Adão no Antigo Testamento
O
termo “Adão” ocorre aproximadamente 500 vezes com o significado de humanidade.
Nos primeiros capítulos de Gênesis, com três exceções (1.26; 2.5,20) vem
acompanho do artigo definido indicando “homem” ou “o homem” e não “Adão”. A
primeira ocorrência inquestionável do nome de Adão é na genealogia de Gênesis
5.1 -5. Não é necessário supor, a partir daí, que os primeiros capítulos de
Gênesis tratam, em geral, do início da raça humana, e não dos detalhes
históricos do primeiro indivíduo criado. Na verdade, o primeiro homem criado é
“o homem” e a designação é equivalente a um nome próprio.
Gênesis
1 concentra a atenção em Yahweh e seus atos criativos. A criação do homem (v.
26ss.) é representado como o ato de coroação de todo o processo, embora outros
seres tenham sido criados no mesmo dia. Somente no caso da humanidade o gênero
é especificado (27b), o que dá a ideia, implícita, se não específica, de um
único par. A Bíblia diz que o homem foi criado à imagem de Deus (w. 26a, 27a) e
recebeu domínio sobre todas as formas de vida, sobre os seres animados e
inanimados (w. 28 30). Gênesis 2 não é estritamente uma história da criação,
pois muitos dos aspectos indispensáveis do capítulo 1 estão ausentes. Trata-se
de um relato seletivo, concentrando-se no homem e, em última análise,
conectando-se ao capítulo 3, para o qual provê uma introdução. O homem é
retratado como sendo formado do pó da terra e animado pelo sopro divino (v. 8).
Foi colocado no Jardim do Éden (w. 8,15ss.), onde a obrigação de obedecer a
vontade divina foi introduzida em conexão com a árvore do conhecimento do bem e
do mal (vv. 16,17). Todos os animais e aves receberam nomes, mas desde que
nenhum deles formava um par adequado para o homem, a mulher Eva foi formada a
partir do seu próprio corpo (vv. 20b-23). Inicialmente, os dois viveram juntos
em completa inocência (v. 25). O capítulo 3 relata a queda do homem e as
insinuações sutis da serpente, a qual lançou dúvidas quanto à integridade de
Deus e instigou o orgulho humano (vv. i-5). Eva foi envolvida em primeiro lugar
e depois foi a vez de Adão (vv. 6,7); é significativo notar que eles julgaram a
si mesmos, ao se esconderem de Deus (v. 8), antes de terem sido excluídos do
Jardim (w. 22,24). A punição incluiu outros aspectos: (1) a perpetuação da
inimizade entre a mulher e a serpente; (2) a maldição do solo, do qual a
humanidade dependeria (w. 17-19) e (3), no caso de Eva, as dores da maternidade
(v. 16). Depois disso, Adão tomou-se pai de Caim e Abel (4.2). Depois do assassinato
de Abel, Eva deu à luz Sete, tendo Adão 130 anos de idade (LXX diz 230 anos)
(4.25; 5.3). Adão morreu aos 930 anos de idade (5.5). Talvez seja relevante o
fato de que a única outra referência clara a Adão, no AT, seja nas genealogias
de 1 Crônicas 1.1; em outras referências (Dt 32.8; Jó 31.33) é melhor considerá-la
como substantivo comum. A ausência de alusões aos eventos históricos de Gênesis
1—4 é surpreendente; os israelitas do AT claramente traçavam sua história
nacional a partir de Abraão e não de Adão.