Antediluvianos — Estudos Bíblicos

ANTEDILUVIANOS 


Registro bíblico. O termo antediluviano refere-se às pessoas que viveram antes do Dilúvio de Noé. Este período é coberto pelo texto de Gênesis 4.1-10, do qual aprendemos que calculavam o tempo em anos, meses e dias. Aparentemente tinham conhecimento de agricultura — Adão guardou o jardim do Éden (2.15), Adão e Abel cultivaram o solo (3.17-19; 4.2), com conhecimentos de botânica — cardos e abrolhos (3.18), cipreste (6.14), figueira (3.7) e betume (6.14); conhecimentos de metalurgia, trabalhos em bronze (ou cobre) e ferro (4.22); conhecimentos de arquitetura — Caim construiu uma cidade (4.17); conhecimentos de música — harpa e órgão (ou flauta) (4.21). O NT (Jd 14) refere-se à profecia de Enoque, de forma que nesse tempo devia haver também escrita. Há indícios de que o governo era patriarcal e possivelmente havia cidades-estados. Concernente à religião, parece que os sacrifícios (Gn 4.4; 8.20) já tinham sido estabelecidos e Noé estava familiarizado com os “animais limpos” (7.2; 8.20). A Bíblia fala sobre a linhagem de Sete e Enós: “daí se começou a invocar o nome do Senhor” (4.26). Talvez para contrastar com os descendentes de Caim que não invocavam o nome do Senhor. 


Data desse período. As datas de Adão e do Dilúvio não são conhecidas (veja Dilúvio, Gênesis). D e fato, qualquer data dos patriarcas anteriores a Abraão é incerta. Os vários métodos de se determinar datas apresentam resultados diferentes para o período de Abraão, de até 300 anos (New Analytical Bibie and Dictionary). As diferentes hipóteses quanto à data do Dilúvio podem apresentar até milhares de anos de diferença. Muitas informações têm sido colhidas pela arqueologia e pela antropologia a respeito de antigos povos e suas culturas, os quais provavelmente foram anteriores ao Dilúvio. O radiocarbono e o potássio argônio estão entre os métodos mais confiáveis de se obter as datas absolutas (em contraste com a data relativa). Por estes métodos, obtêm-se uma escala de anos, geralmente com uma precisão de c. 2 a 5% na medição e uma acurácia provável de c. 5 a 10% em relação à verdadeira data. Certamente, este fato é comprovado pela comparação com antigos artefatos de eras históricas conhecidas e por meio das árvores cujos anéis podem ser contados. O radiocarbono é confiável para se datar materiais orgânicos (que já foram vivos) de até 40 ou 50 mil anos. A precisão não é tão boa para uma amostra de 40 mil como seria para materiais mais recentes, porque a radioatividade é muito baixa. A precisão do potássio argônio é boa para amostras com um milhão de anos de idade, ou mais. Para amostras mais recentes, a precisão analítica é mais precária, porque as amostras são muito novas para terem acumulado suficiente argônio radiogênico para uma medição mais precisa. 


