Apocalipse 13 — Estudo Teológico das Escrituras
Apocalipse 13
13.1 emergir do mar. O mar representa o abismo ou poço, o antro dos demônios (cf. 11.7; 17.8; 20.1). A figura é de Satanás convocando um poderoso demônio do abismo, que então ativa e controla a besta (anticristo) e seu império, uma besta. Lit., “um monstro” (cf. 11.7), que descreve um animal cruel e matador. No presente contexto, o termo representa tanto uma pessoa (anticristo) bem com o seu sistema (o mundo). O último império satânico mundial será inseparável do homem possesso de demônio que o conduz. Para uma discussão a respeito do anticristo, veja notas em 2Ts 2.3-11. Ele também é descrito em Dn 7.8,21-26; 8.23-25; 9.24-27; 11.36-45. dez chifres e sete cabeças. Essa descrição de Satanás é semelhante a de 12.3. As cabeças podem representar impérios sucessivos no mundo — Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia, Grécia, Roma e o último reino do anticristo (veja notas em 17.9-10). O último é composto de todos os reinos representados pelos chifres (veja notas em 17.12). Dez é um número que simboliza a totalidade do poder militar e político que presta ajuda à a besta (anticristo) para exercer o controle sobre o mundo. Chifres sempre representam poder, com o no reino animal — tanto poder ofensivo (ataque) quanto poder defensivo (proteção). Daniel mostra que o anticristo humano se levantará desses dez reis (Dn 7.16-24). João retoma a imagem numérica de Dn 2.41-42, que se refere aos dez dedos da estátua, cujos pés eram em parte de barro e em parte de ferro. O apóstolo vê a besta com o último governo do mundo — a coalizão anti-Cristo, anti-Deus — presidido por um Império Romano reavivado, possuindo a força de vários poderes mundiais, mas misturado com perversidade e finalmente esmagado (cf. Dn 2.32-45; 7.7-8,19-25; veja nota em 12.3). Os diademas mostram o domínio régio desse reino confederado, nomes de blasfêmias. No decurso da História, toda vez que um monarca tem se identificado com o deus, ele blasfemou o Deus verdadeiro. Todo governante que contribui para a coalizão final da besta tem uma identidade, usa uma coroa, exerce domínio e poder, e, portanto, blasfema Deus.13.2 leopardo. Um a metáfora para a antiga Grécia, que alude à versatilidade e agilidade dos gregos na medida em que o seu exército avançava em busca de conquista, especialmente sob Alexandre, o Grande (cf. Dn 7.6). O leopardo e os subsequentes símbolos do reino animal eram todos da nativa vida selvagem da Palestina, conhecidos dos leitores de João. urso. Uma metáfora para o antigo império Medo-Persa, retratando a força feroz do reino, combinada com a sua grande estabilidade (cf. Dn 7.5). leão. Uma metáfora para o antigo Império Babilônico, referindo-se ao poder feroz e consumidor dos babilônios ao expandirem o seu domínio (cf. Dn 7.4). deu-lhe o dragão o seu poder. Veja notas no v. 1; 12.9.
13.3 essa ferida mortal foi curada. Essa afirmação pode referir-se a um dos reinos que foi destruído e reavivado (p. ex., o Império Romano). Porém, mais provavelmente se refere a uma falsa morte e ressurreição encenadas pelo anticristo, como parte de sua estratégia para enganar. Cf. vs. 12,14; 17.8,11; 2Ts 2.9. a terra se maravilhou. Pessoas no mundo ficarão abismadas e fascinadas quando o anticristo parecer ter ressuscitado dos mortos. Seus poderes carismáticos, brilhantes e atrativos, porém ilusórios, instigarão o mundo a segui-lo sem questionar (v. 14; 2Ts 2.8-12).
