Provérbios 5: Significado, Teologia e Exegese
Provérbios 5
Provérbios 5 é o primeiro grande ensinamento sobre os perigos de se relacionar com uma mulher que não é sua esposa. Os discursos da primeira parte do livro contêm três grandes blocos de tal ensino e significado (5:1–23; 6:20–35; 7:1–27), enquanto os provérbios da segunda parte também têm vários ditos concisos que apoiam o ensino ali encontrado (como 22:14; 23:27; 30:20). A dinâmica deste capítulo continua sendo um pai instruindo seu filho, e aqui o fato de o filho ser do sexo masculino é de vital importância, pois o tema é a proibição de relacionamentos íntimos com mulheres que estão fora do relacionamento conjugal.O pai aborda essa preocupação com todo o poder retórico que pode reunir porque a tentação é grande. Um relacionamento íntimo com uma mulher fora dos limites do casamento promete grande prazer e satisfação. A verdade por trás da aparência, no entanto, é que essas ligações resultam em uma dor tremenda. Assim, o pai adverte o filho a não seguir os próprios desejos, mas a obedecer à instrução. Se o filho não o fizer, lamentará profundamente a ruína que trouxe à sua vida.
No entanto, o pai não para de avisar sobre o mau comportamento; ele também incentiva o filho a um comportamento adequado na área de relacionamentos íntimos. Usando metáforas bastante provocativas, o pai diz ao filho para desfrutar da intimidade com a esposa. Nesse discurso, o filho é casado, então é provável que pensemos nele como um jovem adulto. De qualquer forma, o pai incentiva a ideia de que a melhor defesa (contra o adultério) é uma ofensa forte (revelar-se com as alegrias do sexo conjugal). No entanto, no final, ele apela ao olhar atento de Yahweh para empurrar o filho para um comportamento adequado. A obediência é o que separa os justos dos ímpios, e os ímpios acabam mortos.
Resumo de Provérbios 5
O livro de Provérbios 5 começa com um apelo urgente e paternal. Nos versículos 1-2, o pai insiste para que seu filho preste total atenção à sua sabedoria e discernimento, garantindo que ele possa manter o juízo e falar com conhecimento. É um chamado para que a mente do jovem esteja firmemente ancorada nos ensinamentos corretos.Ao lermos os versículos 3-6, somos imersos na descrição vívida e sedutora da mulher adúltera. Seus lábios são retratados como doces como mel e sua fala mais suave que azeite, mas essa doçura inicial se transforma rapidamente em amargura e destruição, cortante como uma espada. Seus passos não a levam à vida, mas a conduzem inexoravelmente para a morte e o abismo. Em seguida, nos versículos 7-8, o pai reforça o alerta, implorando ao filho que ouça suas palavras e se afaste completamente do caminho que leva a essa figura perigosa. A seriedade da advertência é palpável, sublinhando a necessidade de distanciamento físico e moral.
A narrativa avança para as consequências sombrias nos versículos 9-14. O texto descreve que a queda nos braços da adúltera resulta na perda total de honra, de anos de vida e de todos os bens para estranhos. O resultado final é um lamento amargo, com o corpo definhando e a dolorosa percepção de ter desprezado a instrução e os mestres, chegando à beira da ruína pública. Contrapondo essa destruição, os versículos 15-17 trazem um convite à fidelidade conjugal, aconselhando o filho a “beber água de sua própria cisterna” – um símbolo da esposa legítima – e a desfrutar de suas águas puras, sem espalhá-las para estranhos. A pureza e exclusividade do casamento são o caminho para a satisfação.
Finalmente, nos versículos 18-19, a exortação se aprofunda na alegria e na bênção de uma união abençoada. O pai incentiva o filho a “bendizer a sua fonte” e a se regozijar com a mulher da sua juventude, comparando-a a uma gazela e corça graciosa, sendo plenamente satisfeito e continuamente cativado por seu amor. Fechando o capítulo nos versículos 20-23, o autor questiona a loucura de se desviar para a adúltera, pois todos os caminhos do homem estão sob o olhar atento do Senhor. A mensagem final é severa: o perverso será apanhado em sua própria iniquidade, e sua morte é consequência da falta de disciplina e da grande tolice.
Explicação de Provérbios 5
Provérbios 5:1
Filho meu (É o coração do Pai que chama, como quem acende uma lâmpada ao entardecer e diz: “vem e senta-te à mesa”. O eco do “Ouve, Israel” de Deuteronômio 6 atravessa os séculos e encontra o “Filho amado” revelado nas águas do Jordão; quem escuta esse chamamento aprende a ser filho com o Filho, sob a disciplina que cura e adota, porque “o Senhor corrige a quem ama” — Hebreus 12. Aqui começa a escola do amor: pertencer antes de compreender, receber o abraço antes da ordem), atende à minha sabedoria (Não é um manual frio, é uma pessoa viva que fala; Sabedoria que criou os alicerces da terra, que estava “ao lado” de Deus no princípio e que, no tempo, se fez estrada para os nossos pés. Atender é inclinar o coração a Cristo — “poder e sabedoria de Deus” — deixando que sua voz defina o compasso do dia e a medida dos desejos), inclina o teu ouvido ao meu entendimento (A sabedoria entra pelo ouvido como semente em boa terra; quem inclina o ouvido sobe o monte pequeno de Samuel e diz: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve”. A fé nasce desse gesto de inclinação — Romanos 10:17 —, e a alma que se abaixa para ouvir levanta-se com coluna ereta para obedecer. Inclinar o ouvido é esvaziar o ruído e abrir espaço para a Palavra que julga intenções e serena tempestades).
Provérbios 5:2
para que guardes o juízo (Juízo é sentinela nos muros da alma, é a lâmpada que não se apaga à noite; quem o guarda transforma cada encruzilhada em altar, mede os passos com o metro da vontade de Deus e recusa atalhos que parecem doces mas cobram a alma em prestações de amargura. O mesmo Espírito que ensinou a Salomão exercita o nosso discernimento “para distinguir o bem do mal” — Hebreus 5:14 —, e a justiça deixa de ser palavra e vira hábito, como quem aprende o ritmo de um salmo e o leva no peito), e os teus lábios guardem o conhecimento (Os lábios são portões; por eles pode sair bálsamo ou lâmina. Guardar conhecimento na boca é deixar que a Palavra habite com abundância e, ao sair, seja fonte que não engana. Assim, a conversa se torna ministério: “a vossa palavra seja sempre com graça”, diz o apóstolo, e a língua, outrora inquieta, aprende a ser árvore de vida. O coração cheio da Escritura dá à boca um ofício sacerdotal: abençoar).
Provérbios 5:3
Porque os lábios da mulher estranha destilam mel (Há um mel que não vem das flores de Deus; doce à primeira lambida, mas fermentado no barril do engano. Essa doçura estrangeira veste a promessa com seda e oferece atalhos sem cruz; é a voz que sussurra no crepúsculo como em Provérbios 7, parente próxima de todas as lisonjas que, no fim, cobram juros altos da consciência. Entre o mel dessa língua e o “teu juízo”, o sábio escolhe o pão simples do Senhor, que sustenta sem embriagar), e o seu paladar é mais doce do que o azeite (O azeite verdadeiro unge e cura, desce como o de Salmo 133 e perfuma a comunhão; mas aqui o azeite é imitado, fragrância sem unção, brilho sem Espírito. O paladar cativa, a promessa encanta, e a alma, seduzida, esquece que nem todo óleo é consagração. A unção que permanece vem do Santo — 1 João 2:20 —; o resto é verniz sobre madeira podre. Aprende, pois, a provar os espíritos: o que é doce sem verdade, azeda o coração depois).
Provérbios 5:4
mas depois é amarga como o absinto (A doçura primeira revela-se fel, como as águas de Mara que, sem o madeiro, não serviam à vida — Êxodo 15:23–25; é o cálice de absinto que o Senhor dá aos infiéis — Jeremias 9:15; 23:15 — e o travo que Lamentações conhece no osso — Lamentações 3:15, 19. Tal sedução é estrela caída que envenena rios — Apocalipse 8:11 — e, como o vinho que brilha no copo, “no fim morde como a serpente” — Provérbios 23:31–32. Por isso, o coração aprende com a cruz a adoçar o amargo antes de beber), afiada como a espada de uma boca (A língua que promete carícias desembainha aço: “há quem fale como pontas de espada” — Provérbios 12:18; “sua língua é espada afiada” — Salmos 57:4; “suas palavras eram mais suaves que o azeite, contudo eram espadas desembainhadas” — Salmos 55:21. Contra tal lâmina, opõe-se outra boca e outra espada: o Servo cuja boca é “como espada afiada” — Isaías 49:2 —, o Cristo de cuja boca sai a espada que julga — Apocalipse 1:16; 19:15 —, e a Palavra “mais cortante que qualquer espada de dois gumes”, que fere para curar e discerne intenções — Hebreus 4:12; Efésios 6:17).