Tabelas genealógicas e o período entre Adão a Noé. Em Gênesis 5, há uma lista genealógica de dez patriarcas antediluvianos juntamente com afirmações sobre (1) a idade de cada um na época do nascimento de um filho da genealogia, (2) o número de anos remanescentes até a morte e (3) a soma dos anos dos períodos combinados. Davis (ISBE I, p. 139ss.) faz uma comparação entre os números dados nesta genealogia com outros três textos antigos, o Hebraico, o Samaritano e a LXX, suplementados com várias outras fontes textuais. Aparentemente, na LXX há um excesso sistemático de 100 anos para a era do patriarca no nascimento do filho. Da mesma forma, a longevidade de Jarede, Metusalém e Lameque divergem bastante no texto Samaritano. Davis apresenta as opiniões e teorias de numerosos comentários e chega às seguintes conclusões: (1) as divergências dos textos devem-se principalmente à alteração sistemática e não à corrupção acidental, (2) as diferenças de datas no Samaritano evidenciam um ajustamento a uma teoria e (3) os eruditos bíblicos não questionam mais a superioridade geral do texto hebraico do Pentateuco como um todo sobre os textos da LXX e do Samaritano. Ainda se questiona qual texto é superior nesta passagem em especial. Uma das teorias, baseada na interpretação de que os nomes na genealogia indicam indivíduos sem omissões, supõe que os estudiosos da LXX notaram, a partir dos seus dados, que Metusalém teria sobrevivido ao Dilúvio e, por isso, aumentaram sua idade a partir do nascimento de Lameque. Semelhantemente, os dados do texto Samaritano indicariam que Jarede, Metusalém e Lameque viveram depois do Dilúvio, de maneira que os estudiosos reduziram suas respectivas idades para indicar que morreram no ano do Dilúvio. Outras mudanças do tipo também são sugeridas, todas destinadas a fazer os vários relatos concordarem. O resultado é que não podemos ter certeza da leitura original dos dados sobre as idades de cada patriarca. Talvez o fato da preservação desses textos variantes deva ser encarado, dentro da vontade divina, como um alerta de que as idades de tais homens não devem ser simplesmente somadas para se chegar a uma data para o Dilúvio ou para a criação de Adão. Outros eruditos bíblicos respeitáveis fazem essencialmente esta mesma advertência. Unger (UBH, pp. 47,48) diz que é altamente improvável que o esquema genealógico de Gênesis 5 possa ser usado, ou tencionava ser usado para se calcular o espaço de tempo entre a criação do homem e o Dilúvio. Ele apresenta as seguintes razões: “( l) os termos hebraicos ‘gerou’, ‘filho’ e ‘filha’ são empregados com grande variedade e podem envolver um parente imediato ou um descendente distante. (2) As dez gerações de Adão a Noé, e as dez de Noé a Abraão evidentemente visam a brevidade e a simetria e não a relação contínua de pais e filhos. (3) Abreviações, devido a simetria, são aspectos comuns nas genealogias bíblicas (como em Mt 1). (4) Na fórmula recorrente A viveu______ anos e gerou B, e A viveu depois que gerou B______ anos e gerou filhos e filhas, B pode não ser literalmente filho de A. Neste caso, a idade de A é a idade que tinha quando B nasceu, o que pode ter sido depois de muitas gerações. Portanto, pode haver um intervalo de tempo indefinido entre A e B. (5) Atualmente sabe-se, cientificamente, que o homem já existia muito antes de 4.000 a.C., como mostram a Paleontologia e a Arqueologia”. Unger também escreveu (UAOT, p. 18) que a revelação de Deus, a Bíblia, pode ser “mais plenamente compreendida em consequência da luz que é lançada sobre ela a partir de outras fontes externas — seja a história antiga, a arqueologia moderna, ou qualquer outra ramificação do saber. Todo aquele que entende a Bíblia o mais amplamente possível não tem o direito de negligenciar a luz que pode ser obtida das fontes extra-bíblicas”. Estabelecer a data do homem antigo certamente envolve o registro de fósseis. E fato amplamente conhecido que arqueólogos e antropólogos situam as antigas civilizações do Egito. Vale do Indo e Suméria na Mesopotâmia por volta de 3.000 - 4.000 a.C., ou um pouco antes. Não há uma lacuna universal conhecida na fauna e nem sedimentações geológicas que sirvam para estabelecer a data do Dilúvio e, a partir daí, a data dos povos antediluvianos. Além disso, temos o homem fóssil, geralmente encontrado com as ferramentas e fauna correspondentes; por exemplo, na América do Norte, o Folson é datado em 15-20 K (l 5.000 a 20.000 anos atrás); o homem Sandia é datado em 25-30 K; na Austrália, a data mais antiga conhecida por este autor é 35-40 K; enquanto isso, o homem fóssil ou criaturas humanoides na Europa e África cobrem o período desde o presente até 1,5 milhão de anos. 


