Significado de 1 Tessalonicenses 4

1 Tessalonicenses 4

4:1, 2 O termo “finalmente” não significa que Paulo estivesse chegando a uma conclusão, mas serve como uma transição para a principal seção da carta, que trata da doutrina e de sua aplicação à vida. Nos três primeiros capítulos, Paulo lidou com os leitores como uma ama que cuida carinhosamente de seus filhos (1 Ts 2.7). Agora, nesses dois últimos capítulos, ele os encoraja e exorta com a autoridade de um pai (1 Ts 4:1, 2). Paulo normalmente usa o verbo andar como uma descrição da vida cristã (Rm 6.4; 2 Co 5.7; G1 5.16; Cl 1.10; 2.6; 4:5). A vida cristã não somente começa com fé, mas continua como uma caminhada diária de fé. Assim como as pessoas dependem de seus membros para sustentá-las em cada passo, os cristãos caminham na dependência de Deus. Assim como a caminhada tem uma direção, a vida cristã também tem. Os cristãos não devem andar como gentios que não são salvos (Ef 4:17); pelo contrário, devem andar de maneira digna do chamado que receberam de Deus (Ef 4:1). João exorta os cristãos a andarem na luz, ou seja, na vontade revelada de Deus (1 Jo 1.7).

4:3-8 Um grande problema para a Igreja primitiva era manter a pureza sexual (1 Co 5.1, 9-11). As religiões pagãs muitas vezes justificavam a prostituição como parte de seus ritos, e a cultura romana antiga tinha alguns limites sexuais. Em contrapartida, Paulo exortou contundentemente os tessalonicenses a não participarem de nenhuma atividade sexual fora do casamento. Ele os fez se lembrarem de que o corpo humano é templo de Deus e deve ser mantido santo (1 Co 6.18-20). Devemos honrar nosso corpo como algo criado por Deus e santificá-lo de acordo com sua finalidade santa. Os cristãos devem ter um desejo pessoal pela pureza sexual maior do que o desejo que o mundo tem por experiências sexuais. O envolvimento sexual fora do casamento desonra a Deus, ao cônjuge ou futuro cônjuge de uma pessoa e até ao próprio corpo dela. Há sempre um preço a ser pago, pois Deus muitas vezes permite que os cristãos colham aquilo que semeiam.

4:6-8 Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum. Muitas palavras precisam ser explicadas aqui. Primeiro, o significado literal de oprima é passar dos limites, violar leis. Nesse contexto, é óbvio que significa violar esta lei moral. Segundo, se violar essa lei moral, o indivíduo irá, por causa desse fato, enganar (gr. pleonekteõ) seu irmão. Essa palavra denota a ação de roubar ou trair alguém por causa de ganância. Em negócio algum. Uma análise profunda do texto original do Novo Testamento permite-nos ver somente um significado aqui. Não é apenas algum negócio que está em questão, mas, especificamente, esse negócio que foi mencionado: a atividade sexual imoral. O texto dá o sentido de que, quando um homem não vive com sua esposa como ele deveria, mas, em vez disso, comete adultério, ele deve saber que violou a Lei e defraudou seu irmão nisso, merecendo a vingança de Deus. Para mostrar a seriedade desse pecado, Paulo faz alusão ao Salmo 94:1, no qual Deus é chamado de Deus, a quem a vingança pertence. Observe que, de acordo com o versículo 7, este tipo de conduta é o oposto de santificação e é chamado de imundícia. Ser santificado segundo a vontade de Deus deverá significar ser puro ou limpo também nessa questão. Rejeitar a santificação é rejeitar Deus e o ministério do Espírito Santo dentro de nós.

4:9, 10 Os cristãos tessalonicenses já tinham um bom histórico de que amavam uns aos outros, mas, pela vontade de Paulo, esse amor deveria progredir cada vez mais. Esse era o mandamento de Jesus (Jo 13.34, 35; 15.12, 17) e é uma base importante para o evangelismo. Em um mundo cheio de indivíduos que só pensam em si mesmos, o amor genuíno dos cristãos deve atrair outros à fé.

4:11, 12 Resumindo suas instruções anteriores, Paulo exortou os cristãos tessalonicenses a procurarem viver quietos, não se referindo a uma falta de atividade, mas, em vez disso, a uma tranquilidade interior e paz condizentes com a fé cristã (2 Ts 3.12; 1 Tm 2.11). Eles não deveriam ocupar-se com a vida dos outros, mas deveriam tratar dos seus próprios negócios. Normalmente as pessoas que se ocupam com assuntos de outras pessoas não cuidam bem daquilo que diz respeito a elas. A casa de um cristão deve estar em ordem como testemunho para os outros. Paulo também exortou os tessalonicenses a trabalhar com as próprias mãos como ele havia feito entre eles (1 Ts 2.9). E possível que por causa de seu entusiasmo com a volta do Senhor, alguns tessalonicenses tivessem ficado ociosos. É possível também que tivessem sido influenciados pela aversão geral dos gregos pelo trabalho físico. Mas Paulo admoestou os cristãos a serem trabalhadores dedicados e produtivos para que pudessem honrar o nome de Cristo. Os cristãos devem trabalhar com dedicação e ser produtivos. Não trabalhar com afinco é um testemunho negativo para o mundo. Isso também gera uma dependência prejudicial de outros cristãos. Paulo deu um bom exemplo em seu trabalho como construtor de tendas.

