Doutrina da Regeneração no Novo Testamento

Doutrina da Regeneração no Novo Testamento

Doutrina da Regeneração no Novo Testamento


No ensinamento de Jesus a necessidade de regeneração tem um lugar de destaque, embora em nenhuma parte as razões sejam apresentadas. O Antigo Testamento tinha sucedido – e também a consciência Gentílica concordava com Ele – em convencer o povo dessa necessidade. A mais clara afirmação e explicação da doutrina da regeneração são encontradas na conversa de Jesus com Nicodemos. (Jo 3). Baseia-se (1) na observação de que o homem, mesmo o mais escrupuloso no cumprimento da Lei, está morto e, portanto, incapaz de “se habilitar” para as exigências de Deus. Só Aquele que deu a vida, no início, pode dar a vida espiritual, vida necessária para fazer a vontade de Deus. (2) O homem caiu de sua esfera virginal e divinamente designada, o reino do espírito, o Reino de Deus, e agora vive a vida na terrena perecendo. Somente com uma nova natureza espiritual transmitida a ele, é que pode ser “nascido de novo” (João 3:3, a Revised Version “de cima”, do grego ανωθεν, anothen), por ser “nascido do Espírito” (João 3:6, 8), ele pode viver a vida espiritual que Deus requer do homem. Estas palavras são uma exegese do Novo Testamento da visão de Ezequiel sobre os ossos mortos (Eze 37:1-10). É o “fôlego de Yahweh,” o Espírito de Deus, o único que pode dar vida aos mortos espiritualmente. 

Mas, a regeneração, de acordo com Jesus, é mais do que a vida, é também purificação. Como Deus é puro e sem pecado, apenas os puros de coração podem ver Deus (Mat 5:8). Isso sempre foi reconhecido como impossível no mero esforço humano. Bildade o Suíta, e seus amigos, declararam cada um por sua vez, expressando pensamentos muito semelhantes (Jó 4:17; 14:4): “Como, pois, seria justo o homem para com Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher? Eis que até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos. E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho!” (Jó 25:4-6). Para mudar essa condição perdida, para dar nova vida, afirma Jesus a sua tarefa designada por Deus: “O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Luc 19:10); “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). Esta é a vida eterna, imperecível: “Eu lhes dou a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28). Esta vida é dada pelo próprio Jesus: “É o espírito que vivifica, a carne para nada aproveita: as palavras que eu vos disse são espírito e são vida” (João 6:63). Esta vida pode ser recebida na condição de fé em Cristo, ou por vir a Ele (João 14:6). Pela fé, o poder é recebido, que permite ao pecador vencer o pecado, para que “não peque mais” (João 8:11). 

As parábolas de Jesus melhor ilustram esta doutrina. O filho pródigo é declarado como estando “morto” e depois “passando a viver novamente” (Lucas 15:24). A vida nova de Deus é comparada com a veste nupcial da parábola do casamento do filho do rei (Mat 22:11). O vestuário, o presente de convite do rei, tinha sido recusado pelos convidados insatisfeitos, que, em consequência, foram ‘expulso nas trevas exteriores’ (Mat 22:13). Finalmente, esta regeneração, esta nova vida, é explicada como o conhecimento de Deus e Seu Cristo: “E esta é a vida eterna, para que conheçam a Ti o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo” (João 17:3). Esta parece ser uma alusão à passagem em Oséias (Os 4:6): “O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento: porque tu rejeitas o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim.”

Fonte: International Standard Bible Encyclopedia de James Orr, M.A., D.D., Editor General