Significado de Gênesis 2
Gênesis 2
Gênesis 2 apresenta um relato diferente e mais detalhado da história da criação, concentrando-se especificamente na criação do homem e da mulher e em seu relacionamento com Deus e entre si. O capítulo enfatiza a intimidade e a proximidade do relacionamento entre Deus e a humanidade, bem como a importância da comunidade e do companheirismo.
O capítulo começa com Deus criando o homem do pó da terra, soprando vida nele e colocando-o no Jardim do Éden para cultivá-lo e cuidar dele. Deus então cria todos os animais e pássaros, mas descobre que nenhum deles é um companheiro adequado para o homem. Ele então cria a mulher de uma das costelas do homem e a traz para ele como sua companheira e ajudante.
O capítulo termina com a descrição do homem e da mulher vivendo no Jardim do Éden, nus e sem vergonha, com a bênção de Deus sobre eles.
No geral, Gênesis 2 apresenta um relato mais detalhado e pessoal da história da criação, enfatizando os temas de intimidade, comunidade e bênção. O capítulo retrata Deus como intimamente envolvido na criação da humanidade e desejando um relacionamento próximo e pessoal com ela. A criação da mulher como companheira do homem destaca a importância da comunidade e do companheirismo, e a descrição da vida no Jardim do Éden reflete o desejo de Deus de que sua criação viva em harmonia e bênção.
Comentário de Gênesis 2
Gênesis 2.2 Deus não descansou porque Ele estava fatigado, mas sim porque Sua obra foi concluída [com satisfação]. Deus nunca se cansa (Is 40.28,29). O verbo traduzido como descansou (hb. shavat, cessar as atividades) tem relação com a palavra Shabat (hb. shabat, descanso), que designa período de descanso semanal [o sétimo dia]. Muitos estudiosos afirmam que o objetivo do Shabat é adoração, mas este não é o caso em Gênesis (ver também Êx 20.9-11; Dt 5.12-14). Ao abençoar o sétimo dia e descansar de Sua obra, Deus demonstrou que estava satisfeito com tudo aquilo que havia feito.
Gênesis 2.3 Deus abençoou os pássaros e os peixes (Gn 1.22), os humanos (Gn 1,28) e agora o sétimo dia (o Sábado). Ele o santificou; fez com que se tornasse um dia sagrado. Então, desde o começo dos tempos, Deus deu um valor especial a um dia específico da semana.
Gênesis 2.4 A palavra traduzida aqui como as origens [hb. towladah], em as origens dos céus e da terra, pode ser encontrada em dez passagens significativas de Gênesis (Gn 5.1; 6.9; 10.1; 11.10,27; 25.12,19; 36.1,9; 37.2). O termo também aparece traduzido como livros das gerações, gerações, em alusão ao histórico familiar ou registro de descendências; e é um marco substancial das diferentes seções do livro de Gênesis. A expressão Senhor Deus é um novo e significante designativo para Deus. O termo traduzido como Deus [hb. Elohim] tem o mesmo sentido que vimos em Gênesis 1.1. A palavra traduzida como Senhor é Yahweh ou Jehovah (Êx3.14,15). O Deus, mencionado no capítulo 1 de Gênesis, é o mesmo designado pelo termo Senhor, no capítulo 2.
Gênesis 2.5 A ordem dos eventos na segunda parte da criação é diferente daquela notada na primeira parte (Gn 1.1—2.3). As condições eram bastante diferentes das que nós agora conhecemos e compreendemos. A expressão não tinha feito chover antecipa a história do Dilúvio (Gn 6—9). Aqui, é descrito um fenômeno que ainda estava em vias de manifestar-se. Na frase e não havia homem para lavrar a terra, o termo hebraico usado para designar o homem [hb. ‘adam] soa similar ao termo [hb. ‘adama] para terra (Gn 1.26; 2.7).
Gênesis 2.6 O significado preciso para o termo traduzido como regava é desconhecido. Obviamente faz referência a alguma maneira de Deus umedecer a terra antes de chover e os ciclos de chuva serem estabelecidos pelo Senhor.
Gênesis 2.7 O verbo formou sugere um artesão moldando sua obra [em barro]. O homem foi feito do pó da terra e voltaria ao pó quando morresse fisicamente (Gn 3.19). Embora Deus tenha criado a luz com uma simples palavra (Gn 1.3), Ele [se envolveu pessoalmente na criação do homem], ao modelar o corpo humano no barro, transformou esta matéria-prima em uma coisa nova e, depois, soprou em seus narizes [suas narinas - ARA] o fôlego da vida. O sopro divino pode ser o jeito que o narrador encontrou de descrever a infusão do espírito no ser humano, que o dotou de capacidade intelectual, moral, relacional e espiritual. [O fato é que, com tudo isso,] Deus mostrou grande cuidado e preocupação na maneira utilizada para criar o homem. A expressão traduzida como alma vivente do homem é a mesma que foi usada para referir-se à vida animal em Gênesis 1.24. Isto sugere que a vida
humana e a animal são parecidas; contudo, fôlego de vida divino [o espírito] fez os seres humanos diferentes de todas as outras criaturas vivas.
