João 6 — Comentário Devocional

João 6

Título: O Pão da Vida e a Alimentação dos Cinco Mil.

Introdução:
O capítulo 6 de João é um capítulo significativo no Evangelho de João, apresentando dois eventos principais: a alimentação dos cinco mil e a declaração de Jesus como o Pão da Vida. Estes acontecimentos revelam verdades espirituais profundas e o papel de Jesus como fonte da vida eterna.

Seção 1: A Alimentação dos Cinco Mil (João 6:1-15)
Esta seção começa com o relato de Jesus alimentando uma grande multidão de cerca de cinco mil pessoas com apenas cinco pães de cevada e dois peixes. Demonstra o poder milagroso de Jesus sobre a provisão física e prenuncia Seu papel como provedor espiritual.

Seção 2: Os Discípulos Cruzam o Mar (João 6:16-21)
Após a alimentação milagrosa, Jesus envia Seus discípulos através do Mar da Galileia enquanto Ele se retira para orar. Surge uma tempestade e Jesus caminha sobre as águas para encontrá-los, revelando Sua autoridade sobre a natureza.

Seção 3: Buscando o Pão da Vida (João 6:22-40)
A multidão que presenciou a alimentação dos cinco mil procura Jesus do outro lado do mar. Jesus os adverte para não buscarem o pão físico, mas o “pão que desce do céu”, que é Ele mesmo. Ele declara que Ele é o Pão da Vida e que aqueles que Nele creem terão a vida eterna.

Seção 4: Discurso sobre o Pão da Vida (João 6:41-59)
Nesta seção, Jesus discorre ainda mais sobre Sua identidade como o Pão da Vida. Ele enfatiza a necessidade de comer Sua carne e beber Seu sangue, simbolizando um relacionamento profundo e íntimo com Ele por meio da fé. Este conceito confunde muitos de Seus seguidores.

Seção 5: Confissão de Pedro (João 6:60-71)
Como alguns discípulos acham difícil o ensinamento de Jesus sobre comer Sua carne e beber Seu sangue, eles O abandonam. Jesus se volta para Seus discípulos mais próximos e Pedro confessa: “Vocês têm palavras de vida eterna”. Jesus reconhece que alguns não acreditarão, mas que Ele escolheu os Doze.

João capítulo 6 apresenta Jesus como o Pão da Vida, a fonte de nutrição espiritual e vida eterna. Desafia-nos a procurar um relacionamento profundo e íntimo com Ele através da fé e a reconhecer que Ele provê a nossa fome e sustento espirituais. Também enfatiza a importância da fé, mesmo quando confrontados com ensinamentos difíceis, e a importância de seguir Jesus como aquele que traz a vida eterna.

Devocional

6.5 Se alguém sabia onde encontrar comida, este era Filipe, porque era de Betsaida (1.44), uma cidade a cerca de 15km de distância de Cafarnaum. Jesus testou Filipe, a fim de fortalecer a sua fé. Ao pedir do discípulo uma solução humana (sabendo que não havia), Jesus enfatizou o poderoso milagre que estava prestes a realizar.

6.5-7 Quando Jesus perguntou a Filipe onde podiam comprar uma grande quantidade de pão, Filipe começou a calcular o custo provável. Jesus queria ensinar-lhe que os recursos financeiros não são os mais importantes. Podemos limitar o que Deus faz por nós calculando o que é e o que não é possível. Há alguma tarefa impossível que você crê que Deus deseja que você faça? Não deixe sua estimativa do que não pode ser feito mantê-lo distante de realizar a tarefa. Deus pode e quer fazer milagres; confie que Ele providenciará os recursos.

6.8, 9 Há um contraste entre os discípulos e o menino que deu a Jesus o que tinha. Certamente tinham mais recursos do que o garoto, mas sabiam que não tinham o suficiente: por esta razão nada deram. O menino deu o pouco que tinha, e fez toda a diferença. Se nada oferecermos a Deus, Ele nada terá para usar. Mas Ele pode usar o pouco que temos e transformá-lo em muito.

Jesus normalmente preferia operar seus milagres por intermédio das pessoas. Nesse episódio, Ele tomou o que o menino ofereceu e usou para realizar um dos muitos milagres espetaculares registrados nos Evangelhos. A idade não é uma barreira para Cristo. Nunca pense que você é muito jovem ou muito velho para ser útil a Ele.

6.13 Há uma lição naquele alimento que sobrou. Deus dá em abundância. Ele usa tudo quanto podemos oferecer-lhe em termos de tempo, habilidade ou recursos e multiplica além das nossas expectativas mais elevadas. Quando você da o primeiro passo colocando-se à disposição de Deus, Ele lhe mostra quão grandemente você pode ser usado para o avanço da obra do seu Remo!