Provérbios 5:5
os seus pés descem para a morte (Quando o coração se deixa guiar pelo brilho de uma promessa fácil, os pés, que começaram leves, convertem a estrada em escadaria de pedra: é o caminho largo que seduz e afunda, como advertiu o Senhor — Mateus 7:13–14; é também a vereda da mulher de Provérbios 2:18 que pende a casa para a morte, exatamente o passo que o justo recusa ao meditar com Salmos 1 e escolher não andar segundo o conselho dos ímpios; e, se alguém ainda brinca à beira do abismo como quem prova o fruto do jardim proibido, não tarda a descobrir que a serpente oferece Éden e entrega exílio — Gênesis 3:1–24 —, porque o salário desses passos é, enfim, a morte — Romanos 6:23), os seus passos alcançam ao inferno (Não se trata apenas de um tropeço ocasional, mas de um rumo assumido; as pegadas se alinham com a porta que desce às sombras — Provérbios 7:27; Salmos 116:3 —, como Ló que escolheu a campina por ser verde — Gênesis 13:10–13 — e despertou sob chuva de fogo; contudo, Aquele que desceu às profundezas e despojou a morte pode inverter a marcha, de modo que o que descia se torne peregrino que sobe — Efésios 4:8–10 —, até que a vitória cante na boca: “tragada foi a morte na vitória” — 1 Coríntios 15:54–57).
Provérbios 5:6
para que não medites na vereda da vida (O ofício da sedução é apagar marcos antigos e calar o “assim diz o Senhor” que indica o bom caminho — Jeremias 6:16; por isso ela rouba a hora da reflexão e lança névoa sobre a decisão, para que não se pondere a trilha do justo — Provérbios 4:26–27 — nem se recorde a alegria de Salmos 16:11, esquecendo que a vereda é Alguém que diz: “Eu sou o caminho e a vida” — João 14:6), as suas pegadas são móveis (A promessa muda de rua e de sotaque, hoje jura fidelidade e amanhã vende lembranças; é o terreno liso onde os pés escorregam — Salmos 73:18 —, a pressa que corre para o mal — Isaías 59:7–8 —, a alma dobrada que Tiago chama inconstante — Tiago 1:8 —, e o vendaval de doutrinas que desancora o barco — Efésios 4:14), não as podes conhecer (Quem opta pelas trevas perde o norte e já não sabe para onde vai — João 12:35; o coração enganoso desorienta a bússola — Jeremias 17:9 — e dá crédito a caminhos que parecem direitos, mas acabam em morte — Provérbios 14:12; por isso a Escritura nos chama “filhos da luz”, para vigiar com sobriedade e discernir a senda do dia — 1 Tessalonicenses 5:5–6).
Provérbios 5:7
Então (Há um “agora” de Deus que corta a deriva como a voz que aquieta o mar — Marcos 4:39 — e abre, diante dos cansados, o caminho onde só havia água — Êxodo 14:13–16; “então” é a visita da graça na esquina do perigo, quando a mão do Pai gira os ombros do filho e corrige a rota), ouvi-me agora (O tempo da obediência é hoje — Hebreus 3:7–8; Salmos 95:7–8; a fé nasce do ouvir — Romanos 10:17 —, e quem abre o ouvido recebe mais do que um conselho humano: acolhe a sabedoria que entra no coração e guarda da queda — Provérbios 2:10–12), filhos (Não se fala a anônimos, mas à família; o Deus que chama pelo nome — Isaías 43:1 — adota, pelo Filho, órfãos do coração — Gálatas 4:4–7 —, e sua exortação é abraço disciplinador, correção de amor que legitima a filiação — Hebreus 12:5–11), e não vos desvieis das palavras da minha boca (Entre setas que apontam para mil becos, permanece a linha reta da Palavra que não mente — Salmos 119:105; João 17:17; foi o desvio que arruinou o povo no deserto — Salmos 95:10 —, e é a firmeza em “tudo quanto vos tenho ordenado” que sustentou Josué no avanço — Josué 1:7–9).
Provérbios 5:8
Afasta dela os teus caminhos (A santidade não negocia com a borda do precipício; aprende com José a primazia da fuga — Gênesis 39:7–12 — e com o apóstolo a urgência da ordem: “fugi da prostituição” — 1 Coríntios 6:18; o sábio, já avisado por Provérbios 4:14–15, ensaia nos pés o “não” que preserva o coração), e não te chegues à porta da sua casa (Porque à porta, quase invisível, jaz o pecado em prontidão — Gênesis 4:7 —, e quem se aproxima demais começa a escutar as canções cuja doçura embriaga como o vinho que cintila no copo, mas no fim morde como serpente — Provérbios 23:31–32; a peregrinação, portanto, requer mudar de calçada e escolher, como ordena o Senhor, a porta estreita e a vereda apertada que conduzem à vida — Mateus 7:13–14).
Provérbios 5:9
para que não dês a outros a tua honra (A honra é coroa que se perde quando se troca a glória do Deus vivo por imagens de instante — Salmos 106:20; quem se vende por um momento devolve ao inimigo aquilo que Cristo resgatou com sangue — 1 Coríntios 6:19–20 — e repete, em chave triste, o pródigo que dispersou bens em terra distante — Lucas 15:13), e os teus anos aos cruéis (Tempo, vigor e talento tornam-se despojo nas mãos de quem não conhece misericórdia; como em Oséias 7:9, estranhos devoram a força e o homem nem percebe, até que a velhice chegue com a sensação de saque; é melhor, pois, entregar os anos ao Senhor — Salmos 90:12 — e apresentar o corpo em sacrifício vivo — Romanos 12:1 —, para que o calendário se converta em culto).
Provérbios 5:10
para que os estranhos não se fartem da tua força (A infidelidade transforma o suor em banquete alheio, lembrando a sentença em que um povo estranho come o fruto do labor — Deuteronômio 28:33; Jeremias 5:17; o jugo de Cristo, porém, alivia e multiplica, de modo que o servo descansa enquanto o pão se reparte e sobra — Mateus 11:28–30; 14:19–20), e os teus trabalhos não fiquem na casa do estrangeiro (O que deveria ser altar torna-se tributo em domicílio estranho, como Israel que plantava sem colher por causa da idolatria — Miqueias 6:15; mas quando o Reino ocupa o primeiro lugar, a casa fica guardada e o celeiro, abençoado — Mateus 6:33; Provérbios 3:9–10).
Provérbios 5:11
e te gemes (Quando a festa se retira e sobra o silêncio dos pratos frios, a alma começa a falar com a voz quebrada do salmista: “enquanto calei, envelheceram os meus ossos pelos meus gemidos de todo o dia” — Salmos 32:3; é o gemido de quem preferiu o atalho ao mandamento, e agora, como o filho pródigo, descobre que a mesa distante não alimenta — Lucas 15:14–17; contudo, mesmo no vale do lamento, a graça põe no horizonte o “Miserere” que devolve a música aos ossos esmagados — Salmos 51:8), quando chegar o teu fim (Porque o fim chega como o pregador avisou: “lembra-te do teu Criador… antes que venham os maus dias” — Eclesiastes 12:1–7; no crepúsculo, cada passo revela que “de Deus não se zomba; tudo o que o homem semear, isso também ceifará” — Gálatas 6:7–8; mas o mesmo Deus que pesa a colheita abre, para os que se rendem, a porta do arrependimento que salva — 2 Coríntios 7:10), quando a tua carne e os teus músculos forem consumidos (Porque o pecado cobra em moeda de corpo: “quem comete adultério… destrói a sua própria alma” — Provérbios 6:32, e “quem se prostitui peca contra o próprio corpo” — 1 Coríntios 6:18; assim se cumpre o que a inveja, a culpa e a mentira fazem aos ossos — Provérbios 14:30; Salmos 31:10 —, até que a disciplina de Deus nos visite como ao salmista, não para matar, mas para curar — Hebreus 12:5–6).
Provérbios 5:12
e digas: Como aborreci a instrução (Tarde, os lábios confessam o que o coração recusou: o princípio da sabedoria era o temor do Senhor — Provérbios 1:7 —, mas o orgulho preferiu ser surdo, como a cerviz dura que Estêvão denunciou — Atos 7:51; ainda assim, o Ressuscitado continua dizendo a Laodiceia e a nós: “eu repreendo e disciplino a quantos amo; sê zeloso e arrepende-te” — Apocalipse 3:19), e o meu coração desprezou a repreensão! (Porque a melhor ferida é a que o justo dá — Salmos 141:5 —, e a vara do Pai é o cajado que impede o precipício — Provérbios 3:11–12; quando a alma confessa o desprezo, encontra Aquele que não despreza o coração quebrantado — Salmos 51:17).
