Estudo sobre Gênesis 39
Gênesis 39
A esposa de Potifar
(39.1-23)
A história agora volta para
José, cujo destino é seguido no restante de Gênesis. O propósito divino vai ser
finalmente revelado claramente em 45.7,8, exposto pelo próprio José; mas
num primeiro momento José desce ao fundo da escada social, acabando numa prisão
(v. 20). As maquinações de irmãos invejosos e de uma mulher egípcia imoral
colocaram José numa posição da qual a sua ascensão para o poder e a
influência só ocorreria por puro milagre. Mas, até naqueles dias de
escravidão e prisão, o Senhor estava com ele e [...] o
fazia prosperar em tudo que realizava (v. 3,23). Nesse capítulo, José
é o modelo de homem sábio e correto; mas a sua
carreira bem-sucedida, tanto na casa de Potifar quanto na prisão,
deveu-se menos a seu caráter do que à condução de Deus: o Senhor estava
com José (v. 2,21,23). A lealdade de Deus com ele (bondade,
v. 21) refletiu-se na lealdade de José com seus empregadores humanos,
Potifar e o carcereiro na prisão, ambos podendo esquecer com
tranqüilidade e segurança qualquer coisa que tivessem confiado a ele. (Assim,
os dois egípcios receberam a sua porção da bênção universal de
Abraão; cf. v. 5.)
A sedução planejada contra
José (v. 6-12) contrasta com a sedução bem-sucedida por parte de Tamar
contra Judá no cap. 38. Judá tinha deixado voluntariamente com
Tamar alguns objetos (38.18); involuntariamente José deixou o seu manto
(v. 12) com a esposa de Potifar. As duas mulheres fizeram
uso completo desses objetos. A simpatia da mulher de Potifar por José
tornou-se em ódio (cf. 2Sm 13.15), podemos supor, pois as suas acusações
poderiam muito bem ter resultado na execução sumária de José. Alguns
comentaristas sugerem que o castigo relativamente brando aplicado a José
indica que Potifar tinha dúvidas acerca da veracidade e confiabilidade de sua
mulher; mas não há outra pista dessa motivação na história, e por isso
deveríamos preferir atribuir o resultado final à soberania de Deus. As
responsabilidades de Potifar evidentemente incluíam o controle sobre a
prisão (cf. 40.2ss). O plano de Deus não era somente manter esse homem
vivo, mas colocá-lo em contato com o rei do Egito, por meio de um dos
prisioneiros do rei (v. 20).
Muitos comentaristas
têm observado que o cap. 39 conta uma história muito semelhante a um conto
egípcio, a “História dos dois irmãos” (registrada em ANET, p.
23-4). No entanto, as histórias de forma alguma são idênticas, e poucos
autores atuais tendem a torná-las dependentes uma da outra.
Sedução, tentativa de sedução e falsas acusações são atos
característicos do homem desde a Antiguidade, e seria surpresa se não houvesse
nenhum paralelo disso em Gênesis.Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50