Lamentações 4 — Comentário Teológico
Lamentações 4 — Comentário Teológico
Lamentações 4
Como se escureceu o ouro! Jerusalém, a Dourada, tomou-se escurecida e embotada. Não mais refletia a glória do Senhor.
As pedras, antes grandiosas, como tantas gemas, constituíam o templo e seus
esplendorosos edifícios. Agora aquelas pedras estavam espalhadas e se
tomaram um montão de escombros. Com uma metáfora de coisas preciosas
feitas comuns e corruptas, o profeta falou sobre o atual estado
horrendo da cidade, depois que os babilônios terminaram sua missão
destruidora. O vs. 2 faz essas coisas preciosas ser os habitantes da
cidade, mas a referência é lata o bastante para incorporar o templo e suas
riquezas materiais. 'O ouro, o ouro fino e as pedras sagradas são o
templo, os seus tesouros que são então usados como uma metáfora para as
possessões mais preciosas de Jerusalém, a saber, os seus habitantes”
(Theophile J. Meek, in loc). Cf. este versículo com Lam. 1.10 e I
Reis 6.22. Toda a casa de Salomão estava recoberta de ouro, como também
todo o altar (ver Jer. 3.19).
Vede como o ouro perdeu o seu brilho!
Vede como o bom ouro mudou!
As pedras do templo estão espalhadas Por todos os
cantos da rua.
(NCV)
4.2 Os nobres filhos de Sião. Os filhos de Sião, que antes eram como ouro fino,
foram mudados em vasos de barro quebrados pelos atacantes babilônios. O
valor deles foi perdido com o sangue foi derramado no chão. Os filhos de
Sião eram filhos de Deus altamente estimados, mas agora formavam apenas um
bando de potes que algum oleiro humano tinha feito.
“Eles valiam
seu peso em ouro, pois o hebraico diz, literalmente, ‘aqueles pesados a peso de
ouro fino”1 (Theophiie J. Meek, in loc,). O barro era o
material comum usado para vasos de utilidade, tanto na cozinha como fora
dela, Esses vasos tinham pouco valor e podiam ser substituídos facilmente,
caso se quebrassem. Os filhos de Sião tornaram-se inúteis e foram jogados fora
como lixo. Cf. Isa 30.14; Jer. 18,1-6 ; 19.1-10. Ver também Sal. 31.12.
4.3 Até os chacais dão o peito. Até animais ferozes e cruéis como os chacais têm
sentimentos de ternura para com os filhotes, garantindo que eles
receberão leite materno suficiente. Porém, endurecidas pelo que os
babilônios lhes fizeram, as mães de Judá terminaram comendo os próprios
filhos! (Lam. 2.20). Elas se tornaram piores que as feras do campo, e se
assemelharam a avestruzes, que têm a reputação de negligenciar os filhotes
(Jó 39.13-18). A mãe avestruz põe os ovos na areia, onde são pisados sob
os pés, e os poucos que sobrevivem não são tratados com nenhum cuidado
especial. Os chacais, antes abundantes em torno do mar
Mediterrâneo, viajavam em bandos e se associavam em áreas desoladas (ver
Isa. 35.7; Jer. 9.11; 10.22; 49.33; Mal. 1.3). Eles eram (e são) cruéis
contra outras formas de vida, mas pelo menos cuidam dos filhotes.
4.4 A língua da
criança que mama. O cerco reduziu Jerusalém à inanição. Os poucos sobreviventes
competiam para consumir os alimentos restantes. As crianças pequenas morriam de
sede e fome, e muitas estavam feridas e sofriam. As crianças em idade de
mamar não tinham mais o leite materno. A mãe deles estava morta, ferida ou
moribunda. Algumas mães chegavam a comer os filhinhos famintos! As
crianças maiores, entrementes, estavam nas ruas, esmolando pão, mas
ninguém compartilhava com elas coisa alguma. Cf. Lam. 2.12,19,20, O profeta
pinta um quadro desesperado e sanguinário, e devemos entender que a
ídola-tria-adultério-apostasia de Judá é que os pusera nessas condições
deploráveis.