Provérbios 5:13
e não ouvi a voz dos meus mestres (O filho sábio ouve a instrução do pai — Provérbios 13:1 —, mas a soberba fecha as janelas e troca luz por fumaça; contudo, quem recebe a palavra “não como de homens, mas como de Deus” — 1 Tessalonicenses 2:13 — descobre que rejeitar o enviado é recusar o Enviador — Lucas 10:16), nem estendi o meu ouvido aos que me instruíam (Porque a maturidade começa no ouvido que se estende — Provérbios 4:1–4 —, lembrando os guias cuja fé devemos imitar — Hebreus 13:7; e quando a alma pede um novo começo, o Senhor devolve a docilidade que outrora endurecemos — Isaías 50:4–5).
Provérbios 5:14
Quase me achei em todo o mal no meio da congregação e da assembleia (O pecado amado em segredo termina em praça pública, como ensinou o próprio livro: “ainda que o ódio se encubra… o seu mal se descobrirá perante a congregação” — Provérbios 26:26; foi assim com Acã, cuja culpa deteve um povo inteiro — Josué 7:1–26 —, e assim Paulo ordena que a igreja trate a chaga para salvar o corpo — 1 Coríntios 5:1–5; mas o Deus que expõe para curar também promete: “anunciarei o teu nome a meus irmãos; no meio da congregação te louvarei” — Salmos 22:22; Hebreus 2:12).
Provérbios 5:15
Bebe águas da tua cisterna e águas correntes do teu poço (A fidelidade conjugal é jardim fechado, não mercado de esquina — Cântico dos Cânticos 4:12–15; a aliança do matrimônio é cisterna selada contra as rachaduras das “cisternas rotas” da idolatria — Jeremias 2:13 —, e nela a água é viva porque a fonte é o próprio Deus que santifica o leito — Hebreus 13:4; quem bebe no poço do pacto não tem sede do estrangeiro, pois aprendeu com o Senhor a guardar o coração e o corpo como morada — 1 Coríntios 6:19–20).
Provérbios 5:16
Acaso se espalhariam as tuas fontes transbordantes lá fora, como ribeiros de águas pelas ruas? (Rios foram feitos para hortos e campos, não para sarjetas; a intimidade, que Deus ordenou para o leito do pacto, se perde quando se derrama nas praças onde a mulher estranha caça “em cada esquina” — Provérbios 7:12; não se lança o santo aos cães — Mateus 7:6 —, nem se profana a nascente que deveria irrigar o próprio jardim; a água do Espírito que corre do interior — João 7:38 —, longe de licenciosidade, aprende a fluir em fidelidade e dom de si dentro da aliança).
Provérbios 5:17
Sejam elas só tuas (Porque desde o princípio está escrito: “deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão ambos uma só carne” — Gênesis 2:24; Mateus 19:6; exclusividade não é cárcere, é sacramento de pertença, onde cada um “possui o seu vaso em santificação e honra” — 1 Tessalonicenses 4:3–4), e não para os estranhos contigo (A cama do pacto não admite convidados; quem a profana dá ao estranho o que pertence ao altar — Malaquias 2:14–16 —, e colhe a desintegração que o apóstolo denuncia; mas onde a exclusividade é guardada, a paz habita e a presença de Deus unge — Efésios 5:31–33).
Provérbios 5:18
Sejam benditas as tuas fontes (Benditas quando regam a terra da promessa doméstica e fazem florescer o “bom achado” de quem encontrou esposa — Provérbios 18:22; benditas quando Deus procura “uma descendência piedosa” e o lar se torna berço de fidelidade — Malaquias 2:15; benditas quando a bênção do Senhor enriquece sem acrescentar dores — Provérbios 10:22), e alegra-te com a mulher da tua mocidade (A alegria aqui não é fogaréu de instante, é braseiro de aliança: “goza a vida com a mulher que amas” — Eclesiastes 9:9; ama como Cristo amou a igreja — Efésios 5:25–27 —, e verás que o riso do casamento é liturgia, o leito é altar e a ternura, evangelho visível; quem assim se alegra, bebe da fonte que Deus abençoa, e o jardim — como em Cântico dos Cânticos — exala perfumes que não se vendem nas ruas, porque pertencem ao paraíso da fidelidade).
Provérbios 5:11
e te gemes (Quando a festa se retira e sobra o silêncio dos pratos frios, a alma começa a falar com a voz quebrada do salmista: “enquanto calei, envelheceram os meus ossos pelos meus gemidos de todo o dia” — Salmos 32:3; é o gemido de quem preferiu o atalho ao mandamento, e agora, como o filho pródigo, descobre que a mesa distante não alimenta — Lucas 15:14–17; contudo, mesmo no vale do lamento, a graça põe no horizonte o “Miserere” que devolve a música aos ossos esmagados — Salmos 51:8), quando chegar o teu fim (Porque o fim chega como o pregador avisou: “lembra-te do teu Criador… antes que venham os maus dias” — Eclesiastes 12:1–7; no crepúsculo, cada passo revela que “de Deus não se zomba; tudo o que o homem semear, isso também ceifará” — Gálatas 6:7–8; mas o mesmo Deus que pesa a colheita abre, para os que se rendem, a porta do arrependimento que salva — 2 Coríntios 7:10), quando a tua carne e os teus músculos forem consumidos (Porque o pecado cobra em moeda de corpo: “quem comete adultério… destrói a sua própria alma” — Provérbios 6:32, e “quem se prostitui peca contra o próprio corpo” — 1 Coríntios 6:18; assim se cumpre o que a inveja, a culpa e a mentira fazem aos ossos — Provérbios 14:30; Salmos 31:10 —, até que a disciplina de Deus nos visite como ao salmista, não para matar, mas para curar — Hebreus 12:5–6).
Provérbios 5:12
e digas: Como aborreci a instrução (Tarde, os lábios confessam o que o coração recusou: o princípio da sabedoria era o temor do Senhor — Provérbios 1:7 —, mas o orgulho preferiu ser surdo, como a cerviz dura que Estêvão denunciou — Atos 7:51; ainda assim, o Ressuscitado continua dizendo a Laodiceia e a nós: “eu repreendo e disciplino a quantos amo; sê zeloso e arrepende-te” — Apocalipse 3:19), e o meu coração desprezou a repreensão! (Porque a melhor ferida é a que o justo dá — Salmos 141:5 —, e a vara do Pai é o cajado que impede o precipício — Provérbios 3:11–12; quando a alma confessa o desprezo, encontra Aquele que não despreza o coração quebrantado — Salmos 51:17).
Provérbios 5:13
e não ouvi a voz dos meus mestres (O filho sábio ouve a instrução do pai — Provérbios 13:1 —, mas a soberba fecha as janelas e troca luz por fumaça; contudo, quem recebe a palavra “não como de homens, mas como de Deus” — 1 Tessalonicenses 2:13 — descobre que rejeitar o enviado é recusar o Enviador — Lucas 10:16), nem estendi o meu ouvido aos que me instruíam (Porque a maturidade começa no ouvido que se estende — Provérbios 4:1–4 —, lembrando os guias cuja fé devemos imitar — Hebreus 13:7; e quando a alma pede um novo começo, o Senhor devolve a docilidade que outrora endurecemos — Isaías 50:4–5).
Provérbios 5:14
Quase me achei em todo o mal no meio da congregação e da assembleia (O pecado amado em segredo termina em praça pública, como ensinou o próprio livro: “ainda que o ódio se encubra… o seu mal se descobrirá perante a congregação” — Provérbios 26:26; foi assim com Acã, cuja culpa deteve um povo inteiro — Josué 7:1–26 —, e assim Paulo ordena que a igreja trate a chaga para salvar o corpo — 1 Coríntios 5:1–5; mas o Deus que expõe para curar também promete: “anunciarei o teu nome a meus irmãos; no meio da congregação te louvarei” — Salmos 22:22; Hebreus 2:12).
Provérbios 5:15
Bebe águas da tua cisterna e águas correntes do teu poço (A fidelidade conjugal é jardim fechado, não mercado de esquina — Cântico dos Cânticos 4:12–15; a aliança do matrimônio é cisterna selada contra as rachaduras das “cisternas rotas” da idolatria — Jeremias 2:13 —, e nela a água é viva porque a fonte é o próprio Deus que santifica o leito — Hebreus 13:4; quem bebe no poço do pacto não tem sede do estrangeiro, pois aprendeu com o Senhor a guardar o coração e o corpo como morada — 1 Coríntios 6:19–20).
Provérbios 5:16
Acaso se espalhariam as tuas fontes transbordantes lá fora, como ribeiros de águas pelas ruas? (Rios foram feitos para hortos e campos, não para sarjetas; a intimidade, que Deus ordenou para o leito do pacto, se perde quando se derrama nas praças onde a mulher estranha caça “em cada esquina” — Provérbios 7:12; não se lança o santo aos cães — Mateus 7:6 —, nem se profana a nascente que deveria irrigar o próprio jardim; a água do Espírito que corre do interior — João 7:38 —, longe de licenciosidade, aprende a fluir em fidelidade e dom de si dentro da aliança).
