Romanos 8 — Comentário Devocional

Devocional

8.1 “Ele é inocente. Deixem-no ir”. O que essas palavras significariam se você estivesse no corredor da morte? O fato é que todo ser humano está no corredor da morte, condenado por ter repetidamente desobedecido à santa lei de Deus. Sem Jesus não teríamos esperança. Mas graças a Deus, Ele nos declarou inocentes, ofereceu libertação do pecado e poder para agirmos conforme a sua divina vontade. 

8.2 Esse “Espirito de vida” é o Espirito Santo. Ele estava presente na criação do mundo (Gn 1.2). É o poder ativo no novo nascimento de cada cristão. Ele nos dá o que necessitamos para seguir uma vida cristã. Para saber mais a respeito do Espirito Santo, leia as notas sobre João 3.6 e Atos 1.3; 1.4, 5:1, 5. 

8.3 Jesus se ofereceu em sacrifício para expiação dos nossos pecados. No AT, sacrifícios com animais eram oferecidos continuamente no Templo. Eles mostravam aos israelitas a gravidade do pecado. Sangue deveria ser derramado para que os pecados fossem expiados (ver Lv 17.11), mas o sangue de animais não podia realmente eliminar os pecados (Hb 10.4). Os sacrifícios apenas apontavam para o sacrifício de Jesus, que sofreu o castigo por todos os pecados. 

8.5, 6 Paulo dividiu as pessoas em duas categorias; aqueles que se deixam controlar por sua natureza pecaminosa e aqueles que seguem o Espírito Santo. Todos nós estaríamos na primeira categoria se Jesus não tivesse nos oferecido um escape. Uma vez que tenhamos respondido sim a Ele, continuaremos a segui-lo porque seu caminho nos traz a vida e a paz. Devemos diariamente preferir conscientemente centralizar nossa vida em Deus. Leia a Bíblia para descobrir as diretrizes divinas, e passe a segui-las. Em cada situação de perplexidade, pergunte a si mesmo: o que Jesus gostaria que eu fizesse? Quando o Espírito Santo indicar o que é certo, faça-o imediatamente. Para saber mais detalhes sobre a luta entre a nossa natureza pecadora e nossa nova vida em Cristo, veja os textos em Romanos 6.6-8; Efésios 4.22-24; Colossenses 3.3-15. 

8.9 Alguma vez você já se preocupou em saber se é ou não um verdadeiro cristão? Qualquer pessoa em quem o Espírito de Deus habita é um cristão. Aqueles que sinceramente confiam em Cristo como Salvador e Senhor são cristãos. O Espírito Santo vive em cada crente em Jesus. Podemos estar certos de que temos o Espírito porque Jesus prometeu enviá-lo. Por crer que Jesus é o Filho de Deus e que a vida eterna vem através dEle (1 Jo 5.5), você começará a agir como Cristo ordena (8.5; Gl 5.22.23), encontrará resposta em suas orações para resolver seus problemas diários (8.26,27), será capacitado para servir a Deus e fazer a vontade dEle (At 1.8; Rm 12.6ss) e fará parte do plano divino de edificação de sua Igreja (Ef 4.12. 13). 

8.11 O Espírito Santo é a promessa de Deus, a garantia de vida eterna, para aqueles que nEle creem. O Espírito está conosco pela fé; por ela temos a certeza de que viveremos com Cristo eternamente. Ver os textos em Romanos 8.23; 1 Coríntios 6 14; 2 Coríntios 4.14; 1 Tessalonicenses 4.14. 

8.13 Quando, pelo poder do Espírito Santo, nos afastamos do apelo do pecado e o consideramos derrotado, podemos ignorar a tentação assim que ela aproximar-se (ver 6.11; Gl 5.24). 

8.14-17 Paulo usou a adoção para ilustrar o novo relacionamento do cristão com Deus. Na cultura romana, o filho adotado perdia todos os direitos que possuía em relação à família anterior, e recebia todos os direitos de filho legítimo em sua nova família. Ele se tornava herdeiro dos bens de seu novo pai. Da mesma forma, quando alguém se torna um cristão, recebe todos os privilégios e responsabilidades de filho na família de Deus. Um dos mais importantes privilégios é ser guiado pelo Espírito Santo (ver Gl 4.5,6). Possivelmente existam ocasiões em que não sentimos que pertencemos a Deus, mas o Espírito testemunha que somos. Sua presença em nosso interior nos faz lembrar quem somos e nos encoraja com o amor de Deus (5.5). 

