Significado de 1 Pedro 3

1 Pedro 3

1 Pedro 3 trata das relações maritais, encoraja a harmonia entre os crentes, e oferece conselhos sobre como lidar com o sofrimento injusto, sempre destacando o exemplo de Cristo como modelo a ser seguido. Aqui está um resumo do capítulo:

Instruções para Maridos e Esposas (1 Pedro 3:1-7)
  • Esposas: Pedro exorta as esposas a serem submissas aos seus maridos para que, mesmo que alguns não obedeçam à palavra, possam ser ganhos sem palavras pelo comportamento de suas esposas, observando sua pureza e reverência. Ele encoraja as mulheres a focarem na beleza interior, com um espírito gentil e tranquilo, que é de grande valor para Deus.
  • Maridos: Os maridos são instruídos a viverem com suas esposas de maneira compreensiva, tratando-as com honra como coerdeiras da graça da vida, para que nada atrapalhe suas orações.

Chamado à Harmonia e ao Amor (1 Pedro  3:8-12)
  • Pedro exorta todos os crentes a terem um mesmo modo de pensar, serem compassivos, amarem-se como irmãos, serem misericordiosos e humildes. Eles não devem retribuir mal por mal ou insulto por insulto, mas, ao contrário, abençoar, pois foram chamados para receber bênção. Ele cita o Salmo 34, incentivando a busca pela paz e a prática do bem.

Sofrimento por Causa da Justiça (1 Pedro 3:13-17)
  • Pedro encoraja os crentes a não temerem ameaças ou se perturbarem, mas a santificarem Cristo como Senhor em seus corações, sempre preparados para dar a razão da esperança que têm, com mansidão e respeito, mantendo uma consciência limpa. Se sofrerem por fazer o bem, serão abençoados. Pedro afirma que é melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal.

O Exemplo de Cristo (1 Pedro 3:18-22)
  • Pedro explica que Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para levar os crentes a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito, e pregou aos espíritos em prisão. Pedro menciona Noé e a arca, comparando a salvação na arca com o batismo que agora salva, não pela remoção de sujeira do corpo, mas como um apelo a Deus por uma boa consciência. Ele conclui dizendo que Cristo, após ressuscitar, subiu ao céu e está à direita de Deus, com anjos, autoridades e poderes sujeitos a ele.

Comentário de 1 Pedro 3

1 Pedro 3.1 — As esposas devem sujeitar-se aos seus maridos do mesmo modo que os cidadãos se sujeitam aos líderes do governo (1 Pe 2.13-17) e os empregados aos seus patrões (1 Pe 2.18-25). Sede sujeitas. As esposas devem aceitar de bom grado a orientação e a liderança dos seus maridos, vivendo de modo a incentivá-los a andar em obediência à verdade de Deus.

Não obedece à Palavra. Pedro se refere aos maridos não-cristãos aqui (v. 20; 2.7,8; 4.17). Seja ganho. O objetivo principal de uma esposa cristã é a conversão do seu marido ímpio (1 Co 9.19-22).

Sem palavra. Uma esposa santa não ganha seu marido com palavras, mas dando um testemunho cristão em sua vida diária.

1 Pedro 3.2 — Vida casta. A vida de uma esposa cristã deve ser moralmente reta e justa. Temor aqui se refere ao respeito a Deus.

1 Pedro 3.3 — O enfeite delas não seja o exterior. Os cristãos devem passar mais tempo desenvolvendo sua vida espiritual que sua aparência (1 Sm 16.7). Mas Pedro não está acusando aqui as mulheres de adornarem-se com joias. Ele está enfatizando apenas como é importante o caráter da mulher. Nós podemos passar a vida inteira nos preocupando com coisas que são passageiras — como as roupas que vestimos ou o carro que dirigimos — , e não com aquilo que durará para sempre. Não é errado querer ter bens materiais, porém nosso maior esforço deve ser para termos nosso caráter transformado (compare com 1 Timóteo 2.9,10).

1 Pedro 3.4 — O homem encoberto no coração. As esposas cristãs devem procurar tratar dos aspectos de sua vida que não aparecem, mas que podem comprometê-las para o resto de sua vida. O incorruptível [trajo] representa as qualidades internas que não se estragam ou gastam com o tempo, como joias e vestes (v. 3), por exemplo.

Um espírito manso e quieto. Pedro exorta as esposas cristãs para que não tomem atitudes irritantes ou inflexíveis, mas que procurem ser meigas e sábias.

1 Pedro 3.5 — Porque assim. Esse estilo de vida foi testado e aprovado por mulheres espirituais de gerações passadas e tido como eficiente; ele honra a Deus.

