Interpretação de Romanos 14

Romanos 14

Romanos 14 aborda questões relacionadas à liberdade cristã, à consciência e ao tratamento de irmãos e irmãs mais fracos e mais fortes na fé. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Romanos 14:

1. Aceitar os fracos na fé: Paulo começa abordando a questão dos crentes que podem ter opiniões ou convicções divergentes em relação a certos assuntos não essenciais, muitas vezes referidos como “assuntos controversos” ou “áreas cinzentas”. Ele se refere àqueles que são mais fracos na fé, sugerindo que eles têm mais escrúpulos ou preocupações sobre estas questões. Paulo exorta os crentes a não discutirem ou julgarem estes assuntos (Romanos 14:1).

2. Comida e Dias: Paulo usa o exemplo das escolhas alimentares e da observância de dias especiais (provavelmente referindo-se aos costumes judaicos) como ilustrações de tais assuntos controversos. Alguns crentes podem optar por comer apenas vegetais, enquanto outros comem todos os tipos de alimentos. Da mesma forma, alguns podem considerar certos dias como sagrados, enquanto outros tratam todos os dias da mesma forma. Paulo enfatiza que cada crente deve estar plenamente convencido na sua própria mente e agir de acordo com a sua consciência (Romanos 14:2-6).

3. Julgamento e Liberdade: Paulo adverte os crentes a não julgarem ou desprezarem uns aos outros sobre estes assuntos. Ele os lembra que todos estarão diante do tribunal de Deus e que é função de Deus julgar. Os crentes não devem condenar-se uns aos outros pelas suas escolhas nestas áreas não essenciais, mas devem concentrar-se na edificação e edificação uns dos outros (Romanos 14:10-13).

4. Prioridade do Amor e da Paz: Paulo sublinha a primazia do amor e a busca da paz dentro da comunidade cristã. Ele incentiva os crentes a priorizarem o amor em detrimento das preferências e práticas pessoais. Se algo faz um irmão tropeçar, isso deve ser evitado por amor a essa pessoa. O que mais importa é a justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo (Romanos 14:19-20).

5. Liberdade e Fé: Paulo reconhece que tudo o que não é feito com fé é pecado. Isto significa que os crentes devem agir de acordo com as suas convicções e fé, quer optem por comer certos alimentos ou observar dias específicos. No entanto, devem fazê-lo sem julgar outros que tenham convicções diferentes (Romanos 14:22-23).

6. Sensibilidade à Consciência: Paulo encoraja aqueles que são mais fortes na fé a serem sensíveis às consciências dos irmãos e irmãs mais fracos. Se alguém acredita que algo é permitido enquanto outro acredita que é pecaminoso, é um ato de amor para acomodar a consciência mais fraca e não fazê-la tropeçar (Romanos 15:1-2).

Em Romanos 14, Paulo aborda a questão das disputas sobre assuntos não essenciais dentro da comunidade cristã. Ele enfatiza a importância de não julgar irmãos que possam ter convicções diferentes nessas áreas. Em vez disso, ele clama por amor, paz e sensibilidade para com as consciências uns dos outros. O capítulo sublinha o princípio de que embora os crentes tenham liberdade em Cristo, devem usar essa liberdade de forma responsável e de uma forma que promova a unidade e a edificação dentro do corpo de Cristo.

Interpretação

14:1-15:13 Nesta seção Paulo discute as atitudes que dois tipos de cristãos têm um para com o outro. Quanto às questões cerimoniais – alimentos, guarda de dias os cristãos mais amadurecidos, no tempo de Paulo, compreendiam que tais coisas não eram importantes. Os cristãos mais fracos, que ainda não tinham um padrão de consciência firme e “precisavam de um apoio”, sentiam-se grandemente perturbados com o modo de agir do irmão mais forte. Dá-se que a consciência é forte quando tem um padrão de julgamento sadio, e fraca, se tem um padrão inferior.

14:1 Em primeiro lugar, Paulo discute se o grupo de cristãos deveria receber em seu meio, para confraternizar, aquele que é fraco no conhecimento quanto, ao que significa ser cristão e viver uma vida cristã. O apóstolo declara que esse tal deve ser recebido, mas não com o propósito de alimentar contendas sobre dúvidas (veja Arndt, diakrisis, 1, pág. 184).

14:2 O cristão mais fraco é aquele que acha que só deve comer vegetais. O cristão mais forte é aquele que crê que pode comer tudo.

14:3 Aquele que come não deve constantemente desprezar aquele que não come. Aquele que não come não deve constantemente condenar aquele que come. O comer ou não comer certos alimentos, para o Cristão, não constitui em si mesmo uma questão moral. É simplesmente uma questão de preferência. Presentemente, entretanto, Paulo mostra que pode se transformar em uma questão moral.

14:4 O cristão mais fraco não deve condenar o servo de outro homem; essa é prerrogativa do Senhor. Aqui Paulo acrescenta que o Senhor tem a capacidade de fazê-lo firmar-se.

