Livro de Esdras

Livro de Esdras
O Livro de Esdras é o décimo quinto na ordem da Bíblia. Ele continua a narrativa de 2Cr, descrevendo a volta a Jerusalém dos judeus que estavam no cativeiro e o reinício da adoração no Templo. Esses acontecimentos seguem a seguinte ordem:1) Em 539 a.C. o primeiro grupo de judeus volta da Babilônia por decreto de Ciro, o rei da Pérsia. 2) O Templo é reconstruído e inaugurado, e Javé é de novo adorado em Jerusalém. 3) Anos depois, outro grupo volta a Jerusalém, dirigido por Esdras, que reorganiza a vida social e religiosa do povo para que as tradições de Israel sejam conservadas.

Introdução

Tanto no hebraico como no grego (Septuaginta), os livros de Esdras e Neemias foram inicialmente combinados em um só texto chamado “O Livro de Esdras” (gr. Esdras). Eles foram aparentemente separados, pela primeira vez, na Vulgata Latina, por Jerônimo, em torno de 400 d.C. e, finalmente, receberam uma forma separada até mesmo nas Escrituras Hebraicas. Por causa do íntimo relacionamento dos livros e de suas semelhanças em caráter e origem, parece melhor combinar a discussão deles em um artigo introdutório.

Autoria

O livro de Esdras é uma história dos primeiros dias do retorno do povo judeu, de seus 70 anos de cativeiro em Babilônia. O livro abrange o período desde 538 a.C. até aproximadamente 456. Duas unidades principais constituem o livro. A primeira é Esdras 1-6, que descreve o retorno sob a liderança de Sesbazar e Zorobabel, e a reconstrução do Templo em Jerusalém. A segunda é Esdras 7-10, chamada de Memória de Esdras, uma vez que é a narrativa do próprio Esdras de suas atividades como sacerdote e escriba para ordenar a vida da comunidade de judeus que retornavam, de acordo com os padrões bíblicos.

Duas características na Memória de Esdras causam preocupação para algumas pessoas. A primeira é o fato de que Esdras 10 muda a narrativa, da primeira para a terceira pessoa. A segunda é a percepção de que outra parte desta memória provavelmente está no livro de Neemias (caps. 8-10).

Todavia, ainda que parece incomum, para o leitor moderno, que uma pessoa fale de suas próprias ações na terceira pessoa, isto não representou um problema para o Oriente Médio. Um exemplo perfeito disto é o fato de que o cilindro de Ciro (um artefato arqueológico que registra declarações do rei Ciro) usa a narrativa na primeira e terceira pessoas, embora todo ele seja considerado como declaração de Ciro.

Além disto, a localização da parte da Memória de Esdras no livro de Neemias ajuda a vincular os dois livros e serve de indicação de unidade das duas obras. Outra indicação desta unidade é encontrada em Neemias 12, onde Esdras está presente na consagração do muro.

A unidade dos livros de Esdras e Neemias é tão evidente que é comum ouvi-los mencionados como uma única obra: Esdras/Neemias. Esta é a obra de um único indivíduo que, sob inspiração do Espírito Santo, reconheceu a mão de Deus em ação na restauração desta comunidade e escreveu uma história deste surgimento, usando materiais de documentos de primeira mão para acentuar a credibilidade de sua obra.

Considerando a significativa prominência que a tradição judaica atribui à importância de Esdras para o surgimento do judaísmo, e considerando que essa tradição atribui a autoria dos livros de Esdras e Neemias a ele, é possível que Esdras fosse o responsável pelo texto final. Contudo, uma vez que parece certo que a mesma pessoa não escreveu Crônicas e Esdras/Neemias, e uma vez que existe considerável especulação quanto à autoria de Crônicas por Esdras, não é possível fornecer uma resposta definitiva à questão sobre a autoria de Esdras e Neemias.