1 Pedro 3.6 — Chamando-lhe senhor. Sara não adorava Abraão; ela simplesmente o respeitava. Não temendo. Não deve ser o medo do marido o que leva uma esposa cristã a colocar em prática os princípios de um relacionamento conjugal santo.

1 Pedro 3.7 — Os maridos cristãos devem cuidar de suas esposas com o mesmo espírito altruísta que os cristãos cidadãos (1 Pe 2.13' 17), os cristãos subalternos (1 Pe 2.18-25) e as esposas cristãs (v. 1-6). Com entendimento. O marido cristão deve ser sensível às necessidades de sua esposa, a suas forças e fraquezas, e seus objetivos e desejos. Ele tem de conhecê-la o máximo que puder, para fazer com que ela se sinta plenamente realizada.

Dando honra. O marido cristão tem de honrar sua esposa porque ela merece ser honrada (v. 1-6). Vaso mais fraco. Esta fraqueza diz respeito à física, pois o termo vaso aqui se refere ao corpo humano. Sendo vós seus co-herdeiros. O relacionamento descrito aqui é entre o marido e a esposa cristãos, já que todos os cristãos, e somente eles, são os herdeiros da graça da vida (Rm 8.17).

Para que não sejam impedidas as vossas orações. O relacionamento espiritual do marido cristão com Deus é diretamente influenciado pelo modo como ele trata sua esposa.

1 Pedro 3.8 — Sede todos de um mesmo sentimento. A ideia aqui é de duas pessoas que compartilham o mesmo modo de pensar (Fp 2.1-4). Compassivos, amando os irmãos. Usada somente neste versículo no Novo Testamento, essa palavra grega (sumpatheis), que em português rende essas quatro palavras, significa literalmente ter o mesmo sentimento ou sofrer junto com outra pessoa (Rm 12.15).

Misericordiosos. Os cristãos devem demonstrar seu afeto a todas as pessoas. Afáveis. O termo grego tapeinophrones significa literalmente ter uma mente que nunca se distancia muito da terra, ou seja, ter uma atitude de humildade.

1 Pedro 3.9-17 — Somente quando pagamos o mal com o bem recebemos a bênção que Deus tem para nós (v. 9). Os versículos 10-12, tirados de Salmos 34.12-16, confirmam essa verdade. Os versículos 13-17 afirmam que é melhor fazer o que é certo, mesmo que venhamos a sofrer por causa disso.

1 Pedro 3.9 — Tomando mal por mal. Pedro encoraja os cristãos a agir como o Senhor Jesus. Ele suportou o sofrimento e a humilhação em silêncio, confiando Sua causa ao supremo Juiz (1 Pe 2.23). Pelo contrário, bendizendo. Pedro deixa bem claro aqui o contraste entre a tendência natural que temos como seres humanos de revidarmos quando somos ofendidos e a maneira como devemos agir como cristãos: fazendo o bem àqueles que nos ofendem (Ef 4-25-29).

Para que... alcanceis a bênção. Jesus nos recompensará por todo sofrimento por que passarmos por causa do Seu nome (Mt 5.10-12; 19.27-30).

1 Pedro 3.10 — Refreie. Os cristãos devem parar e desistir de falar o que pode enganar ou prejudicar alguém. Não falem engano. Engano significa iludir alguém com algum truque, falcatrua ou trapaça.

1 Pedro 3.11 — Aparta-se do mal. Os cristãos devem evitar o que for pecaminoso. Busque a paz e siga-a. Os cristãos não devem meramente desejar a paz; eles devem buscá-la com todo afinco, mas sempre honrando a Deus em tudo que fizerem.

1 Pedro 3.12 — Pedro usa a figura dos olhos e dos ouvidos para lembrar seus leitores cristãos de que Deus sabe tudo sobre eles, principalmente o quanto eles sofrem, e também que Ele ouve seu pedido de socorro e responde-lhe (Hb 4-12-16). O rosto do Senhor é contra. Vemos aqui o contraste entre o grande desejo de Deus de cuidar de Seus filhos que o servem e protegê-los e o modo como Ele se opõe frontalmente àqueles que não andam pelo Seu caminho de retidão.

1 Pedro 3.13 — Que vós fará mal. De maneira geral, aqueles que fazem o que é certo são menos passí­veis de prejudicarem-se que os que fazem o que é errado. Se fordes zelosos do bem. Esta frase nos dá a ideia de alguém que está sempre disposto a fazer o bem.