Provérbios 5:17
Sejam elas só tuas (Porque desde o princípio está escrito: “deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão ambos uma só carne” — Gênesis 2:24; Mateus 19:6; exclusividade não é cárcere, é sacramento de pertença, onde cada um “possui o seu vaso em santificação e honra” — 1 Tessalonicenses 4:3–4), e não para os estranhos contigo (A cama do pacto não admite convidados; quem a profana dá ao estranho o que pertence ao altar — Malaquias 2:14–16 —, e colhe a desintegração que o apóstolo denuncia; mas onde a exclusividade é guardada, a paz habita e a presença de Deus unge — Efésios 5:31–33).
Provérbios 5:18
Sejam benditas as tuas fontes (Benditas quando regam a terra da promessa doméstica e fazem florescer o “bom achado” de quem encontrou esposa — Provérbios 18:22; benditas quando Deus procura “uma descendência piedosa” e o lar se torna berço de fidelidade — Malaquias 2:15; benditas quando a bênção do Senhor enriquece sem acrescentar dores — Provérbios 10:22), e alegra-te com a mulher da tua mocidade (A alegria aqui não é fogaréu de instante, é braseiro de aliança: “goza a vida com a mulher que amas” — Eclesiastes 9:9; ama como Cristo amou a igreja — Efésios 5:25–27 —, e verás que o riso do casamento é liturgia, o leito é altar e a ternura, evangelho visível; quem assim se alegra, bebe da fonte que Deus abençoa, e o jardim — como em Cântico dos Cânticos — exala perfumes que não se vendem nas ruas, porque pertencem ao paraíso da fidelidade).
Provérbios 5:20
E meu filho (É o Pai que volta a chamar, não como quem ameaça da varanda, mas como quem desce os degraus da casa para alcançar o coração antes que ele se perca na esquina; é a mesma voz que fez o deserto florescer para Israel, que advertiu com ternura e fogo: “sabe, pois, no teu coração que, como um homem disciplina a seu filho, assim o Senhor teu Deus te disciplina” — Deuteronômio 8:5; é a voz que, no tempo da graça, nos faz clamar “Aba, Pai” — Gálatas 4:6 —, e que em Laodiceia disse com amor ciumento: “eu repreendo e disciplino a quantos amo; sê zeloso e arrepende-te” — Apocalipse 3:19; “meu filho” aqui não é etiqueta de sermão, é a confirmação do vínculo que sustenta a exortação: o Pai não nos fala de fora, mas de dentro da aliança, como quem segura o queixo do filho com as duas mãos e realinha o olhar para a vida), por que te deixarias encantar por uma mulher estranha (O “por quê” é seta misericordiosa, não ironia; é o mesmo “por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?” — Isaías 55:2 —, que desmascara a má troca: mel emprestado por lealdade eterna, perfumes de esquina por óleo de consagração. A “mulher estranha” aqui não é apenas pessoa, é princípio: é a senhora Loucura, paródia da Senhora Sabedoria — Provérbios 9 —, é Babel que chama com taças douradas enquanto vende água amarga — Apocalipse 17:4; é a idolatria com rosto de romance que o Êxodo já conhecia quando proibiu os banquetes com deuses alheios — Êxodo 34:15; é a velha sedução que tiça a cobiça até que, concebida, dê à luz o pecado e, consumado, gere morte — Tiago 1:14–15. Deixar-se encantar é assinar procuração para que outro defina a música dos afetos; é trocar o vinho novo de Caná — João 2:10 — por o delírio que adormece a consciência; mas a sabedoria pergunta para acordar, como Jesus ao jovem rico: “por que me chamas bom?” — Marcos 10:18 —, expondo a raiz do desejo até que, diante do espelho, o coração confesse a vaidade do feitiço), e abraçarias o seio de uma estrangeira? (Abraçar aqui não é apenas gesto: é liturgia desviada. O abraço conjugal, no jardim do pacto, é sacramento de pertença — Gênesis 2:24; Mateus 19:6 — e figura do mistério maior, Cristo e a Igreja — Efésios 5:25–32; fora da aliança, o mesmo gesto torna-se culto profano, como fogo estranho no altar — Levítico 10:1–2. O “seio” estrangeiro oferece consolo sem promessa, calor sem fidelidade; promete amparo, mas vende cativeiro — Provérbios 23:27 —, e inscreve a alma no rol de Hós 7:9, quando “estranhos lhe devoram a força e ele não o sabe”. Não foi sem motivo que José preferiu a glória do corredor à vergonha do quarto — Gênesis 39:12 —, e que Paulo mandou fugir, não dialogar — 1 Coríntios 6:18; 2 Timóteo 2:22. Abraçar a estrangeira é abraçar o vento, é pôr a cabeça no colo de Dalila enquanto se perde o nazireado — Juízes 16 —, é mendigar migalhas no banquete da ilusão quando o Pai reservou pão quente na casa — Lucas 15:17–20; a sabedoria, portanto, não corta o abraço; consagra-o, devolvendo-o ao leito da promessa, onde a ternura se faz altar e a alegria, culto).
Provérbios 5:21
Pois os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor (A razão da advertência não é polícia celeste, é presença; “os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” — Provérbios 15:3; é o Deus de Hagar, que vê no deserto e batiza o poço com o nome de El-Roi — Gênesis 16:13–14; é Aquele de quem nada se oculta, “não há criatura encoberta diante dele” — Hebreus 4:13 —, e cujos olhos correm por toda a terra para mostrar-se forte para com os de coração inteiro — 2 Crônicas 16:9. Caminhamos diante de olhos que amam, e isso tanto consola quanto alarma: consola, porque o Pastor conhece o atalho onde nos perdemos e busca até achar — Lucas 15:4–7; alarma, porque o Rei pesa veredas, e a duplicidade, vestida de seda, ainda é duplicidade — Salmos 139:1–12; 1 Samuel 16:7. Viver “perante os olhos” é aprender o ofício dos patriarcas: “andar perante o Senhor” — Gênesis 17:1 —, é fazer da presença a nossa ética, como Davi que, sabendo-se conhecido, pedia: “sonda-me, ó Deus” — Salmos 139:23), e ele atenta para todos os seus passos (Não apenas para as grandes encruzilhadas; “os passos de um homem bom são firmados pelo Senhor; e dele se agrada o caminho” — Salmos 37:23, e “o Senhor guardará a tua entrada e a tua saída” — Salmos 121:8. Ele numera as nossas fugas — Salmos 56:8 —, esquadrinha os becos que escolhemos, relembra o pacto em cada esquina; e, quando o chão se torna de vidro, sua Palavra acende-se como lâmpada para os pés — Salmos 119:105 —, endireitando o que a cobiça entortou — Provérbios 3:6. Nada escapa: passos de Emaús são vistos e redimidos à mesa — Lucas 24:15–32; passos de Pedro, que correu e chorou, são vistos e reerguidos ao pé do fogo — João 21:7–19; passos de Tomé, hesitantes, são vistos e confirmados na ferida que cura — João 20:27–29. Se ele atenta, atentemos nós: andar como “na presença do dia” — Romanos 13:13 —, não para merecer os olhos, mas porque já somos por eles guardados).
Provérbios 5:22
As suas próprias iniquidades prenderão o ímpio (Eis a ironia grave da justiça: a armadilha que ele arma para o outro vira grilhão nos próprios pés — Salmos 7:15–16; Provérbios 1:18. O ímpio imagina-se caçador, mas a rede, tecida com fios de lascívia e mentira, fecha-se primeiro sobre quem a trama; é Haman erguendo forca para Mardoqueu e nela pendendo — Ester 7:10; é Acabe cobiçando a vinha de Nabote e colhendo sangue — 1 Reis 21; é o homem que “se vendeu ao pecado” — Romanos 7:14 — e acorda com recibo nos pulsos. O pecado promete liberdade, mas entrega servidão: “todo o que comete pecado é escravo do pecado” — João 8:34; a iniquidade, como credor impaciente, cobra com juros compostos de culpa, insônia e perda de rosto. Aqui, porém, a sabedoria não goza da ruína; expõe-na para libertar: reconhecer que “minhas próprias iniquidades me prendem” é dar o primeiro passo para ouvir a outra voz: “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” — João 8:36; quem confessa a algema começa a prová-la como coisa estranha, e a mão de Cristo, que quebrou as portas de bronze — Salmos 107:16 —, introduz ar no peito que já vivia em cativeiro), e ele será detido pelas cordas do seu pecado (As cordas são múltiplas e se entrecruzam: hábito, fantasia, segredo, discurso que justifica; são “os laços do Sheol” — Salmos 18:5 —, “os vínculos da maldade” que o jejum verdadeiro rompe — Isaías 58:6 —, o “fel e laço de iniquidade” que Pedro viu nos olhos de Simão — Atos 8:23. Note-se a antítese divina: Deus nos atrai “com cordas humanas, com laços de amor” — Oséias 11:4; o pecado ata com laços de posse. Cordas de amor dão pasto e casa; cordas de pecado dão curral sem luz. A misericórdia de Cristo desata nós: a sentença do Nazareno em Nazaré — Lucas 4:18 — não foi de psicologia, foi de libertação: “enviar livres os oprimidos”, quebrar ligaduras velhas e, na cruz, rebentar correntes antigas. E, se as cordas parecem resistir, lembremos Samson não na cegueira da queda, mas na imagem maior do Redentor: braços abertos rompendo colunas, não para se vingar de Filístia, mas para derrubar o teatro do cativeiro; quem se lança nos braços estendidos do Crucificado experimenta o único abraço que não escraviza, porque o jugo dele é suave e o fardo, leve — Mateus 11:28–30. A sabedoria manda admitir a prisão e pedir a chave; a graça responde com portas que se abrem sozinhas, como em Atos 12, quando Pedro passou, atônito, pelas grades).