4.5 Os que se alimentavam de comidas finas. Os ricos, acostumados a comer comidas finas e
usufruir os luxos da vida, pereciam nas ruas como esmoleres comuns, de
quem ninguém tinha pena. Estavam feridos e morriam de fome em montões de
cinzas, pois tinham sido reduzidos a nada. Aquelas pessoas foram acostumadas
a usar roupas finas, mas agora sua condição era de miséria, jazendo eles entre
as cinzas, feridos e mortos de fome!
As pessoas
que tinham crescido usando roupas finas agora reviravam as latas de lixo.
(NCV)
Os que se criaram entre escarlata. “A escarlata, tal como se vê em II Sam. 1.24,
representa os xales ou vestes dos ricos, tingidos, por assim dizer, com a
púrpura ou o carmesim de Tiro. Os que se tinham adornado com essas vestes
de excelente qualidade agora se refugiavam nos monturos como seu único
refúgio” (Ellicott, in loc.).
... se
apegam. O hebraico diz aqui, literalmente, abraçam.
Aqueles que evitavam qualquer tipo de imundícia agora se jogavam nos monturos,
seus lugares de descanso, de onde eles esperavam extrair alguma coisa para
manter-se vivos. Os monturos e os montões de cinzas continuam sendo
características conspícuas nas aldeias orientais.
4.6 Porque maior é a maldade da filha do meu povo... O profeta lembra que toda aquela calamidade era um castigo
da parte de Yahweh. Em sua opinião, algo pior do que o que tinha
acontecido em Sodoma e Gomorra. O terremoto e a atividade vulcânica que
houve em seguida varreram completamente aquela gente, juntamente com
outras cidades da planície, e isso foi o fim de tudo. Mas Jerusalém estava
sujeita a uma morte lenta, em meio a terrores e cruéis sofrimentos. “A destruição
de Sodoma foi instantânea, mais misericordiosa do que a agonia arrastada por
longos anos de Jerusalém” (Theophiie J. Meek, in loc.). Ambas
caíram sob o peso da pesada mão de Yahweh. Ver sobre mão divina em
Sal. 81.14; e sobre mão direita em Sal. 20.6. Outra vantagem
de Sodoma foi que “mão alguma” se fez sentir sobre ela. Antes, uma força
temível da natureza, dirigida por Deus, aniquilou a cidade em pouquíssimo
tempo. Mas cruéis mãos humanas afligiram Jerusalém com uma agonia
prolongada. Cf. este versículo com II Sam. 24.14; Mat. 10.15 ; 11.24, Ver
Gên. 19.24.
“Embora os habitantes de Sodoma fossem grandes
pecadores, os judeus foram muito piores. Os pecados deles eram agravados. Com
isso concorda o Targum, que diz que os judeus tinham luz muito maior, o
que tornou o pecado deles muito maior” (John Gill, in loc.).
Sem o emprego de mãos nenhumas. O hebraico por trás
desta tradução é incerto. Dou uma tradução padrão acima; foram cruéis mãos
humanas que afligiram Jerusalém, Mas tanto a NCV quanto a NIV fazem a mão ser
uma mão potencialmente ajudadora, que não se estendeu nem ajudou.
Tanto Sodoma quanto Jerusalém perece-am sem receber ajuda de nenhuma
agência, humana ou divina. Portanto, a desolação dessas duas cidades foi
grande, já que não houve esperança quando elas foram esmagadas pelo castigo
divino.
4.7 Os seus príncipes
eram mais alvos do que a neve. A palavra hebraica aqui traduzida por “príncipes”
pode significar “devotos”, e a King James Version pensa ser isso uma
alusão aos nazireus. A maior parte dos eruditos, porém, rejeita
esse significado, e alguns emendam o hebraico para uma palavra similar,
produzindo ”jovens”. Seja como for, é evidente que devemos pensar na elite
do povo. O profeta falou poeticamente a respeito. Eles eram mais “alvos do
que a neve” e mais “brancos do que o leite”. É provável que isso se refira à
ótima aparência física deles, e não a qualidades morais superiores. Os
hebreus não eram brancos, mas tinham mais ou menos a cor dos árabes modernos.
