Apocalipse 9
A quinta trombeta
(9.1-12)
Como na sequência dos
selos, assim nas trombetas a quinta e a sexta são descritas em mais
detalhes do que as primeiras quatro, v. 1. uma estrela que havia caído
do céu sobre a terra\ Provavelmente um anjo caído (cf.
12.4), talvez o mesmo Abadom-Apoliom, o “anjo do Abismo” (v. 11). Em
1 Enoque 86.1, “uma estrela caiu do céu” é uma referência ao primeiro anjo
caído, que foi seguido de outras “estrelas” (v. comentário de 12.4,9;
20.1-3). A estrela foi dada a chave do poço do Abismo-,
O abismo é a habitação dos demônios, como em Lc 8.31; é retratado
aqui como um lugar vazio no coração da terra, conectado ao ar acima
por meio de uma entrada de mina ou poço (gr. phrear), cuja tampa
está trancada, v. 3. Da fumaça saíram gafanhotos que vieram sobre
a terra. Lembramos a praga dos gafanhotos no Egito, um enxame tão denso
que a terra “escureceu” (Ex 10.15), e a praga dos gafanhotos predita
por Joel, trazendo um “dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e negridão”
(]1 2.2). Mas os gafanhotos vistos por João agora não são gafanhotos
comuns, mas gafanhotos-demônios do abismo; ao contrário de gafanhotos
comuns, eles deixam a vegetação em paz e com a picada das suas caudas
de escorpião atormentam as pessoas que não receberam o selo de Deus na
testa (cf. 7.3). A menção repetida de cinco meses (v. 5,10) como o período da sua
atividade tem sido explicada pelo ciclo de vida de cinco meses de
certas espécies de gafanhotos naturais. v. 6. os homens procurarão a morte,
mas não a encontrarão-, A morte física concederia um alívio da
dor física, mas não do tormento da consciência má. v. 7. Os gafanhotos
pareciam cavalos preparados para a batalha-, Cf. J1 2.4: “Eles
têm a aparência de cavalos”; mas o que é um símile ousado na descrição que
Joel faz dos gafanhotos toma forma na visão de João, e é elaborado em
mais detalhes nos v. 7-10. v. 9. como o barulho de muitos
cavalos e carruagens-, Cf. J1 2.5: “Com um barulho semelhante ao de
carros”, v. 11. Tinham um rei sobre eles, o anjo do Abismo-, Esse
“anjo do Abismo” possivelmente é a “estrela” caída do v. 1. cujo nome,
em hebraico, é Abadom-, Abadom (lit. “destruição”) ocorre seis vezes
na Bíblia hebraica (Jó 26.6; 28.22; 31.12; SI 88.11; Pv 15.11; 27.20)
como um sinônimo poético de sheol, morte, ou túmulo; aqui recebe
significado personificado (“o destruidor”) e é traduzido para o grego por “Apoliom”
(Apollyon), particípio presente do verbo apollymi
(“destruir”) — talvez com um olhar para o deus Apoio, que em algumas fases
da sua atividade simbolizava forças destrutivas.
6) A sexta trombeta
(9.13-21) v. 13. uma voz [...] das pontas do altar
de ouro-. Talvez a voz do anjo que foi visto oferecendo incenso em
8.3. O altar celestial de incenso está equipado com pontas como
sua cópia terrena (Ex 30.2,3). v. 14. Solte os quatro anjos que estão
amarrados junto ao grande rio Eufrates: O Eufrates (cf. 16.12) é
significativo como fronteira oriental do Império Romano, além da qual
ficava a ameaça dos partos (v. comentário de 6.2). Esses
cavaleiros-demônios com sua montaria, aqui mantidos atrelados, são agora soltos
como fúrias vingadoras sobre as províncias romanas na hora, dia,
mês e ano designados (v. 15). v. 15. para matar um terço da
humanidade. Os gafanhotos-demônios foram proibidos de matar os homens,
mas a cavalaria de demônios é mais letal; as primeiras pragas das
trombetas eliminaram um terço da natureza, agora um terço da
humanidade é massacrado, v. 16. duzentos milhões (lit. “duas
miríades de miríades”; cf. 5.11): Expressar o resultado desses números de
forma trivial é perder suas nuanças evocatórias. v. 17. Os cavalos e
cavaleiros [...] tinham este aspecto-. As cores das
couraças dos cavaleiros — vermelhas como o fogo, azuis como o
jacinto e amarelas como enxofre — correspondem respectivamente ao fogo,
fumaça e enxofre que saem da boca dos cavalos, assim denotando
sua natureza demoníaca (cf. 14.10, 11; 19.20 etc.), e destroem Um terço
da humanidade (v. 18). A cabeça dos cavalos, parecida com a de um leão (v.
17), e a cauda como de cobras (v. 19) destacam ainda mais o seu poder
destruidor. Por simbólicas que sejam na sua retratação, não há como
duvidar da realidade dessas forças demoníacas que vicejam sobre a
incredulidade dos homens e estão determinadas a causar sua ruína; mas
os que estão aliados com o seu Vencedor são imunes à malignidade
delas. v. 20. O restante da humanidade [...] nem assim se
arrependeu: A praga e desastres semelhantes, que trazem à tona as
melhores qualidades em algumas pessoas, trazem à tona as piores em
muitas outras. Samuel Pepys fala da peste de Londres (1665) como
“tornando-nos mais cruéis uns contra os outros do que se fôssemos
cães”; Tucídides fez uma observação semelhante sobre a peste de Atenas
mais de 2.000 anos antes. Deus prometeu seu pronto perdão sempre que
houver um vislumbre de arrependimento, mas o que fazer se os
homens permanecem na impenitência?
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