Significado de 1 Pedro 4

Significado de 1 Pedro 4



1 Pedro 4

4.1 — Na carne. O sofrimento de Cristo foi real porque Ele tinha uma natureza humana. Armai-vos também vós. Os cristãos precisam ter o mesmo pensamento de Cristo (Fp 2.5) para combater o bom combate e sair vitoriosos.

Aquele que padeceu neste contexto refere-se aos cristãos que sofreram. Já cessou o pecado. Aqueles que servem a Deus fielmente em meio ao sofrimento tomam diferentes atitudes com relação ao pecado. Este não mais tem poder sobre eles. Cessou não significa que aqueles que sofrem não têm mais pecado ou jamais pecarão novamente.


4.2 — Para que. Aqueles que sofrem por Cristo devem estar com sua vida voltada para fazer a vontade de Deus, não para seguir seus desejos pecaminosos. 

4.3 — Dissoluções falam de um comportamento vergonhoso e insolente na vida de uma pessoa. Orgias (NVI) refere-se a festas intermináveis onde abundam bebedeiras e imoralidade. Abomináveis idolatrias. A ideia aqui é que algumas formas de idolatria são tão terríveis que até as autoridades civis as abominam. Deus, naturalmente, odeia todo tipo de idolatria (Ex 20.3-5; Dt 7.25; 32.16,17).

4.4 — Acham estranho. Os ímpios não conseguem entender a vida transformada dos cristãos. Desenfreamento de dissolução. Ao contrário dos cristãos, que vivem para agradar a Deus, os ímpios vivem sem pensar na consequência eterna que terão seus atos. Eles enchem sua vida de más obras, que não têm valor eterno algum. Blasfemando de vós. Os ímpios geralmente zombam daqueles que se recusam a seguir seu estilo de vida frívolo e maligno.


4.5 — Hão de dar conta. Os ímpios pensam que podem fazer o que bem entendem, mas estão muito enganados. Tudo que fazem acarretará duras consequências. Um dia, eles estarão diante de Deus, não terão desculpas e darão conta de toda sua maldade (Ap 20.11-15).

4.6 — São quatro as principais interpretações sobre o que Pedro quer dizer com mortos nesse versículo. (1) Que há uma relação entre o evangelho pregado neste versículo e a declaração que Jesus faz em 1 Pe 3.19,20. Portanto, tem-se que este versículo se refere a Cristo oferecendo a salvação àqueles que viveram antes da era cristã (1 Pe 3.19,20). No entanto, nada nas Escrituras indica que alguém recebe uma “segunda chance” para ser salvo depois da morte. (2) Que essa pregação está ligada a 1 Pe 3.19,20, mas que este versículo trata de Jesus pregando somente para os justos do Antigo Testamento. As duas outras interpretações consideram que este versículo não está ligado a 1 Pe 3.19,20. (3) Que Pedro está falando do evangelho que foi pregado aos cristãos que morreram até então, mas que agora estão vivendo com Deus. Mas talvez a melhor interpretação seja a de (4) que Pedro está referindo-se àqueles que estavam mortos espiritualmente. O evangelho foi pregado a eles a fim de que eles pudessem renascer espiritualmente.

4.7-11 — Nós só estaremos preparados para o fim se mantivermos uma relação íntima com Deus, sendo sóbrios e vigiando em oração; e também se tivermos o que a versão ARA chama de um amor intenso uns para com outros (v. 8, que é explicado nos v. 9,10).

4.7 — Jesus pode vir trazendo consigo Seu juízo a qualquer momento. Por essa razão, todos precisam estar preparados para dar conta do que fizeram em sua vida. Sóbrios. Os cristãos devem controlar seus desejos pecaminosos porque não tarda a volta do Senhor.

Vigiai. Pedro exorta seus leitores para que sejam prudentes e estejam empenhados em buscar a Deus em oração.

4.8 — Tende amor intenso uns para com os outros (ARA). Os cristãos devem fazer o máximo que puderem para manter seu compromisso de fazer o bem uns aos outros, e não devem deixar que coisa alguma os impeça de fazer isso.

O amor cobre multidão de pecados (ARA). O que Pedro está dizendo aqui não é que o amor de um cristão pode expiar os pecados de outros cristãos. Ao contrário, ao citar um provérbio do Antigo Testamento (Pv 10.12), ele nos faz lembrar que o amor nos leva a não pecar. Todos nós podemos demonstrar amor aos nossos irmãos em Cristo, perdoando-os de coração e não falando abertamente dos seus pecados do passado.


4.9 — Sendo hospitaleiros. Nos dias do Novo Testamento, a hospitalidade significava apenas prover teto e alimento aos viajantes por dois ou três dias, sem esperar pagamento algum em troca. Sem murmurações. Ser hospitaleiro de fato era algo que requeria sacrifício. Por esse motivo, muitos que demonstravam esse ato de gentileza aos estrangeiros às vezes reclamavam pelas suas costas do trabalho que eles estavam dando. Em sua carta, Pedro exorta os cristãos a servir uns aos outros de bom grado.

