Apocalipse 19 — Estudo Teológico das Escrituras
Apocalipse 19
19.1-6 Aleluia! A transliteração dessa palavra hebraica aparece quatro vezes no NT, todas nesse capítulo (vs. 1,3-4,6). Essa exclamação, que significa “louva ao Senhor”, ocorre com frequência no AT (cf. Sl 104.35; 105.45; 106.1; 111.1; 113.1; 117.1; 135.1; 145.1). Cinco razões para louvor emergem : 1) a libertação do povo dos seus inimigos providenciada por Deus (v. 1); 2) Deus fazendo justiça (v. 2); 3) a permanente repressão de Deus da rebelião humana (v. 3); 4) a soberania de Deus (v. 6); e 5) a com unhão de Deus com o seu povo (v. 7).19.1 Depois destas coisas. Esse é um tempo-chave. Depois da destruição da Babilônia no final da grande tribulação, exatamente antes do estabelecimento do reino (cap. 20). Essa seção faz a ponte entre a tribulação e o reino milenar, numerosa multidão, provavelmente anjos, pois os santos juntam-se mais tarde (vs. 5ss.; cf. 5.11-12; 7.11-12). O iminente retorno do Senhor Jesus Cristo evoca essa explosão de louvor.
19.2 juízos. Os santos anseiam pelo dia do juízo (cf. 6.10; 16.7; Is 9.7; Jr 23.5). A s pessoas piedosas amam a justiça e odeiam o pecado, pois a justiça honra a Deus e o pecado zomba dele. Os crentes anseiam por um mundo de justiça, e este virá (v. 15; 2.27; 12.5).
19.3 fumaça sobe. Em decorrência do fogo (cf. 17 .16,18; 18.8-9,18; 14.8-11).
19.4 vinte e quatro anciãos. M ais bem entendido com o representantes da igreja (veja nota em 4.4). quatro seres viventes. Uma ordem especial de seres angélicos (veja nota em 4.6). Estes compõem o mesmo grupo que em 7.11 e são muitas vezes associados com adoração (4.8,11; 5.9-12,14; 11.16-18).
19.5 os pequenos e os grandes. Todas as distinções e hierarquias serão transcendidas.
19.6 Todo-Poderoso. Usado nove vezes em Apocalipse com o título para Deus (cf. v. 15; 1.8; 4.8; 11.17; 15.3; 16.7,14; 21.22). O grande louvor da multidão soa com o um a maciça quebra de ondas.
19.7 bodas do Cordeiro. Um casamento hebraico consistia de três fases: 1) o noivado (muitas vezes quando o casal ainda era criança); 2) a apresentação (as festas, muitas vezes durante vários dias, que precediam a cerimônia); e 3) a cerimônia (a troca de votos). A igreja tornou-se a noiva de Cristo pela escolha soberana deste na eternidade passada (Ef 1.4; Hb 13.20) e lhe será apresentada no arrebatamento (Jo 14.1-3; 1Ts 4.13-18). A ceia final significará o fim da cerimônia. Essa refeição simbólica acontecerá no estabelecimento do reino milenar e se estenderá por todo o período dos mil anos (cf. 21.2). Conquanto o termo “noiva” muitas vezes se refira à igreja, o que acontece aqui (2C o 11.2; Ef 5.22-24), o mesmo se expande para incluir todos os redimidos de todos os tempos, o que fica claro no restante do livro.
19.8 atos de justiça dos santos. Não a justiça imputada de Cristo concedida aos crentes na salvação, m as os resultados práticos dessa justiça na vida dos crentes, ou seja, a manifestação exterior da virtude interior.
19.9 Bem-aventurados. Veja nota em 1.3. aqueles que são chamados. Não se trata da noiva (a igreja), mas dos convidados. A noiva não é convidada, ela convida. Estes são os salvos antes do Pentecostes, todos os crentes fiéis salvos pela graça mediante a fé até o nascimento da igreja (At 2.1 ss.). Embora eles não sejam a noiva, são glorificados e reinam com Cristo no reino milenar. É na realidade um a imagem diferente, e não uma realidade diferente. Os convidados também incluirão os santos da tribulação e os crentes vivos em corpos terrenos no reino. A igreja é a noiva, pura e fiel — jamais uma meretriz, com o Israel foi (veja Os 2). Assim, a igreja é a noiva durante a festa da apresentação no céu, e então ela vem à terra para a celebração da ceia final (o milênio). Depois desse acontecimento, a nova ordem será inaugurada e o casamento se consumará (veja notas em 21.7-2). verdadeiras palavras de Deus. Isso se refere a tudo desde 17.1. Tudo é verdade — as bodas acontecem depois do castigo.