Origem e Lugar no Cânon

Atribuído pela tradição judaica a Ezra, o escriba (Tal-lama B. Bat. 15a), o livro de Esdras é uma continuação da história do cronista de Israel, contando o retorno dos exilados a Jerusalém e os esforços para restabelecer a comunidade. Estudiosos em geral reconhecem que o livro, junto com Neemias, originalmente formaram uma unidade com 1-2 Crônicas, e ambos os conteúdos e tradição textual indicam que Esdras e Neemias originalmente constituíam uma única unidade no cânon hebraico e na LXX (Esdras B). Tanto Orígenes (terceiro século d.C.) como Jerônimo (século IV) reconhecem os dois como 1-2 Esdras nos manuscritos gregos contemporâneos; a divisão foi introduzida na Vulgata (1-2 Esdras) e, posteriormente, em um manuscrito hebraico do século XV.

No cânon inglês, Esdras é colocado com os escritos históricos e segue 2 Crônicas; no cânon hebraico, faz parte da terceira divisão, os Escritos, e aparece fora da sequência cronológica, antes de Crônicas.

Posição singular no Cânon

Em dado momento da história, Esdras e Neemias formavam um único livro na Bíblia hebraica. Mas não há dúvida de que fossem livros separados mes mo antes, como nas Bíblias modernas, conforme se percebe a partir da leitura de Esdras 2 e de Neemias 7, capítulos praticamente; idênticos. Esse tipo de re petição nunca ocorreria em um único livro. Embora Esdras inclua vários documentos obtidos de fontes seculares, o livro apresenta um conteúdo espiritual, ou história religiosa, e testemunha o poder do Espírito Santo em selecionar e organizar material secular para torná-lo registro inspirado. Com base na análise dos 280 versículos de Esdras, observa-se um conteúdo incomum em um livro bíblico:

111 versículos de registro histórico
109 versículos de narrativa
44 versículos de cartas
10 versículos de oração
3 versículos de proclamação pública
3 versículos de excerto

Problemas no Cânon

Os informes históricos existentes no livro de Esdras nem sempre concordam com aquilo que se sabe, através da história secular. Além disso, alguns estudiosos vêem certas discrepâncias internas entre as várias fontes informativas incorporadas pelo livro. Consideremos os três pontos seguintes:1. Ciro, em Esd. 1, reconheceu o Deus dos judeus, Yahweh. Mas um monarca pagão faria tal coisa? Qualquer político teria o cuidado de tratar respeitosamente as crenças religiosas de um povo. Os registros contemporâneos que envolvem Ciro ilustram precisamente isso, por parte dos decretos reais. 2. Em Esd. 3.8 lemos que Zorobabel lançou os alicerces do templo de Jerusalém, mas em Esd. 5.16 isso é atribuído a Sesbazar, referido ali como alguém que já havia falecido. Alguns estudiosos pensam que a construção se processou em dois estágios:um iniciado por Sesbazar, e outro por Zorobabel. Ou então Sesbazar foi o líder oficial, ao passo que Zorobabel foi um entusiasta ativo, tanto em 536 A.C, como posteriormente; em 520 A.C. 3. Com base em Ageu 2.18, aprende-se que os alicerces do templo foram lançados em 520 A.C.; mas Esd. 3.10 parece indicar que isso aconteceu em 536 A.C. Alguns supõem que ambos os informes digam a verdade, e que o intervalo de dezesseis anos, entre a primeira e a segunda arrancadas, seja considerado um começo. E possível que isso tenha acontecido, e que mais de uma pedra oficial de fundação tenha sido lançada, cada qual assinalando um esforço específico de reconstrução. Explicações como essas são apenas conjecturas, embora não se revelem questões importantes para a fé, mesmo que sejam encontradas algumas discrepâncias. Os próprios livros sagrados não reivindicam perfeição. Essa é a reivindicação de teólogos, que injetam nas Escrituras idéias que elas mesmas não exprimem. Já vimos que a compilação da unidade Esdras-Neemias foi feita com algum defeito de arranjo cronológico. As deslocações cronológicas também formam um problema nos evangelhos; mas isso não envolve questões de fé, exceto para os harmonizadores que querem obter perfeição a qualquer preço.