13.5 Foi-lhe dada. Deus soberano estabelecerá os limites nos quais o anticristo terá permissão para falar e agir. Deus permitirá que ele expresse suas blasfêmias, para levar a fúria de Satanás ao auge na terra durante três anos e meio (v. 5; 11.2-3; 12.6,13-14). quarenta e dois meses. Os três anos e meio finais — 1.260 dias — do “tempo de angústia para Jacó” (Jr 30.7) e da 70a semana de Daniel (Dn 9.24-27), conhecidos como a grande tribulação (veja notas em 11.2; 12.6; cf. Dn 7.25). Essa última metade é lançada pelo abominável da desolação (veja nota em Mt 24.15).
13.6 o nome. Isso identifica Deus e resume todos os seus atributos (cf. Êx 3.1 3-14). o tabernáculo. É simbólico para céu (cf. Hb 9.23-24). os que habitam no céu. Os anjos e santos glorificados que estão diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite.
13.7 que pelejasse contra os santos. O anticristo terá permissão para massacrar aqueles que são filhos de Deus (cf. 6.9-11; 11.7; 12.17; 17.6; Dn 7.23-25; 8.25; 9.27; 11.38; 12.10; Mt 24.16-22). Veja nota em 17.6
13.8 Livro da Vida. Veja nota em 3.5. Cordeiro que foi morto. O Senhor Jesus que morreu para adquirir a salvação para aqueles que Deus escolheu estava cumprindo o plano eterno, desde a fundação do mundo. De acordo com o propósito eterno de Deus antes da criação, a morte de Cristo sela para sempre a redenção dos eleitos (cf. At 2.23; 4.27-28). O anticristo jamais pode tirar a salvação dos eleitos. O eterno registro dos eleitos jamais será alterado, nem os salvos adorarão o anticristo no dia dele.
13.9 Cf. 2.7,11,17,29; 3.6,13,22. Essa frase omite as palavras “o que o Espírito diz às igrejas”, conforme aparecem nas sete cartas endereçadas às igrejas, talvez porque as igrejas foram arrebatadas.
13.10 Um chamado para os crentes aceitarem a perseguição do anticristo com perseverança e firmeza. Deus escolheu alguns crentes para serem presos e executados, fatos aos quais eles não devem resistir (cf. Mt 26.51-54; 2Co 10.4), mas aceitar com paciência o sofrimento como Deus lhes ordena (cf. 1 Pe 2.19-24).
13.11 outra besta. Esse é o último falso profeta (chamado assim em 16.13; 19.20; 20.10), que promove o poder do anticristo e convence o mundo a adorá-lo como se fosse Deus. Essa besta companheira será o proponente principal e mais persuasivo da religião satânica (cf. 16.13; 19.20; 20.10). O anticristo será primariamente um líder político e militar, mas o falso profeta será um líder religioso. Política e religião se unirão numa religião universal de adoração ao anticristo (veja 17.1-9,15-17). emergir da terra. Possivelmente outra referência ao abismo que fica sob a terra. O falso profeta será enviado e controlado por um poder demoníaco do inferno. A imagem da terra, em contraste com a anterior, mar misterioso no v. 1, pode implicar que o falso profeta é mais sutil e mais encantador do que o anticristo. dois chifres, parecendo cordeiro. Isso descreve a relativa fraqueza do falso profeta em comparação com o anticristo, que tem dez chifres. Um cordeiro tem somente dois chifres pequenos na cabeça, sendo muito inferior à besta com dez chifres, parecendo cordeiro. A imagem de cordeiro também pode implicar que o falso profeta será um falso Cristo, mascarado como o verdadeiro Cordeiro. Diferentemente do anticristo, o falso profeta virá, não como animal assassino e destruidor, mas como alguém que parece ser gentil e enganosamente atraente, falava como dragão. O falso profeta será o porta-voz de Satanás e, portanto, a sua mensagem será como o dragão, Satanás — a fonte de toda falsa religião (cf. 2Co 11.14).