8.14-17 Não somos mais escravos atemorizados, ao contrário, somos filhos de Deus. Que privilégio! Como filhos, participamos dos grandes tesouros como co-herdeiros de Cristo. Deus já nos deu suas melhores dádivas: seu Filho, seu perdão e a vida eterna. Ele nos encoraja a pedir qualquer outra coisa que possamos necessitar. 

8.17 Existe um preço a pagar para identificar-se com Jesus. Além dos grandes tesouros. Paulo mencionou os sofrimentos que os cristãos devem enfrentar. Mas que espécie de sofrimentos são esses? Para os cristãos do primeiro século, havia a perseguição social e religiosa; alguns foram ameaçados até de morte. Nós também pagamos um preço por seguir a Jesus. Atualmente, em muitas partes do mundo, os cristãos enfrentam uma opressão tão rigorosa como aquela que houve no início da Igreja. Mesmo nos países onde o cristianismo é tolerado e encorajado, os cristãos não devem tornar-se complacentes com o mundanismo. Para viver como Jesus, servindo ao próximo, abrindo mão de seus direitos e resistindo às pressões do mundo, sempre haverá um preço. Entretanto, nada do que sofrermos pode ser comparado ao que Jesus pagou para salvar-nos. 

8.19-22 O pecado fez com que toda a criação perdesse o perfeito estado que tinha quando Deus a criou. Fia se tornou decadente e escrava da morte. Não pôde mais cumprir seu propósito original. Mas. um dia. toda a criação será liberta e transformada. Até que esse momento chegue, haverá uma ansiosa expectativa pela ressurreição dos filhos de Deus. 

Os cristãos veem o mundo como ele é: fisicamente decadente e espiritualmente contaminado pelo pecado. Mas não precisam ser pessimistas, porque têm a esperança da glória futura. Eles aguardam o novo céu e a nova terra que Deus prometeu; esperam pela nova ordem divina que libertará o mundo do pecado, das enfermidades e do mal. Enquanto isso, os cristãos vivem com Cristo em um mundo onde o corpo e a alma das pessoas podem ser curadas pelo poder do Espirito, que combate os efeitos maléficos do pecado. 

8.23 Na ressurreição teremos um novo corpo, glorificado como o que Cristo tem (1 Co 15.25-58). Agora, temos o Espírito Santo habitando em nós como garantia da ressurreição e vida eterna (ver 2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.14); é um adiantamento, uma “primeira parcela” da glória futura. 

8.24-25 É natural que os filhos confiem em seus pais, embora estes às vezes não consigam cumprir suas promessas. Entretanto, nosso Pai celestial nunca promete o que não cumprirá, mas seu plano pode levar mais tempo do que imaginamos. Em vez de nos comportarmos como filhos impacientes, enquanto esperamos que o plano divino se desenvolva, precisamos ter confiança na sabedoria e no perfeito cronograma de Deus. 

Em Romanos, Paulo mostra que a salvação faz parte de nosso passado, presente e futuro. No passado, fomos salvos no momento em que cremos em Jesus Cristo como Salvador (3.21 -26; 5.1 -11; 6.1 -11,22.23); nossa nova vida (eterna) começou naquele instante. No presente, estamos sendo salvos à medida que passamos pelo processo de santificação (ver a nota sobre Rm 6.1-8.39). Mas ainda não recebemos todas as bênçãos e todos os benefícios da salvação, que nos serão concedidos quando o Reino de Cristo estiver completamente estabelecido. Então, a nossa salvação será manifesta no futuro. Embora possamos desfrutar de seus efeitos agora, aguardamos com esperança e confiança a total transformação do nosso corpo e da nossa personalidade que nos espera além dessa vida, quando seremos semelhantes a Cristo (1 Jo 3.2). 

8.26, 27 Como cristão, você não depende de seus recursos para lidar com os problemas. Mesmo quando não souber as palavras certas para orar, o Espírito Santo ora com e por você, e Deus responde. Com o Espírito o ajudando a orar, você não precisa ter receio de aproximar-se de Deus. Peça ao Espírito Santo para interceder por você segundo a vontade de Deus. Então, quando levar seus pedidos ao Pai. confie que Ele sempre faz o melhor. 

