Gênesis 9 — Explicação das Escrituras

Gênesis 9

9:1–7 O versículo 3 sugere que depois do Dilúvio foi permitido às pessoas comer carne pela primeira vez. Comer sangue era proibido, porém, porque o sangue é a vida da carne, e a vida pertence a Deus.

A instituição da pena capital pressupõe o estabelecimento de autoridade governamental. Seria o caos se todo mundo vingasse um assassinato. Somente governos devidamente nomeados podem fazê-lo. O NT perpetua a pena de morte quando diz a respeito do governo: “...ele não traz a espada em vão” (Romanos 13:4).

9:8–17 O arco-íris foi dado como garantia de que Deus nunca mais destruiria a terra com um dilúvio.

9:18–23 Apesar da graça de Deus para com Noé, ele pecou ao ficar bêbado e depois deitar nu em sua tenda. Quando Ham o viu e relatou o assunto a seus irmãos, eles cobriram a vergonha de seu pai sem olhar para seu corpo nu.

9:24, 25 Quando acordou, Noé pronunciou uma maldição sobre Canaã. Surge a pergunta: “Por que a maldição caiu sobre Canaã em vez de Cam?” Uma possível explicação é que a má tendência que se manifestou em Ham foi ainda mais pronunciada em Canaã. A maldição foi, portanto, uma profecia de sua conduta imoral e sua punição adequada. Outra explicação é que o próprio Canaã cometeu algum ato vulgar contra seu avô, e que Noé mais tarde ficou sabendo disso. Noé sabia o que seu filho mais novo havia feito com ele. Pode ser que o versículo 24 se refira a Canaã como o neto mais novo de Noé, em vez de Cam como seu filho mais novo. Na Bíblia, “filho” muitas vezes significa “neto” ou outro descendente. Nesse caso, Canaã não foi amaldiçoado pelo pecado de seu pai, mas pelo seu próprio. Ainda outra possibilidade é que a graça de Deus permitiu que Noé amaldiçoasse apenas um pequeno segmento dos descendentes de Cam e não um possível terço da raça humana.

9:26–29 Canaã foi amaldiçoado para servir Sem e Jafé. A servidão dos cananeus aos israelitas pode ser vista em Josué 9:23 e Juízes 1:28. Esta passagem tem sido usada para sugerir a escravidão do povo negro, mas não há absolutamente nenhum suporte para esta visão. Canaã foi o ancestral dos cananeus, que habitavam na Terra Santa antes da chegada de Israel. Não há nenhuma evidência de que eles eram negros. Sem e Jafé foram abençoados com domínio. O versículo 27 pode sugerir a participação de Jafé nas bênçãos espirituais por meio dos descendentes de Sem, os israelitas.

Há uma disputa sobre se Sem ou Jafé era o filho mais velho de Noé. O capítulo 10:21 pode ser lido como “Sem, o irmão de Jafé, o mais velho” ou “Sem … o irmão mais velho de Jafé” (NKJV marg.) Esta última é a leitura preferida. Sem aparece primeiro nas genealogias de Gênesis 5:32 e 1 Crônicas 1:4.

Notas Adicionais:

9.1 Começa neste ponto a aliança feita com Noé, incluindo os princípios necessários à continuação da vida sobre a terra: 1) Provisão concernente ao domínio da natureza (2); 2) Provisão dos meios que se sustente a vida sobre a terra (3); 3) Provisão implícita de um sistema de governo humano (6).

9.4 Esta proibição é mencionada na carta redigida para as igrejas novas, por ocasião do Concílio de Jerusalém (At 15.20, 28).

9.7 Povoai a terra é a repetição do mesmo mandamento dado a Adão. O homem tem de aprender através do repovoamento da terra que, embora, o dilúvio tenha destruído os homens maus, não lhe é dado reconquistar a perfeição da impecabilidade. Descendentes de um homem decaído, ainda que se trate de um justo como Noé o era (9.21), são portadores do pecado original. Isto mostra que Noé não era perfeito, embora tivesse andado com Deus. Deste modo, a Bíblia não somente revela ser digna de toda confiança quando ressalta os merecimentos dos heróis, mas também quando relata a pecabilidade deles, persuadindo-nos, portanto, de que Cristo, o único verdadeiramente justo, permanece como fonte exclusiva de salvação para o homem (Hb 4.15, 16).

9.11 Note-se que Deus prometeu não destruir mais, por outro dilúvio, toda a terra habitada. Deus tem cumprido a promessa. Isto ilustra um tipo de aliança que ele estabelece com a humanidade, sem que as faltas cometidas pelos homens venham a alterar as respectivas condições. Tenha-se em mente o caráter definitivo da promessa de Deus no v. 9, “Eis que Eu” e no v. 11, “Eu estabeleço” e no v. 12, “Eu faço”, mais ainda, no v. 17, “Tenho estabelecido”.

9.12 Temos aqui o primeiro entre muitos sinais ou ,símbolos de alianças registrados na Bíblia. O arco-íris é um sinal visível da eterna promessa de Deus, tal como o pão e o vinho o são da ceia do senhor, e a água o é do batismo.

9.21 Embriagou-se. Eis aqui a primeira referência feita a respeito desse horrendo pecado, nas escrituras. Encontram-se por toda a Bíblia exortações e denúncias contra a embriaguez, incluindo-se até mesmo no catálogo dos mais abomináveis males que Paulo confeccionou (ver Pv 23.20; Is 5.11, 22; 28:1-7; Lc 21.34; Rm 13.13; 1 Co 5.11 ; 6.10; Gl 5.21; e Ef 5.18.

9.26 Melhor tradução: “Bendito pelo Senhor meu Deus seja Sem”. Começando por Abraão e chegando-se até Cristo Jesus, a salvação foi trazida à terra mediante os semitas. • N. Hom. 9.18-27 O pecado de Noé proporciona aos cristãos a seguinte admoestação: 1) Não estará jamais imune ao pecado e às tentações; 2) Pequeninos deslizes cometidos durante o curso normal da existência poderão acarretar perigos graves; 3) O crente poderá dar ocasião a que outros cometam pecados, mesmo dentre os familiares; 4) Cumpre que o crente esteja consciente da imparcialidade com que Deus pune o pecado.

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