Interpretação de Mateus 3

Mateus 3

Mateus 3 começa com a introdução de João Batista, que aparece no deserto, pregando uma mensagem de arrependimento e preparando o caminho para a vinda do Messias. O ministério de João é caracterizado por um chamado para abandonar o pecado e ser batizado como um símbolo de arrependimento e renovação espiritual.

O capítulo destaca o traje único e o estilo de vida ascético de João, enfatizando seu papel como figura profética e precursora de Jesus. Muitas pessoas de Jerusalém, Judéia e regiões vizinhas vêm a João para confessar seus pecados e serem batizadas no rio Jordão.

No entanto, quando alguns fariseus e saduceus vêm para o batismo, João os confronta, chamando-os de “raça de víboras” e advertindo-os a não confiar apenas em sua herança religiosa. Ele os desafia a produzir frutos genuínos de arrependimento e a voltar verdadeiramente seus corações para Deus.

João fala sobre Aquele que virá depois dele, enfatizando que ele não é digno de levar Suas sandálias. Ele proclama que o Messias, cujas sandálias ele não é digno de desamarrar, batizará com o Espírito Santo e com fogo. Isso indica que Jesus trará uma profunda transformação espiritual, purificando e capacitando aqueles que O seguem.

Mateus 3 então relata o batismo de Jesus por João. Inicialmente hesitante em batizar o Filho de Deus sem pecado, João atendeu ao pedido de Jesus para cumprir toda a justiça. Quando Jesus sai da água, os céus se abrem e o Espírito de Deus desce sobre Ele como uma pomba. Além disso, uma voz do céu proclama: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”, afirmando a identidade e missão divina de Jesus.

O capítulo termina com uma genealogia significativa de Jesus, traçando sua linhagem de José até Abraão. Essa genealogia estabelece ainda mais a conexão de Jesus com as promessas de Deus ao longo da história de Israel e reforça Seu lugar de direito como o Messias e o cumprimento das profecias.

Em resumo, Mateus 3 enfoca o ministério de João Batista, seu chamado ao arrependimento e batismo e sua preparação para a vinda de Jesus. O capítulo também retrata o momento profundo do batismo de Jesus, onde Sua identidade divina é afirmada, e conclui estabelecendo Seu vínculo genealógico com as promessas de Deus no Antigo Testamento.

Interpretação

3:1-12 Todos os quatro Evangelhos descrevem o ministério preparatório de João, e Lucas apresenta uma descrição completa do seu notável nascimento (Lc. 1:5-25, 57.80).

3:1 Naqueles dias relaciona-se com o versículo anterior, que fala de Jesus residindo em Nazaré. Uma data precisa foi dada em Lc. 3:1,2. João Batista, assim chamado até mesmo por Josefo (Antig. xiii, 5.2), pregou próximo ao Rio Jordão, ao norte do deserto da Judeia, uma terra inculta e estéril ao longo da praia ocidental do Mar Morto.

3:2 Arrependei-vos significa “mudai de pensamento”, mas implica em mais do que uma simples mudança de opinião. Como termo religioso nas Escrituras, envolve uma completa mudança de atitude em relação ao pecado e Deus, acompanhado de um sentimento de tristeza e uma correspondente mudança de conduta. Está próximo o reino dos céus (ou está próximo), o motivo porque João chamou os homens ao arrependimento. Este título, peculiar a Mateus no N.T., baseia-se em Dn. 2:44; 7:13, 14, 27. Refere-se ao reino messiânico prometido no V.T., do qual Jesus seria apresentado como rei. (O termo, “reino de Deus”, costuma ter uma conotação mais ampla, mas normalmente nos Evangelhos os dois termos são usados alternativamente.) Esse reino dos céus messiânico, ainda que prometido como um literal reino terreno, deveria, entretanto, basear-se em princípios espirituais, exigindo um relacionamento adequado com Deus para se entrar nele; daí o chamado ao arrependimento.

3:3, 4 Este é o referido pelo profeta Isaías (Is. 40:3-5) relaciona definitivamente a profecia à pessoa de João, um fato que se nota em todos os Evangelhos (Mc. 1:2, 3; Lc. 3:4-6; Jo. 1:23). Pelos de camelo e um cinto de couro, provavelmente tem a intenção de assemelhar-se às roupas de Elias (II Reis 1:8; compare com Lc. 1:17; Mt. 17:10-13), e era a roupa costumeira dos profetas (Zc. 13:4) Gafanhotos. Um alimento admissível e não incomum (Lv. 11:22).

