1 Tessalonicenses 5 — Significado e Explicação

1 Tessalonicenses 5 — Significado e Explicação




5.1 — Mas [...] acerca. Essa expressão caracteristicamente introduz um tópico diferente. Da discussão acerca do Arrebatamento, o apóstolo passa para o tema do dia do Senhor. Dos tempos e das estações. Isso nos lembra da mesma expressão usada por nosso Senhor em Atos 1.7. E provável que tempos enfatize quantidade, duração ou medida, enquanto estações chame a atenção para a qualidade, o caráter ou a natureza crítica dos tempos. Não necessitais de que se vos escreva. Nos versículos anteriores (v. 13-18), Paulo falou sobre a ignorância; agora ele fala sobre o conhecimento. Ele não os está informando tanto quanto os está exortando para que vivam à luz do que já sabem.

 

5.2-11 — Nesses versículos, Paulo desenvolve o tema do dia do Senhor. Essa expressão era familiar para aqueles que conheciam as Escrituras em hebraico. Duas fases caracterizavam o dia do Senhor no Antigo Testamento: o juízo de Deus contra os pecadores e o Reino eterno de Deus sobre Seu povo. O juízo de Deus será um momento de trevas e uma expressão da ira divina (J1 2.1,2; Am 5.18-20; S f 1.14-16). Seu reinado será um momento de bênção (Is 2.1-3; 11.1-9; 30.23-26; Zc 14.1,7-11,20,21; Mt 19.28; At 3.19-21).

 

5.2 — Em contraste com a certeza do parágrafo anterior acerca da volta de Cristo, Paulo agora trata da incerteza do momento do Dia do Senhor que há de vir. Esse período é o tema de consideráveis profecias do Antigo Testamento (Is 13.9- 11; J1 2.28-32; S f 1.14-18; 3.14,15). O livro de Joel como um todo é uma exposição do dia do Senhor, descrevendo-o como um momento terrível de juízo. No Antigo Testamento, a expressão o Dia do Senhor é usada para se referir a qualquer período em que Deus intervém para julgar a terra. Houve dias do Senhor prenunciados no Antigo Testamento que já se cumpriram (Am 5.18). Aqui Paulo usa a expressão para se referir à volta de Cristo e ao juízo iminente. O ladrão de noite. O dia do Senhor virá quando ninguém o esperar. O dia do Senhor como um período de tempo começa antes que aconteçam os eventos do dia do Senhor, como ilustra um dia comum começando à meia-noite com poucos eventos sinalizando o começo do novo dia. Mas quando a luz do dia chega e os eventos começam a acontecer, é claro que o dia do Senhor vem. Assim será o fim dos tempos. Quando ocorrer o Arrebatamento, é provável que não haja eventos imediatos de abalar a terra, mas, no devido tempo, acontecerão eventos sérios que deixarão claro que o dia do Senhor começou. Esses eventos são mencionados em 2 Tessalonicenses 2 como a aparição do homem do pecado (v. 3) e a retirada daquele que detém o pecado (v. 7). Esses dois grandes eventos deixarão claro que o dia do Senhor já começou, ainda que todos os eventos não aconteçam ao mesmo tempo.

 

5.3 — Quando disserem. Paulo não se inclui nem inclui seus leitores no sujeito oculto (eles). E evidente que ele está referindo-se aos incrédulos. O mundo estará absorto nas preocupações desta vida e será levado a ter uma falsa sensação de segurança e proteção. Paz dá a ideia de não ter a sensação de alarme, e segurança expressa uma ideia de estar protegido de ameaças externas de Deus ou de pessoas. O mundo não terá dado ouvidos às repetidas advertências acerca do iminente juízo. Paulo usa a imagem das dores de parto para enfatizar o caráter súbito do dia do Senhor. A primeira contração de uma mulher vem de forma súbita e inesperada.

 

5.4,5 — Mas vós, irmãos. Embora o dia do Senhor surpreenda os não salvos de uma forma inesperada, ele não surpreenderá os cristãos, porque eles estarão ansiosos e esperando esse dia. Em seu estilo característico, Paulo primeiro discute as crenças dos leitores (v. 1-5) e depois o comportamento deles (v. 6-11). O fato de que Cristo poderia vir a qualquer momento deveria motivar os incrédulos a aceitarem Seu perdão e os cristãos a viverem diariamente para Ele.

