Estudo sobre Êxodo 28
2) O preparo dos sacerdotes
(28.1— 29.46)
a) Vestes e insígnia
(28.1-43)
O colete sacerdotal
(28.1-14)
Quase todo o capítulo é
usado para descrever as vestes do sumo sacerdote; as vestes mais simples de
sacerdotes subalternos são detalhadas nos v. 40-43. v. 2. honra\ ou
“beleza” (NTLH) ou ainda “ornamento” (BJ). Como nos tecidos usados para as
cortinas do tabernáculo, descobrimos que santidade e beleza não são
incompatíveis — e isso é especialmente verdade para os
aspectos mencionados em Hb 12.18-24. v. 4. Se a afirmação do Talmude
acerca do comprimento do cinturão (32 côvados, 14,4 metros)
estiver próxima da correta, talvez seria melhor traduzir por “faixa” ou “banda”,
v. 6,7. As opiniões acerca do significado de éfode (NVI ”colete”)
estão divididas entre colete e tanga. Com base em 2Sm 6.14,20 (a apresentação nada
modesta de Davi “vestindo o éfode [NVI “colete sacerdotal”] de linho”),
talvez possamos concluir que seja o último. O menino Samuel vestia um
éfode em Siló (“túnica de linho”, ISm 2.18 NVI), e os sacerdotes de Nobe
tinham vestimentas semelhantes (ISm 22.18). v. 6. Diferentemente das
cortinas internas do tabernáculo, o colete tinha fios de ouro
entretecidos nas cores conhecidas (v. 39.3). v. 7,8. Não importa
se era um colete ou uma tanga, ele era firmado pof duas ombreiras que
eram atadas às suas duas extremidades (i.e., parte frontal e dorsal) e
também por um cinturão (v. 8) em volta da cintura do
sacerdote, v. 9ss. Afixadas às ombreiras do colete, havia duas pedras
de ônix presas por filigranas de ouro (v. 11) com os nomes
dos filhos de Israel (v. 9). Assim era simbolizada a intercessão do
sumo sacerdote por todas as tribos de Israel. Os v. 13,14 dão informações
adicionais acerca das filigranas e correntes de ouro pelas
quais o peitoral de decisões (v. 15) seria afixado ao colete
sacerdotal (cf. v. 22-25).
O peitoral de decisões
(28.15-30) v. 15. O peitoral de decisões é assim chamado porque continha
o Urim e o Tumim, o meio pelo qual se obtinham a orientação e as
decisões divinas, peitoral traduz uma palavra de etimologia incerta e é
sugerida antes pela descrição que se dá aqui e em textos paralelos do
cap. 39. v. 16. Feito do mesmo material que o colete sacerdotal (v. 15),
o peitoral media cerca de 23 cm X 23 cm, e era dobrado em duas partes
para formar um bolso. v. 17ss. Doze pedras preciosas, muitas já não
identificáveis, deveriam ser “montadas em engastes de ouro” (v. 20, NTLH)
e afixadas à parte frontal do peitoral, v. 22ss. O peitoral deveria ser
afixado aos dois conjuntos de filigranas (v. 13,25) e, assim, às ombreiras do
colete por meio de duas correntes de ouro (v. 14,22,24,25). v. 26ss. Um cordão azul
atado a duas argolas de ouro seria suficiente para prender as
extremidades inferiores do peitoral à parte intermediária do colete,
v. 30. O Urim e o Tumim seriam colocados no bolso do peitoral
(cf. comentário do v. 16). Não sabemos o que eram exatamente (“objetos
para se conhecer a vontade de Deus”, nota de rodapé da NVI) nem o método
de sua utilização (mas v. ISm 23.9-12 e ISm 14.41 [como reconstruído
na RSV e na NEB, com ajuda da LXX e da Vulgata]). Parece que incluía
algum método de tirar sortes com base em resposta simples de “sim” ou “não”. O
manto do colete sacerdotal (28.31-35) v. 31,32. Esse manto de fios de
tecido azul do tipo usado por pessoas de elite (cf. ISm 18.4; Ez
26.16), era puxado sobre a cabeça no estilo do poncho sul-americano (v.
32). A abertura era especialmente reforçada para não se rasgar
(cf. NVI, “gola” em SL 133.2). v. 32. gola: o Targum Onqelos traz “crosta
dura [como de tartaruga]” (cf. VA e RV), e isso tem apoio agora na
consideração de que a mesma palavra ocorre no Samaritano com esse
significado. A tradução da NEB, “com uma borda costurada por cima”, é
fundamentada em etimologia diferente, como indicado na nota de
rodapé, v. 33,34. sinos e romãs eram dispostos alternadamente
para enfeitar a borda do manto. v. 35. Tinham significado mais do que
decorativo. “O decoro exigia que a entrada fosse precedida por um anúncio, e
o sacerdote deveria tomar o cuidado de não entrar no santuário de
forma irreverente” (Cassuto). Pode ser que Jo 19.23 contenha uma
alusão ao manto do colete sacerdotal.
Diadema e turbante
(28.36-38)
v. 36,37. Antes de se falar
do turbante em Sl (v. 39), vêm as instruções acerca do diadema que
seria afixado a ele. A palavra hebraica traduzida por diadema (“placa de
ouro”, NTLH) provavelmente significa, basicamente, “algo brilhante” (BDB).
Na maioria dos casos, deve ser traduzida por “flor” ou “botão”, v. 38.
A exatidão ritual é ordenada para que as ofertas dos sacerdotes, como
apresentadas pelo sumo sacerdote, possam ser aceitas. Essa placa
com sua inscrição em letras sagradas (como se grava um selo, v. 36)
serviria para compensar por qualquer infração das exigências rituais
que talvez o sumo sacerdote cometesse durante o cumprimento de suas
tarefas.
Itens diversos (28.39)
v. 39. Esse tipo de túnica
era parecida com uma batina; como item de vestimenta, não era restrito ao
sacerdócio (cf. 2Sm 15.32; Is 22.21). Fora da lista de vestimentas sacerdotais,
o turbante e o cinturão ocorrem somente uma vez (Ez 21.26 e
Is 22.21, respectivamente): o turbante com referência ao rei, e o cinturão
relacionado a um oficial real de alta patente.
Vestimentas para os
sacerdotes comuns (28.40-43)
v. 40. Os sacerdotes comuns
também usavam túnicas e cinturões (mesmos termos usados para o
sumo sacerdote no v. 39). gorros podem ser turbantes de estilo menos
elaborado do que o do sumo sacerdote; de acordo com 29.9 e Lv 8.13,
eles eram amarrados à cabeça. O v. 41 já anuncia o tema do cap. 29.
v. 42. Nudez ritual,
especialmente para sacerdotes, era a característica de algumas religiões
antigas; em Israel, deveria ser totalmente diferente (cf. 20.26).