita, mas os anjos levam ele e sua família embora à força. Esta narrativa demonstra a misericórdia de Deus em poupar os justos, pois Ló é salvo do julgamento iminente.

5. Destruição por Fogo e Enxofre: Deus faz chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, destruindo-as completamente e às cidades vizinhas. Este evento cataclísmico serve como um exemplo bíblico do julgamento de Deus contra o pecado, semelhante ao Dilúvio em Gênesis 6-9.

6. Esposa de Ló: Enquanto a família de Ló foge da cidade, eles são avisados para não olharem para trás. A esposa de Ló desobedece a essa ordem e olha para trás, sendo instantaneamente transformada em uma estátua de sal. Este evento serve como um conto de advertência sobre as consequências da desobediência e do apego a um passado pecaminoso.

7. Sobrevivência de Ló e Suas Filhas: Ló e suas duas filhas escapam para uma caverna nas montanhas. Numa tentativa equivocada de preservar a linhagem familiar, as filhas embebedam o pai e envolvem-se em relações incestuosas com ele. Esta narrativa destaca as consequências morais e éticas de suas ações.

8. Moabe e Amon: Os descendentes das duas filhas de Ló, Moabe e Amon, tornaram-se os ancestrais dos moabitas e dos amonitas, duas nações que desempenham papéis significativos na história bíblica.

As interpretações de Gênesis 19 podem variar entre diferentes tradições religiosas e estudiosos. Alguns enfatizam os temas do julgamento divino contra o pecado, a importância da justiça e da hospitalidade e as consequências da desobediência. Outros podem se concentrar no contexto histórico e cultural da história. No geral, Gênesis 19 serve como um conto de advertência sobre as consequências do pecado impenitente e a importância da justiça aos olhos de Deus.

Interpretação

19:1-3. Estava Ló assentado. Ló obtivera algum destaque entre seus concidadãos na perversa cidade. Talvez o seu assentar-se junto a porta indique que ele ajudava a fazer justiça ao povo. Mas para os visitantes celestiais, a figura fraca, mundana e egoísta de Ló parecia patética. Imediatamente ele se prontificou a fazer o papel de um anfitrião generoso diante dos dois estrangeiros.

19:4-22 As trágicas experiências com os homens da cidade, na casa de Ló, demonstram que em Sodoma predominava a mais negra situação. Os anjos, que foram sob ordens divinas para descobrirem a extensão da depravação humana ali, não precisaram de mais nada. Os pecados mais vis, mais execráveis, eram praticados aberta e descaradamente. Os mensageiros divinos só tinham de pronunciar a sentença oficial, apresentar a devida advertência e, de todas as maneiras, procurar retirar Ló e sua relutante família da cidade condenada. A pressa foi necessária. Foi exigida uma obediência fora do comum. Ló tentou freneticamente admoestar e persuadir os membros de sua família a partirem com ele. Mas, como diz a narrativa, acharam, porém, que ele gracejava com eles.

Ló agiu egoísta e tolamente quando preferiu participar da vida de Sodoma, onde seus filhos foram aviltados pelo opróbrio da cidade. Embora tivesse alcançado certo destaque entre o povo, jamais a sua influência foi bastante grande para que houvesse alguma mudança de comportamento; por isso, na hora da crise, fracassou na liderança moral. Sua própria família, no fim, não acreditou nas suas mais insistentes advertências. Que contraste extraordinário entre a depravação de Ló e a vida justa de Abraão! Os membros da família de Ló eram todos corruptos. Nenhum deles valia nada na balança da justiça e da honestidade. Enquanto Ló, sua esposa e suas duas filhas saíam relutantes da cidade condenada, Deus deteve a destruição pendente até que seus mensageiros os livrassem das garras nojentas de Sodoma.

19:23-25 Então fez o Senhor chover enxofre e fogo. É bom que aceitemos esta narrativa literalmente, como registro de um juízo definido do Senhor sobre um povo tão corrupto, que não tinha mais o direito de viver. Deus tinha poder de produzir um terremoto que teria aberto uma brecha nas rochas para libertar o gás armazenado, que explodindo jogou quantidades imensas de petróleo para o ar. Quando o material inflamável se incendiou, lençóis de fogo caíram sobre a cidade para completar a destruição. Chamas cauterizantes e fumaça negra deve ter coberto toda a área da cidade, sufocando e consumindo todas as coisas vivas.

19:26 Uma estátua de sal. A esposa de Ló fez algum esforço para escapar ao desastre iminente. Mas deixou que a sua curiosidade e seu desordenado amor pelas coisas de Sodoma (como também por sua família, provavelmente) a levasse a desobedecer as ordens e ela olhou para trás. Foi uma atitude fatal. A mulher ficou paralisada, e seu corpo se transformou em uma estátua de sal, coberta e incrustada com sedimentos da chuva de enxofre. Ali ficou por muitos anos como terrível advertência contra a desobediência às ordens específicas de Deus, e um lembrete mudo do caráter imutável do senhor. Alguém já disse: “Ela ficou ali, uma silenciosa sentinela do egoísmo sórdido”. Até o dia de hoje, colunas e torres de sal são visíveis na área ao sul do Mar Morto. Jesus, tentando lembrar seus discípulos das trágicas consequências do amor às coisas materiais, advertiu-os dizendo “lembrai-vos da mulher de Ló” (Lc. 17:32).

19:27, 28 Da terra subia fumaça, como a fumarada de uma fornalha. Abraão subiu a uma elevação perto do Hebrom e olhou para o inferno no vale lá em baixo. Fizera todo o possível para poupar Ló e sua família. Agora observava a destruição das quatro cidades ímpias que foram tão insolentes no seu comportamento. Certamente o salário do pecado é a morte.

19:30-38 Duas filhas. O último capítulo da vida de Ló é de inspirar pena. Ele descreve as relações incestuosas que gostaríamos de esquecer. As duas filhas, educadas na ímpia Sodoma, rebaixaram-se o suficiente para praticarem um ato que é indescritivelmente revoltante. O resultado desse ato foi o nascimento de dois meninos, que foram os progenitores dos moabitas e dos amonitas, Ló e sua família fracassaram miseravelmente. Tragédia, desgraça, desespero e morte estão sobre os seus epitáfios. “Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isto também ceifará” (Gl. 6:7).

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