19.10 Prostrei-me ante os seus pés. Esmagado pelo esplendor da visão, João se prostra em adoração diante do anjo (cf. 1.17; 22.8). não faças isso. Cf. 22.8-9. A Bíblia proíbe adorar anjos (Cl 2.18-19). o testemunho de Jesus é o espírito da profecia. O tem a central da profecia do AT e da pregação do N T é o evangelho do Senhor Jesus Cristo.
19.11 céu aberto. Aquele que subiu ao céu (At 1.9-11) e foi assentado à direita do Pai (Hb 8.1; 10.12; 1 Pe 3.22) retornará para retomar a terra do usurpador e estabelecer o seu reino (5.1-10). A natureza desse acontecimento mostra com o ele difere do arrebatamento. No arrebatamento, Cristo se encontra com os seus nos ares — no presente acontecimento, ele vem com eles à terra. No arrebatamento, não há juízo; no presente acontecimento som ente há juízo. Esse acontecimento é precedido por escuridão - o sol escureceu, a lua apagou, as estrelas caíram, fumaça — então glória resplendente tão forte a ponto de cegar quando Jesus vem. Esses detalhes não são incluídos nas passagens que tratam do arrebatamento (Jo 14.1-3; 1Ts 4.13-18). cavalo branco. Nas procissões de triunfo romanas, o general vitorioso montado no seu cavalo branco de guerra desfilava pela Via Sacra até o templo de Júpiter no monte do Capitólio. A primeira vinda de Cristo aconteceu em humildade, montando sobre um jumento (Z c 9.9). A visão de João retrata Cristo com o o vencedor no seu cavalo branco de guerra, vindo para destruir os perversos, subjugar o anticristo, derrotar Satanás e tom ar o controle da terra (cf. 2 C r 2.14). Fiel e Verdadeiro. Fiel à sua palavra, Jesus retornará à terra (Mt 24.27-31); veja nota em 3.14. julga... com justiça. Veja 20.11-15; cf. Mt 25.3 1ss.; Jo 5.25-30; At 17.31. peleja. Essa espantosa afirmação, que aparece som ente aqui e em 2.16, retrata vividamente a santa ira de Deus contra os pecadores (cf. Sl 7.11). A paciência de Deus para com a humanidade pecadora e rebelde terá se esgotado.
19.12 Os seus olhos são chama de fogo. Nada escapa à penetrante visão de Cristo, por isso seus juízos sempre são justos e verdadeiros (veja nota em 1.14). um nome... que ninguém conhece. João podia ver o nome, mas não conseguia compreendê-lo (cf. 2 C o 12.4). Estes são mistérios incompreensíveis em Deus, que até mesmo os santos glorificados serão incapazes de compreender.
19.13 um manto tinto de sangue. Isso não é resultado da batalha de Armagedom, que não terá começado antes do v. 15.0 manto tinto de sangue de Cristo simboliza as grandes lutas que ele já enfrentou contra o pecado, Satanás e a morte, e seu manto foi manchado com o sangue dos seus inimigos. Verbo. Som ente João usa esse título para o Senhor (veja Introdução: Autor e data). Como o Verbo de Deus, Jesus é a imagem de Deus invisível (Cl 1.15); a imagem expressa de sua pessoa (Hb 1.3); e a revelação final e plena de Deus (Hb 1.1-2).
19.14 exércitos que há no céu. Com postos pela igreja (v. 8), os santos da tribulação (7.13), os crentes do AT (Jd 14; cf. Dn 12.1-2) e mesmo anjos (Mt 25.31). Eles retornam não para ajudar Jesus na batalha (eles estão desarmados), mas para reinar com ele depois de ele ter derrotado os seus inimigos (20.4; 1 C o 6.2; 2Tm 2.12). Cf. Sl 149.5-9.