1 Pedro 3.14 — Já que nem tudo nesse mundo é como deveria ser, até mesmo aqueles que fazem a vontade de Deus passam por dificuldades. Por amor da justiça. O que os cristãos precisam entender é que eles sofrem porque estão servindo a Deus fielmente, não porque fizeram algo errado (IPe 4.14,15).

Sois bem-aventurados. Deus honra de uma forma especial aqueles que sofrem por estarem fazendo o que é certo (Mt 5.10-12).

1 Pedro 3.15 — Santifica a Cristo. Os cristãos devem reconhecer a eterna santidade de Cristo adorando-o como o Senhor do universo, que está no controle de todas as coisas.

Preparados para responder. Pedro pressupõe aqui que a fé cristã sofrerá falsas acusações. Por isso, ele encoraja os cristãos a respondê-las de modo sensato. Mansidão é a mesma palavra grega traduzida como manso no v. 4. Mas mansidão não é fraqueza. A Bíblia nos mostra que tanto Jesus quanto Moisés eram homens mansos. Entretanto, eles não eram fracos. Ter temor significa ter um alto grau de reverência e respeito.

1 Pedro 3.16 — Naquilo que falam mal de vós. Aqui Pedro usa um termo diferente do que ele usa em 1 Pe 2.23 e 3.9. Neste versículo, “falar mal” (gr. epreazo) significa vir com falsa acusação ou maltratar.

1 Pedro 3.17 — Porque melhor. Pedro não sustenta aqui que os cristãos devem buscar situações em que possam experimentar sofrimento. Pelo contrário, o que ele está dizendo é que precisamos entender que nosso sofrimento é porque somos fiéis a Deus, não porque fazemos o mal (1 Pe 2.19,20).

1 Pedro 3.18 — Uma vez pelos pecados. A morte de Cristo na cruz foi algo que aconteceu de uma vez por todas. Ele morreu uma só vez pelos nossos pecados e não tem de ser crucificado novamente toda vez que pecamos. Para levar-nos a Deus. Cristo morreu para que fôssemos reconciliados com Deus.

1 Pedro 3.19, 20 — Há muitas interpretações para o significado desta passagem, principalmente por causa da ambiguidade que há em espíritos em prisão. A palavra grega traduzida como espíritos pode estar referindo-se a espíritos, anjos ou demônios. As três interpretações principais são essas: (1) que esta passagem versa sobre Jesus indo ao lugar onde os anjos caídos estão aprisionados para declarar Sua vitória final sobre o mal por meio da Sua obra na cruz. Os comentaristas que sustentam esta tese sugerem que Pedro se refere aos dias de Noé porque a característica desses dias era a grande imoralidade daquela geração, como a exemplificada pelos filhos de Deus que [que, segundo alguns, eram anjos] tomaram para si mulheres de todas as que escolheram (Gn 6.1-4; ver também 2 Pe 4-4; Jd 1.6).

Dependendo do comentarista, isso é situado entre a época da crucificação e da ressurreição de Jesus, ou em algum momento após Sua ascensão aos céus. (2) Outros creem que espíritos diz respeito ao espírito humano. Deste modo, Jesus pregou a seres humanos que haviam morrido na época de Noé e estavam no mundo dos mortos (no inferno ou hades). Embora alguns tenham insistido que a pregação de Jesus também era um convite para que essas pessoas fossem salvas, na melhor das hipóteses, isso é pouco provável, e na pior das hipóteses, isso é, no mínimo, muito improvável, pois as Escrituras não concedem uma “segunda chance” aos pecadores após a morte.

O conteúdo da mensagem de Cristo foi, provavelmente, uma proclamação de Sua vitória sobre o pecado. (3) Por fim, outra grande interpretação dessa passagem entende que Jesus pregou por meio de Noé aos ímpios daqueles dias. Mas como eles rejeitaram a mensagem de salvação de Noé, eles estavam, na verdade, em prisão — ou seja, no inferno.

1 Pedro 3.21 — Uma verdadeira figura, agora vos salva. O ato simbólico do batismo é a indagação de uma boa consciência daquele que foi salvo da condenação do pecado (Rm 4.1-6) e confia na morte e ressurreição de Cristo (Rm 6.4,5). O Dilúvio é um símbolo do batismo nas águas, que por sua vez simboliza a salvação, alcançada pela morte de Cristo (Mt 28.19,20; At 2.38).

1 Pedro 3.22 — O fato de Cristo estar à destra de Deus significa que Ele está numa posição de autoridade e poder. Havendo-lhe sujeitado. Um dia, não somente as autoridades e poderes — autoridades e poderes significam diferentes classes de seres angelicais — reconhecerão a autoridade de Cristo, assim como todas as pessoas, ímpios e cristãos (Fp 2.9-11).

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