6.14 Jesus era o “Profeta” que fora predito por Moisés (Dt 18.15).

6.18 O mar da Galileia está cerca de 225m abaixo do nível do mar, tem aproximadamente 50m de profundidade e é cercado por montanhas. Estes aspectos físicos tornam o lago sujeito a ventanias e tempestades repentinas, que causam ondas extremamente altas. Os temporais eram comuns nesse lago, por esta razão, os discípulos estavam amedrontados. Quando Jesus foi ao encontro dos discípulos, andando sobre as águas durante a tempestade (aproximadamente a 5,6km da margem), disse-lhes para não temerem. Muitas vezes, enfrentamos tempestades espirituais e emocionais e sentimo-nos agitados como um pequeno barco em um grande mar Apesar das circunstancias apavorantes, se confiarmos a proteção de nossa vida a Jesus Cristo, receberemos dEle a paz em qualquer circunstância.

6.18, 19 Os discípulos aterrorizados pensaram que estivessem vendo um fantasma (Mc 6.49). Mas se pensassem em tudo o que já tinham visto Jesus fazer, teriam percebido aquele milagre. Estavam amedrontados, não esperavam que Jesus fosse até eles. não estavam preparados para receber a ajuda dEle. A fé é uma disposição mental que espera que Deus entre em ação. Quando agimos nesta expectativa, podemos superar os nossos temores!

6.26 Jesus criticou as pessoas que o seguiam somente por causa dos benefícios temporais, e não por satisfazer a fome espiritual. Muitos usam a religião para ganhar prestígio, conforto, e até votos em época de eleições. Mas esses são motivos egoístas. Os verdadeiros cristãos seguem a Jesus simplesmente porque sabem que Ele é o caminho, a verdade e a vida.

6.28, 29 Muitos seguidores sinceros de Deus se sentem, muitas vezes, perplexos a respeito do que Ele quer que façam. As religiões do mundo representam as tentativas da humanidade de responder a esta questão. Mas a resposta de Jesus é curta e simples: devemos crer naquEle a quem Deus enviou. A satisfação de Deus não vem do trabalho que fazemos, vem de nossa atitude de crer nEle. O primeiro passo é aceitar que Jesus é quem afirma ser. Todo o crescimento espiritual está fundamentado nesta afirmação. Declare a Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), e envolva-se com a vida de fé que satisfaz seu Criador.

6.35 As pessoas comem pão para satisfazer a fome de seu corpo e para sustentar a vida física. Só podemos satisfazer a fome de nosso espírito e sustentar a vida espiritual por meio de um relacionamento correto com Jesus Cristo. Não é de admirar que Ele tenha declarado ser o Pão da vida. O pão deve ser comi do para sustentar a vida física, e Cristo deve ser convidado a participar de nosso cotidiano para sustentar nossa vida espiritual.

6.37, 38 Jesus não opera independentemente de Deus Pai, mas em união com Ele. Isto certamente nos dá mais segurança de sermos bem-vindos à presença de Deus e de sermos protegi dos por Ele. O propósito de Jesus foi fazer a vontade de Deus, e não satisfazer seus desejos humanos. Ao seguirmos Jesus, de vemos ter o mesmo propósito.

6.39 Jesus disse que certamente não perderia sequer uma pessoa que o Pai lhe tivesse dado. Então, qualquer pessoa que estabeleça um sincero compromisso de crer em Jesus Cristo como seu Salvador, está segura na promessa de vida eterna que foi feita por Deus. Cristo não permitirá que seu povo seja dominado por Satanás e perca a sua salvação (ver 17.12; Fp 1.6).

6.40 Aqueles que colocam a sua fé em Cristo terão seu corpo ressuscitado para a vida eterna com Deus: quando Cristo voltar (ver 1 Co 15.52; 1 Ts 4.16).

6.41 Os líderes religiosos murmuraram porque não podiam aceitar a afirmação da divindade de Jesus. Eles o viam somente como um carpinteiro de Nazaré. Recusaram-se a crer que Jesus fosse o divino Filho de Deus e não podiam suportar a sua mensagem. Muitas pessoas rejeitaram a Cristo ao dizer que não podiam crer que Ele é o Filho de Deus. Na verdade, o que estas pessoas não podem aceitar são as exigências de lealdade e obediência de Cristo. Assim, para protegerem-se da mensagem, rejeitam o mensageiro.

6.44 Deus, não o povo, desempenha o papel mais ativo na salvação. Quando alguém decide crer em Jesus Cristo como Salvador, demonstra uma resposta à ação do Espirito Santo de Deus. Deus cria a situação, então nós decidimos se cremos ou não. Ninguém pode crer em Jesus sem a ajuda de Deus!

6.45 Jesus fez uma alusão ã visão no AT do reino messiânico, no qual todas as pessoas serão ensinadas diretamente por Deus (Is 54.13; Jr 31.31-34). Ele enfatizou a importância de não apenas ouvir, mas aprender. Somos ensinados por Deus por meio de sua Palavra, de nossas experiências, dos pensamentos que o Espirito Santo nos traz e do relaciona mento com os outros cristãos. Você está aberto ao ensinamentos de Deus?