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Fósseis classificados como Homo sapiens são datados até c. 100 K (DGFM,p. 13). Steinheim e Swanscombe (datados por volta de 200-250 K e classificados como Homo Sapiens por Day são classificados como Neandertal por outros [DGFM, pp. 34,35,73]). Os Pithecanthropines são situados em 250-600 K; os Australopithecines em 600-1550 K e os Habilines em 1000-1500 K ou 1-1,5 milhão de anos. A maioria dessas antigas criaturas humanóides com mais de 50 K são datadas de acordo com a flora, fauna e ferramentas a elas associadas. O Zinjanthropus, o mais novo Australopithecine, foi datado por meio do potássio argônio radioativo e por isso provavelmente é o que possui a data mais precisa. Na discussão sobre o homem antediluviano, de Adão a Noé. Ainda persiste a questão: quando Adão viveu? Não sabemos. Será que Adão foi o primeiro membro da classe Homo sapiens ou foi o primeiro membro de uma categoria anterior como o Australopithecus? Alguns situariam Adão como o primeiro Homo: então, a raça de Adão, os antediluvianos, era contemporânea do homem de Neandertal? São questões que não podem ser respondidas agora pela Paleontologia. Talvez no futuro novos dados tragam mais luz. Concernente ao registro de Gênesis, Buswell (BSTCR, p. 325) depois de defender solenemente a criação especial do homem e a Bíblia como a Palavra de Deus, plenamente confiável sobre as questões que se propõe a revelar, diz que, quanto à antiguidade do homem sobre a terra, “a Bíblia não nos dá elementos sobre os quais possamos basear qualquer conclusão ou até mesmo uma estimativa”. Warfield, chamado de o maior defensor da inerrância da Bíblia entre os teólogos, discute (WST, p. 244) sobre “A Antiguidade e a Unidade da Raça Humana” e diz o seguinte: “... pelo que sabemos, em vez de vinte gerações e c. dois mil anos medindo o intervalo entre a criação e o nascimento de Abraão, o intervalo poderia ser algo por volta de duzentas gerações e duzentos mil anos. Numa palavra, os dados bíblicos nos deixam totalmente sem direção para estimar o tempo que se passou entre a criação do mundo e o Dilúvio, e entre o Dilúvio e o chamado de Abraão. No que diz respeito às afirmações da Bíblia, podemos supor que, quanto ao intervalo entre esses eventos, qualquer hipótese parece razoável”. Warfield e Buswell citam William Henry Green (BS, abril de 1890), sendo que o segundo (BSTCR, p. 327ss.) cita Green extensivamente numa dúzia de listas e passagens de genealogias que mostram com clareza “que os escritores bíblicos, ao apresentarem uma lista de nomes, jamais tencionam dar ao leitor a ideia de que todos os elos da cadeia estão incluídos, mas que, pelo contrário, esperam que o leitor reconheça que os nomes dados são selecionados e que pode haver saltos na lista”; a extensão de tais saltos é irrelevante dentro do propósito do escritor. Por exemplo, em Mateus 1.1-17 temos “a geração de Jesus Cristo... todas as gerações de Abraão a Davi... e de Davi até o cativeiro na Babilônia...”. No entanto, no v. 8 Mateus pulou os nomes de três reis de Judá, ou seja, Acazias (2Rs 8.25), Joás (2Rs 12.1) e Amazias (2Rs 14.1) entre Jorão e Uzias e, no v. 11, omitiu Jeoaquim depois de Josias (veja 2Rs 23.34 e lCr 3.16). Portanto, parece que Mateus usou a palavra “gerou” num sentido figurado, significando ter como descendente. Além do mais, Buswell destaca que a genealogia de Mateus (1.2-17) está dividida em três seções, cada uma delas contendo 14 nomes (veja v. 17). Observamos que existem 40 nomes e não 42, visto que o último nome na primeira seção é o primeiro nome na