Interpretação de 2 Coríntios 3

2 Coríntios 3

Em 2 Coríntios 3, Paulo continua a explorar vários temas teológicos e a abordar questões relacionadas ao seu ministério e à natureza da vida cristã.

Aqui está uma introdução aos principais temas e conteúdo de 2 Coríntios 3:

1. Ministério da Nova Aliança: Neste capítulo, Paulo contrasta a antiga aliança, que foi dada através de Moisés e caracterizada pela lei, com a nova aliança, que é baseada no ministério do Espírito. Ele enfatiza que a nova aliança, estabelecida por Cristo, traz justiça e vida, enquanto a antiga aliança trouxe condenação e morte.

2. A Carta e o Espírito: Paulo discute a diferença entre a “letra” da lei e o “Espírito” de Deus. Ele argumenta que a letra da lei, que traz condenação e morte, foi substituída pelo ministério do Espírito, que traz vida e liberdade. Este tema sublinha o poder transformador do Espírito Santo na vida de um crente.

3. O Véu Removido: Paulo usa a imagem de um véu para ilustrar como a mente de algumas pessoas estava velada ou cega para a verdade do Evangelho. Ele explica que esse véu é removido quando alguém se volta para o Senhor, significando a revelação e o entendimento que vem por meio da fé em Cristo.

4. Refletir a glória de Cristo: Paulo compara a experiência de Moisés, cujo rosto brilhou após o encontro com Deus no Monte Sinai, com a experiência dos cristãos. Ele argumenta que os crentes, que têm o Espírito do Deus vivo, refletem a glória de Cristo em suas vidas e estão sendo transformados à Sua semelhança.

5. Ousadia em Cristo: Paulo enfatiza a confiança e a ousadia que advêm da nova aliança e do ministério do Espírito. Ele contrasta isto com os corações e mentes velados daqueles que não abraçaram a Cristo, apontando para a liberdade e abertura que os crentes têm no seu relacionamento com Deus.

6. O Papel do Apóstolo: Ao longo do capítulo, Paulo também reflete sobre o seu próprio papel como apóstolo, destacando o ministério de justiça e reconciliação em que ele e os seus colegas de trabalho estão envolvidos.

Em 2 Coríntios 3, Paulo investiga o significado teológico da transição da antiga aliança para a nova aliança em Cristo. Ele enfatiza o papel do Espírito Santo, a liberdade e a transformação encontradas no Evangelho e o contraste entre a letra da lei e o Espírito de Deus. Este capítulo contribui para uma compreensão mais profunda da teologia cristã e sublinha a importância central de Cristo na vida dos crentes.

2 Coríntios 3

A Superior Revelação de Paulo. 3:1-18.
Superior em Documentação. 3:1-3.


3:1. Paulo denuncia veementemente aqueles que precisam de cartas de auto-recomendação (cons. 5:12; 10:12, 18; 12:11). Sua missão e ministério não precisam de tal auto-louvor presunçoso.

3:2. Pelo contrário, a carta de Paulo é 1) personalizada – nossa carta; 2) permanente – escrita em nossos corações; 3) pública – conhecida e lida por todos os homens. 3. A autenticidade dos coríntios como a carta de Cristo foi autorizada 1) por seu ministério – produzida pelo nosso ministério; 2) por sua origem sobrenatural – pelo Espírito do Deus vivente; 3) por seu testemunho interno – nas tábuas de carne, isto é, nos corações (cons. Jr. 24:7; 31:33; 32:39; Ez. 11:19; 36:26).

Superior em Dinamismo. 3:4-6.
3:4.
Esta confiança (pepoithesis; veja 1:15) é por Cristo. O uso do artigo definido antes de Cristo (“O Cristo”; isto é, “O Ungido”) é bastante comum nesta epístola (1:5; 2:12, 14; 3:4; 4:4; 5:10, 14; 9:13; 10:1, 5, 14; 11:2, 3; 12:9).

3:5. Nossa capacidade (hikanotes, significando, “aptidão, habilidade, qualificação” – Arndt) é de Deus. O de (ek) indica fonte (como em 4:7,18; Jo. 10:47; 18:36, 37; cons. I Co. 15:10).