4:13 Já dormem. Uma metáfora para a morte. Embora Paulo tivesse ensinado aos tessalonicenses acerca da volta de Cristo enquanto estava com eles, parece que Timóteo havia se deparado com outras perguntas sobre o assunto, possivelmente levantadas por causa da morte de alguns dos novos convertidos. Em resposta a essas perguntas, o apóstolo afirmou que queria que eles fossem informados e também fossem confortados com a esperança de ver novamente seus entes queridos. Essa era uma esperança que os vizinhos pagãos dos tessalonicenses não tinham.

4:14 Esta esperança (v. 13) para os cristãos mortos era tão certa quanto o fato da morte e o da ressurreição de Cristo. Paulo diz que aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. A partir dessa afirmação, alguns deduzem que os cristãos que já morreram ficam inconscientes até a segunda vinda. Mas a Bíblia mostra que estarmos ausentes de nosso corpo presente é estarmos presentes com o Senhor Jesus (1 Ts 5.10; 2 Co 5.8; Fp 1.23). Consequentemente, quando um cristão morre, é o corpo que dorme; a alma vai para o céu. Portanto, quando Cristo voltar, Ele precisará trazer com ele do céu para a terra a alma dos cristãos que morreram, confirmando que eles estavam antes na presença de Deus. Essa volta de Cristo também é física e corporal, embora Cristo esteja presente por toda a parte em Sua divindade (Mt 28.20) e habite no cristão (Jo 14:23). A vinda física de Cristo do céu para a terra a fim de receber os cristãos será um evento apoteótico.

4:15 Paulo acreditava que Cristo pudesse vir enquanto ele ainda estivesse vivo, e os tessalonicenses também (1 Ts 1.10). Precederemos os que dormem. E óbvio que a preocupação dos tessalonicenses era que os cristãos que haviam morrido deixassem de ver a glória associada à volta de Cristo para a Igreja. Paulo responde à pergunta deles ao afirmar que, na verdade, aqueles que estavam mortos iriam antes (v. 16) dos que vivem na terra.

4:16 Acompanhando a descida de Cristo do céu estará a voz de um arcanjo, talvez Miguel, que é descrito como o líder do exército de Deus (Dn 10.13, 21; Jd 9; Ap 12.7-9). O outro anjo mencionado nas Escrituras é Gabriel, que recebe um papel importante como mensageiro de Deus (Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19, 26). A voz do arcanjo será de triunfo por causa da grande vitória na volta de Cristo, chegando ao clímax de milhares de anos de conflito espiritual com Satanás. O último sinal será a trombeta de Deus. Os três elementos que consistem no alarido do próprio Senhor, na voz de um arcanjo e na trombeta de Deus talvez sejam eventos distintos ocorrendo em rápida sequência. A Ressurreição é uma doutrina central da fé cristã, incluindo a ressurreição de Cristo e, por fim, a ressurreição de todas as pessoas. A resposta à pergunta sobre como os mortos podem ressuscitar quando o corpo deles estiver totalmente deteriorado não é um problema para o Deus sobrenatural que criou o mundo e tudo o que nele há. Evidentemente, a ressurreição trará uma nova realidade à existência humana glorificada, como confirma 1 Coríntios 15.51-53. O corpo ressurreto dos cristãos será semelhante ao de Cristo ressurreto(l Jo 3.2), incorruptível e imortal (Lc 24:39, 40; Jo 20.20, 25, 27). Todos poderão ser reconhecidos, como foi Cristo.

4:17 Os cristãos vivos serão arrebatados com os outros cristãos nas nuvens para se encontrarem com o Senhor nos ares. É provável que nas nuvens se refira às nuvens atmosféricas, que também estarão presentes na segunda vinda (Ap 1.7), ou talvez às multidões ressurretas que são mencionadas como uma nuvem (Hb 12.1). Na Bíblia, o Senhor muitas vezes é acompanhado de nuvens, manifestando Sua glória (Sl 68.4; 97.2). O resultado importante é que estaremos sempre com o Senhor.

4:18 A maravilhosa verdade descrita nos versículos 13 a 17 deve ser um consolo para os tessalonicenses e para todos os cristãos. Eles se enganaram ao pensar que somente aqueles que estivessem vivos no momento da volta de Cristo testemunhariam a glória desse retorno triunfal e participariam dela. O fato é que os cristãos que morreram ressuscitarão primeiro e, assim, irão ao encontro de Cristo nos céus antes dos vivos. Observe que Paulo espera uma resposta prática e imediata para esse grande ensino doutrinário acerca da segunda vinda. Os tessalonicenses deveriam lembrar uns aos outros dessa verdade como uma fonte de consolo diante da morte. A frase está no presente, indicando que pensar a cada dia que o Senhor pode voltar a qualquer momento deveria ser um constante consolo para nós.

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