Interpretação de Romanos 1

Romanos 1

Romanos 1 está repleto de importantes temas e ensinamentos teológicos. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave deste capítulo:

1. A Justiça de Deus Revelada: Paulo começa enfatizando que o Evangelho revela a “justiça de Deus”. Esta justiça não é algo que os humanos possam alcançar através dos seus próprios esforços ou obras, mas é uma dádiva de Deus. É recebido através da fé em Jesus Cristo. Este tema prepara o cenário para toda a carta, pois Paulo explorará em profundidade os conceitos de justificação e justificação pela fé.

2. Pecaminosidade Universal: Paulo faz uma declaração poderosa sobre a pecaminosidade universal da humanidade. Ele afirma que tanto judeus como gentios estão sob o poder do pecado. Esta afirmação é significativa porque desmantela qualquer sentimento de superioridade moral entre os judeus. Paulo usa esse argumento para mostrar que todos precisam de salvação, independentemente de sua formação religiosa.

3. A Ira de Deus: Paulo introduz o conceito da ira de Deus contra o pecado. Esta ira não é arbitrária ou caprichosa, mas é uma resposta justa à rebelião e à maldade humanas. Ressalta a seriedade do pecado e a necessidade de redenção.

4. Suprimindo a Verdade: Paulo argumenta que a humanidade suprimiu deliberadamente a verdade sobre Deus. Em vez de reconhecer e adorar o Criador, as pessoas recorreram à idolatria e à adoração de coisas criadas. Esta supressão da verdade leva à decadência moral e à idolatria.

5. As Consequências do Pecado: Paulo descreve as consequências do comportamento pecaminoso, incluindo uma mente degradada e várias formas de imoralidade. Ele fornece uma descrição séria do declínio moral e espiritual que resulta da rejeição de Deus e de Sua verdade.

6. Universalidade da responsabilidade: Paulo enfatiza que todas as pessoas, independentemente da sua formação religiosa ou conhecimento da lei de Deus, são responsáveis perante Deus pelas suas ações. Esta ideia é fundamental para o argumento de Paulo de que tanto judeus como gentios necessitam da graça e da justiça de Deus.

7. O Poder do Evangelho: Apesar do quadro sombrio da pecaminosidade humana, Paulo enfatiza que o Evangelho é a solução para a situação difícil da humanidade. É o poder de Deus para a salvação. Através da fé em Jesus Cristo, os indivíduos podem ser justificados, declarados justos e reconciliados com Deus. A justiça que vem de Deus é oferecida gratuitamente a todos os que crêem.

Em resumo, Romanos 1 introduz conceitos teológicos essenciais que preparam o cenário para toda a carta. Enfatiza a necessidade universal de salvação da humanidade, a seriedade do pecado, a justiça de Deus e o poder do Evangelho para trazer a redenção através da fé em Jesus Cristo. Este capítulo serve como base teológica para a exploração de Paulo da fé cristã e da relação entre a justiça de Deus e a fé humana.

Interpretação

1:1-17 A extensão da introdução prova que Paulo dava grande importância a esta carta. Observe o espírito de dedicação que permeia estas linhas introdutórias. Observe também como ele passa rapidamente de um pensamento para outro.

1:1. A palavra que foi traduzida servo significa realmente escravo. Para Paulo, esta expressão significava que ele pertencia a Jesus Cristo. Ele era propriedade de Cristo, e, como tal, tinha uma tarefa divina para realizar. Sua chamada para ser apóstolo veio-lhe claramente em Damasco (Atos 9:15, 16; 22:14, 15; 26:16-18). Ele fora separado para o evangelho de Deus. Em Gálatas, Paulo remonta esta chamada à ocasião do seu nascimento (Gl. 1:15), mas aqui em Romanos, ele destaca o propósito de sua separação: para o evangelho que Deus criou. Paulo tinha um Mestre divino, um cargo divino e uma mensagem divina.

Nestes versículos o Evangelho é considerado em duas dimensões – a histórica e a pessoal.