3:5, 6 A pregação de João estava de acordo com o estado de expectativa que tomara conta de muitos corações, causando um entusiasmo geral, conforme indica a palavra toda. Os que vinham eram batizados como prova da aceitação de sua mensagem. O batismo era praticado pelos judeus quando faziam prosélitos, e com propósitos curativos e purificadores; assim, a forma exterior não era uma inovação de João, ainda que o seu significado fosse novo. Até mesmo a comunidade Qumran observava um batismo ritualístico, ainda que não com os mesmos propósitos que João ao batizar. (V.S. LaSor, Amazing Dead Sea Scrolls, pág. 205, 206).

3:7-10 Fariseus. Membros de um destacado partido religioso. Proclamavam-se guardiões da lei mosaica e aderiam rigidamente às tradições dos antepassados. Cristo os caracterizou como sendo hipócritas (Lc. 11:44; 12:1). Saduceus. Um partido de racionalistas religiosos, que negavam a existência da vida futura. Eram politicamente poderosos, incluindo entre eles a aristocracia sacerdotal. João compreendeu que a vida deles não passava de exibição, não havendo uma mudança espiritual, e comparou-os a víboras que fugiam do fogo ligeiro da macega. Tendo Abraão por seu pai nacional não os garantia contra o juízo divino. Deus não estava obrigado a cumprir suas promessas com eles individualmente. Destas pedras. Talvez uma alusão a Is. 51:1, 2, mas principalmente uma referência aos cascalhos aos pés de João, que podiam ser criados pelo toque criador de Deus, como Adão foi formado do pó. Com a dramática figura do machado à raiz das árvores, João mostra que o tempo dos seus ouvintes está se esgotando. O lenhador está para aparecer.

3:11, 12 O batismo de João, um testemunho público de que o participante estava arrependido, seria seguido pelo batismo do Messias, com o Espírito Santo e com fogo. Há quem relegue os dois termos ao Pentecostes; outros, ao Juízo. À vista do versículo 12, parece claro que o batismo com o Espírito Santo refere-se a Cristo salvando os crentes (trigo), e o fogo descreve o juízo que virá sobre os maus (queimará a palha). Compare Ml. 4:1 (um capítulo que no N.T. foi aplicado a João; veja Lc. 1:17). Assim, João olha para a obra do Messias do ponto de vista costumeiro do V.T., sem se importar com o intervalo entre a primeira e segunda vindas, um intervalo do qual ele poderia não estar cônscio. . Um instrumento de madeira para se jogar os grãos contra o vento depois de debulhá-los. A palha mais leve seria carregada pelo vento, deixando os grãos amontoados em um monte.

3:12-17 A vinda de Jesus para ser batizado por João foi colocada em tranquilo contraste com a vinda hipócrita dos fariseus e saduceus (v. 7). Todos os três sinóticos registram este batismo, e o Evangelho de João inclui o posterior testemunho de João Batista sobre o mesmo (Jo. 1:29-34).

3:13, 14 Ele, porém o dissuadia. O verbo em grego enfatiza um contínuo protesto. À luz de Jo. 1:31-33, pode-se perguntar como João reconheceu a superioridade de Jesus para falar assim. Não devemos deduzir, entretanto, que esses dois parentes fossem totalmente estranhos um ao outro, mas antes que João ainda não sabia que ele era o Messias oficial até que lhe fosse dado o sinal do Espírito que desceu do céu (Jo. 1: 33).

3:15 Porque assim nos convém. Ainda que fosse verdade que as posições de João e Jesus deveriam ser exatamente opostas, naquele momento (por enquanto) era a coisa oportuna a fazer. É claro que Jesus não se arrependia de nenhum pecado pessoal. Entretanto, como o Substituto que proveria a justiça para a humanidade pecadora, ele aqui se identifica com aqueles que veio redimir e começa, assim, o seu ministério público. Jesus, enquanto esteve na terra, sempre cumpriu com as obrigações religiosas de um judeu justo, tais como adorar na sinagoga, assistir às festas e pagar o imposto do templo.

3:16, 17 O Espírito de Deus descendo cumpriu o sinal predito para João que Jesus era o Messias (Jo. 1:33; compare com Is. 11:2; 42:1; 59:21; 61:1). Tal como o Espírito vinha sobre os profetas do V.T. para orientação especial no começo dos seus ministérios, agora Ele vinha sobre Jesus sem medida. É claro que isso se relaciona à humanidade de Jesus. Pomba. Um antigo símbolo de pureza, inocência e mansidão (veja Mt. 10:16). A voz dos céus ocorreu em três lugares-chave do ministério de Cristo; no seu batismo, na sua transfiguração (17:5), e exatamente antes da cruz (Jo. 12:28).

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