6.47 O tempo verbal empregado para o verbo “crer” foi o presente do indicativo, isto indica uma ação certa e contínua, significa “continuar a crer”. Não cremos simplesmente uma vez, continuamos a crer e a confiar em Jesus sempre.

6.47ss Os líderes religiosos frequentemente pediam que Jesus lhes provasse porque Ele era melhor do que os profetas que o antecederam. Então, Jesus fez uma alusão ao maná que os antepassados judeus receberam no deserto, na época de Moisés (Êx 16). Este pão era material e temporal. O povo o comeu e foi sustentado fisicamente por um dia. Porém, necessitavam de mais pão a cada dia; e o pão não era capaz de evitar que morres sem. No entanto, Jesus, que é muito maior do que Moisés, ofereceu a si mesmo como o Pão espiritual do céu, que satisfaz completamente a nossa fome e nos leva à vida eterna.

6.51 Como Jesus pode dar-nos o seu corpo como pão para o comermos? Comer o Pão vivo significa aceitar a Cristo em nossa vida e unirmo-nos a Ele: há duas maneiras de unirmo-nos a Ele: (1) crendo em sua morte (o sacrifício de seu corpo) e em sua ressurreição, e (2) consagrando-nos para viver como Ele ordena, na dependência de seu ensino para a nossa orientação e na confiança de que o poder do Espírito Santo está e estará presente em nossa vida.

6.56 Essa era uma mensagem chocante; comer o corpo e beber o sangue pode parecer canibalismo. A ideia de beber qual quer sangue, sobretudo o humano, era repugnante para os líderes religiosos porque a lei proibia tal prática (Lv 7.10,11). Mas Jesus não se referiu ao sangue em seu sentido literal, e sim alegórico: Ele se referia a sua vida, que deveria tornar-se a vida de seus discípulos, contudo eles não conseguiram entender este conceito. O apóstolo Paulo, mais tardo, usou a imagem do corpo e do sangue para falar sobre a Santa Ceia (ver 1 Co 11.23-26).

6.63, 65 O Espírito Santo nos dá vida espiritual; sem a obra dEle. não podemos perceber a necessidade que temos de uma nova vida (14.17). Toda renovação espiritual começa e termina em Deus. Ele nos revela a verdade, vive dentro de cada um de nós e nos capacita a corresponder a essa verdade.

6.66 Por que as palavras de Jesus faziam com que muitos de seus seguidores o abandonassem? (1) Por terem percebido que Ele não era o conquistador que esperavam e não seria coroado como o Rei de um reino secular; (2) por Ele se recusar a ceder às solicitações egoístas de alguns de seus seguidores; (3) por Ele enfatizar a fé, não as obras; (4) por seus ensinamentos serem difíceis de entender, e algumas de suas palavras ofensivas. À medida que crescemos na fé, podemos ser tentados a rejeitá-la, devido às aparentes dificuldades nas lições de Jesus. A sua atitude será desistir, ignorar certos ensinamentos ou rejeitar a Cristo? Em vez disso, peça que Deus lhe mostre o significado de seus ensinamentos e como estes se aplicam à sua vida. Então, tenha coragem para agir de acordo com a verdade de Deus!

6.67 Não há meio termo com Jesus. Quando perguntou aos discípulos se também desejavam partir, mostrou que podiam aceitá-lo ou rejeitá-lo. Jesus não tentou repelir o povo com seus ensinamentos, simplesmente disse a verdade. Quanto mais o povo ouvia a verdadeira mensagem de Jesus, mais claramente se podia vera a formação de dois grupos distintos: os verdadeiros seguidores de Cristo, que queriam entender mais sobre Deus, e aqueles que rejeitavam Jesus por não gostarem do que ouviam.

6.67, 68 Depois que muitos seguidores de Jesus o haviam abandonado. Ele perguntou aos doze discípulos se também queriam deixá-lo. Pedro respondeu: “Para quem iremos nós?” Com sua maneira honesta e direta. Pedro respondeu por todos nós: não há outro caminho! Embora haja muitos filósofos, só Jesus tem palavras de vida eterna. As pessoas procuram esta vida por toda parte, porém muitas não encontram a Cristo, a única Fonte de vida eterna. Permaneça com Ele, especialmente quando se sentir sozinho ou confuso!

6.70 Em resposta à mensagem de Jesus, muitas pessoas o deixaram, outras permaneceram e creram verdadeiramente, e algumas, como Judas, permaneceram, mas tentaram usar Jesus para satisfazer sua cobiça. Muitas pessoas hoje deixam a Cristo. Outras fingem segui-lo, indo à igreja para melhorar a sua condição social, para ter a aprovação da família e dos amigos ou ainda para estabelecer contatos comerciais. Mas há somente duas respostas verdadeiras a Jesus: ou você o aceita ou rejeita. Como você tem correspondido a Cristo.

6.71 Para mais informações sobre Judas, veja seu perfil em Marcos.

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