Destinatários

As gerações de Israelitas que viveram após o retorno do exílio na Babilônia leram este livro. Esdras queria que seus leitores reconheces sem, nos diversos fatos históricos aqui relatados, o poder e o amor que Deus demonstrou por seu povo escolhido e, em contrapartida, as responsabilidades que envolviam a aliança entre esse povo e seu Deus.

Conteúdo

Caps. 1–6 constituem um breve resumo dos eventos entre o primeiro retorno dos exilados da Babilônia em 538 a.C. de acordo com o decreto de Ciro e a dedicação do templo de Zorobabel (ou o Segundo Templo) em 515. O livro começa com o édito de Ciro (1:1–4; cf. 2Cr 36:22–23), seguido pela resposta a esse decreto (vv. 5–11). Cap. 2 contém uma lista daqueles que retornaram neste momento (cf. Ne 7). Cap. 3 fala da reconstrução do altar e da celebração da Festa dos Tabernáculos (v. 1-6) e do estabelecimento do alicerce para o templo (vv. 7–13). Cap. 4 relata a oposição samaritana à reconstrução do templo (v. 1-6) e dos muros da cidade (vv. 7-24). Renovação do trabalho e conclusão do templo são registrados em 5:1-6:18; a seção termina com um relato da celebração da Páscoa e da Festa dos Pães sem fermento (6:19-22).

O próprio Esdras aparece pela primeira vez no cap. 7, encomendado por Artaxerxes I (465–424) para retornar a Jerusalém para fazer cumprir a lei. Cap. 8 retrata a jornada segura de Esdras e inclui uma lista de exilados que retornaram com ele (v. 1-20). O livro conclui com um relato do tratamento de Esdras do problema dos casamentos mistos (caps. 9–10).

Conteúdo e Mensagem

A grande mensagem do livro é a fidelidade de Deus ao restaurar Judá e Jerusalém após o fogo do exílio ter feito o trabalho de purificação e o remanescente estar pronto para receber uma segunda chance. Três grandes líderes dos judeus são destaca dos nesta história: Zorobabel, um príncipe da casa de Davi; Esdras, um “escriba hábil na Lei de Moisés”; e Neemias, o copeiro do rei da Pérsia. Através de suas orações e de sua habilidosa liderança, Neemias foi bem-sucedido na tarefa de transformar Jerusalém em uma cidade bastante fortificada capaz de se manter até à vinda do Messias prometido, cerca de quatrocentos e cinquenta anos depois. Três reis persas são destacados na história, e são vistos como instrumentos involuntários nas mãos de Deus para auxiliar na realização dos propósitos divinos: Ciro, Dario e Artaxerxes. 

Tema

O grande tema de Esdras e Neemias é a fidelidade de Deus ao restaurar Judá e Jerusalém após o fogo do exílio ter feito o trabalho de purificação e o remanescente estar pronto para receber uma segunda chance. Três grandes líderes dos judeus são destaca dos nesta história:Zorobabel, um príncipe da casa de Davi; Esdras, um “escriba hábil na Lei de Moisés”; e Neemias, o copeiro do rei da Pérsia. Através de suas orações e de sua habilidosa liderança, Neemias foi bem-sucedido na tarefa de transformar Jerusalém em uma cidade bastante fortificada capaz de se manter até à vinda do Messias prometido, cerca de quatrocentos e cinquenta anos depois. Três reis persas são destacados na história, e são vistos como instrumentos involuntários nas mãos de Deus para auxiliar na realização dos propósitos divinos:Ciro, Dario e Artaxerxes.

Aspectos Literários

O livro de Esdras, como o de Neemias, é claramente uma compilação de vários documentos e fontes literárias. Incluem-se várias listas, como o inventário dos vasos do templo devolvidos por Ciro (1:9–11), listas de exilados que retornaram com Zorobabel (2:1-70) e Esdras (8:1-14), e listas de levitas (8:15-20) e aqueles que se casaram com esposas estrangeiras (10:18-44). Os documentos incluem o edito de Ciro permitindo o retorno (1:2-4, hebraico; 6:3-5, aramaico), carta de Artaxerxes autorizando o retorno de Esdras (7:12-26), a carta de Reum e Shimshai (4:11–16) e a resposta de Artaxerxes (versículos 17–22) e a carta de Tatenai (5:7–17) e a resposta de Dario I (6:6–12).

