Interpretação de 2 Coríntios 12

2 Coríntios 12

2 Coríntios 12 continua a abordar vários aspectos do seu ministério, experiências pessoais e os desafios que enfrentou como apóstolo. Um dos temas centrais deste capítulo é a discussão de Paulo sobre um “espinho na carne”, que é uma fonte de aflição física ou espiritual.

Aqui está uma introdução aos principais temas e conteúdo de 2 Coríntios 12:

1. O “Espinho na Carne”: O capítulo começa com a admissão de Paulo de que lhe foi dado um “espinho na carne”, que ele descreve como um mensageiro de Satanás que foi enviado para atormentá-lo. A natureza desta aflição não é explicitamente declarada no texto, levando a diversas interpretações entre estudiosos e teólogos. Pode ser uma doença física, uma luta espiritual ou uma perseguição.

2. A Oração de Paulo por Libertação: Paulo descreve como ele implorou ao Senhor três vezes para remover essa aflição dele. Ele buscou alívio do sofrimento causado pelo espinho na carne.

3. A Resposta de Deus: Em resposta à oração de Paulo, o Senhor lhe diz: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Esta declaração sublinha a ideia de que a força de Deus é mais evidente na fraqueza humana, e que a Sua graça é suficiente para sustentar os crentes durante as suas provações.

4. Vangloriar-se nas Fraquezas: Paulo então prossegue afirmando que ele se vangloriará ainda mais alegremente de suas fraquezas, insultos, dificuldades e perseguições, à medida que essas experiências destacam o poder de Cristo que repousa sobre ele. Ele reconhece que quando está fraco, ele é forte por causa da presença e da graça de Cristo.

5. Preocupação com os coríntios: Paulo expressa sua preocupação com os coríntios, temendo que eles o considerem menos por causa de suas fraquezas e sofrimentos. Ele enfatiza que tudo o que fez e disse na presença deles foi para a sua edificação e fortalecimento na fé.

6. A Vindicação de Paulo: Paulo lembra aos coríntios os sinais, maravilhas e milagres que realizou entre eles, que eram indicadores claros da sua autoridade apostólica. Ele ressalta que não os sobrecarregou financeiramente, mas se sustentou durante o tempo que passou com eles.

Em 2 Coríntios 12, Paulo fornece uma visão de suas lutas pessoais e da tensão entre seu desejo de alívio do sofrimento e seu reconhecimento do poder da graça de Deus em sua fraqueza. O capítulo sublinha o tema da suficiência de Deus e a ideia de que os crentes podem encontrar força e resiliência em Cristo mesmo em meio a provações e desafios. A experiência de Paulo com o espinho na carne serve como um testemunho poderoso do poder transformador da fé e da confiança na graça de Deus.

Interpretação

12:1. Havia uma certa “obrigação moral” (dei, como em Ef. 6:20; Cl. 4:4) na glória de Paulo, ainda que não fosse conveniente (sumfero; veja 8:10; cons. o mesmo verbo em Jo. 11:50; 16:7; 18:14; I Co. 6:12; 10:23). Este versículo expressa a compulsão de Paulo (é necessário que me glorie), a repulsão (ainda que não convém), e o impulso (passarei, etc.).

12:2-4. O apóstolo objetivou-se com o propósito de defender suas visões e revelações à vista dos falsos êxtases dos falsos mestres. Sua visão era 1) pessoal – conheço um homem; 2) cristã – em Cristo (portanto, não pertencente ao judaísmo ou paganismo); 3) histórica – há catorze anos (portanto com data histórica – não uma ficção); 4) misteriosa – se no corpo ... não sei, etc.; 5) estática – foi arrebatado até ao terceiro céu (cons. Enoque, Elias, Ezequiel); 6) revelatória – ouviu palavras inefáveis; 7) indelével – foi-me posto um espinho na carne (v. 7).

12:6. As ideias aqui são duas principalmente: 1) Se Paulo deseja gloriar-se mais, não seria néscio; pois ele falava a verdade (aletheia; cons. seu uso em 4:2; 6:7; 7:14; 11:10; 13:8). 2) Ele os poupou (feidomai, como em 1:23; 13:2) de uma exibição mais detalhada de seus privilégios especiais temendo que alguém pudesse estimá-lo acima do que visse ou ouvisse dele. Paulo não tinha desejo de se tornar um “super-homem” nem de encorajar uma adoração de homens, ainda que heróis.

12:7. Uma passagem clássica. A magnitude das revelações de Paulo (sobre grandeza, veja 4-7) levaram o Senhor a lhe dar um estorvo divino (um espinho) para reduzir qualquer tendência de exaltação orgulhosa. Paulo precisava de um lembrete que lhe fizesse ver que, apesar do seu arrebatamento, ainda era um homem entre os homens. Nossas informações são muito imprecisas (cons. 1:8) para justificar nossa dogmatização quanto à natureza exata desse espinho na carne. Sobre exalte veja 10:5.