1:2. Historicamente, Deus proclamou este evangelho outrora, por meio de agentes especiais, os profetas. O registro do que proclamaram encontra-se nas Santas Escrituras. Esta última é uma designação técnica para todas as partes da Escritura, a Escritura como um todo.

1:3. O evangelho de Deus é sobre Seu Filho. Em primeiro lugar Paulo destaca Sua humanidade: segundo a carne, veio da descendência de Davi. Eis aí em destaque o Seu nascimento. Tornou-se homem.

1:4. Logo a seguir destaca a qualidade de ser Filho de Deus: Designado Filho de Deus com poder ... pela ressurreição dos mortos. Em todos os exemplos onde Paulo usa a palavra “mortos” depois da palavra “ressurreição”, a palavra grega para “mortos” está no plural. Algumas vezes ele declara explicitamente uma ressurreição de pessoas (cons. I Co. 15:12, 13, 21, 42). Mas aqui em Rm. 1:4 e também em Atos 26:23 ele se refere à ressurreição de Jesus Cristo. Todavia o termo “mortos” está no plural. Portanto, na ressurreição desta pessoa, está implícita a ressurreição de todos os que ressuscitarão por meio dEle. Mas, em Rm, 1:4, Paulo se refere explicitamente à vitória de Cristo sobre a morte (cons. 6:9). O uso do plural aqui é um toque do estilo do escritor. Segundo o Espírito de santidade. A ressurreição dos mortos era um fato proclamado pelos cristãos. Mas a poderosa declaração de Jesus como Filho de Deus, decorrente de Sua ressurreição, foi obra do Espírito Santo para iluminação do pleno significado do fato histórico. Alguns mestres consideram o “Espírito de santificação” como uma forma mais forte de “Espírito Santo” (veja Arndt, hagiosyne, pág. 10). Outros acham que a frase se refere ao espírito humano de Cristo, que se caracterizava pela grande santidade – “quanto ao (seu) Espírito de santificação” (veja Sanday e Headlam, ICC, pág. 9; cons. Arndt, pneuma, 2, pág. 681). Outros ainda igualam “santificação” aqui com a Deidade ou Deus. Mas o Espírito de Deus, de acordo com esse ponto de vista, não é o Espírito Santo, mas o Princípio Criador Vivente, Deus operando nos negócios humanos (veja Otto Procksh, TWNT, I, 116: “A Divindade de Cristo toma-se clara por causa da ressurreição na qual a nova criação mostra-se de acordo com o Princípio da... Divindade”). Veio (1:3; AV, foi feito) declara a origem. Designado é a designação daquilo que é. Portanto o humano e o divino estão em contraste nesses dois versículos.

Deve-se decidir se a frase espírito de santidade (pneuma hagiosynes, Espírito de Santidade, Princípio Criativo da Divindade), modifica a declaração, ou descreve a pessoa de Cristo, ou transmite a ideia da atividade de Deus no mundo. A primeira interpretação, que certamente parece ser a melhor, pede a tradução, “Espírito de Santidade”.

1:5. Paulo recebeu graça e o seu apostolado através do Filho. A frase, por amor do seu nome, deveria estar ligada ao apostolado – um apostolado por causa do seu nome.

1:6, 7. Estes versículos esclarecem que os “romanos” a quem se dirige a carta são gentios. Duas vezes Paulo destaca o fato de que foram chamados. Foram chamados para serem santos. A ideia por trás da palavra “santo” não é a de alguém completamente separado dos outros, mas de alguém que é consagrado a Deus. O impacto que um grupo de crentes consagrados ou dedicados a Deus, sobre a sociedade, não deve ser desprezado.

