Características Judaicas no Evangelho de Mateus

Características Judaicas no Evangelho de Mateus


Características Judaicas no Evangelho de Mateus. A organização editorial dos ensinamentos de Jesus, o seu conteúdo incisivamente ético, e sua ênfase sobre o discipulado, têm produzido as idéias que o primeiro evangelho tinha por escopo servir de manual catequético para recém convertidos, ou servir de manual escolástico para os líderes da Igreja, adaptado à leitura litúrgica e homilética, nas reuniões das igrejas primitivas. Todavia, o primeiro evangelho dá nos a impressão mais clara ainda de ter sido escrito para evangelizar aos judeus, confirmando os na fé, após a sua conversão.

A contínua ênfase dada por Mateus sobre o fato que Jesus cumpriu a lei e as profecias messiânicas do Antigo Testamento (“Isto e aquilo aconteceram, para que o que foi dito por este ou aquele profeta se cumprisse”), como também o fato que ele traçou a genealogia de Jesus fazendo a recuar até Abraão, pai da nação judaica, também indicam as preferências judaicas do primeiro evangelho. Em contraste com isso, Marcos não alude de forma alguma aos antepassados de Jesus. Seu interesse jaz naquilo que Jesus fizera, e os seus leitores gentios (à semelhança da maioria dos leitores modernos) pouco interesse haveriam de ter pela genealogia de Jesus. Porém, era importantíssimo que Mateus demonstrasse a seus leitores judeus o fato de que a genealogia de Jesus, seu Messias, remonta a Abraão, por intermédio de Davi.

Cf. Cristologia: Estudo sobre Jesus Cristo
Cf. Teologia Bíblica e o Cânon
Cf. Literatura no Judaísmo
Cf. Tradição Apocalíptica

Ainda outras características tipicamente judaicas são a designação judaica de Deus como “Pai que está nos céus” (por quinze vezes em Mateus, uma só vez em Marcos, e nenhuma vez em Lucas), a substituição reverente do nome de Deus, por “céus” (sobretudo na frase “reino dos céus”, onde os outros evangelistas dizem “reino de Deus”), um interesse tipicamente judaico pela escatologia (Mateus encerra um capitulo inteiro a mais, sobre o discurso do monte das Oliveiras, do que o fazem Marcos e Lucas), referências freqüentes a Jesus como “o Filho de Davi”, alusões a costumes judaicos sem qualquer elucidação (23:5,27; 15:2, em contraste com a explanação existente em Marcos 7:2,3), o registro do pagamento do imposto do templo por parte de Jesus (17:24 27), inexistente nos outros evangelhos, e declarações feitas por Jesus revestidas de um sabor claramente judaico (por exemplo: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” 15:24; “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” 10:5,6; e também 5:17 24; 6:16 18 e 23:2,3). Mateus parece ter narrado a história da natividade a fim de contrariar acusações assacadas por judeus no sentido que Jesus era filho ilegítimo, que Ele aprendera artes mágicas no Egito, e que proviera de Nazaré, ao invés de ter vindo do lugar certo, Belém da Judéia (capítulos um e dois). Mateus também combate a acusação judaica de que os díscipulos de Jesus furtaram lhe o cadáver (28:11 15).