Os judeus de nossos dias foram clareados devido à mistura com europeus.
Além disso, o corpo deles era “mais ruivo” do que os corais, e o rosto
deles se parecia com safiras. Estamos tratando com expressões poéticas que
falam de saúde e boa aparência, e não com descrições exatas de cor da pele.
Eles tinham, por assim dizer, uma tez branco-avermelhada, o ideal nos países do
Oriente. Cf. I Sam. 17.42 e Can. 5.10. Mas os babilônios estragaram a
beleza e cortaram a vida dos jovens israelitas.
4.8 Mas agora escureceu-se-lhes o aspecto mais do que a
fuligem. A beleza transformou-se em feiúra. O branco tornou-se
mais escuro que o carvão, a cor da morte. Os poucos sobreviventes foram
deixados a morrer nas ruas. Estavam feridos e esfomeados, com o corpo
emaciado e a pela enrugada. Eram indivíduos ressecados, duros como a
madeira. Estavam praticamente mumificados. Cf. Lam. 5.10. A principal
referência é aos efeitos da fome, que dizimava os sobreviventes. Cf, Joel
2.6 e Nee. 2.10. “A pele deles estava gretada e enrugada; a carne
estava endurecida; os ossos se tinham tornado como varetas, ou como um
pedaço seco de madeira, pois a umidade e o tutano se ressecaram” (John
Gill, in loc).
4.9 Mais felizes foram as vítimas da espada. Se pudermos falar sobre a felicidade, então felizes
são os que morrem devido ao golpe de uma espada. As vítimas da fome sofrem
mais. Clamam por pão ou algum outro produto do campo, mas não os há; e,
mesmo que houvesse, ninguém lhes daria dessas coisas. A espada só
atravessa uma pessoa por uma vez. A fome, especialmente a dos feridos, é
algo que se repete contínuamente. A vida “fluía” para fora deles gradualmente,
que é o sentido literal do hebraico por trás de “se definham”. O
Targum tem uma nota horrenda aqui: “Mais felizes são aqueles mortos à
espada do que aqueles que morrem de fome. Aqueles que são feridos pela
espada têm seus intestinos derramados para fora de uma vez. Mas aqueles
mortos de fome têm seus ventres inchados de fome. Seus ventres estouram
por falta de alimentos”.
4.10 As mãos das mulheres outrora compassivas. As mulheres, sobretudo as mães, que usualmente
tinham gestos de compaixão e carinho com os filhos, agora usavam essas
mesmas mãos para mergulhar os filhos em grandes vasos com água fenvente, a
fim de prepará-los como alimentos! Ver Lam. 2.20, onde vemos o canibalismo que
ocorreu quando os babilônios cercaram Jerusalém por 30 meses. A história
se repete, mostrando (até mesmo nos tempos modernos, entre os
povos civilizados) que as pessoas que enfrentam a possibilidade da morte
pela fome apelam para comer os semelhantes, mesmo que em sua cultura nada
encoraje tal conduta. Que poderia haver de mais terrível do que o corpo de
um filhinho a flutuar na água fen/ente de uma panela? Tais coisas
aconteceram novamente quando os romanos assediaram Jerusalém no ano de 70
D. C., conforme informa Josefo (Guerras dos Judeus v.12). Cf. Deu.
28.56,57. “De cenas tão horríveis, é bom que as deixemos para trás o mais
rapidamente possível” (Adam Clarke, in loc., que
comentou abreviadamente o vs, 10 e se apressou a passar adiante). Certa
judia chamada Maria, por ocasião do cerco dos romanos de Jerusalém, matou
seu filhinho, cozinhou-o em uma panela grande, comeu parte dele e deixou o
resto guardado para uma refeição futura. Os endurecidos soldados romanos,
que encontraram a parte do corpinho restante, encheram-se de horror diante
do que viram.
