Interpretação de Jó 41

Interpretação de Jó 41

Interpretação de Jó 41 


Jó 41


40:15 - 41:34. (Texto heb. 40:15 – 41:26). Uma vez que Jó não pode obviamente subir ao trono celestial para experimentar o seu poder de julgar os perversos, Deus propõe um teste mais exequível. O motivo da divindade convocando um animal invencível para lutar contra um herói humano encontra paralelo na mitologia antiga. (Cons. Épica de Gilgamesh, na qual Ishtar envia o touro celeste contra Gilgamesh.) Na arte mesopotâmia, além disso, o touro celeste foi representado usando o cinturão da luta. O beemote (40:15 e segs.) identifica-se comumente com o hipopótamo; o leviatã (41:1 e segs.; texto heb. 40: 25 e segs.), com o crocodilo. Ambos se encontram juntos na arte egípcia. Não é necessário demonstrar-se a presença do hipopótamo ou crocodilo na área do Jordão de antigamente, uma vez que yarden (40:23b), ao que parece, é um substantivo comum significando “rio” (cons. paralelo no v. 23a). Muitas outras identificações já foram sugeridas; recentemente, por exemplo, identificou-se o beemote com o crocodilo e o leviatã com a baleia. Se o beemote pode com sucesso ser identificado com o crocodilo (cons. 40:17, 24a, Heb.), deve-se considerar se toda a passagem não descreve apenas uma criatura, isto é, o leviatã. A designação, beemote, tomada como plural intensivo, “a besta por excelência”, poderia ser um epíteto como obra-prima dos feitos de Deus (v. 19a). Observe reivindicações superiores semelhantes para o leviatã (41:33, 34). Certos detalhes descritivos não se enquadram em nenhuma criatura real. Isto tem induzido a opinião que aqui não se tem em mente criaturas zoológicas, mas monstros do caos mitológico concebidos à semelhança do hipopótamo e do crocodilo. Então 40:15 e segs. poderiam ser uma elaboração simbólica do desafio precedente para subjugar os homens rebeldes (40:9-14). Compare o uso do dragão como símbolo de Satanás em Apocalipse. Como seria apropriada uma intimação a que Jó lutasse com o príncipe dos rebeldes convencidos!
Aplicável ao contexto como é esta interpretação mítica, a passagem torna-se mais naturalmente compreendida como figura de criaturas reais pintadas com algumas pinceladas altamente figurativas (como 41:19 e segs. por exemplo). Observe especialmente que Deus apresenta beemote como alguém que eu criei contigo (40:15b). Eis aí o verdadeiro ponto alto da passagem: Jó tem de descobrir por meio de sua incapacidade de derrotar até mesmo uma criatura igual a ele, a loucura de aspirar o trono do Criador. A conclusão a fortiori torna-se explícita em 41:10b. Quem é, pois, aquele que pode erguer-se diante de mim? A absoluta transcendência divina contradiz o pretendido direito de Jó de declarar-se contra Deus porque impede a possibilidade de Jó ter dado algo a Deus: Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu (41:11).
Uma vez que a ocasião desta demonstração extensa do poder de Deus foi quando Ele atraiu Jó para uma prova de tribunal, a demonstração foi explicitamente oferecida como defesa da justiça divina. Do mesmo modo, foi introduzida pela pergunta: Acaso anularás tu, de fato, o meu juízo? Ou me condenarás, para te justificares? (40:8; cons. 38:2). Não que o atributo da justiça possa ser abstratamente deduzido do atributo da onipotência. Antes, a atenção é dirigida para as obras grandiosas e divinas como testemunhas forçadas de Deus – não simplesmente de um atributo mas do próprio Deus; o Deus que se revelou ao homem de dentro e de fora, por meio de revelação generalizada e especial; o Deus vivo, infinito, eterno e imutável em Seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade; O Deus cuja veracidade e justiça eram a pressuposição do julgamento de Jó por meio de provas, que jura por si mesmo porque não pode jurar por alguém maior do que Ele.


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