3:6. O qual nos fez também capazes de ser ministros. A nova aliança; (cons. Mt. 26:28; Hb. 8:8, 13) exige um “novo homem” (Ef. 2:15; 4:24) que seja uma “nova criatura” (lI Co. 5:17). Esta pessoa regenerada tem um “novo nome” (Ap. 2:17), guarda um “novo mandamento” (I Jo. 2:7,8), canta uma “nova canção” (Ap. 14:3), espera um “novo céu e nova terra” (lI Pe. 3:13; Ap. 21:1) onde a “nova Jerusalém” (Ap. 21:2) está e onde todas as coisas são “novas “ (Ap. 21:5).

O contraste entre a letra mata e o espírito vivifica não é um contraste entre o extremo literalismo e o livre manejo das Escrituras (como no método alegórico de interpretação); antes, o contraste é entre a Lei e um sistema de salvação que exige obediência perfeita (cons. Rm. 3:19,20; 7:1-14; 8:1-11; Gl. 3:1-14) e o Evangelho como o dom da graça de Deus em Cristo. Mesmo a Lei, entretanto, pode levar uma alma a Cristo (cons. Gl. 3:15-29; mas o judaísmo degenerado transformou-a em uma massa de formas sem vida (cons. Is. 1:10-20; Jr. 7:21-26). A nova era da “graça e verdade” (Jo. 1:17), já antecipada no V.T. (cons. Ez. 37:1-14; 47:1-12), agora está plenamente realizada na dinâmica dispensação da graça (cons. Jo. 4:23; 6:63; Rm. 2:28; 7:6).

Superior em Grau. 3:7-9.
3:7.
Leia Êx. 34:29-35 para compreender os antecedentes. A dispensação da “letra” é inferior à dispensação do “espírito” em 1) natureza essencial – morte (cons. Rm. 7:5, 10, 11; G. 3:10, 21, 22); 2) forma externa – gravado... em pedras (cons. Êx. 24:12; 31:18); 3) mérito permanente – da glória... ainda que desvanecente. O verbo (katargeo) na última cláusula significa “abolir, remover, pôr de lado” (Arndt); exceto em dois lugares (Lc. 13:7 e Hb. 2:14) ele foi usado exclusivamente por Paulo no N.T. (por exemplo, II Co. 3:1, 13, 14; I Co. 15:24, 26; II Tm. 1:10).

3:8. A negativa não (ouki) espera uma forte resposta positiva (como em I Co. 9:1; 10:16, 18). O argumento usado aqui é o chamado argumentum a minore ad ma jus: se a menor de duas coisas é verdade, quanto mais será verdade a maior.

3:9. A velha dispensação tinha a sua glória, é preciso admitir (cons. Rm. 9:4, 5); mas a nova dispensação em muito maior proporção será glorioso (cons. Hb. 8:6 e segs.; 9:11-15). No V.T. “justiça eterna” (Dn. 9:24) foi prometida concomitantemente ao advento do Messias (cons. Is. 51:5-8; 56:1; Jr. 23:5, 6). Esta justiça foi cumprida em Cristo (cons. lI Co. 5:21; Mt. 3:15; Rm. 10:4) e agora é imputada a todos os que crêem nEle (cons. II Co. 5:21; Rm. 3:21-31; 4:1-13 ).

Superior em Destino. 3:10, 11.
3:10.
A nova dispensação é superior à velha pelo fato da nova não estar sujeita à diminuição ou demolição. A glória da velha não passava de um reflexo da nova; foi uma “cópia e sombra” (Hb. 8:5; 10:1) da nova.

3:11. O que era (E.R.C.) “está sendo abolido”; a nova permanece. Os verbos desvanecia e é permanente são particípios presentes no original grego. Cons. Hb. 12:18-28.

Superior na diagnose. 3:12-17.
3:12.
O novo excede o velho em alto grau na clareza e na perspicuidade. O uso de tal evoca a qualidade inerente da coisa que está sendo aplicada (como em Mt. 19:14; Jo. 9:16; Gl. 5:21, 23; Hb. 13:16). Paulo usa a palavra esperança em todas as epístolas com exceção de Filemom. Ousadia no falar (parresia; cons. II Co. 7:4) descreve literalmente o modo de falar dos cristãos primitivos (cons. Atos 2:29; 4:13, 29, 31) e Paulo (cons. Ef. 6:19; Fp. 1:20) no seu testemunho contra judeus e gentios. Os crentes não se envergonhavam do Evangelho, porque sabiam que ele tinha um poder íntimo e uma vitalidade que não podiam ser encontrados em parte alguma (cons. Rm. 1:16, 17).