segunda seção, e assim por diante. Buswell sugere que Mateus não tencionava apresentar três grupos de 14 nomes que seriam reunidos, mas sim três grupos de nomes que seriam mais fáceis de memorizar (idem, p. 330). Davis mostra que Gênesis está dividido em dez seções, cada uma delas iniciada pela mesma fórmula (2.4; 5.1; 6.9; etc.). Neste padrão, o Dilúvio foi um ponto crucial, com dez gerações listadas antes e dez listadas depois. Da mesma forma, o tempo de Noé a Abraão está dividido em duas seções iguais com cinco gerações relacionadas de Noé a Pelegue (“...porquanto em seus dias se repartiu a terra” — 10.25) e cinco gerações listadas de Pelegue a Abraão (11.10-26). Davis conclui: “Não há base na genealogia de Adão a Noé para o cálculo da Cronologia. A tabela foi construída para um propósito diferente e os anos são anotados por outra razão” (idem, p. 142). Buswell escreve em “Understanding Ancient Idiom” (op. cit., p. 326) que em Gênesis 5, 10 e 11, Moisés “não tinha intenção de apresentar figuras que podiam ser somadas, mas presumiu que seus leitores entenderiam que as informações biográficas, nesses capítulos, não foram dadas para elaborar uma cronologia exaustiva, mas sim, dentre outros propósitos, para mostrar o trato de Deus com homens e famílias, desde o início da raça humana até Abraão, independente das pessoas não mencionadas e das lacunas no registro apresentado, e para mostrar a grande antiguidade do programa redentor de Deus por meio de muitas famílias antigas antes do tempo de Abraão”. G. T. Wright (ISBE, 1, p. 143) também cita Green como apresentando “a mais provável interpretação da tabela genealógica” em Gênesis 5, e concorda que “como nas genealogias de Cristo, nos Evangelhos, o objetivo das tabelas em Gênesis evidentemente não é dar uma cronologia, mas sim a linhagem dos descendentes”. Para apoiar esta ideia ele chama a atenção para o fato “de que posteriormente não é feito nenhum uso da cronologia, embora a linhagem de descendentes seja repetidamente enfatizada”. Ele destaca também que “este método de interpretação permite dar toda a elasticidade à cronologia pré-histórica”, requerida pela arqueologia. J. D. Davis (ISBE, 1, p. 142) pergunta: “Afinal, temos justificativa para supor que o autor hebreu dessas genealogias pretendia construir uma cronologia do período? Ele jamais utiliza as genealogias dessa forma. Em nenhum lugar ele soma os números. Nenhuma afirmação cronológica é deduzida delas. Em nenhum lugar, nas Escrituras, é feita a computação do tempo decorrido desde a Criação ou desde o Dilúvio, como é feita desde a descida para o Egito até o Êxodo (Êx 12.40), ou desde o Êxodo até a construção do Templo (lRs 6.1)”. O método hebraico de elaborar a genealogia tem um paralelo nas listas dos reis sumérios. O Prisma de Weld-Blundell relaciona oito reis que governaram antes do Dilúvio e catorze dinastias depois. Aos oito reis que governaram em cinco cidades diferentes, aparentemente em sucessão, são atribuídas as durações dos reinados de 18.600 a 36.000 anos, num total de 241.200 anos (FLAP pp. 24-31). Uma forma posterior da mesma lista é conhecida a partir dos escritos de Berosus, um sacerdote do templo de Marduque na Babilônia por volta de 300 a.C. Ele apresenta dez nomes, em vez de oito e exagera ainda mais na duração dos reinados, de 10.800 a 64.800 anos, num total de 432.000 anos (FLAP; p. 25, ISBE 1, p. 141). Davis destaca algumas similaridades notáveis entre o relato de Gênesis e o relato babilónico, as quais têm procedência se ambos obtiveram informações dos mesmos escritos mais antigos. No entanto, temos de