8.28 Deus opera em tudo para o nosso bem, não apenas em acontecimentos isolados. Isso não significa que tudo o que nos acontece seja bom. O mal prevalece nesse mundo decadente, mas Deus é capaz de transformar todas as circunstâncias que nos rodeiam, a fim de que nos sejam benéficas a longo prazo. Deus opera em tudo não somente para deixar-nos felizes, mas para cumprir seu propósito. Mas essa promessa não é para todos, é apenas para os que amam a Deus e são chamados por Ele; é somente para aqueles a quem o Espirito Santo convenceu de receber a Cristo. Tais pessoas têm uma nova perspectiva, uma nova maneira de pensar. Elas confiam em Deus. não nos tesouros corruptíveis; sua segurança está no céu, não na terra. Sua fé em Deus não vacila com a dor e a perseguição porque sabem que o Senhor está com cada uma delas. 

8.29 O objetivo final de Deus é tornar-nos semelhantes a Cristo (1 Jo 3.2). À medida que nos tornarmos mais parecidos com Cristo, descobrimos nosso “eu” verdadeiro e o tipo de pessoa que Deus quer que sejamos. Como podemos tornar-nos semelhantes a Cristo? Lendo e meditando na Palavra de Deus, estudando a vida terrena de Jesus relatada nos Evangelhos, dedicando tempo à oração, enchendo-nos do Espírito Santo e fazendo a obra de Deus neste mundo. 

8.29, 30 Alguns acreditam que Deus escolheu certas pessoas antes do início do mundo, para que recebessem sua dádiva da salvação. Para sustentar essa ideia, indicam textos, como o de Efésios 1.11, em que Paulo afirma que somos “Predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade”. Outros alegam que Deus sabia quem lhe responderia positivamente, e sobre estes colocou sua marca. No entanto, a única coisa bastante evidente em todos esses textos é que o propósito de Deus para as pessoas não foi uma decisão tardia, mas um plano estabelecido antes da fundação do mundo. As pessoas têm a obrigação de servir e honrar a Deus. Se você crê em Cristo, pode regozijar-se pelo fato de que Deus sempre o conheceu. O amor de Deus é eterno, sua sabedoria e seu poder são supremos. Ele o guiará e protegerá até o dia em que você estiver diante da face dEle. 

8.30 Ser chamado significa ser intimado ou convidado para algo. Para saber mais detalhes sobre ser justificado e glorifica do, veja o quadro “Conceitos Importantes em Romanos”. 

8.31-34 Você já pensou que, por não ser bom o bastante para Deus. Ele não iria salvá-lo? Alguma vez cogitou que a salvação é para todos menos para você? Então, esses versículos são especialmente dirigidos a você. Se Deus ofereceu seu Filho por nós. Ele não irá negar a dádiva da salvação! Cristo deu sua vida por você; Ele não o condenará! Não negará o que você precisa para viver para Ele. O texto de Romanos é mais que uma explicação teológica da graça redentora de Deus, é uma carta cheia de conforto e confiança dirigida a você. 

8.34 Paulo afirmou que Jesus intercede por nós no céu. Deus nos absolveu e eliminou de nós toda culpa e todo pecado, por tanto é Satanás, e não Deus, quem nos acusa. Quando ele o faz, Jesus, o nosso Advogado que está á destra de Deus defende nossa causa. Para saber mais detalhes sobre as atribuições de Cristo como nosso Advogado, veja as notas sobre Hebreus 4.14; 4.15. 

8.35, 36 Essas palavras foram escritas para uma igreja que logo sofreria uma terrível perseguição. Em apenas alguns anos, as hipotéticas situações que Paulo citou se transformariam em uma dolorosa realidade. Nessa passagem, o profundo amor de Deus por seu povo é reafirmado. Não importa quem somos nem o que venha a acontecer, nunca seremos separados desse amor. O sofrimento não nos afastará de Deus, mas ajudará a nos identificarmos com Jesus e permitirá que seu amor nos cure. 

8.35-39 Esses versículos contêm uma das promessas mais confortadoras da Bíblia para os cristãos, que sempre tiveram de enfrentar diversas formas de adversidade (perseguições, enfermidades, prisões, morte) e, muitas vezes, temeram que Cristo os tivesse abandonado. Paulo afirmou que é impossível ser separado de Cristo. A morte dEle por nós e a prova de seu invencível amor. Nada pode separar-nos da presença de Deus. Ele nos falou sobre a grandeza de seu amor, para que nos sintamos totalmente seguros. Não teremos qualquer temor se crermos nessa garantia tão maravilhosa. 

8.38 Nesse contexto, principados ou potestades são seres invisíveis do mal. Satanás e seus demônios (ver Ef 6.12). Em Cristo, tornamo-nos mais do que vencedores; seu amor nos protege do poder das trevas.

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