12:8. Paulo orou especificamente (por causa disto), encarecidamente (pedi ao Senhor), e com propósito (que o afastasse de mim). Sobre Senhor veja 10:17,18.

12:9. O tempo perfeito em me disse registra a completa aquiescência de Paulo na resposta definitiva de Cristo. Só aqui no N.T. encontrarmos a minha graça (cons. Fp. 1:7). O verbo (arkeo), no predicado te basta, indica que a graça de Cristo está “cheia de força infalível” (Thayer). Este verbo foi algumas vezes traduzido para estar satisfeito (Lc. 3:14; I Tm. 6:8; Hb. 13:5 ). O presente passivo de teleo (cons. o tempo perfeito em Jo. 19:28, 30; lI Tm. 4:17) significa está sendo (continuamente) aperfeiçoado (cons. Hb. 5:9). O verbo repouse (episkenoo) aparece apenas aqui no grego bíblico. O verbo simples skenoo se encontra em Jo. 1:14; Ap. 7:15; 21:3. A tradução de Plummer, “estenda uma tenda sobre mim”, é uma reminiscência da fraseologia do V.T. (cons. Êx. 33:22; Sl. 90:17; 91:4; Is. 49:2; 51:16).

12:10. Ninguém pode sentir prazer (eudokeo; veja 5:8) nas cinco adversidades mencionadas aqui, a não ser por amor de Cristo (cons. 5:20; Fp. 1:29; Cl. 1:24; III Jo. 7). Sobre quando (hotan), veja II Co. 10:6.

Confirmação Suficiente. 12:11-13.
12:11.
Uma súbita compreensão (tenho-me tornado insensato) justifica-se 1) pela natureza forçada da autovindicação do apóstolo; 2) pela superioridade do seu apostolado; e 3) por sua humildade essencial (ainda que nada sou; cons. I Co. 15:9; Ef. 3:8; I Tm. 1:15).

12:12. As credenciais do apostolado poderiam provavelmente ser assim resumidos: 1) uma chamada divina (Gl. 1:15, 16); 2) um encargo divino (Atos 9:5, 6, 15 e segs.); 3) uma vida transformada (I Tm. 1:13-16); e 4) milagres comprovadores (Atos 5:12-16). Sobre foram apresentados, veja II Co. 4:17. Cons. Atos 2:22; lI Ts. 2:9; Hb. 2:4. 13.

Evidentemente os coríntios desenvolveram um “complexo de inferioridade” pelo fato de Paulo não lhes ter sido pesado financeiramente. Ele suplicou (ironicamente?) que esta injustiça (adikia, significando “injustiça, maldade” – Arndt) lhe fosse perdoado!

Associação Benéfica. 12:14-18.
12:14.
Aqui Paulo apresenta o seu propósito – ir ter convosco, preparo – pronto, precaução – pois não vou atrás dos vossos bens, mas procuro a vós outros, e preceito – não devem os filhos, etc. cons. 13:1.

12:15. Literalmente: Mas eu de muita boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado. Paulo foi além do amor dos pais pelos filhos; mas o seu amor foi recíproco na proporção inversa de sua intensidade!

12:16-18. Os detratores do apóstolo acusaram-no de ser astuto. A sutil insinuação parece ter sido que, embora Paulo não lhes fosse pesado a eles como igreja, conseguiu manobrar de tal maneira a coleta que aproveitou-se dela. O apóstolo responde a este ataque indecente 1) mencionando o comportamento escrupulosamente impecável dos dois homens que ele enviou a Corinto, e 2) afirmando que o seu padrão de conduta era igual ao padrão deles. As perguntas exigiam resposta negativa. Sobre sendo (huparko) veja 8:17.

Ansiedade Justificada. 12:19-21.
12:19.
Paulo não se defenda diante dos coríntios como se eles fossem juízes (cons. I Co. 2:15). Todo o seu ministério era exercido 1) perante Deus, 2) em Cristo (cons. lI Co. 12: 2), e 3) para vossa edificação.

12:20. Aqui o apóstolo revela: 1) seu temor subjetivo – a disparidade entre o seu ideal para os coríntios e sua condição real; 2) seu temor objetivo – a disparidade entre a opinião que tinham dele e a sua real conduta quando estivesse entre eles; 3) os motivos para tais temores: a possível existência entre eles de oito inales - pendência, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos! O silvo da serpente (cons. 11:3) ainda podia ser ouvido em Corinto! Sobre de alguma maneira (E.R.C.), veja 2:7; 9:4.

12:21. Este versículo ilustra pitorescamente: a perturbação causada pelo pecado – que... eu venha a chorar; a pertinácia do pecado – e não se arrependeram; a depravação – impureza, prostituição, e lascívia; e prática – que cometeram.

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