4.11 Deu o Senhor cumprimento à sua indignação. A Yahweh foi dado o crédito por ter causado
tais aflições, pois foi o juízo divino que reduziu Jerusalém a um bando de
animais, ou seja, os poucos que sobreviveram à matança e ao saque causados pelo
exército babilônico. Foi Sua ira feroz que acendeu as chamas
que incendiaram Jerusalém e até o templo. A cidade tornou-se um montão de
ruínas fumegantes. A idolatria-adultério-apostasia do povo judeu foi
finalmente tratada, Cf. esle versículo com Lam. 2.3. O incêndio da cidade
foi registrado em II Crô 36.19. Ver também Deu. 32.22 e Jer. 21.14. Ver no
Dicionário o artigo chamado Ira de Deus. O locai foi
demolido de lal modo que até parecia jamais poder ser reconstruído, Mas um
Novo Dia já se aproximava, depois que o juízo divino tivesse completado
Sua obra. As chamas tinham por finalidade expurgar, e não meramente
destruir.
Causas do Cerco (Lm 4.12-20)
4.12 Não creram os reis da terra. Os habitantes de
Jerusalém se consideravam invencíveis, e outro tanto pensavam muitos
povos. Suas fortificações eram imensas. Foram necessários 30 meses para
que os babilônios vencessem as defesas da cidade. Mas, quando romperam as
muralhas, eles se precipitaram sobre as vítimas como uma matilha de
chacais ferozes, que em breve tinham efetuado horrenda matança,
assassinando jovens e velhos, homens e mulheres,
indiscriminadamente. Jeremias tinha avisado ao povo que a cidade não era
tão forte quanto o povo pensava, pois cairia na hora da provação. Ver Jer.
7.4; 27.14. Mas os judeus preferiam ouvir a bela história dos falsos
profetas que continuavam a falar em paz e prosperidade. Se vários inimigos
tinham alcançado certa medida de sucesso contra a cidade, suas defesas
tinham sido reconstruídas e aprimoradas, e havia suprimento de água garantido
por um túnel subterrâneo. Ver II Crô. 32.2-5; 33.14, Esses elaborados
preparativos atrasaram os babilônios, mas não os fizeram parar.
4.13 Foi por causa dos pecados dos seus profetas. As
inúmeras injustiças de Jerusalém (Judá), incluindo a execução de pessoas
inocentes, o que encheu a cidade com o sangue delas, finalmente requereram
a destruição do lugar, em consonância com a Lei Moral da Colheita
segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionário). Cf. este
versículo com Lam. 2.14. “Visto que os profetas e os sacerdotes, por sua
orientação, eram culpados pelas condições da nação, eles eram, de fato,
assassinos dos inocentes” (Theophile J. Meek, in toe). Os inocentes
cujo sangue fora derramado viveram antes e depois do cerco babilônico. Foi
uma questão assassina do começo ao fim. “Os seres mais miseráveis, sob a
pretensão do zelo pela verdadeira fé, perseguiam e matavam profetas e
sacerdotes genuínos, bem como o povo de Deus, fazendo o sangue deles ser
derramado no meio da cidade” (Adam Clarke, in loc.). Ver II
Crô. 36.14. Cf. também Mat. 23.35-38 e Tia. 5.6. “Essas palavras apontam
para incidentes como a morte de Zacarias, filho de Joiada (II Crô. 24.21);
o-sangue inocente derramado por Manassés (II Reis 24.21); e, provavelmente,
outras atrocidades que não ficaram registradas, mas ocorreram durante o
cerco. Contra a vida de Jeremias também foram feitas tentativas, mas sem
êxito (Jer. 26.7). Os verdadeiros profetas eram vistos como traidores
(Jer. 26.7)” (Ellicott, in loc.).