Provérbios 5:23
Ele morrerá sem instrução (Não porque Deus cale; morre sem “musar”, sem disciplina que salva, como quem rejeita o médico e depois acusa a febre. “O meu povo está destruído porque lhe falta conhecimento” — Oséias 4:6 —, e “os insensatos morrem por falta de juízo” — Provérbios 10:21. A instrução não é uma aula: é uma mão que segura o braço quando a taça chega, é o “não” que nos treina para a vida — Tito 2:11–12; “a graça de Deus… nos educa” — e essa pedagogia é severa e terna: vara e cajado que consolam — Salmos 23:4; cruz e ressurreição que reeducam o desejo. Morre sem instrução quem chama amargura de doçura — Isaías 5:20 — e tapa os ouvidos quando a sabedoria clama na praça — Provérbios 1:20–33. Mas até na beira do abismo brilha um ladrão convertido: um morreu ao lado da Sabedoria e sem instrução do amor; o outro, catequizado em minutos pelo Rei crucificado, “lembra-te de mim”, ganhou jardim — Lucas 23:39–43; não faltou escola, faltou docilidade. Por isso “hoje” é o advérbio da salvação — Hebreus 3:7–8 —, e cada repreensão divina é uma pascoa pequena que nos conduz da escravidão para a terra da obediência), e na grandeza da sua estultícia se desviará (A estultícia tem grandeza: ergue torres como Babel, promete vistas amplas como o pináculo do templo — Mateus 4:5–6 —, mas o vento a derruba; “ensoberbece-se o homem e se humilha” — Provérbios 29:23 —, “professando-se sábios, tornaram-se loucos” — Romanos 1:22. Desviar-se aqui é verbo de ovelha: “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho” — Isaías 53:6; a grandeza da loucura é a insistência em chamar atalho de vereda; é a obstinação que estreita o coração até que ele só caiba dentro da própria vontade. E, no entanto, a literatura de Deus é repleta de retornos: Davi, que quase morreu sem instrução quando se calou — Salmos 32:3 —, aprendeu a pedir: “ensina-me o caminho” — Salmos 27:11; Pedro, que negou três vezes, foi interrogado três vezes para reaprender o amor — João 21:15–17; Jonas, que quis morrer longe da instrução, recebeu aula no ventre do peixe e depois debaixo de uma planta — Jonas 2–4. A grandeza da estultícia inclina, mas não precisa ser epitáfio; o desvio pode virar testemunho se a Palavra, “mais cortante que espada de dois gumes” — Hebreus 4:12 —, separar o engano das juntas da vontade. O sábio termina este capítulo de advertências com um convite silencioso: beber do próprio poço, honrar o leito do pacto, andar sob olhos que amam e, se atados, clamar por libertação; porque a misericórdia que nos chama de “meu filho” no versículo anterior é a mesma que, ao fim, nos toma pela mão como ao filho pródigo, cobre-nos com o primeiro vestido, põe anel no dedo e sandálias nos pés — Lucas 15:22 —, e nos devolve ao júbilo de uma casa que celebra, não a grandeza de nossa estultícia, mas a grandeza de sua graça que venceu a morte e endireitou as veredas que quebramos — Provérbios 3:6; 1 Coríntios 15:57).
Provérbios 5:20
E meu filho (É o Pai que volta a chamar, não como quem ameaça da varanda, mas como quem desce os degraus da casa para alcançar o coração antes que ele se perca na esquina; é a mesma voz que fez o deserto florescer para Israel, que advertiu com ternura e fogo: “sabe, pois, no teu coração que, como um homem disciplina a seu filho, assim o Senhor teu Deus te disciplina” — Deuteronômio 8:5; é a voz que, no tempo da graça, nos faz clamar “Aba, Pai” — Gálatas 4:6 —, e que em Laodiceia disse com amor ciumento: “eu repreendo e disciplino a quantos amo; sê zeloso e arrepende-te” — Apocalipse 3:19; “meu filho” aqui não é etiqueta de sermão, é a confirmação do vínculo que sustenta a exortação: o Pai não nos fala de fora, mas de dentro da aliança, como quem segura o queixo do filho com as duas mãos e realinha o olhar para a vida), por que te deixarias encantar por uma mulher estranha (O “por quê” é seta misericordiosa, não ironia; é o mesmo “por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?” — Isaías 55:2 —, que desmascara a má troca: mel emprestado por lealdade eterna, perfumes de esquina por óleo de consagração. A “mulher estranha” aqui não é apenas pessoa, é princípio: é a senhora Loucura, paródia da Senhora Sabedoria — Provérbios 9 —, é Babel que chama com taças douradas enquanto vende água amarga — Apocalipse 17:4; é a idolatria com rosto de romance que o Êxodo já conhecia quando proibiu os banquetes com deuses alheios — Êxodo 34:15; é a velha sedução que tiça a cobiça até que, concebida, dê à luz o pecado e, consumado, gere morte — Tiago 1:14–15. Deixar-se encantar é assinar procuração para que outro defina a música dos afetos; é trocar o vinho novo de Caná — João 2:10 — por o delírio que adormece a consciência; mas a sabedoria pergunta para acordar, como Jesus ao jovem rico: “por que me chamas bom?” — Marcos 10:18 —, expondo a raiz do desejo até que, diante do espelho, o coração confesse a vaidade do feitiço), e abraçarias o seio de uma estrangeira? (Abraçar aqui não é apenas gesto: é liturgia desviada. O abraço conjugal, no jardim do pacto, é sacramento de pertença — Gênesis 2:24; Mateus 19:6 — e figura do mistério maior, Cristo e a Igreja — Efésios 5:25–32; fora da aliança, o mesmo gesto torna-se culto profano, como fogo estranho no altar — Levítico 10:1–2. O “seio” estrangeiro oferece consolo sem promessa, calor sem fidelidade; promete amparo, mas vende cativeiro — Provérbios 23:27 —, e inscreve a alma no rol de Hós 7:9, quando “estranhos lhe devoram a força e ele não o sabe”. Não foi sem motivo que José preferiu a glória do corredor à vergonha do quarto — Gênesis 39:12 —, e que Paulo mandou fugir, não dialogar — 1 Coríntios 6:18; 2 Timóteo 2:22. Abraçar a estrangeira é abraçar o vento, é pôr a cabeça no colo de Dalila enquanto se perde o nazireado — Juízes 16 —, é mendigar migalhas no banquete da ilusão quando o Pai reservou pão quente na casa — Lucas 15:17–20; a sabedoria, portanto, não corta o abraço; consagra-o, devolvendo-o ao leito da promessa, onde a ternura se faz altar e a alegria, culto).
Provérbios 5:21
Pois os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor (A razão da advertência não é polícia celeste, é presença; “os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” — Provérbios 15:3; é o Deus de Hagar, que vê no deserto e batiza o poço com o nome de El-Roi — Gênesis 16:13–14; é Aquele de quem nada se oculta, “não há criatura encoberta diante dele” — Hebreus 4:13 —, e cujos olhos correm por toda a terra para mostrar-se forte para com os de coração inteiro — 2 Crônicas 16:9. Caminhamos diante de olhos que amam, e isso tanto consola quanto alarma: consola, porque o Pastor conhece o atalho onde nos perdemos e busca até achar — Lucas 15:4–7; alarma, porque o Rei pesa veredas, e a duplicidade, vestida de seda, ainda é duplicidade — Salmos 139:1–12; 1 Samuel 16:7. Viver “perante os olhos” é aprender o ofício dos patriarcas: “andar perante o Senhor” — Gênesis 17:1 —, é fazer da presença a nossa ética, como Davi que, sabendo-se conhecido, pedia: “sonda-me, ó Deus” — Salmos 139:23), e ele atenta para todos os seus passos (Não apenas para as grandes encruzilhadas; “os passos de um homem bom são firmados pelo Senhor; e dele se agrada o caminho” — Salmos 37:23, e “o Senhor guardará a tua entrada e a tua saída” — Salmos 121:8. Ele numera as nossas fugas — Salmos 56:8 —, esquadrinha os becos que escolhemos, relembra o pacto em cada esquina; e, quando o chão se torna de vidro, sua Palavra acende-se como lâmpada para os pés — Salmos 119:105 —, endireitando o que a cobiça entortou — Provérbios 3:6. Nada escapa: passos de Emaús são vistos e redimidos à mesa — Lucas 24:15–32; passos de Pedro, que correu e chorou, são vistos e reerguidos ao pé do fogo — João 21:7–19; passos de Tomé, hesitantes, são vistos e confirmados na ferida que cura — João 20:27–29. Se ele atenta, atentemos nós: andar como “na presença do dia” — Romanos 13:13 —, não para merecer os olhos, mas porque já somos por eles guardados).