Caps. 7-10, comumente conhecidas como memórias de Esdras, também refletem uma variedade de fontes. Esse material autobiográfico é basicamente uma narrativa em terceira pessoa, embora 7:27-8:34; 9:1–15 é em primeira pessoa. As memórias de Esdras são concluídas, após a primeira metade das memórias de Neemias, em Neem. 7:73b-10:39 (MT 40), onde eles contam a leitura de Esdras da lei, a celebração da Festa dos Tabernáculos e o pacto que ratifica a lei.

Outra evidência da composição complexa do livro é a inclusão de duas seções em aramaico (4:8-6:18; 7:12-26), a linguagem diplomática internacional do período.

Características Literárias

O livro de Esdras fazia parte original de uma obra literária mais extensa, que incluía os dois livros de Crônicas e o livro de Neemias. Por isso, os eruditos falam sobre o cronista como o autor ou compilador de todo esse material. Ver sobre Autoria. É evidente que a unidade Esdras-Neemias tem o intuito de dar prosseguimento à narrativa iniciada nos livros de Crônicas. Comparar os versículos finais de II Crônicas com os versículos iniciais do livro de Esdras. Esdras-Neemias foi preparado para suplementar os livros de Crônicas, com base em documentos aramaicos e hebraicos então existentes. Esses documentos continham as memórias de Neemias e as de Esdras. Os livros de Crônicas terminam com a destruição de Jerusalém e a conseqüente deportação dos judeus para a Babilônia. Esdras dá prosseguimento a esse propósito, narrando como um remanescente retornou, a fim de restabelecer a nação judaica em torno de Jerusalém. O cronista, pois, via aqueles pioneiros como um remanescente piedoso, dotado de uma missão espiritual. E a história tem confirmado essa avaliação. Os intérpretes vêem algumas deslocações cronológicas na unidade Esdras-Neemias, pelo que a leitura contínua desses dois livros não fornece a devida seqüência dos acontecimentos. O livro apócrifo de I Esdras com frequência preserva melhor a ordem histórica dos eventos.

Se alguém ler as porções seguintes, na ordem aqui apresentada, obterá melhor seqüência cronológica: Esd. 1.1-2.70; Nee. 7.7-73a; Esd. 3.1-4.6; 4.24-6.22, 4.7-23; Nee. 1.1-7:5; Nee. 11-13; 9.38-10.39; Esd 7-10; Nee. 8.1-9.37. Certo editor, ao tentar evitar essa confusão cronológica, procurou melhorar a situação mediante várias inserções, como aquela em que colocava o nome de Neemias em Nee. 8.9, e o de Esdras em Nee. 12:26 e 36. O livro de Esdras é complexo, constituído por uma porção em aramaico (Esd. 4.7-6.18; 7.12-26) e uma porção em hebraico (7.1 - 10; 7.27 - 10.44). Alguns eruditos supõem que as duas porções antes existissem separadas, mas um editor qualquer as reuniu; ou então a porção hebraica foi unida à porção aramaica, a fim de compor uma única narrativa. O decreto real (Esd. 7.12-26) provavelmente consistia em um documento separado, que foi anexado à história. A própria narrativa é complexa, porquanto parte dela consiste em autobiografia (Esd. 7.27-9.15), ao passo que a outra parte é biográfica (7.1-26; cap. 10). Além disso, parte do material pertencente a Esdras foi transplantado para o livro de Neemias, como porções do capítulo sétimo, até o nono capítulo. Nos tempos antigos, vários livros circularam sob o nome de Esdras. Ver os artigos separados sobre I e II Esdras, que são livros apócrifos. O livro canônico de Esdras faz parte da terceira divisão do cânon hebraico, chamada Escritos ou Hagiógrafos (ver a respeito no Dicionário). No hebraico, aparecia originalmente combinado com Neemias, formando uma unidade. A tradição judaica atribui o livro de Esdras a Esdras. Pelo menos, suas memórias estão incluídas no livro.

