Interpretação de Mateus 11
Mateus 11
Mateus 11 começa com um relato das dúvidas e preocupações de João Batista enquanto ele estava preso. João envia seus discípulos para perguntar se Jesus é o Messias que eles esperavam ou se deveriam esperar outro. Jesus responde apontando para os milagres e obras que realizou, afirmando sua identidade como o Messias prometido.
Jesus então elogia João Batista, reconhecendo-o como profeta e declarando que ele é mais do que um profeta. Ele destaca o papel crucial de João como mensageiro que preparou o caminho para a vinda do Reino de Deus. Jesus enfatiza que entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João.
No entanto, Jesus também fala do Reino dos Céus avançando com força, indicando que haverá uma transição no plano redentor de Deus e uma mudança da era do Antigo Testamento para a nova era inaugurada pelo ministério de Jesus.
No restante do capítulo, Jesus denuncia a incredulidade e a rejeição de Sua mensagem por parte de certas cidades onde realizou muitos milagres. Ele pronuncia desgraças sobre Corazim, Betsaida e Cafarnaum por sua falta de arrependimento e fé, apesar de testemunharem Suas obras poderosas.
Jesus então oferece um gracioso convite a todos os que estão sobrecarregados e cansados, convidando-os a vir a Ele para descansar. Ele promete que aqueles que tomam Seu jugo sobre si encontrarão descanso para suas almas, demonstrando Sua oferta de descanso espiritual e paz a todos que confiam Nele.
Nos versículos finais de Mateus 11, Jesus louva e agradece ao Pai por revelar as verdades divinas aos humildes e infantis, enquanto as mantém escondidas dos sábios e instruídos. Ele declara que ninguém conhece o Pai exceto o Filho, e ninguém conhece o Filho exceto o Pai, significando o relacionamento único e íntimo entre Jesus e Deus Pai.
Em termos gerais, Mateus 11 mostra o relacionamento entre João Batista e Jesus, o louvor de Jesus pelo papel de João na preparação do caminho para o Reino e Seu convite para todos os que estão sobrecarregados e cansados de encontrar descanso Nele. O capítulo também aborda a rejeição da mensagem de Jesus por parte de certas cidades e enfatiza a revelação das verdades divinas aos humildes e aos que Nele confiam. Por meio desses eventos e ensinamentos, Jesus continua a revelar Sua identidade como o Messias prometido e o portador da verdade divina e da salvação.
Interpretação
11:1-30 Aqui Jesus responde a incisiva pergunta de João, presta uma homenagem pública ao seu precursor que se encontra prisioneiro, e castiga as cidades que O rejeitaram.11:2 Sobre o aprisionamento de João feito por Herodes em Maquerus, a leste do Mar Morto (Josefo Antig. xviii. 5.2.), veja 4:12; 14:1-12. Mandou por seus discípulos. Homens que permaneceram leais a João, e a esta altura não viam motivos para abandoná-lo.
11:3. És tu aquele que estava para vir? Um designativo comum para o Messias (Mc. 11:9; Lc. 13:35). À vista dos pronunciamentos anteriores de João e diante da revelação sobrenatural (Jo. 1:29-34), acusá-lo de dúvidas relativas à messianidade de Jesus parece muitíssimo injusto. Antes, considerando que o caráter do ministério de Jesus parecia carecer do aspecto de justiça que João tinha predito (Mt. 3:10-12), ele deve ter ficado a imaginar se não haveria necessidade de aparecer uma adicional figura messiânica, semelhante a Elias (cf. Ml. 4:5 ; Jo. 1:19-21).
11:4, 5 A delicada resposta de Jesus chamou a atenção para as suas obras, as quais João reconheceria como credenciais messiânicas (Is. 29:18, 19; 35:5, 6; 61:1). Os mortos são ressuscitados. Lucas descreve um desses milagres exatamente antes desta entrevista (Lc. 7:11-17).
11:6. Aquele que não achar em mim motivo de tropeço. Este estímulo encorajador à fé de João fê-lo lembrar e a todos os crentes que o reconhecimento de Jesus como Messias é a característica do homem espiritualmente bem-aventurado (Jo. 20:31).