Gênesis 2.8 O termo Éden [hb. ‘Eden ou ‘ednah, delícia, prazer] não é explicado, a não ser que o jardim [hb. gan, área cercada] ficava localizado da banda do Oriente, ou seja, a leste, entre os rios Pisom, Giom, Hidéquel e Tigre, mas a posição exata da região não é conhecida. A plantação do jardim revela um toque do meticuloso cuidado pessoal de Deus. A imagem do Deus zeloso e cuidadoso complementa a imagem do Criador forte e superior do capítulo 1.
Gênesis 2.9 Ao ser criado, o homem adquire o direito de desfrutar das coisas agradáveis [hb. chamad] do jardim, algo que algum tempo depois lhe seria vedado por causa do pecado e da cobiça (1 Jo 2.16). O Eden era um jardim extraordinário e farto, com diversas espécies das melhores árvores e plantas. Duas árvores eram realmente especiais no Éden: a árvore da vida [hb. ‘ets chay] e a árvore do conhecimento do bem e do mal [hb. ‘ets ddath towb ra‘] (Gn 2.17; 3.24).
Gênesis 2.10-14 Este rio e seus quatro braços podem não ser exatamente os mesmos após o Dilúvio (Gn 6—9). A provisão deste grande rio é uma poderosa demonstração do imenso cuidado de Deus por seu jardim. Os nomes Pisom [hb. Piyshown, aumento] (v. 11), Giom [hb. Giychown, irrompendo] (v. 13), Hidéquel [hb. Chiddeqel, rápido] ou Tigre [ARA] (v. 14) e Eufrates [hb. Parath, frutífero] (v. 14) estão relacionados aos rios que eram conhecidos pelos primeiros leitores do texto bíblico. Os rios conhecidos atualmente teriam uma localização próxima aos originais. Aqui, o leitor cristão de hoje pode fazer uma associação ao rio encontrado na futura visão da nova Jerusalém, onde também há a árvore da vida (Ap. 2.7; 22.14,19).
Gênesis 2.15 O jardim [hb. gan] estava perfeitamente preparado. Ele era o lar do homem e deveria ser lavrado [hb. ‘abad, plantio, cultivo] e guardado [hb. shamar, custódia, proteção]. Até mesmo o paraíso bíblico precisava de manutenção (Gn 1.26-28)!
Gênesis 2.16 Por Sua grande graça, Deus deu permissão ao homem para comer livremente de toda árvore do jardim, exceto da árvore da ciência do bem e do mal (v. 17). Sendo assim, a restrição era bem pequena. O homem podia comer quase tudo o que quisesse. Aparentemente, a princípio o homem limitou sua dieta aos vegetais. Somente após o Dilúvio há a menção da carne ofertada por Deus como alimento aos homens (Gn 9.3).
Gênesis 2.17 A árvore do conhecimento do bem e do mal sugere um conhecimento pleno ao associar duas palavras antagônicas [bem e mal] (como vemos em Gênesis 1.1, céus e terra, que simbolizam todo o cosmos). Nós pouco sabemos sobre essa árvore. Presumidamente, Deus desejava que o homem adquirisse sabedoria, mas tal conhecimento estava ligado ao relacionamento deste com o seu Criador.
As duas palavras na advertência certamente morrerás são bem enfáticas e têm relação com duas implicações do verbo morrer [hb. muwth, ser levado à morte, morrer prematuramente como penalidade por um crime]. Aqui, a morte da pessoa culpada não parece ser imediata, ela não cai dura e morta no chão logo após o pecado, mas gradualmente irá morrendo até que, em algum momento, sua vida se extinguirá de forma definitiva. Essa morte é certa; não há escapatória (Hb 9.27).
Gênesis 2.18 Não é bom. Pela primeira vez uma avaliação negativa aparece em Gênesis. Deus não queria que Adão ficasse só. Então, Ele providenciou uma adjutora que estivesse como diante dele; uma pessoa que o auxiliasse e correspondesse a ele. Isso indica que a companheira seria verdadeiramente adequada, recíproca e o satisfaria de forma plena. Alguns sustentam que este termo adjutora [hb. ‘ezer, auxiliadora] é degradante, mas ele simplesmente significa aquela que ajuda. De fato, esse termo também é usado, em algumas ocasiões, para descrever o amparo de Deus (Sl 33.20; 115.9,10,11). Logo, não se aplica a alguém secundário ou inferior.
Gênesis 2.19 O mesmo verbo formar [hb. yatsar], em havendo, pois, o Senhor Deus formado, usado aqui para a criação dos animais, foi empregado para descrever a criação do homem no versículo 7. Novamente, o verbo sugere um artesão moldando sua obra. Mas aqui, a obra é todo animal do campo e toda ave dos céus. Parece que Deus criou cada animal (ou espécie de animais) para que servissem ao homem e para que este os estudasse, classificasse e ver como este lhes chamaria. Ao dar a cada animal um nome, Adão exerceu seu direito como governador, representante de Deus na terra (Gn 1.26-28). Logo, Adão era superior a cada criatura criada. Posteriormente, os nomes dados por Adão foram aceitos e propagados. Isso significa que o homem demonstrou certo critério ao nomear cada criatura. Os nomes eram mais do que rótulos; deviam ser termos que descreviam aspectos e atributos desses seres.