Provérbios 5:22
As suas próprias iniquidades prenderão o ímpio (Eis a ironia grave da justiça: a armadilha que ele arma para o outro vira grilhão nos próprios pés — Salmos 7:15–16; Provérbios 1:18. O ímpio imagina-se caçador, mas a rede, tecida com fios de lascívia e mentira, fecha-se primeiro sobre quem a trama; é Haman erguendo forca para Mardoqueu e nela pendendo — Ester 7:10; é Acabe cobiçando a vinha de Nabote e colhendo sangue — 1 Reis 21; é o homem que “se vendeu ao pecado” — Romanos 7:14 — e acorda com recibo nos pulsos. O pecado promete liberdade, mas entrega servidão: “todo o que comete pecado é escravo do pecado” — João 8:34; a iniquidade, como credor impaciente, cobra com juros compostos de culpa, insônia e perda de rosto. Aqui, porém, a sabedoria não goza da ruína; expõe-na para libertar: reconhecer que “minhas próprias iniquidades me prendem” é dar o primeiro passo para ouvir a outra voz: “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” — João 8:36; quem confessa a algema começa a prová-la como coisa estranha, e a mão de Cristo, que quebrou as portas de bronze — Salmos 107:16 —, introduz ar no peito que já vivia em cativeiro), e ele será detido pelas cordas do seu pecado (As cordas são múltiplas e se entrecruzam: hábito, fantasia, segredo, discurso que justifica; são “os laços do Sheol” — Salmos 18:5 —, “os vínculos da maldade” que o jejum verdadeiro rompe — Isaías 58:6 —, o “fel e laço de iniquidade” que Pedro viu nos olhos de Simão — Atos 8:23. Note-se a antítese divina: Deus nos atrai “com cordas humanas, com laços de amor” — Oséias 11:4; o pecado ata com laços de posse. Cordas de amor dão pasto e casa; cordas de pecado dão curral sem luz. A misericórdia de Cristo desata nós: a sentença do Nazareno em Nazaré — Lucas 4:18 — não foi de psicologia, foi de libertação: “enviar livres os oprimidos”, quebrar ligaduras velhas e, na cruz, rebentar correntes antigas. E, se as cordas parecem resistir, lembremos Samson não na cegueira da queda, mas na imagem maior do Redentor: braços abertos rompendo colunas, não para se vingar de Filístia, mas para derrubar o teatro do cativeiro; quem se lança nos braços estendidos do Crucificado experimenta o único abraço que não escraviza, porque o jugo dele é suave e o fardo, leve — Mateus 11:28–30. A sabedoria manda admitir a prisão e pedir a chave; a graça responde com portas que se abrem sozinhas, como em Atos 12, quando Pedro passou, atônito, pelas grades).
Provérbios 5:23
Ele morrerá sem instrução (Não porque Deus cale; morre sem “musar”, sem disciplina que salva, como quem rejeita o médico e depois acusa a febre. “O meu povo está destruído porque lhe falta conhecimento” — Oséias 4:6 —, e “os insensatos morrem por falta de juízo” — Provérbios 10:21. A instrução não é uma aula: é uma mão que segura o braço quando a taça chega, é o “não” que nos treina para a vida — Tito 2:11–12; “a graça de Deus… nos educa” — e essa pedagogia é severa e terna: vara e cajado que consolam — Salmos 23:4; cruz e ressurreição que reeducam o desejo. Morre sem instrução quem chama amargura de doçura — Isaías 5:20 — e tapa os ouvidos quando a sabedoria clama na praça — Provérbios 1:20–33. Mas até na beira do abismo brilha um ladrão convertido: um morreu ao lado da Sabedoria e sem instrução do amor; o outro, catequizado em minutos pelo Rei crucificado, “lembra-te de mim”, ganhou jardim — Lucas 23:39–43; não faltou escola, faltou docilidade. Por isso “hoje” é o advérbio da salvação — Hebreus 3:7–8 —, e cada repreensão divina é uma pascoa pequena que nos conduz da escravidão para a terra da obediência), e na grandeza da sua estultícia se desviará (A estultícia tem grandeza: ergue torres como Babel, promete vistas amplas como o pináculo do templo — Mateus 4:5–6 —, mas o vento a derruba; “ensoberbece-se o homem e se humilha” — Provérbios 29:23 —, “professando-se sábios, tornaram-se loucos” — Romanos 1:22. Desviar-se aqui é verbo de ovelha: “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho” — Isaías 53:6; a grandeza da loucura é a insistência em chamar atalho de vereda; é a obstinação que estreita o coração até que ele só caiba dentro da própria vontade. E, no entanto, a literatura de Deus é repleta de retornos: Davi, que quase morreu sem instrução quando se calou — Salmos 32:3 —, aprendeu a pedir: “ensina-me o caminho” — Salmos 27:11; Pedro, que negou três vezes, foi interrogado três vezes para reaprender o amor — João 21:15–17; Jonas, que quis morrer longe da instrução, recebeu aula no ventre do peixe e depois debaixo de uma planta — Jonas 2–4. A grandeza da estultícia inclina, mas não precisa ser epitáfio; o desvio pode virar testemunho se a Palavra, “mais cortante que espada de dois gumes” — Hebreus 4:12 —, separar o engano das juntas da vontade. O sábio termina este capítulo de advertências com um convite silencioso: beber do próprio poço, honrar o leito do pacto, andar sob olhos que amam e, se atados, clamar por libertação; porque a misericórdia que nos chama de “meu filho” no versículo anterior é a mesma que, ao fim, nos toma pela mão como ao filho pródigo, cobre-nos com o primeiro vestido, põe anel no dedo e sandálias nos pés — Lucas 15:22 —, e nos devolve ao júbilo de uma casa que celebra, não a grandeza de nossa estultícia, mas a grandeza de sua graça que venceu a morte e endireitou as veredas que quebramos — Provérbios 3:6; 1 Coríntios 15:57).
Aplicação de Provérbios 5
Provérbios 5 se destaca como um solene e urgente alerta paternal contra as seduções da imoralidade sexual. Em seu estilo didático e poético, o capítulo desvela as facetas enganosas do pecado e as consequências devastadoras que inevitavelmente acompanham a infidelidade. A mensagem central é um chamado à pureza, à disciplina e à valorização do relacionamento conjugal legítimo como a fonte de verdadeira satisfação e proteção.O pai, agindo como um mentor, não apenas adverte sobre os perigos, mas também oferece o caminho da retidão, contrastando a ruína do desvio com a bênção da fidelidade. É uma lição profunda sobre discernimento moral, a necessidade de autocontrole e a soberania de Deus que observa todos os caminhos do homem, garantindo que a escolha pela sabedoria traga vida, enquanto a tolice leva à perdição.
Provérbios 5:1-6 (O Apelo Inicial à Sabedoria e o Alerta sobre a Mulher Adúltera)
Este bloco inicia com um apelo direto e sério do pai, que busca a atenção do filho para a sabedoria e o discernimento. O propósito é claro: capacitar o jovem a guardar o juízo e a expressar conhecimento com seus lábios. Imediatamente após essa introdução, o texto mergulha na descrição vívida e traiçoeira da mulher adúltera. Seus lábios são doces como mel e sua fala mais suave que o azeite, mas essa sedução inicial esconde um fim amargo como absinto e afiado como uma espada. Seus caminhos não levam à vida, mas, de forma enganosa, descem à morte e ao abismo, sem que a vítima perceba a real direção.Aplicação Prática: Entenda que a sabedoria divina é sua principal defesa contra as tentações, especialmente as de cunho sexual, que muitas vezes se apresentam de forma atraente. 1 Pedro 5:8 alerta: “Sejam sóbrios e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda a seu redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” Isso significa filtrar cuidadosamente o conteúdo que consome (mídias, redes sociais, conversas) e evitar ambientes que possam ser porta para a tentação. Por exemplo, desativar notificações de conteúdo online que possam te levar a sites pornográficos ou a interações imorais, mesmo que a curiosidade seja grande.
Preste atenção aos conselhos de seus pais sobre moralidade e relacionamentos, pois eles geralmente possuem uma visão mais madura dos perigos. Provérbios 1:8 diz: “Meu filho, ouça a instrução de seu pai e não despreze o ensino de sua mãe.” Seus pais podem alertá-lo sobre amizades ou situações que parecem inocentes, mas que podem levá-lo a caminhos perigosos. Ouça com humildade, mesmo que a “doçura” da tentação seja forte.
