Estudo sobre Gênesis 20

Estudo sobre Gênesis 20

Estudo sobre Gênesis 20


Gênesis 20
Sara em perigo (20.1-18)
Do ponto de vista dramático, está na hora de a história do filho prometido atingir o seu clímax no nascimento de Isaque, coincidindo com os nascimentos malfadados de 19.36ss. Mas, para surpresa do leitor, aparece uma última barreira: bem na véspera da concepção de Isaque, assim parece, Sara é separada de Abraão e colocada no harém de outro homem! Não nos é dada nenhuma cronologia, e pode-se sugerir que o evento tenha ocorrido bem mais cedo na vida de Sara (em vista de sua idade); se for assim, a história é colocada aqui para destacar mais uma vez o milagre do nascimento de Isaque (assim como o cap. 22, colocado imediatamente após o relato do seu nascimento, demonstra que só a soberania de Deus preservou a sua vida). A história é extraordinariamente semelhante à de 12.10-20, e muitos comentaristas sugerem que ela é uma tradição variante da mesma “lenda popular” (v. 26.1-16). Os autores conservadores são rápidos em mostrar quanto variam os detalhes das narrativas. O argumento em si é vazio, visto que nem a comprovação nem a refutação são possíveis. Mas certamente é correto concentrar nossa atenção nas marcas distintivas de cada história e em investigar o propósito teológico de cada uma em particular.
Um tema central do capítulo é a culpa. Abimeleque é, nas palavras de Von Rad, “objetivamente culpado e subjetivamente inocente”, ao passo que Abraão, mesmo culpado de meias-verdades, é parcialmente justificado e vindicado como um “homem de Deus” (profeta, v. 7), eficiente na oração e na intercessão. Pode haver aqui uma lição propositada para épocas posteriores; os descendentes de Abraão, embora distantes da perfeição, tinham uma responsabilidade para com os povos estrangeiros — mesmo que Abraão diga ninguém teme a Deus neste lugar (v. 11) — e poderiam levar uma bênção abraâmica para eles. Ao fazerem isso, eles mesmos seriam amplamente abençoados.
20:1. Abraão agora deixou a região de Manre para ir ao Neguebe, Gerar, que mais tarde foi território filisteu, ficava a noroeste do Neguebe. v. 12. Esse é o único versículo em Gênesis que justifica a afirmação de que Sara era de fato irmã de Abraão, e alguns comentaristas a consideram uma mentira por parte de Abraão. Se essa interpretação é improvável, mesmo assim é duvidoso que esse casamento irmão com irmã possa ser usado como uma das principais evidências a favor da historicidade desses capítulos, v. 16. Apesar de alguma obscuridade no texto hebraico (cf. NEB; nota de rodapé da BJ), o significado é obviamente defender a reputação de Sara e protegê-la do menor sinal de escândalo. Tudo gira em torno do nascimento de Isaque. Essa defesa pode ter sido importante em épocas posteriores, se outros grupos étnicos quisessem ver a origem de Israel à mesma luz da origem de Moabe e Amom.