Definição de “Inspiração” e “Inerrância” na Teologia

Definição de Inspiração e Inerrância na Teologia

DEFINIÇÃO TEOLÓGICA DE INSPIRAÇÃO E INERRÂNCIA

Muitas definições de inspiração e inerrância foram oferecidas. B. B. Warfield disse: “Inspiração é a influência sobrenatural exercida sobre os escritores sagrados pelo Espírito Santo de Deus, em virtude da qual seus escritos recebem confiabilidade divina.” Em uma definição mais completa, Louis Gaussen (1790-1863) afirmou:

A inspiração é o poder inexplicável que o Espírito Divino exerceu sobre os autores das Escrituras Sagradas, a fim de lhes dar orientação mesmo no emprego das palavras que usavam, e preservá-las de todo erro e de toda omissão. (T)

Os elementos essenciais de uma definição 
Parece haver pelo menos seis elementos cruciais em uma definição completa da inspiração e inerrância da Bíblia:

(1) sua origem divina (de Deus);
(2) sua agência humana (através dos homens);
(3) seu locus escrito (em palavras);
(4) sua forma original (nos autógrafos ou texto original);
(5) sua autoridade final, normativa (para os crentes);
(6) sua natureza inerrante (sem erros).

Uma definição sugerida
Combinando todos esses elementos em uma definição, a inspiração das Escrituras é a operação sobrenatural do Espírito Santo que, através das diferentes personalidades e estilos literários dos autores humanos escolhidos, investiu as próprias palavras dos livros originais das Sagradas Escrituras, sozinho e em sua totalidade, como a própria Palavra de Deus, sem erro em tudo o que ensinam (incluindo história e ciência) e, portanto, é a regra infalível e a autoridade final para a fé e a prática de todos os crentes.

A extensão da inerrância bíblica
Até que ponto a inerrância da Bíblia se estende? É inerrante em todos os aspectos e em todos os assuntos, ou apenas em termos de teologia e ética? Alguns sugeriram que a Escritura sempre pode ser confiável em questões morais, mas nem sempre é correta em questões históricas; eles confiam nele no domínio espiritual, mas não na esfera da ciência. Se for verdade, no entanto, isso tornaria a Bíblia ineficaz como uma autoridade divina, uma vez que o espiritual é frequentemente inextricavelmente entrelaçado com o histórico e o científico.

Um exame atento das Escrituras revela que as verdades científicas (factuais) e espirituais das Escrituras são frequentemente inseparáveis; por exemplo, não se pode separar a verdade espiritual da ressurreição de Cristo do fato de que Seu corpo desocupou permanentemente a tumba e depois apareceu fisicamente (Mt 28:6; 1 Cor. 15:13-19). Da mesma forma, se Jesus não nasceu de uma virgem biológica, então Ele não é diferente do resto da raça humana em quem repousa o estigma do pecado de Adão (Romanos 5:12). Além disso, a morte de Cristo por nossos pecados não pode ser destacada do derramamento de sangue literal na cruz, pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Heb. 9:22). E a existência e queda de Adão não podem ser um mito, pois se não houvesse Adão literal e nenhuma queda real, então os ensinamentos espirituais sobre o pecado herdado e a morte eventual ou física estão errados (Rm 5:12). A realidade histórica e a doutrina teológica permanecem ou caem juntas.

Além disso, a doutrina da Encarnação é inseparável da verdade histórica sobre Jesus de Nazaré (João 1:1, 14). Além disso, os ensinamentos morais de Jesus sobre o casamento baseavam-se nos ensinamentos de Deus sobre a união de um Adão e Eva literais (Mt 19:4-5). Em cada um desses casos, o ensino moral ou teológico é desprovido de significado à parte do evento histórico ou factual. Se alguém negar que o evento literal de espaço-tempo ocorreu, não há base para acreditar na doutrina das escrituras construída sobre ele.

Jesus frequentemente comparava diretamente os eventos do Antigo Testamento com importantes verdades espirituais, como Sua morte e ressurreição, que estavam relacionadas a Jonas e o grande peixe (Mateus 12:40), ou Sua segunda vinda, em comparação com os dias de Noé (Mateus 24:37–39). Tanto a ocasião quanto o modo de comparação deixam claro que Jesus estava afirmando a historicidade desses eventos do Antigo Testamento. De fato, Jesus questionou Nicodemos: “Conversei com você sobre coisas terrenas e você não acredita; como então você vai acreditar se eu falar de coisas celestiais?” (João 3:12). Em resumo, se a Bíblia não fala com sinceridade sobre o mundo físico, não pode ser confiável quando fala sobre o mundo espiritual.

A inspiração inclui não apenas tudo o que a Bíblia ensina explicitamente, mas também tudo o que a Bíblia toca. Tudo o que a Bíblia declara verdadeiro, seja um ponto importante ou um ponto menor. A Bíblia é a Palavra de Deus, e Deus não se desvia da verdade em nenhum lugar nela. Todas as partes são tão verdadeiras quanto o todo que elas compõem.

Início do Estudo:

A Bíblia é a Palavra de Deus
Deus não Pode Errar

Fonte: Systematic Theology, in one Volume, de Dr. Norman Geisler. p. 371-372