As palavras graça e paz representam uma fórmula cristã de saudação em cartas (veja Rm. 1:7; I Co. 1:3; II Co. 1:2; Gl. 1:3; Ef. 1:2 ; Fp. 1:2; Cl. 1:2; I Ts. 1:1; II Ts. 1:2; Tt. 1:4; Fm. 3; I Pe. 1:2; II Pe. 1:2; I Tm. 1:2; II Tm. 1:2; II Jo. 3). Graça (Káris) foi usada aqui em lugar de uma expressão grega comum, Kairein, que significa “saudações”. Paz tem um paralelo hebraico e aramaico, shalom, que tem a complexa ideia de prosperidade, boa saúde e sucesso. Mas estas saudações cristãs destacam o que Deus fez nas vidas dos crentes. Todavia o, estudante deve sempre lembrar que esta é uma fórmula de saudação - não uma referência independente à graça e paz. A frase deve ser tomada como um todo: Graça... e paz... de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

1:8-15 Paulo conta a seus leitores o desejo que tem há muito de visitá-los. Tal visita, ele acha, seria boa não só aos romanos, mas para ele também. Roma, com sua população híbrida, sintetizava os vários tipos de pessoas a quem o apóstolo devia uma obrigação.

1:8. Dou graças a meu Deus. A frequência da ação de graças nos começos das epístolas de Paulo é um testemunho da intimidade que Paulo tinha com Deus, e de seu ponto de vista alegre (eukaristeo, “dar graças”: Rm. 1:8; I Co. 1:4; Ef. 1:16; Cl. 1:3; I Ts. 1:2; II Ts. 1:3; Fm. 4; eukaristeo eko, “sentir-se grato: I Tm. 1:12; II Tm. 1:3). Observe que tanto as graças como as petições são dirigidas a Deus mediante Jesus Cristo. O objeto da ação de graças foi especificamente declarado.

1:9. Observe aqui o destaque dado ao aspecto interior do serviço – a quem sirvo em meu espírito. Deus, que conhece o homem interior, poderia dar testemunho do interesse de Paulo pelos romanos.

1:10. Além de mencionar os romanos frequentemente em suas orações, o apóstolo também sempre orava sobre a sua ida até eles. Aqui se vê que, embora Paulo sinceramente orasse para estar na vontade de Deus em relação a este assunto, não tinha certeza, quando escreveu, se era ou não da vontade de Deus que fosse a Roma. Eis aqui suas próprias palavras: Em todas as minhas orações, suplicando que nalgum tempo... se me ofereça boa ocasião de visitar-vos. Deus não lhe dissera “Não”; por isso Paulo continuou orando.

1:11. O dom espiritual era o que Paulo desejava comunicar aos romanos para fortalecimento deles. Não era algum dom especial, como aqueles que Paulo alista em Rm. 12:6-8, mas antes um conhecimento crescente das diversas verdades de Deus, que os capacitaria a serem cristãos melhores.

1:12. Encorajamento ou consolo seria recebido por Paulo como também por seus leitores, se pudesse visitá-los. Mesmo esse grande evangelista, que talvez jamais foi igualado em estatura espiritual, declara francamente que precisava do consolo que vem da comunhão cristã. Por isso não nos atrevemos subestimar a importância da comunhão cristã no crescimento cristão. A fé mútua é o fato simples de que tanto Paulo como seus leitores eram cristãos. Observe como os pronomes tomam essa fé pessoal – vossa e minha.

1:13. A última frase deste versículo deveria ser ligada ao verbo “propor”. Eu propus ir ter convosco..., para conseguir igualmente entre vós algum fruto. Os leitores em Roma eram gentios, e Paulo esperava ter os mesmos resultados, quando lhes pregasse, que tivera ao visitar outros gentios.

1:14, 15. O apóstolo se considerava devedor daqueles que falavam o grego e daqueles que não o falavam (bárbaros). Esta é uma divisão da humanidade em grupos linguístico-culturais. O segundo par de contrastes de 1:14 trata da erudição e consecução intelectual.