4.10,11 — Essa é uma das passagens mais sucintas, porém abrangentes, que falam sobre os dons espirituais dos cristãos. Outras passagens principais que falam sobre isso também são Romanos 12.3-8; 1 Coríntios 12— 14 e Efésios 4.1-16.

4.10 — Cada um administre aos outros. Isto é algo tremendo, ainda mais em uma sociedade que se torna cada vez mais seletiva e individualista. O plano de Deus para nós é que cresçamos por meio dos relacionamentos, não de isolamento. Cada um conforme o dom que recebeu (ARA). A cada cristão é dado um ou mais dons, para que um possa edificar o outro. Despenseiros são mordomos ou administradores que darão conta por terem usado ou não seu dom para a glória daquele que o concedeu a eles.

4.11 — De acordo com os oráculos de Deus (ARA). Aqueles que ensinam aos outros a verdade de Deus devem fazê-lo com reverência, para que seus ouvintes respeitem a Palavra de Deus. Segundo o poder que Deus dá. Os cristãos devem usar o poder que Deus lhes deu para fazer Sua vontade nesta terra, e não confiar em suas pró­prias forças.

4.12-19 — Pedro instrui os cristãos acerca do sofrimento. Algumas aflições por que passamos por amor a Cristo são consequências naturais. Devemos esperá-las. Outras, contudo, virão especificamente de Jesus e terão consequências graves e eternas. Essas aflições virão sobre os ímpios e os cristãos, mas com resultados bastante diferentes.

4.12 — Não estranheis. Ao que parece, os leitores de Pedro ficaram surpresos ao saber que teriam de sofrer por serem cristãos, principalmente pelo modo como já estavam sofrendo. A palavra grega traduzida como ardente prova é a mesma que foi usada para descrever o fogo intenso que purifica o ouro de suas impurezas (1 Pe 1.6,7). Para vos tentar. O objetivo do sofrimento na vida do cristão é provar seu verdadeiro caráter, limpá-lo das manchas do pecado e fazer com que a pureza da natureza de Cristo nele se revele.

Como se coisa estranha vos acontecesse. Os cristãos devem esperar o sofrimento e preparar-se para ele.

4.13 — Alegrai-vos. O fato de que esses cristãos se alegravam em meio às aflições é algo evidente. Pedro, ao usar o verbo grego alegrar-se no modo imperativo, exorta-os a continuar alegrando-se. Na revelação da sua glória. O sofrimento fará parte da vida do cristão até a volta de Jesus (Rm 8.18-22).

4.14 — Vituperados. Os cristãos podem ser acusados injustamente por estarem associados a Cristo. No entanto, Pedro os chama de bem-aventurados, porque grande será o seu galardão no mundo vindouro (Mt 5.10-12). Sobre vós repousa. Quando os cristãos sofrem injustiças por amor a Jesus, eles acabam descobrindo que a íntima comunhão que têm com Deus durante esse período será um refrigério para seu espírito.

4.15,16 — Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios. Pedro volta a falar da verdade antes mencionada em 1 Pe 2.20 e 3.17, para mostrar que a virtude não está no sofrimento propriamente dito, mas o que conta realmente é o sofrimento por que passamos pelo nome do Senhor como cristãos. Nenhum de seus leitores devia supor que a simples punição pelo pecado aplicada pelas autoridades civis traria alguma honra a Deus. O termo cristão no Novo Testamento era pejorativo (At 11.26; 26.28). O simples fato de ser cristão já era motivo de puni­ção com a morte ou com penas mais brandas. A história nos mostra que muitos foram mortos por terem admitido ser cristãos nos tempos em que eles eram perseguidos pelo governo.

Não se envergonhe, ou seja, não tenha vergonha alguma de ser um “cristão”. Ao contrário, tenha orgulho disso, e use este nome que é escarnecido como um meio ou instrumento para glorificar a Deus.

4.17 — Já é tempo que comece o julgamento. Julgamento na Bíblia nem sempre significa condenação. Quando se refere aos cristãos, ele significa a avaliação das obras dos cristãos, para que eles recebam seu galardão (1 Co 3.10-15). Casa de Deus aqui não diz respeito ao templo, mas aos cristãos.

Daqueles que são desobedientes. Ao longo de toda a sua carta, Pedro diz que aqueles que ainda não fazem parte da família eterna de Deus estão sendo desobedientes (1 Pe 2.7,8; 3.1,20).

4.18 — Apenas se salva. Ninguém merece ser salvo ou pode ser salvo por meio de suas próprias obras (Ef 2.8,9). E já que todos merecem ser condenados, a única forma de sermos salvos é pela graça de Deus.

Aparecerá. Se Deus não poupou Seu próprio povo do julgamento, imagine qual será o fim dos Seus inimigos que não forem justificados por Ele? (SI 1.4-6; Ap 20.11-15).

4.19 — Os cristãos devem confiar sua vida a Deus, principalmente em meio ao sofrimento, sempre reconhecendo que Ele é o fiel Criador que está no controle de todas as coisas. Deus jamais nos prova além do que podemos suportar (1 Co 10.13); tudo que Ele faz contribui para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28).