Zebedeu — Estudos Bíblicos
ZEBEDEU
No grego, Zebedalos;
na Septuaginta, Zabdi. Alguns estudiosos conjecturam que esse nome vem
de um nome hebraico que significa ”Yahweh é um Dom”, ou então, “presente
de Yahweh”. Zebedeu era um pescador galileu, marido de Salomé e pai de
dois apóstolos de Jesus, Tiago e João (Mat. 10:2; 20:20; 26:37; 27:56; Mar.
1:19,20; 3:17; 10:35; Luc. 5:10; João 2.2, totalizando doze
menções. Ele residia ou em Betsaida ou em Cafarnaum, ambas localidades
constantemente referidas nos evangelhos.
Zebedeu
figura em todos os quatro evangelhos como o pai de dois dos mais proeminentes
apóstolos do Senhor Jesus, Tiago e João, que, juntamente com Pedro,
formavam o grupo de discípulos do círculo mais íntimo do Senhor Jesus.
Esses três tiveram o privilégio de ser testemunhas da transfiguração do Cristo
(ver Mat. 17:1-8), da ressurreição da filha de Jairo (“Tendo chegado à
casa, a ninguém permitiu que entrasse com ele, senão Pedro, João, Tiago e
bem assim o pai e a mãe da menina” —Luc. 8:51), e sua
insistente oração no jardim do Getsêmani (Mat. 26:37). Por
conseguinte, Zebedeu tornou-se muito conhecido entre os cristãos, não por
causa de seus feitos (pelo menos, nada que ele fez de especial foi
registrado na Bíblia), mas por ter sido o pai de dois filhos famosos, um
dos quais estava destinado a ser a fonte de materiais que foram
incorporados no Novo Testamento.
Zebedeu e
seus dois filhos dirigiam uma progressista indústria de pesca, no lago ou mar
da Galiléia, juntamente com outro par de irmãos destinados a se tornarem
não menos famosos, André e Si-mão Pedro (ver Luc. 5:7-10). Essa indústria
pesqueira não era nenhum empreendimento comercial desprezível, porquanto
contava até com “empregados” (Mar. 1:20). Portanto, Zebedeu era homem
de posses materiais e de larga influência, de tal maneira que
alguns pensam que João “era conhecido do sumo sacerdote” (João 18:16), somente
por causa de seu pai. Sabe-se que os pescadores da Galiléia chegavam a
exportar peixe até para a capital do império romano. No Brasil, quando se
fala em pescador, tem-se a impressão de algum nordestino jangadeiro, que
quase não consegue sobreviver com o produto de seu labor. Seríamos mais
realistas, no tocante aos pescadores da Galiléia, se pensássemos em pescadores
japoneses ou noruegueses, que fazem da pesca uma indústria extremamente
lucrativa. Esse é o quadro mental que devemos ter em relação a Zebedeu e
seus dois filhos.
Zebedeu, ao
que tudo indica, também confiava no Senhor Jesus. Pois, quando seus dois
filhos, que deveríam ser seus maiores auxiliares na indústria pesqueira,
passaram a seguir a Jesus, deixando seu lucrativo trabalho para trás, Zebedeu
não proferiu nenhuma palavra de protesto—pelo menos nada ficou registrado
nesse sentido. Todavia, há razão para crermos que Zebedeu continuou a pescar,
visto que, após a ressurreição de Jesus, Pedro convidou outros
apóstolos, dizendo: “Vou pescar”. Ao que os outros disseram: “Também
nós vamos contigo” (João 21:3). Também é possível que Jesus e
seu grupo de discípulos tivessem sido financeiramente ajudados
por Zebedeu. Afinal, Tiago e João estavam seguindo a um Mestre
que nem tinha onde “reclinar a cabeça” (Mat. 8:20). E Zebedeu, próspero
como era, e não sendo contrário à chamada de seus dois filhos por Jesus,
sem dúvida, não teria ficado indiferente.
A esposa de
Zebedeu e mãe de Tiago e João era Salomé (Mat. 27:56; Mar. 15:40; 16:1), que
também concordava com a chamada de seus dois filhos para serem discípulos
de Jesus de Nazaré, porquanto ela é sempre designada, no Novo Testamento,
como “...e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mat. 27:56), um trecho que a
nossa versão portuguesa trunca quase imperdoavelmente, para “...e a mulher de
Zebedeu”. O original grego confirma a frase “...a mãe dos filhos de
Zebedeu”.
A família
inteira de Zebedeu deve ter apoiado generosamente ao Senhor Jesus, porquanto
lemos que Salomé acompanhou ao Senhor, durante o seu ministério pela Galiléia. “...e
Salomé; as quais, quando Jesus estava na Galiléia, o acompanhavam e
serviam...” (Mar. 15:40,41). Além disso, por ocasião da crucificação de
Jesus, Salomé fez-se presente (ver Mat. 27:55), e também
encontrava-se entre as mulheres que foram até o túmulo, ungir o corpo
morto do Senhor Jesus (Mar. 16:1). Que Salomé tinha ambições
espirituais, embora talvez sem um entendimento esclarecido, torna-se
evidente pelo pedido que ela fez ao Senhor Jesus: “Manda que, no teu
reino, estes meus dois filhos se assentem um à tua direita, e o outro à
tua esquerda” (Mat. 20:20). A recusa do Senhor Jesus, diante
desse pedido, e as instruções que ele então deu, devem ter surtido grande efeito,
porquanto a família inteira de Zebedeu permaneceu leal ao Senhor
Jesus até o fim. Bem-aventurada a família cujos membros são todos
convocados a servir ao Senhor Jesus, embora cada indivíduo que pertence a essa
família receba do Senhor uma tarefa diferente a realizar, conforme foi o caso
de Zebedeu, sua esposa e seus dois filhos!