Seja claro e específico ao alertar seus filhos sobre os perigos da imoralidade, não apenas com regras, mas explicando as consequências a longo prazo. Provérbios 22:6 instrui: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Tenha conversas abertas sobre sexualidade, os perigos da pornografia e a importância de escolher parceiros com integridade, mostrando a eles que as “palavras doces” do pecado levam à ruína, e que a pureza é o caminho da verdadeira alegria.
A “doçura” da tentação não se restringe à imoralidade sexual; pode se manifestar em propostas ilícitas ou atalhos desonestos no trabalho. Mantenha seu discernimento moral aguçado. Colossenses 3:23 diz: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.” Se uma oferta de lucro fácil ou uma oportunidade de fraude surgir, use a sabedoria para ver além da aparência atraente e reconhecer a destruição que se segue.
Discernir entre ensinamentos que parecem “doces” e modernos, mas que desvirtuam a verdade bíblica sobre moralidade. 2 Timóteo 4:3-4 adverte: “Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos. Desviarão os ouvidos da verdade e se voltarão para os mitos.” Seja vigilante contra mensagens que suavizam o pecado ou justifiquem a imoralidade, pois elas são tão perigosas quanto as palavras da adúltera.
A sabedoria cívica envolve discernir propostas populistas ou aparentemente benéficas que escondem uma agenda destrutiva para a sociedade. Provérbios 14:12 afirma: “Há um caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte.” Esteja atento a discursos que prometem soluções fáceis para problemas complexos ou que incentivam a corrupção e a imoralidade em nome de uma falsa liberdade. A sabedoria o ajudará a ver além do “mel” da retórica política enganosa.
Provérbios 5:7-14 (A Advertência e as Consequências da Imoralidade)
Neste segmento, o pai lança um apelo veemente e direto: “Agora, pois, filhos, ouçam-me e não se desviem das palavras da minha boca.” Ele descreve as consequências devastadoras de seguir o caminho da adúltera: a perda da honra e da reputação, o desperdício dos melhores anos de vida e a espoliação de todos os bens por estranhos. O resultado final é um lamento amargo, onde o enganado se lamenta pela ruína física e moral, reconhecendo tardiamente sua insensatez por ter desprezado a instrução e a correção de seus mestres, chegando à beira da ruína pública.Aplicação Prática: As consequências do pecado sexual são múltiplas e dolorosas, afetando não apenas a vida espiritual, mas também a honra, os relacionamentos e os recursos. 1 Coríntios 6:18 instrui: “Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo.” Isso significa reconhecer que ceder à tentação traz perdas irreversíveis, como a vergonha para a sua família e a igreja, e o desperdício de talentos e recursos em vícios ou relacionamentos ilícitos.
A desobediência aos conselhos paternos sobre pureza pode resultar em perdas profundas e duradouras, tanto materiais quanto emocionais. Provérbios 28:7 diz: “Quem obedece à lei é filho sensato, mas quem anda com glutões envergonha a seu pai.” Envolver-se em relacionamentos imorais pode levar à perda de reputação na escola, a problemas com os pais, a gravidezes indesejadas, a doenças sexualmente transmissíveis ou ao desperdício de recursos que poderiam ser usados para o futuro.
É fundamental alertar os filhos sobre as consequências diretas e a longo prazo da imoralidade, usando exemplos práticos e mostrando como a desobediência traz sofrimento. Gálatas 6:7-8 afirma: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá corrupção.” Fale abertamente sobre os custos financeiros, emocionais, físicos e espirituais de escolhas erradas, para que eles compreendam a seriedade da questão e o valor da pureza.
As ações imorais, mesmo que pareçam “fora do trabalho”, podem ter consequências severas para a vida profissional. A perda de honra pode significar a perda de um emprego, de promoções ou de confiança. Efésios 5:3 diz: “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer impureza ou cobiça, porque essas coisas não são próprias para os santos.” Um escândalo pessoal ou um comportamento antiético (como assédio) pode destruir uma carreira promissora e manchar a reputação, fazendo com que “seus anos” sejam desperdiçados e “seus bens” comprometidos.
A imoralidade dentro da comunidade de fé traz escândalo, tristeza e enfraquece o testemunho do Corpo de Cristo. 1 Coríntios 5:1 adverte contra a imoralidade sexual entre os crentes. Aquele que ignora a disciplina e persiste no pecado pode trazer desonra para a igreja, perder a comunhão e a influência espiritual, e sofrer as consequências disciplinares, como a exclusão, levando a um “lamento” público pelo prejuízo causado.
A imoralidade generalizada em uma sociedade leva à desordem, à corrupção e à decadência. Provérbios 14:34 diz: “A justiça exalta uma nação, mas o pecado é uma desgraça para os povos.” Quando líderes ou cidadãos se entregam à imoralidade, a honra da nação é comprometida, recursos são desviados e a estrutura social se corrói, levando ao lamento coletivo pelas consequências do desrespeito às leis morais.
Provérbios 5:15-20 (A Sabedoria da Fidelidade Conjugal)
Em contraste com a destruição da imoralidade, este bloco apresenta o caminho da verdadeira satisfação e bênção: a fidelidade conjugal. A metáfora de “beber água da sua própria cisterna” e de desfrutar de suas “águas puras” representa a alegria e a exclusividade do relacionamento com a esposa legítima. Há um convite para “bendizer a sua fonte” e se alegrar com a mulher da sua juventude, descrevendo-a como uma gazela amorosa e uma corça graciosa, cujo amor deve saciar e cativar constantemente. O texto questiona a insensatez de buscar fora do casamento o que a união lícita pode oferecer.Aplicação Prática: A fidelidade conjugal é um reflexo do compromisso de Cristo com a Igreja e um testemunho da santidade. Hebreus 13:4 diz: “O casamento deve ser honrado por todos, e o leito conjugal conservado puro, pois Deus julgará os imorais e os adúlteros.” Celebre e invista em seu casamento, cultivando a intimidade e a exclusividade com seu cônjuge, vendo-o como um presente de Deus e um refúgio de satisfação. Por exemplo, dedique tempo de qualidade para o seu cônjuge, invista na vida sexual dentro do casamento e resolvam conflitos com amor e paciência, priorizando a união.
Honrar os futuros relacionamentos e o casamento como um compromisso sagrado, praticando a pureza e a fidelidade desde a juventude. 1 Timóteo 4:12 exorta: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.” Isso significa evitar a promiscuidade, respeitar o corpo do outro e do próprio, e buscar um relacionamento com base em princípios bíblicos, preparando-se para um futuro casamento saudável e abençoado.
Modele a fidelidade e o amor no casamento para seus filhos. Eles aprendem mais com o que veem do que com o que ouvem. Efésios 5:25 diz: “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela.” Demonstre afeto, respeito e lealdade ao seu cônjuge diariamente. Ensine seus filhos sobre a beleza e a importância do casamento exclusivo, mostrando-lhes que a verdadeira alegria e segurança estão na fidelidade, e não na busca por prazeres fora do lar.
A fidelidade em seus compromissos e relações pessoais impacta sua credibilidade profissional. Colossenses 3:5 instrui: “Fugam da imoralidade sexual, da impureza, da paixão, da má concupiscência e da avareza, que é idolatria.” Um funcionário que demonstra fidelidade em seu casamento é visto como mais confiável e estável no ambiente de trabalho. Isso significa não se envolver em flertes inapropriados no trabalho, não ceder a pressões para sair com colegas de forma inadequada, e manter limites claros entre a vida profissional e a pessoal, honrando seu compromisso familiar.
A fidelidade conjugal é um pilar do testemunho da igreja. Tiago 1:27 descreve a religião pura e imaculada como “visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições e guardar-se da corrupção do mundo.” Promova e celebre a santidade do casamento na comunidade, encorajando casais a investirem em seus relacionamentos e oferecendo apoio àqueles que lutam. A infidelidade de um membro pode desonrar o nome de Cristo e a igreja.
A valorização e a prática da fidelidade conjugal são a base para famílias fortes e, consequentemente, para uma sociedade saudável. Gênesis 2:24 fala sobre a união de um homem e uma mulher, deixando pais e mães. Promova valores que apoiam a estabilidade familiar e a monogamia como a norma social, pois famílias estáveis contribuem para a redução da criminalidade, para o bem-estar social e para o desenvolvimento de crianças mais seguras.