4.14 Eram como
cegos nas ruas. Os profetas e sacerdotes, tão cheios de violência e iniquidade,
diziam-se iluminados, mas na realidade eram homens cegos, manchados de sangue,
poluídos como leprosos, e se tornaram um nojo para todos ao redor. Este
versículo parece salientar sua condição moral e espiritual antes do cerco,
e então seus atos literais, quando o cerco os tomou de surpresa. ”Quando a
cidade foi conquistada, eles fugiram e, quais cegos, não sabiam em que
direção ir; antes, ficaram vagueando de lugar para lugar, buscando um refúgio”
(John GUI, in loc.). Cf. este versículo com Deu. 28.28; Jer. 23.12; Isa.
29.10, ”Os homens não podiam tocar em suas vestes, pois estavam empapadas
de sangue (Núm. 19.16)” (Fausset, in loc.).
4.15 Apartai-vos, imundos! gritavam-lhes. Aqueles homens rudes foram tratados como leprosos.
Ninguém queria aproximar-se deles e tocar em suas vestes que causavam nojo. Por
isso gritavam para que se mantivessem afastados e chamavam-nos de imundos.
Ver Lev. 13.45. Eles se tornaram como Caim, fugitivos e vagabundos na terra,
párias, abandonados. “Deus dispersou os líderes de Jerusalém, pois eles
haviam conduzido o povo ao pecado” (Charles H. Dyer, in loc). “Aqueles
assassinos tugiram de seus próprios compatriotas e se viram igualmente
repelidos entre os pagãos” (Ellicott, in loc). Ver Deu. 28.65.
4.16 A ira do Senhor os espalhou. Não toram as condições adversas que espalharam
aqueles réprobos. Foi o juízo divino contra eles que os tornou fugitivos. O
hebraico diz, literalmente: A “face de Yahweh” os dispersou. Foi o rosto de
Deus, em carranca, que os assustou e os lançou em confusão e
terror. Aqueles homens iníquos tinham caído na desgraça. E todos os homens
passaram a evitá-los, pois estavam debaixo da maldição divina. Os homens
não tinham mais respeito pelo oficio e pela posição deles. Eles tinham
perdido tanto o favor divino quanto o favor humano.
Nem se compadece dos anciãos. As pessoas de idade
avançada mereciam respeito, mas não agora. A palavra “ancião” substituiu o
termo “profetas” para enfatizar o horror da situação. Aqueles em quem o povo
tinha confiado agora não mereciam mais confiança e favor.
4.17 Os nossos olhos ainda desfalecem. A cena agora muda
de volta para o povo geral, pois o autor terminou sua diatribe contra a
liderança de Judá. O povo em vão esperou alguma Intervenção de ultimo
minuto, quando algum aliado os salvaria do exército babilônico. Mas essa
ajuda nunca se concretizou. O povo tinha olhado para o Egito como esse
aliado (ver Isa. 36.6-10; Jer. 37.5-10), mas os egípcios mostraram-se
admiravelmente fracos na hora azada. “Tanto Jeremias quanto Ezequiel
tinham advertido contra a futilidade de confiar no Egito como proteção
(ver Jer. 37.6-10; Eze. 29.6,7). Essa falsa esperança só produziu
uma amarga tristeza quando o exército babilônico, mais rápido que as
águias (Hab. 1.8), finalmente capturou Jerusalém, perseguindo àqueles
que tentavam escapar’ (Charles H. Dyer, in loc). Outro golpe
aplicado pela ignorância foi o ato de Joanã, que levou para c Egito os
poucos sobreviventes de Judá, a fim de escapar de futuras atrocidades dos
babilônios. Ver Jer. 43. Mas a ira dos babilônios os seguiu até o Egito,
quando essa nação foi demolida, não muito tempo depois.
4.18 Espreitavam os nossos passos. Jerusalém
tornou-se como um animal caçado, e o caçador (a Babilônia) não lhe dava paz,
perseguindo, matando e saqueando. Nenhum homem podia andar nas ruas, pois alí
encontraria morte súbita. Os que se escondiam eram descobertos e mortos
em seus lares. O dia de Jeremias estava terminado; os poucos dias que lhes
restavam estavam numerados, e logo se acabaram. O fim deles tinha chegado.