Sábios são os que têm um intelecto educado. Ignorantes são aqueles que revelam a sua tolice pelo que fazem. Representantes de todas essas classes encontravam-se em Roma. Com todos Paulo se sentia impelido a prolongar as boas novas. Por isso ele fala da sua ansiedade em anunciar o evangelho ali. É importante notar que ele esperava alcançar todas essas classes pregando aos crentes romanos – a vós outros em Roma. Vemos, portanto, que embora o Cristianismo encontre seu maior número de adeptos entre os membros das classes mais baixas da sociedade (cons. I Co. 1:26-29), há uma urgência constrangedora em alcançar todas as classes de homens.

1:16, 17 Nestes versículos encontramos três fatores: 1) A atitude de Paulo para com o Evangelho; 2) a natureza do Evangelho; e 3) o conteúdo do Evangelho. Estes versículos indicam que as boas novas da fé cristã, não são um sistema de filosofia ou código de ética.

1:16. Contrastando com uma série de pensamentos abstratos, o Evangelho ou as boas novas são dinâmicas. Paulo não se envergonha do Evangelho. E a frase de Cristo (ERC.) não se encontra nos melhores manuscritos. Paulo não se envergonha do Evangelho porque estas boas novas são o poder de Deus, cujo propósito e alvo são a realização da libertação ou salvação. Um homem obtém tal salvação quando a sua constante reação individual diante do Evangelho é a confiança e crença – de todo aquele que crê.

A palavra grega pisteuo é uma palavra profunda. A crença no conteúdo do Evangelho é apenas parte do seu significado. Acima disso, significa confiança ou entrega pessoal, ao ponto de alguém se entregar a uma outra pessoa. Embora a crença envolva a aceitação de uma verdade ou uma série de verdades, esta reação não é meramente concordância intelectual, mas antes um envolvimento sincero na verdade aceita. Crer em Cristo é entregar-se-Lhe. Confiar em Cristo é envolver-se totalmente nas verdades eternas ensinadas por Ele e a respeito dEle no N.T. Tal envolvimento total produz sinceridade moral, uma dedicação e uma consagração visível em todos os aspectos da vida. Observe que embora a salvação aqui mencionada seja aos judeus primeiro, os gentios experimentam a mesma salvação.

1:17. No Evangelho a justiça está revelada, a qual Deus concede, produz, imputa. O restante de Romanos conta-nos mais sobre o que está envolvido nesta justiça. Aqui Paulo destaca que a justiça é de fé em fé. Esta justiça (que Deus cria) vem ao cristão apenas por causa da fé. Conforme o crente vai cada vez mais se tornando consciente de tudo quanto significa a justiça de Deus, deve entregar-se ainda mais, se quer receber a justiça de Deus.

A ordem das palavras na última parte do versículo é esta: o justo pela fé viverá. Aqui se vê o perigo de se seguir a ordem das palavras gregas muito literalmente. Pode dar a entender, que um homem sendo justo de algum outro modo, não viveria, mesmo se cumprisse as exigências de ser justo! A fé está em primeiro lugar, por causa da ênfase em se mostrar que ela é essencial para o homem ser justo.

O grego dikaios, justo, também pode ser traduzido para reto ou honesto; daí a tradução: o justo (reto, honesto) viverá por fé. Será que o viver descreve a sequência temporal da vida imediatamente à frente ou refere-se só à vida eterna? Bauer no vocábulo traduzido e editado por Arndt e Gingrich afirma que “a linha divisória entre o presente e o futuro às vezes não existe, ou pelo menos, não é discernível” (Arndt, zao, 2. b. pág. 337). Ele traduziria esta frase assim: aquele que é justo pela fé terá vida. Como é grandioso o papel da fé para a justificação do homem, na vida que ora vive e na vida que está por vir !

1:18–8:39 Aqui Paulo luta corpo a corpo com os grandes temas da vida. Como pode um homem ser justo diante de Deus? Como um homem é afetado pela atitude de Adão e de Cristo? Como deve viver um homem que é justo? Como pode ele viver desse modo?

Os homens precisam da justiça. Esta necessidade se fundamenta na natureza e essência de Deus.

1:18–3:20 O motivo porque a justiça é tão importante está no fato do homem não possuí-la. Primeiro, ele precisa tomar consciência de que não a tem.