11:7. Um caniço agitado pelo vento. Uma pessoa inconstante. A intenção óbvia de Cristo era negar que João fosse assim e por isso ninguém devia conferir falta de fé à pergunta apresentada por João.
11:8. Que se vestem com roupas finas. Embora um guarda-roupa suntuoso fosse esperado em um emissário político, as bem conhecidas vestes proféticas de João (3:4) indicavam a sua missão espiritual.
11:9, 10. Muito mais que profeta. Além de ser o último porta-voz inspirado do V.T., era também o precursor previsto para o Messias (Ml. 3:1), especialmente escolhido para apresentar o Messias a Israel.
11:11 Consequentemente nenhum ser humano é maior do que João. Aqui Jesus destrói qualquer suspeita de desentendimento entre ele e João. Mas o menor no reino dos céus é maior do que ele. Nesta declaração parece que João fica de fora do reino. Por isso o reino dos céus deve ser encarado como o reino messiânico anunciado por ambos, João e Jesus (3:2; 4:17). João, cujo ministério era o da preparação, estava agora prisioneiro e logo morreria. Mas aqueles que atenderam à proclamação e estavam agora dentro do círculo dos seguidores de Jesus constituíram o núcleo do Seu reino. Receberam novas verdades e privilégios, e depois da rejeição nacional de Jesus, seriam batizados em um novo corpo espiritual, a Igreja (uma parte do reino messiânico, Cl. 1:13; Ap. 20:6). João era o amigo do Esposo, mas os discípulos eram a Esposa (Jo. 3:29). Quando Jesus proferiu essas palavras (antes do Pentecostes, Atos 2), reino dos céus foi o termo mais inteligível que poderia ter usado.
11:12. O reino dos céus é tomado com esforço. Este verbo deve ser considerado intermediário – força o seu caminho com esforço (conf. Lc. 16:16), ou passivo – se esforça para entrar nele. A última forma é mais consistente com a cláusula seguinte. Da proclamação inicial de João sobre a vinda do Reino, a reação foi violenta, quer dos oponentes desconfiados (cof. vs. 18, 19; 14:3, 4), quer dos entusiásticos partidários. Os que se esforçam se apoderam dele. Compare Lc. 16:16. Entre os mais destacados partidários de Cristo estavam os publicamos, as prostitutas e os pecadores declarados, que acorriam para nosso Senhor em grandes grupos.
11:13-15 João foi o último profeta da dispensação do V.T. que profetizou a vinda do Messias. Incluída entre essas profecias do V.T. estava a vinda de Elias, para anunciar o grande Dia do Senhor (Ml. 4:5). Embora o próprio João negasse que era o Messias ressuscitado (Jo. 1:21), Jesus declara que se os judeus O recebessem totalmente e ao Seu Reino, João teria cumprido a profecia do V.T. (Mt. 17:10-13; conf. Lc. 1:17). Considerando que isso não ocorreu, João não cumpriu tudo o que estava predito sobre Elias; e por isso o cumprimento completo ainda está no futuro. Esta passagem demonstra claramente a natureza condicional que o reino oferece.
11:16-19 Contrastando notavelmente com esta brilhante avaliação da pessoa de João havia o prevalecente sentimento das multidões para com João e Jesus. Esta geração. Os contemporâneos de João e Jesus (v. 12). Semelhante a meninos. Esta despretensiosa parábola descreve uma cena que se passa na via pública, onde um grupo de crianças impertinentes não sabe do que vão brincar (conf. Lc. 7:31-35). Sugestões para brincarem de casamento (tocamos, dançastes) e enterro (lamentações, pranteastes) não foram bem recebidas; então não brincaram de nada. Semelhantemente, o ministério ascético de João mereceu-lhe o epíteto de que era endemoninhado. Tem demônio. Mas o hábito de Jesus estar em contato com os pecadores, participando dos seus costumes sociais, provocaram declarações maldosas e mentirosas de que ele era glutão e bebedor de vinho, tão mau quanto seus companheiros. Entretanto, a sabedoria das atitudes de ambos foi provada (justificada) pelos resultados.