Gênesis 2.20 Mesmo tendo uma relação tão próxima com seres viventes colocados junto a ele Adão não encontrou nenhum semelhante que o auxiliasse e lhe correspondesse. Ele precisava de uma companhia parecida com ele (v. 18); não uma serva ou uma empregada, mas alguém como ele próprio, que possuísse inteligência, personalidade, ética, sensibilidade moral e espiritualidade. Contudo, os únicos seres com os quais Adão convivia eram os animais!
Gênesis 2.21 Aqui está descrita a primeira “cirurgia”, e Deus foi o cirurgião. Em Sua bondade, Deus usou o sono pesado [hb. tardemah] como anestésico. Mais tarde, Deus faria com que Abrão caísse em profundo sono (uma espécie de transe) quando estava para estabelecer Sua aliança com Abrão [Gn 15.12]. Abrão, em seu “sono”, ainda estava ciente do que se passava; a memória permanecera. A resposta de Adão (Gn 1.23) sugere que ele também tinha certa consciência do que se passava durante seu sono sobrenatural. O uso de uma costela [hb. tsela] de Adão por Deus foi bastante apropriado. Ele poderia ter começado com barro e argila, mas ao usar uma parte interna de Adão, a identificação deste com sua parceira foi garantida. Como Lutero sabiamente observou, se Deus tivesse retirado um osso dos dedos do pé, talvez Adão a controlaria; se tivesse usado um osso da cabeça do homem, a companheira provavelmente teria controle sobre ele. Mas, ao usar o osso da costela, Deus propiciou que os dois humanos ficassem em condições de igualdade e respeito mútuo.
Gênesis 2.22 O verbo formar [hb. banah, reconstruir] significa [re]constituir fisicamente. A constituição de um corpo inteiro, a partir de pequena parte, faz sentido hoje no entendimento humano gerado pelo conhecimento das estruturas moleculares e do dna [bem como do processo de clonagem].
Gênesis 2.23 Esta [hb. zo’th] é agora ou afinal (ARA) [hb. paam] significa que finalmente o homem achou alguém semelhante a ele. A declaração exaltada de Adão [referindo-se à mulher como] ossos dos meus ossos e carne da minha carne [hb. ‘etsem ‘etsem, basar basar] é poética. Ver Eva foi uma experiência surpreendente e divertida, porque ela era o par perfeito dele. Era como se Adão tivesse diante de si um espelho; a mulher, em certo sentido, era alguém igual ao homem, mas, ao mesmo tempo, diferente! Chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Ao dar à mulher a designação ishah, que vem de ish, homem, Adão continuou agindo de acordo com sua prerrogativa de dar nomes aos seres (v. 19). Contudo, o nome que ele deu à mulher era uma espécie de adaptação do dele, porque, para ele, ambos se ajustariam perfeitamente um ao outro.
Gênesis 2.24 No casamento, o homem deve deixar [hb. ‘azab] a sua família de origem e unir-se à sua esposa. Embora este conceito presuma existência de uma casa distinta da casa dos pais, não significa afastar-se completamente dos laços que o ligam ao clã ao qual pertence; até porque, no período patriarcal, esse tipo de família era bastante comum, próximo e interdependente. O verbo apergar-se-á [hb. dabjzíjj fala de união física e dos aspectos gerais dos laços do matrimônio. No casamento, o homem e a mulher tornam-se uma só carne, e não apenas nós. Uma só carne [hb. ‘echad basar] sugere vínculos físicos, sexuais e emocionais, um relacionamento longo e duradouro. Ainda há duas pessoas, mas, juntas, estas se tornam uma só (Ef 5.31). A expressão uma só carne fala mais de uma unicidade (hb. ‘ehad) de vontades, que respeita a devida alteridade de personalidade, não de unidade (hb. yahid). O termo 'ehad é o mesmo usado no famoso Shema', o credo de Israel, onde Deus é comumente traduzido como o único Senhor (ver Dt 4.4; compare com Ef 5.31).No Novo Testamento, Jesus se referiu a esse texto (Gn 2.24) como o fundamento da visão bíblica do casamento (Mt 19.5; 1 Co 6.16).
Gênesis 2.25 O homem e a mulher conheciam apenas o bem e, por causa disso, eles não se envergonhavam [hb. buwsh] mesmo vivendo nus [hb. ‘arowm, descobertos]. Eles se sentiam extremamente confortáveis com seus corpos, sua sexualidade, seu relacionamento e seu trabalho — nos quais não havia ações más. O vocabulário dos versículos 24 e 25 sugere que o casal experimentou relações sexuais no jardim como parte dos planos divinos. Em Gênesis 4.1, vemos a associação da relação sexual com a procriação, o que não significa necessariamente que este foi o primeiro contato sexual de Adão e Eva.
Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50