Através dos tempos, têm havido aqueles que sentiram que Deus tem de ser agradado com o caráter deles. Nestes capítulos, Paulo continua mostrando a frivolidade de tal ponto de vista.

1:18. A justiça e a ira de Deus, ambas expressam a atitude divina para com o homem. A justiça é a resposta de Deus para a fé ou confiança, a ira é a sua reação contra a impiedade e injustiça. Ambas manifestou claramente a resposta de Deus. O que faz um homem ímpio ou justo? Ele detém ou suprime a verdade (particípio presente) na esfera da injustiça na qual ele vive. Ele quer evitar a verdade sobre o que ele é, e sobre o que está fazendo. Por isso totalmente tenta desvencilhar-se da verdade.

1:19. A verdade vem ao homem em sua esfera de injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer. Aqui está a declaração de que Deus é conhecível. Manifesto entre eles. Isto também se poderia traduzir da seguinte forma: manifesta-se-lhes (Arndt, phaneros, pág. 860; en, IV, 4. a, pág. 260) ou manifesta-se entre eles. O contexto, sem dúvida, favorece as duas últimas traduções. Por que Deus é passível de conhecimento? Ele age. Deus manifestou ou revelou (mostrou) o que dEle mesmo pode ser conhecido pelos homens. Esta revelação é uma auto-revelação, que Deus pode pôr em prática como Ele deseja.

1:20. Os atributos invisíveis de Deus. Esta frase se refere à natureza e atributos invisíveis de Deus.

Desde o princípio do mundo... claramente se reconhecem. Aqui Paulo faz uma ousada afirmação. Desde o tempo em que Deus criou o mundo, seus atributos invisíveis – as características que o declaram ser Deus – são claramente percebidas. Por quem e como são claramente percebidas?... sendo percebido por meio das coisas que foram criadas. Nas é uma tradução melhor do que pelas (E.R.C.). Os invisíveis atributos de Deus são compreendidos pelos homens que podem se ocupar de reflexões e conhecimento racional. Qual é a base para o seu conhecimento? Das coisas que foram criadas (poiema). A palavra poiema significa “que está feito”, “obra” ou “criação”. Bauer traduz: nas coisas que foram criadas (Arndt, kathorao, pág. 393), ou pelas coisas que ele criou (Arndt, poiema, pág. 689). O substantivo está no plural. No grego clássico usava-se o plural referindo-se à obras, poemas, ficção, feitos ou atos – isto é, qualquer coisa feita (LSJ. pág. 1429). A palavra poiema encontra-se trinta vezes na LXX. Exceto uma vez, traduz a palavra hebraica ma'aseh, “feito” ou “obra”. Na exceção foi traduzida do hebreu po'al, “ato”, “feito” ou “obra”. Portanto, está claro que as coisas que Deus criou, diz-se que testificam de sua natureza invisível.

Que aspecto da natureza invisível de Deus elas testificam? Paulo é específico – o seu eterno poder. Na citação, se vê o poder eterno ou perpétuo de Deus. Na mesma proporção em que se desenvolve a perícia do homem na exploração do espaço e na análise da estrutura do átomo, assim, também, deveria crescer sua consciência do poder de Deus.

A sua própria divindade. O Criador que demonstrou tão ilimitado poder é o Ser supremo com o qual os homens têm de ajustar contas. Observando suas obras, os homens se confrontam com o Deus vivo. Como resultado, ficam indesculpáveis.