Este versículo pode referir-se especificamente aos ataques preliminares contra
o povo, a partir dos fortes e das torres que eles haviam construído, de
onde atiravam setas e lançavam mísseis em qualquer um que fosse tolo o
bastante para vaguear pelas ruas.
4.19 Os nossos perseguidores foram mais ligeiros. Estas palavras descrevem as tentativas de alguns para
fugir da cidade, depois que a matança começou. Mas os que fugiram foram
perseguidos e alcançados com flechas pelos soldados que tinham saído
depois deles como águias velozes, efetuando ainda pior matança. Até mesmo
os que se refugiaram nas colinas em torno de Jerusalém foram alcançados e
executados sem tardança. Além disso, os babilônios também se achavam
nos vales, de forma que ninguém conseguiu escapar. Eles eram onipresentes
e assassinos. Pode haver aqui uma alusão à tentativa de fuga de Zedequias, seus
familiares e dos nobres. Mas eles foram capturados nas planícies de
Jericó. Em Ríbla, os filhos do rei foram executados diante de seus olhos;
e então Zedequias foi cegado e lançado na prisão pelo resto da vida. Os
príncipes foram todos executados. Ver Jer 52.7-9. Os babilônios eram
especialistas do genocídio,
4.20 O fôlego da nossa vida, o ungido do Senhor. O rei era o comandante-em-ctiefe,
e foi aqui chamado de “fôlego da nossa vida”. Diz a NCV: “aquele que era a
nossa própria respiração”. A referência é a Zedequias, que foi apanhado como
um animal em uma cova. Eles haviam dito acerca dele; “Debaixo de sua
sombra viveremos entre as nações”; mas ele não ofereceu nenhuma esperança
na hora da provação. Ele tinha sido o ungido de Yahweh, uma referência à
unção dos reis de Judá para o seu oficio. Ele parecia ter o favor de Deus,
mas perdeu esse direito por causa de sua iniquidade e fraqueza.
Quanto à unção dos reis de Israel, ver I Sam. 10.1; 16.1; I Reis 1.39-45 e
II Reis 11.12, Quanto à tentativa de Zedequias escapar, ver Jer. 39.2-7.
Descrevo o que aconteceu a ele e aos que tentaram fugir com ele, na
última porção das notas do vs. 19.
4.21 Regozija-te e alegra-te, ó filha de Edom. Visto que Yahweh tinha um pacto com Israel (Deu.
28-30), havia esperança de vindicação tanto contra a Babilônia como contra
as nações que a tinham vexado ao longo da história. Os dois
últimos versículos deste capítulo contrastam Israel com seu principal
inimigo, Edom, O contraste ilustra como o juízo de Israel tinha por
intuito operar retribuição, mas também a restauração final.
Condição Atual Condição Futura
Edom alegra-se diante Israel é
restaurada
da condenação de Israel
Israel é punida Edom é punida.
“Dentre todos os seus vizinhos, nenhum era tão odiado
por Israel quanto Edom (ver Isa. 34,1-17; 63.1-6; Eze. 35.1-15; Jer. 49.7-22;
Oba 1.1-21). De acordo com isso, havia certa satisfação no pensamento de
que em breve chegaria a vez de Edom ser destruída, e de que essa nação
teria de beber da mesma taça de vergonhosa humilhação (cf. Jer. 25.15-29; Hab.
2.15,16). Aqui e em Gên. 36.28 (= I Crô. 1.42), Uz foi ligada a Edom, mas
em outros lugares ela é variegadamente localizada” (Theophile J. Meek, in
loc). Ver os nomes próprios no Dicionário quanto a detalhes.
Edom se regozijaria por causa da queda de Jerusalém, mas o dia
da destruição de Edom já se avizinhava, pelo que o seu dia de alegria
tería pouca duração. Por isso foi dito: “Alegra-te. jovem, na tua
juventude” (Eclesiastes 11.9). “O triunfo de Edom por ocasião da queda de
Sião foi, tal como no Salmo 137, a tristeza coroadora do lamentador. Mas
juntamente com essa tristeza houve uma visão do julgamento, que também é
uma visão de esperança” (Ellicott, in loc.).
