Gênesis 24 — Comentário Evangélico
Gênesis 24 — Comentário Evangélico
Gênesis 24
O exemplo de dedicação de Abraão (Gn 24:1-9)
Nessa época, Abraão tinha 140 anos de idade (veja 25:20 e 21:5). Deus o abençoou espiritual e materialmente, mas ele quer certificar-se de escolher a noiva certa para Isaque. É claro que aqui vemos uma imagem do Pài celestial escolhendo a noiva (a igreja) para seu Filho (Cristo). Como Abraão sabia que Deus providenciaria a mulher certa para seu filho? Ele confiava nas promessas de Deus! Isaque era posse de Deus. Anos antes, Abraão deitara-o no altar e sabia que Deus supriria o necessário. De outra forma, a semente prometida nunca nasceria.
A mulher deveria vir de uma família de Deus; ela não deveria ser pagã. Não há dúvida de que havia entre as filhas de Canaã muitas mulheres bonitas e talentosas que ficariam felizes em se casar com Isaque e compartilhar sua riqueza, mas não era essa a vontade de Deus. Nos versículos 6 e 8, Abraão enfatiza isso; e precisamos enfatizar isso hoje. Primeira aos Coríntios 7:39-40 admoesta: "Somente no Senhor" (veja também 2 Co 6:14-18). É uma tragédia quando os pais forçam seus filhos a se casarem "em sociedade" e fora da bênção do Senhor! Abraão preferiría que seu filho ficasse solteiro a voltar a Ur, em busca de uma esposa, ou a se casar com alguém da nação de Canaã.
O exemplo de devoção do servo (Gn 24:10-49)
Em um sentido espiritual, o servo é a imagem do Espírito Santo cujo trabalho é trazer o perdido a Cristo e, assim, suprir uma noiva para ele. O relato não fornece o nome do servo, pois o ministério do Espírito é apontar para Cristo e glorificá- lo. Observe a freqüência com que o servo menciona seu senhor e o filho do seu senhor. Ele vivia para agradar seu senhor, pois encontramos a palavra "senhor" 22 vezes nesse capítulo. Enviou-se o Espírito para representar Cristo e para fazer a vontade do Salvador aqui na terra. O servo carrega consigo uma parte da riqueza de seu senhor (vv. 10,22,30,53), da mesma forma que hoje o Espírito Santo "é o penhor da nossa herança" (Ef 1:14), compartilhando conosco uma pequena porção da grande riqueza que um dia usufruiremos em glória.
Em acréscimo a isso, o servo é um exemplo para quando procuramos servir ao Senhor. Como já mencionamos, o servo pensa apenas em seu senhor e na vontade deste. Na verdade, ele estava tão ansioso para completar sua tarefa que não carregou nenhum alimento (v. 33; Jo 4:31-34). Muitas vezes, passamos as coisas físicas à frente das espirituais. O servo recebeu ordens de seu senhor e não as mudou nem um pouco. Ele acreditava na oração (Is 65:24) e sabia como esperar no Senhor. Não há espaço para impaciência apressada no serviço de Cristo.
O servo sabia como confiar na orientação do Senhor: "Quanto a mim, estando no caminho, o Senhor me guiou" (v. 27). Veja a afirmação de João 7:17. Uma vez que ele tomou conhecimento da vontade de Deus, não tardou, mas apressou- se em cumprir sua tarefa (v. 1 7). A hospitalidade da casa era agradável, mas ele tinha um trabalho a fazer para seu senhor e tudo o mais podia esperar. Observe também que o servo, quando voltou para casa, prestou contas ao seu senhor (v. 66), exatamente como devemos fazer quando vemos Cristo. É interessante conjeturar se o servo ensinou a noiva durante a jornada deles e se falou sobre o esposo para ela. Cristo, em relação ao Espírito Santo, disse: "Ele me glorificará" Jo 16:14).
O exemplo de decisão de Rebeca (Gn 24:50-67)
Vemos, de novo, o retrato de Cristo e sua igreja. Rebeca era uma noiva virgem, exatamente como a igreja será quando acontecer o casamento no céu (Ap 19:7-8). Observe que Rebeca se identifica com o rebanho, da mesma forma que a igreja é ambos, a noiva de Cristo e o rebanho (Jo 10:7-18).
Rebeca tem de tomar uma decisão importante: ela ficaria em casa com a família e continuaria a ser uma serva, ou acreditaria, pela fé, nas palavras do servo e iria com ele para ficar com Isaque, um homem que nunca vira? Com certeza, havia obstáculos no caminho: seu irmão queria que ela ficasse por pouco tempo (v. 55); a viagem seria longa e difícil; Isaque era um peregrino sem casa estabelecida; e ela teria de deixar os entes queridos.
Com freqüência, o mundo aconselha o pecador a esperar, exatamente como Labão recomendou a sua irmã. (Entretanto, observe que Labão, quando se trata de conseguir coisas materiais, apressa-se [vv. 2831]. Perguntamo-nos se ele convidou o servo para entrar na casa por cortesia ou por cobiça!) Em geral, os pecadores não têm pressa na salvação de sua alma. Até esse ponto, Rebeca fora apressada (vv. 1820,28), mas agora eles querem que ela vá com calma. "Buscai o Senhor enquanto se pode achar" (Is 55:6).
Não podemos deixar de admirar a decisão dela: "Irei". Esse ato de fé ("A quem, não havendo visto, amais" [1 Pe 1:8]) mudou a vida dela. Ela mudou de serva para noiva, abandonou a solidão do mundo para a felicidade do amor e do companheirismo, deixou a pobreza dela para a riqueza de Isaque. Ela viu toda a riqueza de Isaque? É claro que não! Isso seria impossível!
Ela sabia tudo sobre ele? Não. Mas o que viu e ouviu convenceu-a de que devia ir. De forma semelhante, o Espírito fala e mostra aos pecadores perdidos de hoje as coisas de Cristo, o suficiente para que tomem a decisão certa.
Deixamos Isaque (até onde diz respeito ao relato) no monte Moriá, pois Gn 22:19 menciona apenas Abraão. Isaque retrata o nosso Senhor que foi ao Calvário a fim de morrer por nós e depois retornou ao céu para esperar por sua noiva. No capítulo 24, o servo (o Espírito Santo) continuou a busca pela noiva. Depois, Isaque, quando a noiva se aproxima, apareceu para recebê-la. Que cena! Ela pode acontecer hoje! Eles se encontraram justo quando anoitecia, portanto será noite neste mundo quando Cristo retornar para sua noiva.
A fé de Rebeca foi recompensada. Registrou-se o nome dela na Palavra de Deus; ela compartilhou o amor e a riqueza de Isaque e tornou- se uma parte importante do plano de Deus. Ela seria uma mulher desconhecida se tivesse se recusado a ir. "Aquele [...] que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 Jo 2:17).
Isaque era filho de um pai famoso (Abraão) e pai de um filho famoso (Jacó), e, às vezes, as pessoas o "perdem" quando estudam Gênesis. Ao mesmo tempo que viveu mais que qualquer outro patriarca, sua vida foi menos empolgante. Infelizmente, ele não parece ser tão forte em sua fé no fim de sua vida quanto o foi no início dela.
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