1:21-23 Paulo enumera as coisas que os homens colocaram no lugar do Deus vivo. Que trágica lista de substituições! Porquanto, tendo conhecido a Deus. Eis aí, homens que se deparam face a face com as obras de Deus e com o próprio Deus, de modo que o conheceram. Mas eles não reagiram a este conhecimento como deveriam. Eles não o glorificaram (louvaram, honraram, magnificaram) como Deus; nem lhe deram graças. Este fracasso mostra qual deveria ser o fim principal do homem: glorificar o Senhor pelo que Ele é, e dar-Lhe graças pelo que Ele tem feito. Os pensamentos desses gentios voltaram-se para coisas sem valor. Obscurecendo-lhes o coração insensato. Rejeitar a Deus, afastar-se da luz, produz trevas naturalmente. Estas trevas penetram em seu ser interior – a mente, o raciocínio, as emoções, etc. Na sua idolatria, isto é, em sua citação de substitutos para o ser de Deus, eles realmente pensavam que eram sábios. Pensamentos indignos logo produzem objetos indignos de adoração.

1:24-25. Os versículos 24, 26, 28 todos repetem a mesma frase solene: Deus entregou. O Senhor entrega os homens às consequências daquilo que eles escolheram para si mesmos. Quando os homens escolhem um modo maligno de viver, também escolhem as consequências que essa maneira de vida produz. Esta é a prova que Deus estabeleceu um universo moral.

Concupiscências (desejos) de seus próprios corações (ou, que seus corações produziram, v. 24). A palavra traduzida para concupiscência, pode se referir a “desejos”, tanto bons como maus. Aqui, obviamente, refere-se a desejos maus. A tradução “concupiscência” dá a ideia de sensualidade, que se encaixa no contexto da impureza. Observe que Deus entrega os homens àquelas coisas que eles desejam. Como resultado seus corpos se desonraram entre si. A idolatria consiste na adoração e no culto prestado à criatura (v. 25); na sensualidade o homem adora e serve a si mesmo.

1:26, 27 A impureza sempre gera mais impureza. Aqui está um juízo, divino no qual Deus entregou os gentios a paixões infames. As mulheres são acusadas de perversão sexual no versículo 26 e os homens no versículo 27. Paulo usa linguagem direta, para condenar a perversão do sexo fora do seu justo lugar, dentro do relacionamento conjugal. Ele considera a união dos sexos no casamento como relacionamento natural (modo natural). Mas ali as mulheres trocaram as relações naturais do sexo, por aquelas que são contrárias à natureza. Os homens fizeram a mesma coisa. Paulo descreve a depravação e degradação do homem inflamado com desejo sensual uns pelos outros. A isto se segue a nota do juízo. Recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro. Paulo não penetra nos detalhes sobre qual seria exatamente a natureza do juízo – as consequências psicológicas e físicas. Mas a natureza da penalidade diz-se que corresponde à enormidade do pecado.

1:28-32 Aqueles que não parecem se encaixar no conhecimento de Deus, Ele os entregou a um sentimento perverso. A. palavra grega tem estes significados: “baixo”, “desqualificado”, “indigno”, “incapaz de ser aprovado” ou “desaprovado”. Eis aí, uma mente que não tem um ponto estável sobre o qual sé edifica a harmonia interior. Tal mente pode produzir só aquelas coisas inconvenientes, (que não convém) ou aquelas coisas que são indignas. A lista dos versículos 29-31 mostra que tal mente está em desarmonia com ela mesma, e com os seus próximos. A anarquia e o caos vêm de uma mente que retira Deus do seu conhecimento. Em alguns bons manuscritos não se encontra a palavra fornicação (AV, v. 29).

Difamadores são aqueles que falam mal dos outros, ou seja os fofoqueiros. Caluniadores são os que procuram arruinar ou difamar o caráter dos outros – difamadores. O homem que arruína a reputação de outras pessoas, ele mesmo se toma repulsivo.

Observe a desagradável combinação apresentada no versículo 31: Insensatos, pérfidos, sem afeição natural. Sem misericórdia não se encontra nos bons e antigos manuscritos. Lembre-se de que as pessoas aqui descritas tiveram oportunidade de conhecer os atributos de Deus. Mais ainda, elas sabiam que a morte era a penalidade para o mal. Mesmo assim, além de pecarem com prazer, também aplaudem os outros que pecam. Seu pecado alcançou um ponto onde elas recebem uma satisfação vicária no pecado dos outros.

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