13.12 Exerce toda a autoridade da primeira besta. O falso profeta exerce o mesmo tipo de poder satânico porque é habilitado pela mesma fonte. Também ele terá influência e reputação mundial como operador de milagres e pregador. Faz... adorem. “Faz” é usado oito vezes em referência a ele. Exerce influência para estabelecer uma falsa religião mundial encabeçado pelo anticristo e para estimular as pessoas a aceitarem esse sistema, cuja ferida mortal fora curada. Veja nota no v. 3; 17.8. Possivelmente isso se refere à cuidadosamente articulada fraude de uma falsa ressurreição, um falso assassinato para inspirar a aliança do mundo.
13.13 grandes sinais. A mesma expressão é usada em relação aos milagres de Jesus (Jo 2.11,23; 6.2), o que indica que o falso profeta realiza sinais que imitam os sinais de Cristo. Satanás, que tem feito obras sobrenaturais no passado (p. ex., Êx 7.11; 2Ti 3.8), tem que usar essa estratégia de falsos milagres para convencer o mundo que o anticristo é mais poderoso do que as verdadeiras testemunha; de Deus (cap. 11), inclusive Jesus Cristo, fogo do céu faz descer, contexto indica que o falso profeta imita sinais pirotécnicos continuamente para convencer os homens de seu poder, e também corresponde; imitação das duas testemunhas (11.5).
13.14 façam uma imagem. Isso se refere a uma réplica do anticristo que está relacionada ao trono que ele erigirá durante o abominável da desolação, na metade do período da tribulação. Isso acontecerá no templo de Jerusalém, quando o anticristo abole a falsa religião mundial anterior e procura encontrar pessoas que adorem somente a ele como Deus (cf. Dn 9.27; 11.31; 12.11; Mt 24.15; 2Ts 2.4). O falso profeta e o anticristo novamente enganam o mundo com uma inteligente imitação de Cristo, que mais tarde retornará e reinará no verdadeiro trono de Jerusalém.
13.15 falasse. O falso profeta dará à imagem do anticristo a aparência de vida, e a imagem parecerá estar emitindo palavras — dando a entender o contrário do que normalmente ídolos fazem (cf. Sl 135.15-16; Hc 2.19). fizesse morrer. Sua bondade é falsa, pois ele é assassino (7.9-17). Alguns gentios serão separados para habitar no reino (Mt 25.31-40) e alguns judeus serão protegidos 12.17).
13.16 certa marca. No Império Romano, esta era um símbolo identificador comum, ou marca, que os escravos e soldados levavam no seu corpo. Alguns dos cultos místicos antigos apreciavam tatuagens, que identificavam seus membros com um tipo de culto. O anticristo fará exigência semelhante, uma marca que deverá ser visível na mão ou na testa.
13.17 comprar ou vender. A marca do anticristo permitirá as pessoas se envolverem em comércio diário, inclusive comprar alimento e outros artigos necessários. Sem a identificação da marca, pessoas não terão acesso aos produtos necessários para a vida. o número do seu nome. A besta (o anticristo) terá um nome inerente num sistema numérico. A passagem não deixa claro o que esse nome e esse sistema numérico serão ou qual será o significado.
13.18 esse número é seiscentos e sessenta e seis. Esse é um número essencial de um homem. Ao número 6 falta uma unidade para perfazer o número perfeito de Deus, 7, e assim representa a imperfeição humana. O anticristo, o mais poderoso ser humano que o mundo conhecerá, ainda será um homem, ou seja, um 6. O máximo em poder humano e demoníaco é um 6, não perfeito, como Deus é. O objetivo da tríplice repetição do número é reiterar e reforçar a identidade de homem. Quando o anticristo finalmente for revelado, haverá uma maneira de identificá-lo com esse número básico de homem, ou o seu nome poderá ter o numeral equivalente a 666. (Em muitos idiomas, inclusive no hebraico, no grego e no latim, as letras possuem equivalentes numéricos). C om o essa passagem revela muito pouco sobre o significado de 666, é aconselhável que não se especule além do que o texto diz.
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