19.15 espada afiada. Simboliza o poder de Cristo de matar seus inimigos (1.16; cf. Is 11.4; H b 4.12-13). O fato de a espada sair de sua boca indica que ele vence a batalha com o poder de sua palavra. Embora os santos retornem com Cristo para reinar e governar, eles não são executores. Essa é a tarefa de Cristo e dos anjos (Mt 13.37-50). cetro de ferro. Juízo ágil e justo marcará o governo de Cristo no reino. Crentes partilharão de sua autoridade (2.26; 1 C o 6.2; veja notas em 2.27; 12.5; Sl 2.9). lagar. Símbolo vivido de juízo (veja nota em 14.19). Cf. Is 63.3; Jl 3.13. 19.16 na sua coxa. Jesus usará uma faixa sobre o seu manto que se estenderá até a coxa, com a inscrição de um título que enfatiza a sua absoluta soberania sobre todos os governantes hum anos (veja nota em 17.14).
19.17-21 Esses versículos retratam o temível holocausto, sem igual na história humana — a batalha de Armagedom, o clímax do Dia do Senhor (veja nota em ITs 5.2). Não é tanto uma batalha com o um a execução, quando os rebeldes remanescentes são mortos pelo Senhor Jesus (v. 21); veja notas em 14.19-20; cf. Sl 2.1-9; Is 66.15-16; Ez 39.1ss.; Jl 3.12ss.; M t 2 4 - 2 5 ; 2Ts 1.7-9). Esse Dia do Senhor foi visto por Isaías (66.15-16), Joel (3.12-21), Ezequiel (39.1-4,17-20), Paulo (2Ts 1.6ss.; 2.8) e nosso Senhor (Mt 25.31-46).
19.17-18 grande ceia de Deus. Cf. Ez 39.17. Também chamada de “a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (16.14), começará com um anjo convidando aves para se alimentarem dos cadáveres dos que serão mortos (cf. Mt 24.27-28). Deus declarará a sua vitória antes de a batalha começar. Com frequência, o AT retrata a indignidade de aves repugnantes por se alimentarem de cadáveres hum anos (Dt 28.26; Sl 79.2; Is 18.6; Jr 7.33; 16.4; 19.7; 34.20; Ez 29.5).
19.19 reis da terra. Veja 17.12-17. seus exércitos. Veja 16.13-14. seu exército. Zacarias descreve esse exército do Senhor com o “todos os santos” (14.5).
19.20 a besta foi aprisionada... o falso profeta. Num instante, os exércitos do mundo ficam sem líderes. A besta é o anticristo (veja notas em 13.1-8); o falso profeta é sua coorte religiosa (veja notas em 13.11-17). lançados vivos. O s corpos da besta e do falso profeta serão transformados e serão banidos diretamente para o lago de fogo (Dn 7.11) — os primeiros de incontáveis milhões de pessoas não regeneradas (20.15) e anjos caídos (cf. Mt 25.41) a chegarem a esse terrível lugar. O fato desses dois ainda aparecerem lá mil anos m ais tarde (20.10) refuta a falsa doutrina da aniquilação (cf. 14.11; Is 66.2 4; Mt 25.41; M c 9.48; Lc 3.17; 2Ts 1.9). lago de fogo. O inferno final, lugar de punição eterna de todos os rebeldes impenitentes, angélicos ou hum anos (cf. 20.10,15). O NT fala muito sobre a punição eterna (cf. 14.10-11; Mt 13.40-42; 25.41; Mc 9.43-48; Lc 3.17; 12.47-48). fogo... enxofre. Veja nota em 9.17. Tanto um como o outro são com frequência associados com castigo divino (14.10; 20.10; 21.8; Gn 19.24; Sl 11.6; Is 30.33; Ez 38.22; Lc 17.29).
19.21 espada. Veja v. 15; cf. Zc 14.1-13. aves se fartaram com suas carne. Todos os pecadores remanescentes no mundo terão sido executados, e as aves se alimentarão dos seus cadáveres.
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