reconhecer que Moisés escreveu Gênesis cerca de mil anos antes da lista de Berosus. A correspondência começa com o terceiro nome de cada lista. O terceiro patriarca (Gênesis) é Enos, que significa “homem” e o terceiro rei (na lista babilónica) é Anelu, que também significa “homem”; o quarto patriarca é Cainã, nome derivado de uma raiz que significa “fabricar”; o quarto rei é Ummamt, que significa “artífice”; o sétimo patriarca foi Enoque, que andou com Deus; o “sétimo rei é Enmeduranki, que aparentemente foi mencionado como tendo sido convocado pelos deuses Shamashe Ramman para a comunhão e tomou conhecimento dos segredos do céu e da terra”; o décimo patriarca, Noé, foi o herói do Dilúvio, assim como também o décimo rei (idem, p. 142). Davis prossegue e mostra as aparentes diferenças. O relato hebraico “assegura o parentesco, embora remoto, entre os sucessivos elos”, enquanto que no relato babilónico a “transmissão do governo de pai para filho” é assegurada em apenas duas ocasiões, ou seja, entre os dois primeiros e entre os dois últimos. Da mesma forma, a longevidade dos patriarcas contrasta com a longevidade e a duração do reinado dos reis babilônicos. Não existe uma aparente distribuição sistemática entre os anos indicados para os membros de cada lista, mas a simetria dos números na lista babilónica levanta suspeitas. Por exemplo, há dez reis e a soma dos anos dos seus reinados é de 120 sais, um múltiplo de dez e de doze, o número básico do seu sistema numérico duodecimal (um sar equivale a 3.600 anos). Davis faz a seguinte ilustração: “Há dez reinados de dez sars cada, e três reinados sucessivos, os quais quando somados, 3, 13 e 12 é igual a 10 e 18 sars. Tomando os reinados na ordem em que ocorrem, temos como sua duração a série 10, 18-10, 18, 10, 18, 10, 8 e 18”. O peso das evidências, segundo as interpretações precedentes, dos dados disponíveis indica claramente que o relato de Gênesis sobre os povos antediluvianos não dá uma cronologia de um número específico de anos de Adão a Noé. Também fica claro que não temos como determinar a época em que Noé ou Adão viveram. 


A longevidade antediluviana. As genealogias de Gênesis 5 são usadas também para indicar uma longevidade muito maior antes do Dilúvio. Unger (UAOT, p. 19) indica que alguns escritores interpretam as genealogias como dando os anos consecutivos e depois, para explicar os longos períodos de vida, eles afirmam que havia uma saúde mais perfeita e condições climáticas mais favoráveis. Devemos deixar claro que se trata de uma teoria, talvez possível, mas sustentada por pouquíssimos dados. Há pesquisas médicas em andamento para se determinar a “causa do envelhecimento”. Como podem alguns animais, como a tartaruga, viverem muito mais do que o homem? As formas simples de vida, como o protozoário globigerina, não morrem: o protoplasma se divide e continua vivendo na forma de dois novos indivíduos ad infinitum. Talvez os hábitos insensatos, o estresse e a poluição do meio ambiente combinem para reduzir a longevidade humana em nossos dias. Entretanto, parece que, do ponto de vista da paleoecologia e paleoambientalogia, tem ocorrido poucas mudanças no meio ambiente — salvo variações regionais na temperatura e nos índices pluviométricos — por milhares ou até milhões de anos. Mesmo assim, se os anos mencionados na genealogia significam a longevidade individual, a expectativa de vida dos antediluvianos era pelo menos dez vezes maior do que hoje. De acordo com os antropólogos, um exame de 187 fósseis humanos (Alta Palestina, Neo-litico e Neanderthal) mostra que a morte ocorreu entre os 