3:13. Temos aqui a motivação da “grande ousadia” dos cristãos. Moisés punha véu (o verbo está no tempo imperfeito) sobre a sua face para que os israelitas não vissem a terminação do que se desvanecia. Na inspirada interpretação do V.T., a glória evanescente que reluzia no rosto de Moisés depois de sua comunhão com Deus torna-se um tipo de glória transitória da velha dispensação.

3:14. Aqui Paulo dá uma aplicação espiritual para o véu físico sobre o rosto de Moisés. Esse véu torna-se agora um véu que não permite aos judeus compreenderem a verdadeira importância da antiga aliança quando o leem. A palavra noema, aqui traduzida para sentidos, foi quase que exclusivamente usada nesta epístola (2:11; 4:4; 10:5; 11:3; cons. Fp. 4:7). O verbo cognata (noeo) designa “reflexão racional ou percepção íntima” (Arndt; cons. seu uso em Jo. 12:40; I Tm. 1:7; Hb. 11:3). A forma passiva se embotaram indica o endurecimento judicial que caiu sobre Israel quando a nação rejeitou Cristo (cons. Jo. 12:40; Rm. 11:7, 25). Tal endurecimento ou cegueira pode ser devido à ação de Deus (cons. Rm. 11:7, 8), Satanás (cons. II Co. 4:4), ou o próprio homem (cons. Hb. 3:8). O verbo é removido (presente passivo de katargeo; veja II Co. 3:7b) significa que este véu da cegueira espiritual está sendo removido dos corações dos crentes israelitas a partir do momento em que eles “veem” Cristo como seu Salvador (cons. Jo. 9:40, 41).

3:15. O Pentateuco era costumeiramente lido – quando é lido Moisés – nas sinagogas (cons. Atos 15:21). Paulo não tinha dúvidas quanto à autoria (cons. Atos 26:22; 28:23; Rm. 10:5, 19; I Co. 9:9). Foi até mesmo necessário que Cristo “abrisse” as mentes de seus próprios discípulos quanto ao significado messiânico do V.T. (cons. Lc. 24:25, 26, 32, 44, 45).

3:16. O quando deve ser retido. É a mesma partícula indefinida usada no versículo 15 (mas em nenhum outro lugar do N.T.). O sujeito de se converte tanto pode ser “o coração” quanto “ele” (isto é, o israelita individualmente). O verbo é epistrepho e costuma indicar conversão (cons. Lc. 1:16, 17; Atos 3:19; 26:20; I Ts. 1:9). Sempre que a alma crê, “então o véu se tirará - a retirada do véu sincroniza-se com o ato da fé salvadora (cons. Is. 25:7; Zc. 12:10).

3:17. O Senhor é o Espírito. Esta construção no grego, com o artigo definido antes de ambos, sujeito e predicado (cons. I Jo. 3:4), indica identidade de natureza. Por Senhor aqui devemos entender Jesus Cristo (quase universalmente nas cartas de Paulo; por exemplo, II Co. 5:6, 8, 11; 8:5; 10:8; 12:1, 8). Aqui Paulo está ensinando que Cristo e o Espírito têm a mesma essência (cons. Jo. 10:30); suas pessoas permanecem distintas. Conforme anunciado profeticamente (Is. 61:1, 2; Joel 2:28-32), a nova dispensação devia se caracterizar pelo derramamento do Espírito. O Senhor Jesus enviou o Espírito (cons. Jo. 16:7). Quando e “sempre que” (II Co. 3:16) o Espírito regenera o coração, há uma verdadeira liberdade (cons. Jo. 8:32; Gl. 5:1, 13).

Aqui está o grande final. Usando Êx. 34:29-35 como cenário, Paulo faz um resumo das vantagens possuídas pela nova dispensação: 1) liberdade – com rosto desvendado; 2) intimidade – contemplando a glória do Senhor (cons. Êx. 33:17-23, I Jo. 3:1, 2); 3) eficácia – somos transformados na sua própria imagem; 4) perfeição - de glória em glória (cons. Is. 66:11,12); 5) origem sobrenatural – como pelo Senhor, o Espírito. A última declaração, iguala Cristo e o Espírito na obra cooperativa da salvação (cons. II Co. 3:17; Jo. 7:39; 15:26; 16:6-14).

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