14:5 Depois Paulo começa a discutir a questão dos dias especiais. O cristão mais fraco faz diferença entre dia e dia. O cristão mais forte julga iguais todos os dias. O apóstolo aqui não toma partido, mas simplesmente insiste que cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Isto tacitamente dá a entender que cada um deve estabelecer a base de suas opiniões.

14:6 Ambos os grupos, quer observem um dia ou não, quer comam ou não, devem dar graças a Deus. Para que não haja dúvidas quanto a sua devoção ao Senhor.

14:7 Dando graças ao Senhor, somos lembrados que os crentes não podem viver ou morrer para si mesmos. Para eles, tanto a vida como a morte, estão focalizadas no Senhor. Em cada experiência eles são propriedade do Senhor.

14:9 Cristo morreu e ressuscitou para que Ele tivesse o senhorio sobre os mortos e vivos.

14:10 Se Cristo é o Senhor, por que então o cristão mais fraco deve condenar seu irmão? Se Cristo é o Senhor, porque o cristão mais forte deve desprezar seu irmão? Ambos, o cristão mais forte e o mais fraco – todos (nós) – compareceremos perante o tribunal de Deus. A E.R.C. diz, ante o tribunal de Cristo, mas todos os melhores manuscritos dizem aqui de Deus. Em II Co. 5:10, Paulo fala do “tribunal de Cristo”. A modificação é de pouca importância, uma vez que o próprio Jesus nos disse que o Pai não julga ninguém, mas entregou “ao Filho todo o juízo” (veja Jo. 5:22, 23, 27, 29). Deus julga os homens no sentido de que os julga através do Seu Filho.

14:11, 12 Paulo cita Is. 45:23, da LXX, para mostrar que todos os homens devem comparecer diante de Deus em juízo; depois conclui: Todos nós daremos conta de nós mesmos (a Deus). A Deus não consta do texto original.

14:13 Paulo insiste com seus leitores que deixem de se condenarem mutuamente, e em vez disso, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.

14:14 O apóstolo mostra que ele se põe ao lado dos cristãos mais fortes. Ele sabe que nada é impuro em si mesmo. Mas para o homem que acha que algo é impuro, toma-se impuro.

14:15 Não obstante, o alimento não deve constituir a causa de se ferir os sentimentos de um irmão (entristecer). Tais sentimentos de amargura podem afastar um homem cada vez mais de Cristo. Por causa da tua comida não faças perecer. aquele a favor de quem Cristo morreu. Ao discutir a palavra “destruir” (apollumi), Arndt coloca Rm. 14:15 sob o título, “Com referência à destruição eterna” (apollumi, Arndt, 1, a., alpha, pág. 94). Conclui-se que questões amorais podem se tornar morais, caso destruam a comunhão de alguém com Cristo.

14:16 A liberdade cristã está nas boas coisas da fé cristã. Mas um cristão não deve agir de modo que esse bem seja blasfemado.

14:17-19 Observe que o reino de Deus é uma realidade presente. Está definido como vida cristã: honestidade na conduta, paz ou harmonia, e alegria. Esta é a esfera do Espírito Santo (cons. 8:9) que dá energia ao crente para ser agradável a Deus e aprovado pelos homens. Em lugar de entrarem em conflito, Paulo insiste com os crentes a buscarem aquilo que proporciona a paz e a edificação dos outros crentes.

14:20, 21 Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Embora todas as coisas sejam puras, mas é mau para o homem o comer com escândalo. Com escândalo para o quê ou para quem? Se for com escândalo para os escrúpulos de outra pessoa, então a referência do comer foi feita ao cristão mais forte. Se for com referência ao prejuízo próprio, então é o cristão mais fraco que está sendo mencionado. O contexto no versículo 21 favorece o primeiro caso. Ou se enfraquecer não consta de muitos e bons manuscritos mais antigos.

14:22, 23 Fé. Antes, convicção. A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. Aqui está muito claro que cada um deve ter um padrão de conduta. Tendo uma conduta correta, não haverá escrúpulos de consciência quanto ao comer; mas na conduta errada, com um padrão que resultou de uma maneira de viver do passado, resulta a condenação. Convicção é a certeza de que um padrão está certo. Sem uma base adequada para julgamento o crente pode estar convicto do pecado por causa de sua consciência, onde o pecado realmente não está envolvido. É altamente importante que o crente tenha um padrão correto para a sua consciência, e que ajude os seus companheiros crentes a alcançarem também esse padrão. Ele deve fugir de tudo que possa impedir o seu companheiro crente de alcançar um padrão correto, e tudo que separe seu companheiro crente da comunhão com Cristo.

Índice: Romanos 1 Romanos 2 Romanos 3 Romanos 4 Romanos 5 Romanos 6 Romanos 7 Romanos 8 Romanos 9 Romanos 10 Romanos 11 Romanos 12 Romanos 13 Romanos 14 Romanos 15 Romanos 16