 

5.6,7 — Uma vez que estão a par dos eventos futuros, os cristãos não deveriam estar espiritualmente adormecidos, mas deveriam vigiar e estar sóbrios. Embora todo cristão esteja preparado para ir para o céu no sentido de ter sido salvo, nem todo cristão está preparado a qualquer momento para apresentar a qualidade de sua vida espiritual a Deus. Consequentemente, esse é um chamado para que enfrentemos o fato de que nossa vida será julgada por Cristo (Rm 14.10,11; 1 Co 3.11-15; 9.24-27; 2 Co 5.10).

 

5.8 — Em contraste ao que os incrédulos fazem, os cristãos deveriam ser sóbrios, levando uma vida disciplinada, não somente livre de embriaguez, mas atenta para as realidades espirituais. O cristão deve vestir a couraça da fé. Aqui, mais uma vez, está presente a conhecida tríade fé, esperança e caridade, os elementos básicos de uma vida cristã. Em contraste com a incredulidade do mundo, com seu amor egoísta e seu apego à riqueza material (1 Ts 1.3), os cristãos devem depositar sua fé em Deus e dar seu amor a Deus e aos outros. Além de mostrar fé e amor, os cristãos devem adotar a esperança da salvação e viver à luz da volta do Senhor.

 

5.9,10 — Paulo afirma que Deus não nos destinou (a nós, cristãos) para a ira (1 Ts 1.10). Haverá ira no dia do Senhor, mas será a ira de Deus contra o mundo incrédulo que desprezou Cristo e zombou dele (Ap 6.12-17). Quando pensamos em juízo divino, devemos dar graças a Cristo por Ele ter nos salvado desse horrível destino ao morrer por nós (v. 10). Quer ainda estejamos vivos na volta de Cristo, quer tenhamos morrido e nosso corpo esteja no túmulo, é certo que viveremos juntamente com ele para sempre.

 

5.11 — Enquanto o Arrebatamento é uma esperança alentadora (1 Ts 4.18), o mesmo acontece com a perspectiva da volta do Senhor. Estar livre dos juízos do dia do Senhor deveria ser um constante incentivo. Trata-se também de uma doutrina que irá exortar, ou edificar um ao outro. Ensinar acerca de eventos futuros é algo idealizado por Deus para produzir resultados presentes em forma de vida piedosa (2 Pe3.11). A verdade doutrinária não tem por objetivo apenas satisfazer nossa curiosidade, mas transformar nossa vida.

 

5.12-19 — Paulo passa de sua apresentação do ensino profético para a admoestação prática. O importante é que ele tem em mente dois públicos diferentes ao dar suas instruções. Os irmãos do versículo 12 são toda a comunidade de cristãos em Tessalônica. Eles devem honrar seus líderes e viver em paz uns com os outros. Os irmãos que aparecem na segunda vez são os líderes da congregação. Eles têm várias responsabilidades para com o povo, a fim de assegurar o crescimento espiritual dos cristãos e manter a ordem na igreja. A liderança da igreja pode levar o rebanho a glorificar a Cristo e crescer espiritualmente ou pode destruir a eficiência do povo de Deus. Nem todas as divisões e dificuldades que a Igreja enfrenta hoje são causadas por falsos mestres que se infiltram nela ou por membros contenciosos da igreja. Às vezes, a liderança não está seguindo as orientações do Espírito Santo ou dando ouvidos à admoestação dos apóstolos acerca do modo de conduzir o povo de Deus (1 Pe 5.2,3).

 

5.12,13 — De um modo significativo, Paulo combina profecia com ensinos práticos para a vida cristã. A intenção de Deus nunca foi que a profecia fosse uma área para debate académico, mas uma verdade que daria aos cristãos esperança e direção na vida. Nos versículos 12 a 22, Paulo descreve as características de uma pessoa que está vivendo à luz da volta iminente de Cristo. Reconheçais os que trabalham entre vós, e que presidem sobre vós. Uma vez que todos os que estavam na igreja tessalonicense eram novos convertidos, talvez alguns tenham tido dificuldade para reconhecer a liderança de outros. Paulo ensina aos tessalonicenses submissão, em vez de individualismo e rejeição à autoridade (Ef 5.21). Ele enfatiza que a autoridade dos líderes vinha do Senhor. Paulo admoesta os cristãos a reconhecerem aqueles líderes congregacionais e a submeterem-se a eles. Eles deveriam tê-los na mais alta estima por causa do trabalho importante que estavam fazendo. Ao mesmo tempo, os cristãos deveriam trabalhar juntos a fim de manter a paz. Observe os pronomes plurais; os tessalonicenses seguiam o modelo da igreja de Jerusalém e das igrejas do Novo Testamento ao terem mais de uma pessoa na liderança (At 6.1-7).