20 e os 60 anos, sendo que em apenas um caso ocorreu depois dos 60 anos (relatado em L’Anthropologie, 48:459 e citado por H. J. T. Johnson, The Bible and the Early Man [1948], p. 144, n 20 e Ramn, p. 341). Uma interpretação mais viável dada por Davis (ISBE, vol. 1, pp. 142, 143) e Buswell (BSTCR p. 339-343) é que muitos, ou até todos os nomes das genealogias em Gênesis 5 e 11 são nomes de famílias ou dinastias, bem como de indivíduos. E comum falar em Israel, Jacó ou Judá para indicar as tribos ou as nações que se derivaram deles. Davi indica tanto o rei como o nome da dinastia que fundou. Em Gênesis 10 e 25 as genealogias obviamente contêm nomes de tribos (jebuseus, amorreus) e dos países onde habitaram — Mizraim, como o Egito era chamado pelos hebreus, gerou os lídios e Canaã gerou a cidade de Sidom. “Às vezes, a família adota seu nome a partir do seu progenitor ou membros proeminentes posteriores; às vezes o nome da tribo ou do país onde habita é derivado do seu principal representante, como atualmente os homens são constantamente chamados pelo nome da família e os nobres são chamados pelo nome da região ou país onde vivem”, diz Davis. “Portanto, está inteiramente de acordo com o uso se Noé, por exemplo, indicasse o herói do Dilúvio e a família à qual pertencia. Assim a longevidade seria o período durante o qual a família teve proeminência e liderança; a idade no nascimento do filho seria a data na história da família quando uma nova família teve origem, a qual finalmente ascendeu para a posição dominante”. É interessante que Buswell aponta (idem, p. 340) que em algumas versões (Gn 46.1-4) da Bíblia o nome de Jacó como um indivíduo e como uma nação está misturado. Deus prometeu a Jacó como indivíduo: “Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito, porque lá eu farei de ti uma grande nação. Eu descerei contigo para o Egito e te farei tomar a subir, certamente”. Jacó morreu no Egito antes que seus descendentes saíssem de lá, de modo que obviamente os pronomes pessoais “referem-se a Jacó como indivíduo e também como nação”. Buswell também se refere a Isaías que chama a nação de “Jacó” sem confusão e Ezequiel (cap. 37) que profetiza a restauração de Judá e Israel e diz (v. 24) que “Davi reinará sobre eles”, claramente referindo-se ao Messias da linhagem de Davi e não ao indivíduo. Pfeiffer (PPA, p. 20) comenta: “Já foi sugerido muitas vezes que as descrições dos patriarcas bíblicos são, na verdade, registros dos movimentos e atividades das tribos às quais pertenciam. Termos como ‘filho e ‘gerou’ podem ser usados como metáfora, e em alguns casos os escritores bíblicos os empregam para mostrar o relacionamento dos grupos étnicos”.


BIBLIOGRAFIA. W. H. Green, “Primeval Chrolonoly” em Bibliotheca Sacra (abril de 1890), 285-303; B. B. Warfield, “On the Antiquity and the Unity of the Human Race”, (jan. 1911), 2-11, Princeton Theological Review; Studies in Theology, 244; G. A. Barton, Archaeology and the Bible, ed. rev. (1937), 317-326; J. D. Davis, “Antediluvian Patriarchs” em ISBE (1939), vol. I, 139-143; G. F. Wright, “Antediluvians” em ISBE (1939), vol. I, p. 143; J. Finegan, Light From the Ancient Past (1946), 24-31; J. P. Free, Archaeology and Bible History (1950), 39, 40; M. F. Unger, Archaeology and the Old Testament (1954), 18ss.;B.Ramm, The Christian View of Science and Scripture (1956), 339; Unger s Bible Dictionary (1957), 67, 68; C. H. Pfeiffer, The Patriarchal Age (1961), 20; J. O. Buswell, A Systematic Theology of the Christian Religion (1962), vol. I, 325-343; M. H. Day, Guide to Fossil Man (1965), 13, 34ss., 73.