11:20-24 Censura às cidades. Onde se operara numerosos milagres. Os Evangelhos não registram nenhum milagre ocorrido em Corazim ou Betsaida (não Betsaida Julias). Provavelmente essas duas vilas ficavam tão perto de Cafarnaum, que era maior, que muitos dos milagres realizados em Cafarnaum foram presenciados pelos habitantes das três comunidades. Tiro e Sidom. Notáveis cidades costeiras da Fenícia, objeto do juízo divino através de Nabucodonosor e Alexandre (conf. Ez. 26-28). Com pano de saco e cinza. (conf. Jn. 3:5-8). O costumeiro modo oriental de demonstrar pesar. Tivessem elas a oportunidade dessas cidades judias, disse Jesus, teriam permanecido até hoje. Por que tal oportunidade não lhes foi concedida deve ser deixado com os propósitos soberanos de Deus, que enviou Cristo primeiramente à casa de Israel. Entretanto, os privilégios espirituais maiores concedidos a Corazim e Betsaida tornaram sua incredulidade mais culposa. Quanto a Cafarnaum, a qual, sendo o lar de Jesus, teve a maior de todas as oportunidades, apresentou-se a pergunta retórica, E tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura até ao céu, que implica na resposta negativa, Descerás até ao inferno. O estado de seus habitantes no dia do juízo será pior que o de Sodoma, a cidade proverbialmente má.
11:25-30 Jesus conduziu o discurso com uma explicação sobre a incredulidade dos homens, e um apelo bondoso.
11:25 Exclamou Jesus. Os versículos seguintes são uma resposta aos problemas levantados pela discussão anterior. Graças te dou, ó Pai. O verbo exoplologoumai descreve uma confissão ou pleno reconhecimento, unido ao louvor. Sábios e entendidos. A compreensão espiritual de Cristo e seu reino não se alcança por meio do intelecto ou senso comum. Pequeninos. Aqueles que, em resposta à mensagem de Cristo, reconhecem sua incapacidade espiritual e são capazes de aceitarem seus ensinamentos (18:3). A glória do Evangelho consiste em que tanto as pessoas cultas como as ignorantes podem se transformar em criancinhas.
11:26 A explicação final da reação humana, entretanto, jaz na aprovação de Deus (conf. Ef. 1:5; Fl. 2:13).
11:27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Jesus proclama uma autoridade que o distingue de todas as outras pessoas (conf. Mt. 28:18; Jo. 13:3). Aqui, aquela autoridade foi apresentada envolvendo a revelação de Deus aos homens. Ninguém conhece o Pai, senão o Filho. O mútuo conhecimento do Pai e do Filho é perfeito, mas limita-se aos dois a não ser que a humanidade receba revelação. Aquele a quem o Filho o quiser revelar. O Filho, na qualidade de imagem de Deus, é o revelador do Deus invisível (Cl. 1:15); ele é o Logos, a expressão do Deus invisível (Jo. 1:1, 18). Daí, Mateus concorda com os pensamentos mais frequentemente expressos por João e Paulo. Isso prova que os escritores bíblicos tinham essencialmente uma só mente em relação à verdade que o homem depende da graça de Deus em Cristo para todo conhecimento espiritual.
11:28 Vinde a mim. À vista da autoridade investida em Cristo (v. 27), este convite vibra cheio de oportunidade. Todos os que estais cansados. Homens cujos esforços fatigantes para alcançarem descanso espiritual não aliviaram o fardo das obrigações criadas pelo homem (23:4).
11:29, 30 Tomai sobre vós o meu jugo. Uma metáfora judia relacionada com disciplina e discipulado. "Ponha seu pescoço sob o jugo, e deixe a sua alma ser instruída" (Sir 51:26). Só Cristo é o Professor que através de sua pessoa e obra pode instruir os homens em relação ao Pai, e dar-lhes o descanso para as almas que é a própria essência da verdadeira experiência espiritual, um descanso envolvendo remoção da culpa do pecado e a posse da vida eterna. Meu fardo é leve. As obrigações envolvidas no Evangelho são benditas, e com o jugo vem também a força para levá-las a cabo.
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