Estudo sobre Oseias 4

Estudo sobre Oseias 4

Estudo sobre Oseias 4


O OBSTINADO POVO DE DEUS (4.1—14.9)
Em 4.1, encontramos a única divisão incontestável da profecia, com exceção, talvez, de 14.1. As outras subdivisões são dadas aqui por conveniência, mas são um tanto arbitrárias. Gômer e o seu relacionamento com Oseias já não são mencionados, embora permaneçam como pano de fundo para o relacionamento entre Deus e Israel tratado na passagem.

II. A ACUSAÇÃO DE DEUS E O RESULTADO (4.1—8.14)
1) A acusação de Deus (4.1—5.7)
A fórmula de proclamação ouçam etc. é encontrada somente em 4.1 e 5.1. Gomo em 2.2, o Senhor está iniciando um processo judicial {ríb) contra Israel em geral e o sacerdócio em particular, em virtude da violação da aliança. Acerca dos termos usados — fidelidade, amor (hesea), conhecimento de Deus —, v. comentário de 2.19. A apostasia religiosa (v. 1) conduz à rejeição da lei de Deus (v. 2, que reflete o conhecimento do código sinaí-tico escrito), e, isso por sua vez, produz a seca (v. 3; a terra pranteia, nota de rodapé da NVI: “está seca”). A NTLH traduz os verbos do v. 3 no futuro. Podemos comparar uma outra reação em cadeia descrita em 2.21ss, no sentido contrário. O hebraico do v. 4 é obscuro; a tradução da NVI aqui é uma tentativa de correção adotada por diversas versões modernas (BJ). O v. 5 também é difícil, e a correção da NEB e GNB pode estar correta. Mas o sentido geral do trecho (v. 4-10) está suficientemente claro: visto que os sacerdotes estão negligenciando a sua legítima função de ensinar o verdadeiro conhecimento de Deus e da sua lei, eles e o povo serão expulsos, v. 6. conhecimento-, cada ocorrência da palavra nesse versículo no original vem com o artigo definido, i.e., está se referindo ao conhecimento de Deus e da sua palavra. E possível que tenha existido por trás de todo esse trecho uma situação de disputa como as registradas em Am 7.10-17 e Jr 20.1-6.
Alimentar-se dos pecados do meu povo (v. 8) significa que os sacerdotes preferem prosperar com base na sua parte das ofertas pelos pecados voluntários a tomar atitudes para dissuadir o povo de fazer o mal. A intervenção de Deus vai suspender o lucro (v. 9,10) e condenar os sacerdotes à futilidade (cf. 8.7; 9.12,16; Am 5.11; Rm 8.20).
Os v. 10-14 iniciam um ataque amplo ao culto a Baal, iniciado e concluído pelo que aparenta serem provérbios populares (v. 11, 14b). O único resultado possível da estupidez e da devassidão da adoração de ídolos — embriaguez, prostituição cultual e sacrifícios ilícitos — é a ruína.
Os v. 15-19 advertem Judá, talvez como um recurso retórico, a não seguir Israel nessa trilha, nem a entrar em santuários falsos, nem mesmo a “jurar pela vida do Senhor” (NEB; “nem façam ali promessas em nome do Senhor Deus”, NTLH), i.e., adorar o Senhor de forma ostensiva e aparente. V. acerca de uma oração semelhante, “pela vida de Baal”, em DOTT, p. 131. Bete-Aven é um apelido desdenhoso de Betei — cf. Am 5.5: “Betei será reduzida a nada” (heb. ’awen). Acerca de Gilgal, cf. 9.15; 12.11. v. 17. deixem-no só: embora um tanto conjectural, destaca o conselho para que Judá ignore o exemplo de Israel. Efraim no v. 17 é a primeira de 37 ocorrências em Oseias. Ainda é incerto por que o termo é usado aqui. Ellison sugere que reflete a divisão do governo, com Menaém e Pecaías reinando em Samaria e Peca em Gi-leade entre 752 e 740 a.C. (2Rs 15.17-31; cf. também Os 5.5 e 7.1). Ele também vê uma razão espiritual nisso, embora a inveja de Efraim tenha contribuído para a divisão dos reinos sob Jeroboão I, mesmo assim o título de Israel não é concedido ao Reino do Norte enquanto rejeitar a lealdade a Davi.
O texto do v. 18 também é incerto, mas continuam os temas da embriaguez e da prostituição. As figuras de linguagem judiciais continuam no cap. 5; cf. sentença (v. 1) e testifica (v. 5), enquanto os versículos iniciais renovam a acusação contra os líderes da nação, os sacerdotes, chefes de clãs e da família real. v. 1. A frase traduzida por Esta sentença ê contra vocês poderia significar ou “vocês deveriam exercer a justiça”, ou, como dá a entender a NVI, “vocês também serão julgados”. Em vez disso, eles são a causa da ruína do país, como o mostram três símiles da caça. O significado incerto de Os rebeldes estão envolvidos em matança pode ser visto na comparação com a NTLH e a BJ. v. 1-18. Tabor e Mispá podem ser associados à adoração a Baal.
Quem fala no v. 3 poderia ser Oseias ou Javé. Os efeitos do mal impedindo uma volta para o seu Deus (v. 4) prefiguram o pecado mortal de Mc 3.29, ljo 5.16. Daí, eles descobrem que Deus se afastou deles, a ponto de não aceitar os seus sacrifícios (cf. 5.15; 6.6) como o fez antes (Ex 10.9). O seu afastamento, contudo, é propositado, ao contrário da morte da divindade nos mitos de Baal. v. 5. A arrogância de Israel não é um nome do Senhor, mas uma atitude pecaminosa do povo; cf. Am 6.8; Is 28.3, que serve como evidência na corte (cf. 7.10). v. 7. A menção da lua nova é de difícil compreensão, de forma que a NEB interpreta como “um invasor”, o que antecipa os versículos seguintes. Mas poderia ser uma referência a uma ocasião ritual — como na NVI: festas de lua nova — ou poderia significar “em um mês”.

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