 

5.14 — Os tessalonicenses tinham de enfrentar o fato de que alguns deles não estavam vivendo como os cristãos deveriam viver, mas eram desordeiros. Eles precisavam ser advertidos de seu comportamento. Alguns tinham pouco ânimo e precisavam de consolo. A congregação também deveria sustentar os fracos e ser paciente para com todos, reconhecendo que todos os cristãos têm falhas. Para serem mais eficientes no sentido de promover a mudança positiva na vida das pessoas, os cristãos deveriam responder a elas de acordo com as necessidades específicas de cada uma.

 

5.15 — Vede que ninguém dê a outrem mal por mal. A tentativa do cristão de vingar-se é uma negação do amor cristão básico (Rm 12.17; 1 Pe 3.9) e vai contra o ensino de Jesus (Mt 5.38-42; 18.21-35).

 

5.16 — Apesar das circunstâncias difíceis (1 Ts 3.2,3), o cristão sempre tem razões para se alegrar. O Senhor é soberano e cumprirá Seu propósito. A alegria cristã não está baseada em circunstâncias, mas em um conhecimento de Deus e no futuro garantido de vida eterna com Cristo (Ap 21.1-7).

 

5.17 — Paulo exorta os tessalonicenses a manterem uma vida de oração fiel como a dele (1 Ts 1.2,3; 2.13; Rm 1.9,10; Ef 6.18; Cl 1.3; 2 Tm 1.3). Orar sem cessar não significa orar constantemente, mas ser persistente e constante na oração.

 

5.18 — A gratidão deveria ser uma característica da vida cristã em todas as circunstâncias; não é dar graças por tudo, mas em tudo. Paulo enfaticamente afirma que esta é a vontade de Deus. Um exemplo disso, no Antigo Testamento, foi quando Jó perdeu seu dinheiro, seus filhos e sua saúde. Ele bendisse o nome de Deus, a despeito de suas tragédias pessoais, e não por causa delas. N ada revela de forma mais poderosa uma caminhada com Deus do que a contínua gratidão.

 

5.19,20 — Não extingais o Espírito. Ou seja, não resistir à Sua influência, como tentar abafar o fogo. Uma das regras fundamentais da caminhada com Deus é que jamais devemos dizer não ao Espírito de Deus.

 

5.21,22 — E difícil determinar o valor eterno de muita coisa em nosso mundo moderno. A Bíblia ordena que os cristãos examinem tudo. Para isso é preciso tempo e um sistema de valores. Aquilo que passa no teste deve ser mantido. Os versículos 12 a 22 oferecem inúmeras características de uma pessoa que está vivendo à luz da iminente volta de Cristo.

 

5.23 — A oração de Paulo pelos tessalonicenses é que eles possam ser santificados em todas as instâncias de seu ser, espírito, e alma, e corpo. Cada uma deve dar evidências de que ele está separado como uma pessoa santa para Deus. Como resultado, os cristãos serão irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Os cristãos já são santos no sentido de que foram separados para Deus. Paulo exorta os tessalonicenses a expressarem santidade nesta vida para que o Senhor aprove a conduta deles em Sua volta. Irrepreensíveis significa livres de motivos para repreensão e arrependimento.

 

5.24 — O cristão sabe que sozinho não pode realizar a obra de santificação. Mas, enquanto segue na caminhada cristã, ele pode ter certeza de que Deus é fiel e que fará essa obra em Sua vida.

 

5.25 — Orai por nós. Paulo era fiel na oração pelos tessalonicenses, mas também reconhecia a necessidade e importância das orações desses irmãos em favor dele.

 

5.26 — Era costume saudar um ao outro com ósculo santo, algo como nosso aperto de mão moderno. Talvez tivesse mais importância do que um simples aperto de mão, significando reconciliação espiritual.

 

5.27 — Esta epístola não era uma carta particular. Era destinada a todos os cristãos em Tessalônica — e a nós.

 

5.28 — A maior bênção que Paulo poderia expressar era que a graça de Jesus Cristo estivesse com eles. Os cristãos são salvos pela graça e vivem pela graça, desfrutando da bênção imerecida que vem das mãos de seu Deus amoroso. 


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