O profeta usou aqui uma de suas metáforas
favoritas, o cálice amargo que intoxica e destrói. Judá teria de beber esse
cálice de causar desgosto, mas logo chegaria a vez de Edom bebê-lo. Ver
Jer 25,17. Está em vista o juízo, e o cálice, falando-se finalmente, era o
cálice de Yahweh, embora Ele utilizasse Instrumentos humanos para fazer as
nações sorver Seu vinho de ira. Ver também Jer. 13.12 ; 49.7- 22. Os que
beberam do cálice ficaram embriagados, ou seja, foram totalmente vencidos pela
ira de Yahweh. Em seguida, foram desnudados, para serem vistos e zombados
por outros. O pecado deles os tinha encontrado.
4.22 O castigo da tua maldade está consumado, ó filha de Sião. Bastante é
Bastante. A punição imposta pela Babilônia em seu ataque e subsequente
cativeiro tinha realizado sua obra. A iniquídade fora punida, e o
arrependimento fora inspirado por meio do julgamento. Cf. I Ped.
4.6. Os julgamentos de Deus são remediais, e não apenas retributivos. Em
breve terminaria o exílio dos judeus na Babilônia. Haveria a restauração
de Judá. O decreto misericordioso de Ciro enviaria de volta a Jerusalém um
pequeno remanescente, e haveria um Novo Dia. Alguns estudiosos supõem que
esta profecia se estenda à Era do Reino, sob o Messias, quando haverá
acontecimentos revolucionários. Mas Edom cairia, e nenhuma promessa
de renovação fazia parte do decreto divino. O oráculo de condenação
de Edom (Jer. 49.7- 22) também termina sem nenhuma nota de
esperança. Assim operava a lei da colheita segundo a semeadura, ditada
pela vontade de Yahweh. Cf. Oba. 4,15-18,20,21. Os pecados de Israel foram cobertos
(perdoados e esquecidos), mas os pecados de Edom permaneceram expostos,
pelo que os tremendos efeitos do juízo divino continuariam até que os
edomitas desaparecessem da face da terra.
Lamentações 1.1-3.22 se encerram com uma oração, o
que não acontece Lm 4. E Lm 5 pode ser visto então como essa oração de
encerramento. De fato, este capítulo é mais uma oração que um lamento, embora
tenha muitos elementos de lamentação. Essa oração descreve que tipo de
respostas o povo tem de dar para ganhar o favor de Yahweh. Em primeiro
lugar, o povo, em humildade e arrependimento, deve buscar a Deus e
pedir-Lhe que considere a miserável condição deles, a fim de que, na Sua
piedade, Ele a reverta (vss. 1-18). Além disso, há a chamada de Deus para
restaurar Judá (vss, 19-22). As bênçãos do pacto deveríam cumprir-se (Deu.
30.1-10)
“Neste poema, encontramos a oração da nação pedindo compaixão, e não uma lamentação autêntica. Na Vulgata Latina, o capítulo tem o título: ‘Uma oração do profeta Jeremias’. O vs. 3 indica que o autor estava vivendo na Palestina, entre o remanescente que ficara na região. Ele se demorou nas suas condições miseráveis como base da compaixão” (Theophile J. Meek, in loc.). Este poema final não emprega o método acróstico como os outros. Quanto a isso, ver a introdução ao Salmo 34.
“Neste poema, encontramos a oração da nação pedindo compaixão, e não uma lamentação autêntica. Na Vulgata Latina, o capítulo tem o título: ‘Uma oração do profeta Jeremias’. O vs. 3 indica que o autor estava vivendo na Palestina, entre o remanescente que ficara na região. Ele se demorou nas suas condições miseráveis como base da compaixão” (Theophile J. Meek, in loc.). Este poema final não emprega o método acróstico como os outros. Quanto a isso, ver a introdução ao Salmo 34.