Historicidade

Por causa da frequente preferência do autor-compilador pelo arranjo tópico em vez de estritamente cronológico (por exemplo, notar a mistura de incidentes dos reinos de vários governantes persas no cap. 4), estudiosos bíblicos há muito desconfiam da credibilidade histórica do livro. Mais recentemente, no entanto, a historicidade dos relatos ganhou apoio considerável de uma série de descobertas arqueológicas, bem como do estudo dos papiros elefantinos, documentos do século V escritos em aramaico imperial, que têm forte semelhança estilística com os documentos aramaicos registrados em Esdras.

A principal preocupação é a relação entre Esdras e Neemias, os quais os relatos bíblicos indicam como ativos durante o reinado de Artaxerxes. Baseado no entrelaçamento das memórias de Esdras e Neemias, a falta de qualquer menção definida de qualquer figura nas memórias do outro, e uma seqüência conflitante de eventos como registrada em Josefo e no apócrifo 1 Esdras, muitos estudiosos têm postulado que Esdras seguiu Neemias em o reinado de Artaxerxes II (assim, cerca de 396) ou Artaxerxes III (ca. 351) ou, pelo menos, durante o segundo governo de Neemias (428). No entanto, apoiada por evidências do papiro samaritano de Wâd̄ Dâliyeh, o material Elefantino e vários selos e inscrições, a visão tradicional de que Esdras precedeu Neemias durante o reinado de Artaxerxes I (tendo assim retornado em 458) recuperou o favor.

Outro conflito é a relação entre Sesbazar, designada como tendo liderado o primeiro retorno (1:8) e como governador (5:14) que estabeleceu a fundação do templo (v. 16), e Zorobabel, que lidera a lista de retornados em cap. 2 e ambos estabeleceram o fundamento para (3:10; cf. v. 6) e reconstruíram o templo (5:1–2; ele é designado governador ao longo do livro de Ageu). Embora faltam evidências de apoio, Zorobabel pode ter liderado um segundo grupo de exilados. Além disso, foi sugerido que mais de uma pedra fundamental estava envolvida, que o trabalho de Zorobabel representava um “novo começo”, ou que ele desempenhou um papel importante no estabelecimento da fundação sob a autoridade de Sesbazar.

Significado: Ester 1 Ester 2 Ester 3 Ester 4 Ester 5 Ester 6 Ester 7 Ester 8 Ester 9 Ester 10

Contexto Histórico

O ataque dos exércitos assírios resultara na queda de Samaria, capital do reino do norte, em 722 A.C. Disso proveio o cativeiro assírio (ver a respeito no Dicionário). A dominação assíria de Judá começou em 721 A.C., quando caiu o reino do norte; mas Judá nunca se tomou realmente uma província assíria. Todavia, Judá teve de pagar tributo aos monarcas assírios. Com o surgimento da Caldeia, sob Nabucodonosor (605-562 A.C.), a situação de Judá deteriorou-se rapidamente. Em 592 A.C., Nabucodonosor invadiu Judá e levou para o cativeiro o seu rei, Jeoaquim, e os principais líderes da nação. 0 trecho de II Reis 24.15 mostra-nos que Ezequiel estava entre os cativos. Presumivelmente, uma deportação anterior já ocorrera. Então veio a deportação na qual Ezequiel esteve envolvido. Na Babilônia, ele predisse a destruição de Jerusalém e de seu templo, o que seria seguido ainda por uma terceira deportação. Em 586 A.C., Nabucodonosor, segundo Ezequiel havia predito, deixou Judá em ruínas, abafando a revolta nacionalista que havia arrebentado ali. Isso completou a destruição de Judá, e mais habitantes de Jerusalém foram levados para a Babilônia. Ver a narrativa completa no artigo sobre o Cativeiro Babilônico. Após relatar a história da monarquia e do templo, até o exílio, o autor do livro de Esdras passa por cima do período em que o templo ficou arruinado, quando os principais homens de Judá encontravam se na Babilônia, e registrou o retorno predito, o que, finalmente, levaria à reconstrução do templo, sob as ordens de Zorobabel (da linhagem de Davi) e de Josué (da linhagem de Arão). Em seguida, o autor sagrado descreveu o estabelecimento da nova comunidade judaica, durante o período de 538-433 A.C. A sorte mudou, e os judeus, no cativeiro, caíram sob o domínio da Pérsia, quando Ciro conquistou a Babilônia, em 539 A.C. O livro de Esdras alista certo número de reis persas. Se considerarmos os livros de Esdras e Neemias como uma unidade, então acharemos ali os nomes de Ciro (539-530 A.C.), que permitiu que alguns cati vos judeus retornassem à Palestina; Cambises (530-522 A.C.); Gaumata (pseudo Esmerdis, 522 A.C), que foi um usurpador; Dario 1 (522-486 A.C.), citado nos capítulos quinto e sexto do livro de Esdras; Xerxes I (486-465 A.C.), referido em Esdras 4.6; Assuero, da rainha Ester; Dario e Xerxes que invadiram a Grécia, mas sem sucesso (a história narrada por Heródoto); Artaxerxes I (464-424 A.C.), aludido em Esd. 4.7-23 e 7.1 -10.44. O ministério inteiro de Neemias cabe dentro desse último período. Mas alguns estudiosos situam Esdras na época de Artaxerxes II, o que transferiria as suas atividades para cinquenta anos mais tarde.