Provérbios 5:21-23 (A Vigilância Divina e as Consequências Inevitáveis)
O capítulo conclui com um lembrete solene da onipresença e onisciência de Deus. Os caminhos do homem estão constantemente diante dos olhos do Senhor, que observa todas as suas veredas. Esta vigilância divina garante que o ímpio será pego em sua própria iniquidade, aprisionado pelas cordas de seus próprios pecados. Sua morte é a consequência inevitável da falta de disciplina e da grande tolice de suas escolhas, reiterando que ninguém escapa das consequências das suas ações quando se desvia da sabedoria.Aplicação Prática: Viver sabendo que Deus vê tudo o que fazemos, mesmo em segredo. Gálatas 6:7 diz: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” Isso deve motivá-lo a viver com integridade constante, não apenas quando está sob os olhos de outros. Por exemplo, ao invés de ceder à tentação de pecar “escondido” (como em pornografia ou mentiras), lembre-se que seus caminhos estão sempre diante do Senhor, e escolha a retidão que traz liberdade, não a escravidão do pecado.
Acreditar que seus atos, mesmo os escondidos, têm consequências e que nada escapa ao conhecimento de Deus e, eventualmente, dos pais. Números 32:23 adverte: “Estejam certos de que o seu pecado os encontrará.” Isso o incentiva a ser honesto em todas as situações, sem tentar enganar ou esconder erros, pois a verdade sempre vem à tona e a tolice sempre traz consequências.
Ensine seus filhos sobre a onisciência de Deus e a inevitabilidade das consequências do pecado, não como uma ameaça, mas como um princípio de justiça divina. Provérbios 22:8 diz: “Quem semeia a injustiça colhe a desgraça.” Ajude-os a entender que suas escolhas moldam seu destino e que a disciplina é necessária para evitar a “morte” espiritual e moral. Por exemplo, ao corrigir um filho que mentiu, explique que a verdade sempre aparece e que a desonestidade, mesmo que traga um alívio temporário, causará problemas maiores no futuro.
A integridade profissional é uma garantia contra ser “apanhado” em suas próprias iniquidades. Provérbios 10:9 afirma: “Quem anda em sinceridade anda seguro, mas o que perverte os seus caminhos será descoberto.” Trabalhe com a consciência de que suas ações, mesmo quando ninguém parece estar olhando, são vistas por Deus. Não falsifique documentos, não desvie recursos, e não trapaceie, pois a verdade sempre prevalece e as consequências da desonestidade são inevitáveis e prejudiciais à carreira.
A disciplina e a correção dentro da igreja, embora dolorosas, são meios de Deus para evitar que o pecado leve à ruína completa. 1 Coríntios 11:32 diz: “Quando somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados, para que não sejamos condenados com o mundo.” Reconheça que a persistência no pecado, sem arrependimento e busca de disciplina, levará à ruína espiritual. Viva uma vida que honre a Deus publicamente e em secreto, sabendo que Ele vê tudo e que a verdadeira liberdade está na obediência.
Compreender que a justiça é um princípio fundamental da sociedade e que a impunidade não dura para sempre. Provérbios 11:21 afirma: “É certo que o perverso não ficará impune, mas a descendência dos justos será libertada.” Isso deve motivá-lo a apoiar a aplicação da lei, a não compactuar com crimes ou corrupção, e a confiar que, no longo prazo, a justiça prevalecerá. Suas ações, sejam boas ou más, têm impacto na sociedade e as consequências são inevitáveis, moldando o destino coletivo.
Implicações Teológicas
Esta passagem contém o primeiro de três (ver também 6:20–35 e 7:1–27) ensinamentos estendidos do pai ao filho sobre o assunto de relacionamentos íntimos com mulheres. O simples fato de um ensino tão extenso indica a importância do tema. O pai reconhece que o sexo é uma grande tentação na vida de um jovem e representa uma tremenda ameaça à possibilidade de uma união sexual legítima na forma de casamento. No entanto, provavelmente mais do que a ética sexual está envolvida na preocupação do pai. Como será expandido abaixo, a relação entre o filho e a esposa de sua juventude reflete a relação que o pai deseja que ele desenvolva com a Mulher Sabedoria. Por outro lado, o pai quer que ele evite a mulher “estranha” ou “estrangeira” da mesma forma que ele quer que ele evite a Mulher Loucura.
As duas mulheres nesta seção são descritas como a “esposa de sua juventude”, por um lado, e a “estranha” ou “mulher estrangeira”, por outro. A primeira é facilmente compreendida como simplesmente uma mulher com quem o filho assumiu um compromisso legal. É nessa esfera de compromisso que o pai encoraja o filho a gastar suas energias sexuais. Quando a intimidade conjugal é encorajada, a motivação que é dada tem a ver com o prazer sensual, não com a progênie. Pode ser que a bênção do v. 18a (“seja abençoada a tua fonte”) implique descendência, mas mesmo isso é especulativo. Ao ensinar como temos neste capítulo (assim como no Cântico dos Cânticos), observamos a atitude muito positiva da Bíblia em relação à sensualidade e sexualidade, quando desfrutadas no contexto do casamento. Isso, sustentamos, remonta a Gênesis 2:23-25, que fornece a base para o casamento. Quando Eva é criada, ouvimos Adão exclamar:
“Ela agora é osso dos meus ossos e carne da minha carne; ela será chamada de ‘mulher’, porque ela foi tirada do homem”. Por esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. O homem e sua esposa estavam nus e não sentiam vergonha. (New International Version)
Aqui, Deus ordena o abandono das lealdades primárias familiares anteriores, uma tecelagem conjunta, culminada por uma clivagem que atinge seu ápice no ato da relação conjugal.
A ameaça a esse relacionamento vem da tentação da mulher “estranha”. Concluímos que a mulher é “estranha” no sentido de estar fora da lei e do costume. Ela é uma parceira sexual ilegítima porque o sexo acontece fora dos atos formais de compromisso.
O extenso e consistente ensino sobre o mal do contato sexual extraconjugal leva a questionamentos sobre a natureza do provérbio e sua relação com os materiais jurídicos. Em outro lugar (veja “Gênero” na introdução), notamos que a forma do provérbio não comunica inerentemente uma instrução que seja universal e sempre válida. O provérbio é uma forma sensível ao tempo e às circunstâncias. No entanto, o ensinamento sobre como evitar a “mulher estranha” é sempre e sem exceção verdadeiro. Não há fatores atenuantes que o tornem um comportamento aceitável. Não se pode imaginar o pai dizendo ao filho: “Não vá à casa da mulher ‘estranha’, a menos que sua esposa não responda”. Nesta linha de ensino, o livro de Provérbios é consistente, eu argumentaria, porque a Torá não permite margem de manobra aqui. Aqui simplesmente reafirmo o que já dissemos sobre a relação entre lei e sabedoria.
Até aqui, falamos sobre ética, mas não sobre teologia propriamente dita. É verdade que Yahweh é mencionado apenas uma vez no capítulo. Ele é descrito como sempre observando o comportamento humano para motivar o filho a permanecer no caminho certo (v. 21). No entanto, a relação entre o filho e sua esposa e a mulher “estranha” ou “estrangeira”, quando lida no contexto de todo o livro, reflete a relação do filho com a Mulher Sabedoria e a Mulher Loucura. O argumento exegético ainda está por vir (ver caps. 8 e 9), mas veremos que a Sabedoria da Mulher representa a sabedoria de Yahweh e, finalmente, o próprio Yahweh, enquanto sua contraparte sombria, Folly, representa o caminho dos falsos deuses e deusas e, em última análise, estes próprias divindades. Em toda a Bíblia, a metáfora do casamento é usada para o relacionamento com Deus. O ponto comum de referência é que eles são os dois únicos relacionamentos mutuamente exclusivos que os humanos desfrutam. Um tem mais de um pai e pode ter vários filhos, amigos e assim por diante, mas apenas um cônjuge e um Deus: Javé.
Talvez o aspecto mais difícil do ensino do livro sobre relações sexuais ilegítimas tenha a ver com a perspectiva masculina e a descrição da mulher estranha. Em uma palavra, o livro aqui e em outros lugares (6:20-35; 7:1-27) descreve a mulher como uma predadora sexual, à espreita para capturar o jovem involuntário. Embora seja difícil negar que essas mulheres existiram ou existem, a experiência da maioria das pessoas hoje sugere que os machos são mais frequentemente predadores do que as fêmeas. Em resposta, fazemos bem em lembrar que o livro foi escrito para homens, e não apenas para todos os homens, mas também para homens que estavam no caminho que leva à sabedoria. Não foi dirigido a tolos. Esses jovens que eram os destinatários dos ensinamentos do sábio podiam passar da condição de sábios para tolos tornando-se predadores sexuais, mas por enquanto, na imaginação do discurso, não eram.
Além disso, em virtude da inclusão do livro no cânone, bem como no prólogo do livro, sugerimos que as leitoras transformem a linguagem para se adequar ao seu contexto. Em outras palavras, em vez de uma mulher de lábios de mel seduzindo um leitor do sexo masculino, eles deveriam ler em termos de um homem de fala doce tentando seduzi-los para a cama.
Bibliografia
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Tremper Longman III, NIV Foundation Study Bible, Zondervan, 2015.
J. Goldingay, Proverbs. In.: Baker Exegetical Commentary on the Old Testament, Baker Academic, 2006.
Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31