Estudo sobre Apocalipse 17:1-2
Estudo sobre Apocalipse 17:1-2
Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei… A repetição literal dessa expressão em Ap 21.9, contudo não relacionada com a prostituta, e sim com a noiva do Cordeiro, mostra com a desejável clareza que a prostituta e a noiva são entendidas como dois tipos opostos. Esse dado é importante também para a interpretação da prostituta no presente capítulo.
O anjo tenciona mostrar a João o julgamento da grande meretriz. Esta demonstração está combinada com uma intenção mais profunda. João e as igrejas devem desmascarar e reconhecer esse personagem de tal maneira que jamais se deixem enganar pela prostituta e não a confundam um instante sequer com a noiva. Seria possível uma confusão assim? Sem dúvida, se o Espírito Santo (v. 3) não desfizer a sedução e o engano. Que ninguém tenha excessiva autoconfiança!
Depois que Ap 2.14,20,21 já falou da prostituição em diversos lugares da província da Ásia, a partir de agora trata-se da grande meretriz (ainda nos v. 5,15,16; 19.2). O leitor já pode saber quem ela é em Ap 14.8, a saber, a Babilônia. Nosso apêndice a apresenta em imagem ampliada e com contornos nítidos.
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Do mesmo modo, a indicação geográfica sobre (“perto de” [blh], “à beira de” [teb, bj], “junto a” [vfl]) muitas águas combina com a Babilônia. A cidade histórica estava situada em numerosos braços do Eufrates (Sl 137.1) e em canais que cruzavam as terras de aluvião. Por essa razão ela era uma espécie de fortaleza aquática (cf. o comentário a Ap 16.12), um dos maiores fatores que constituíam seu orgulho de ser inexpugnável. “Tu… que habitas tão segura” (Is 47.8 [rc]). Parece, no entanto, que já em tempos remotos esses braços fluviais foram compreendidos como veias vitais para a Babilônia, que lhe asseguravam comércio e riqueza: “tu que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros…” (Jr 51.13). Contudo, essas considerações esclarecem tão somente a origem da metáfora, não seu significado no presente texto. Ele é elucidado validamente pelo v. 15: por meio dessas águas a Babilônia constitui uma grandeza supra-étnica e supralocal. Ela não conhece limites territoriais, mas está relacionada com a totalidade das nações (quadruplicadas!). Particularmente, ela está sentada (“entronizada”) ali. Ainda terá de ser explicado de que maneira ela domina o mundo.
Por sua natureza ela é meretriz. Em todos as ocorrências dessa metáfora793 no AT alude-se a relações comerciais e intercâmbio cultural de grandes cidades. Ap 18 evidencia com que ênfase essas correlações também devem ser vistas no conceito da Babilônia no Ap (cf. também o exposto sobre Ap 17.5). A Babilônia aparece como potência econômica e cultural global. Não há a conotação de uma soberania político-militar maior. Desta maneira somos desviados de uma interpretação, muito recorrente, da Babilônia como sendo o Império mundial Romano.794
Com essa prostituta se prostituíram os reis da terra; e… se embebedaram os que habitam na terra. Com certeza entre eles está também o povo judaico (como já afirmado em Ez 23.14-17). Porém de forma alguma a afirmação permite fixar os pensamentos no Israel renegado (quanto a cada um dos termos, cf. o comentário a Ap 14.8; 18.3). Portanto, a premissa básica dessa cultura e civilização, por meio da qual a Babilônia mantém sob o seu fascínio os povos, é a “prostituição”, o desenfreamento.
Para ela a rigor tudo é permitido e nada constitui uma verdade compromissiva. Toda espécie de vínculo com os mandamentos de Deus é queimada, de modo a desenvolver sobre essa cratera de vulcão um modo de vida sem Deus e sem Cristo.
Embora essa cultura, como evidenciará o v. 3, gere uma extraordinária força de propaganda, João profetiza que no final ela conduz ao caos. O quadro essencial – desenfreamento devastador – impõe-se ao quadro de aparente esplendor, o caos interior manifesta-se para fora. Todo o mundo que a seguiu torna-se uma cratera extinta e um fumegante campo de ruínas. Um dia o mundo terá a aparência que ele já possuía há muito nas cabeças e nos corações. – Os versículos seguintes conferem cores fortes a esse esboço introdutório.
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Apocalipse 17:1-2