Fatos Culturais

Em 539 a.C., Ciro, rei da Pérsia, decretou que os judeus exilados podiam retornar a Jerusalém sob a liderança de Zorobabel. Muitos empreenderam a jornada e iniciaram a reconstrução do templo e a restauração do sistema sacrifical. No tempo em que Esdras retornou, com o segundo grupo de exilados, o povo de Deus já havia experimentado muitas bênçãos:

• O templo havia sido reconstruído.
• Antes de retornar, os exilados haviam sido presenteados pelos persas com prata, ouro, suprimentos, gado e até ofertas para o templo de Deus.
• O rei Ciro devolveu 5.400 artigos de ouro e prata que o rei Nabucodonosor havia retirado do templo de Deus.
• Muitos dos exilados estavam estabelecidos nas cidades das quais seus ancestrais haviam sido retirados.
• Os sacerdotes estavam outra vez oferecendo sacrifícios a Deus no templo.

Autenticidade

Alguns críticos modernos tentaram negar a autoria e o tempo da composição desse livro. E tudo com objetivo de encontrarem contradições entre esse livro e “as antiguidades judaicas” do historiador Flávio Josefo. Para tanto, lançara mão de nomes encontrados em Esdras, os quais Josefo coloca com o sendo de pessoas existentes em data muito posterior. Os críticos, no entanto, não levaram em conta que os nomes hebraicos são muito repetidos e, em qualquer ponto da história judaica, é possível encontrar pessoas com o mesmo nome. Pelo fato de o livro conter a ordem para a edificação do templo de Jerusalém, os adventistas, entre outros grupos, têm tom ado o ano 457 a.C. com o sendo a data prevista para a reconstrução de Jerusalém, conforme Daniel 9.25. Com interpretações distorcidas, passaram a afirmar também que a vinda de Jesus estava marcada para 1844. Mas tudo o que envolve tais interpretações se mostrou errôneo e o fato de se recusarem a admitir seus erros obrigou-os a criar outras doutrinas antibíblicas.

Teologia

O trabalho de Esdras como registrado neste livro (e subsequentemente em Neemias) foi de particular valor na reforma da comunidade pós-exílica em termos de suas raízes antigas na lei mosaica e, portanto, teve grande impacto na vida futura da nação judaica, especialmente com em relação a assuntos espirituais. Isto é evidente nos esforços de Esdras para proteger a frágil comunidade de restauração da assimilação irrestrita, proibindo o casamento mútuo com os povos vizinhos (caps. 9-10) e especialmente na natureza de sua missão de proclamar e fazer cumprir a lei (7:12-26).