Estudo sobre Gênesis 47
Estudo sobre o Livro de Gênesis
Gênesis 47
A administração de José
(47.1-26)
O rigor da fome é o pano de
fundo de duas seções contrastantes, v. 1-12 e v. 13-26. Nos v. 1-12, vemos
que os recém-chegados ao Egito são honrados e recebem
cuidado especial, ganham propriedade na melhor parte das terras do
Egito (v. 11) — graças a José. Os egípcios nativos, ao contrário, se
viram reduzidos gradativamente à escravidão estatal (v. 13-26). O capítulo
demonstra mais uma vez o mistério da eleição de Deus e a magnitude de sua
libertação.
v. 1-6. Os planos de José
para a sua família foram realizados, e o faraó prontamente permitiu que se
estabelecessem em Gósen. O seu pedido final de fazer uso dos competentes
entre eles (v. 6) era um tributo à eficiência de José; mas provavelmente
essa observação foi tratada como mera cortesia, sem que nenhum ato
concreto se seguisse.
v. 7-12. Ao próprio Jacó
se concedeu a honra de uma entrevista com o rei. Sem dúvida, foi em virtude de
sua idade avançada que ele pronunciou uma bênção sobre o faraó, e não
vice-versa. A resposta do patriarca à pergunta do rei acerca de sua idade
é interessante; parece refletir não somente um período de vida cada vez mais
breve, mas também a triste percepção de que o Egito era
solo estranho. Os muitos anos que os patriarcas passaram em Canaã não
tinham transformado a terra em nada diferente do que terra de peregrinação.
As palavras de Jacó, então, tinham um tom de remorso; mas mesmo assim
ele ainda olhava para a terra prometida, como mostra o v. 30.
Entrementes, ele se estabeleceu em Gósen, aqui denominada região de Ramessés
(v. 11), um nome que a região assumiu no século XIII a.C. (época de Moisés).
v. 13-26. Podemos observar
três estágios na forma de José lidar com os egípcios. Primeiramente, eles
usaram o dinheiro deles {prata, v. 14,15), depois eles venderam os
seus rebanhos iy. 16,17) e finalmente só tinham a si mesmos
para vender (v. 19). Avessos como somos hoje a toda a idéia de escravidão,
não deveríamos aplicar padrões anacrônicos a José e considerar
imorais as suas ações; antes, o texto tenta transmitir a habilidade dele
em preservar a vida de todas as maneiras possíveis. Os 20% de impostos até
que eram bem razoáveis para aquela época (v. 26). Observe a gratidão
genuína expressa pelo povo no v. 25.
A NVI prefere versões
antigas no v. 21 ao TM; a maioria dos comentários e as versões inglesas e
portuguesas recentes concordam com a NVI. A diferença, embora considerável
em significado, é mínima em termos de palavras hebraicas.
Esse texto mostra
claramente o conhecimento que o autor tinha dos negócios e das práticas egípcias;
v. G. von Rad, ad loc.
m) Efraim e Manassés
(47.27—48.22)
Os negócios do Egito foram
assim colocados em ordem por José; toda a atenção do narrador agora se volta
para outro povo, a saber, o núcleo de uma futura nação,
Israel, momentaneamente distante do seu território prometido. Como era de
esperar, coube a Jacó, a exata personificação de “Israel”,
a responsabilidade de organizar o futuro deles. Os caps. 48 e 49 são então
dedicados aos fatos relacionados à sua morte. Aparentemente, a certa
altura José teve dúvidas sobre esses acertos (cf. 48.17,18), mas
precisamos entender que nas suas palavras e ações solenes Jacó estava
sendo conduzido por Deus, o Deus de quem Jacó disse: tem sido o
meu pastor em toda a minha vida até o dia de hoje (48.15).
47.27-31. A primeira
preocupação de Jacó foi garantir que os seus próprios ossos
não descansassem, nem mesmo temporariamente, em solo estranho: “Israel”
tem de descansar na terra prometida. (Simbolicamente, isso era mais
importante para Jacó do que para José; cf. 50.26.)
Mais uma vez, foi
feita a mais severa forma de juramento (v. 29; cf. 24.2). O ato final de Jacó
(v. 31), em resposta ao juramento de José, é de significado incerto. O TM
tem o substantivo mittãh, cama, mas a LXX (traduzindo de um
manuscrito sem vogais) entendeu a palavra como matteh, bordão, e Hb
11.21 segue a tradução da LXX. E difícil decidir qual substantivo foi
o original; Jacó está na cama na cena seguinte (48.2), mas não
necessariamente já nesse estágio da narrativa.Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50