Estudo sobre Gênesis 36
Gênesis 36
Esaú e Edom (36.1-43)
O leitor se depara com uma
dificuldade imediata no cap. 36; parece impossível conciliar os dados
apresentados nos v. 2,3 com afirmações anteriores acerca dos
casamentos de Esaú em 26.34,35 e 28.9. A omissão do nome de Judite
aqui é de importância menor; provavelmente ela morreu sem filhos ainda
jovem. A real dificuldade está no fato de que em 26.34 Basemate era filha
de Elom, e em 28.9 Maalate era filha de Ismael; enquanto aqui Basemate
aparece como filha de Ismael, e um nome novo, Ada, é
atribuído à filha de Elom. Um artifício simples, usado, e.g.,
por Leupold, é argumentar que a filha de Elom tinha dois nomes, Basemate e
Ada; mas é forçar a credibilidade querer defender que a filha de Ismael
também tinha o nome de Basemate além de Maalate. Parece mais simples
admitir, junto com Kidner, que “as listas sofreram com a transmissão”; mas
não há como saber em que estágio da transmissão as variantes foram
introduzidas. As variantes sem dúvida mostram que os relatos tinham uma
história independente; as informações anteriores e mais breves podem
ter sido facilmente transmitidas em círculos israelitas, mas a
riqueza de detalhes no cap. 36 sugere fortemente que as listas que ele contém
foram compiladas pelos edomitas. Se esse for o caso, o reinado de Davi
(quando Israel conquistou Edom) é uma época provável em que Israel teve
acesso a esses dados; o v. 31 dá a entender essa época.
Atualmente, alguns eruditos evangélicos (conservadores) aceitam a
idéia de que alguns versículos e seções do Pentateuco foram incorporados
depois da época de Moisés.
Os v. 1-5 referem-se a
nascimentos anteriores à separação entre Jacó e Esaú, narrada nos
v. 6-8. Nenhuma hostilidade causou a sua separação definitiva; de certa
forma, ela foi semelhante à separação entre Abraão e Ló no cap. 13,
em que exatamente a prosperidade dada por Deus aos dois homens forçou a
sua separação. O capítulo como um todo mostra um interesse fraternal em
Edom por parte de Israel. O território escolhido por Esaú, não
definido no v. 6 (pelo menos no TM; a Versão Siríaca traz país, e
algumas versões modernas seguem essa sugestão; v. BJ), era Edom ou Seir,
como o país veio a ser conhecido. O nome Seir (v. 8), designando
os montes de Seir, estava associado a antigos habitantes da região
(v. 20); cf. 14.6. E incerto se os horeus (v. 21) eram os
“hurritas”, conhecidos de outras fontes antigas; eram, de qualquer forma, habitantes
anteriores da terra, não aparentados com a família de Abraão.
Os v. 15-30 alistam nomes
associados a Esaú e os horeus. O termo chefes (v. 15 e em todo o
capítulo) é incomum no hebraico, e alguns eruditos preferem “tribos” (cf.
NTLH); mas “chefes” parece preferível, visto que outro tipo de líder, reis,
são listados nos v. 31-39.
36:31-39. A monarquia
edomita é de interesse para nós; evidentemente não houve nenhuma dinastia, nem
capital fixa. Os detalhes sugerem uma monarquia não hereditária, talvez eleita,
com cada governante fazendo da sua cidade natal a capital (assim como
Saul fez de Gibeá o seu centro administrativo). E muito improvável
que Reobote, capital de Saul, ficasse perto do longínquo Eufrates
(v. 37); o substantivo hebraico simplesmente significa rio (embora
com freqüência se refira ao Eufrates), e é melhor traduzir aqui por
“Reobote junto ao rio” ou “Reobote do rio”, como fazem a ARC e algumas
outras versões.
36:40-43. Visto que após
esses chefes vem a lista dos reis, foi sugerido com alguma hesitação que
eles eram governadores sob a monarquia israelita após a conquista de
Edom por Davi.