Interpretação de Gênesis 1

Gênesis 1

Gênesis 1 fornece um relato da criação do mundo por Deus. A interpretação de Gênesis 1 varia entre diferentes tradições religiosas e indivíduos, mas aqui está uma visão geral de alguns temas e interpretações principais:

1. Criação ex nihilo: Uma das ideias centrais em Gênesis 1 é o conceito de criação ex nihilo, o que significa que Deus criou o universo do nada. Esta ideia enfatiza o poder absoluto e a soberania de Deus como o Criador último.

2. Seis Dias de Criação: Gênesis 1 descreve a criação do mundo em seis dias, com cada dia correspondendo a um ato específico de criação:
  • Dia 1: Deus cria a luz e a separa das trevas.
  • Dia 2: Deus separa as águas acima e abaixo, criando o céu.
  • Dia 3: Deus separa as águas para revelar a terra seca e cria a vegetação.
  • Dia 4: Deus cria o sol, a lua e as estrelas para governar o dia e a noite.
  • Dia 5: Deus cria criaturas marinhas e pássaros.
  • Dia 6: Deus cria os animais terrestres e, finalmente, os seres humanos, homem e mulher, à Sua imagem.
3. Ordem e Propósito: Gênesis 1 enfatiza a ordem e o propósito da criação de Deus. Cada ato de criação é descrito como “bom”, e a culminação da criação com a criação da humanidade é referida como “muito bom”. Isso ressalta a ideia de que o universo tem um propósito e um design divino.

4. O Papel da Humanidade: A criação da humanidade à imagem de Deus é significativa. Sugere que os humanos têm um relacionamento especial com Deus e recebem a administração da terra. Esta mordomia implica responsabilidade pelo cuidado do meio ambiente e dos semelhantes.

5. O Sábado: No sétimo dia, Deus descansa da Sua obra criativa e santifica o Sábado como um dia de descanso. Isto introduz o conceito de sábado, um dia de descanso e adoração, que é significativo nas tradições judaicas e cristãs.

As interpretações de Gênesis 1 podem variar amplamente, com alguns interpretando o texto literalmente, vendo-o como um relato histórico da criação, enquanto outros o interpretam simbolicamente ou alegoricamente, vendo-o como uma declaração teológica sobre a natureza de Deus e do mundo. Alguns também conciliam o relato bíblico com as teorias científicas da evolução e da idade da Terra, enfatizando que Gênesis 1 é principalmente um texto teológico e não científico. No geral, Gênesis 1 continua sendo um texto fundamental que continua a ser estudado, debatido e interpretado por estudiosos religiosos e crentes em todo o mundo.

Interpretação

Deus é o Criador de todas as coisas. Desde o começo no Livro de Gênesis, a poderosa luz da revelação focaliza o Todo-Poderoso. Ele é o Princípio, a Causa, a Fonte de tudo o que existe. Ele criou todas as coisas e as pessoas que tinham de se encaixar em Seu plano para os séculos. Todo o material necessário para Sua obra posterior, Ele o criou milagrosamente.

1:1. No principio (ber'shith). O autor leva o leitor para além do limite do tempo, para a eternidade insondável, embora lhe faltem palavras quando procura dar uma ideia do estado de coisas antes do limite do tempo. Ele não dá uma indicação de data tangível para este princípio. Sua narrativa retrocede no tempo que precede o calendário dos acontecimentos. Criou Deus. A sublime certeza da revelação baseia se nesta grandiosa afirmativa. Deus o fez. Nada mais pasmoso poderia ser declarado. Elohim é a palavra mais usada para “Deus” no hebraico, aramaico e árabe. Na realidade é plural em sua forma, mas é usada com o verbo no singular. Talvez o plural seja melhor explicado se disséssemos que indica “plenitude de poder” ou dignidade excepcional e grandeza ilimitada. Neste Um estão reunidos todos os poderes da eternidade e da infinidade. Criou. (bara) é um verbo usado exclusivamente para com Deus. O homem não poderia atingir as alturas do poder inerente a esta palavra, por ela descreve o milagre completo. Pelo poder soberano e criativo de Deus algo absolutamente novo foi dado à luz. Os céus e a terra. Aqui o autor focaliza o interesse sobre todos os setores do mundo acima, à volta e abaixo. Nesta frase ele inclui o universo completo como era conhecido (ou poderia vir a ser conhecido) pelos hebreus, e todo o material primário necessário para fazer os sóis, os planetas, as estrelas, as nebulosas, as galáxias, as moléculas, os átomos, os elétrons e todas as coisas e seres específicos sobre a terra.

Os homens da ciência revelam que nossa galáxia contém mais do que 100 bilhões de estrelas, e que o nosso sol fica a 240 trilhões de quilômetros do centro de nossa galáxia. Nossa galáxia é apenas uma das que compõem um pequeno agrupamento de 19 galáxias, ficando a mais próxima a 30 milhões de anos-luz (240 milhões de trilhões de quilômetros). Nossos cientistas pesquisadores, por mão de poderosos telescópios, certificaram-se razoavelmente de que existem mais de um bilhão de galáxias. Eles calculam o número das estrelas destas galáxias em aproximadamente 100 quintilhões. O poder das velas de uma dessas galáxias é igual ao de 400 milhões de sóis. Quando um homem volta os olhos para esta imensa criação e compara o que vê com a narrativa inspirada do escritor sobre a sua origem, seu coração tem de se encher de espanto. Ele conhece a mão de Deus na beleza e ordem do sistema solar e no poder do átomo. Quer olhe para o sol (positivamente carregado) atraindo os planetas (negativamente carregados) ou examine o núcleo (positivamente carregado) no coração do átomo, atraindo cada elétron (negativamente carregado) no seu equilíbrio, sente a sabedoria, o poder e a grandeza de Deus. À luz de tudo isso, um homem reverente inclina-se diante do seu Criador em espanto e genuína dedicação, e explode em adoração, culto, ação de graças e incontido louvor. A sublime criação do Senhor é este ser, grandemente amado, que Ele escolheu para criar à Sua própria imagem,

1:2. A terra, porém, era sem forma e vazia. (tôhú wâbôhû). O inspirado autor rapidamente volta sua atenção para a terra, pois sua história se relaciona com os planos e provisões divinas para a vida humana neste planeta. Ele descreve a terra em seu estado incompleto. Havia plenitude de material à disposição para cada obra que Deus planejou criar, embora em estado caótico – ermo, vazio, escuro. Seis dias cheios de criatividade fariam mudanças fenomenais. O propósito de Deus não poderia ser satisfeito até que Seu toque milagroso fizesse algo com este caos. Até mesmo as trevas (frequentemente associadas, nas Escrituras, com o mal) seriam subjugadas a Sua vontade. O Espírito de Deus pairava (rúâh... merahepet). As palavras descrevem a presença de Deus, transmissora de energia, envolvendo e acariciando o caos e a terra incompleta enquanto se preparava para completar a Sua criação. Como uma devotada ave à volta do seu ninho, Ele se movia prodigalizando o Seu amor ao mundo recém-criado.

1:3. Disse Deus: Haja luz. O autor apresenta a primeira palavra criativa de Deus. Com facilidade incrível e ação deliberada, o Deus onipotente criou a luz. Ele enunciou a Sua palavra, e instantaneamente Sua vontade foi realizada (Sl. 33:6, 9). A luz foi a resposta de Deus ao domínio das trevas. Foi a primeira ação positiva do Senhor para concluir seu integral programa da criação. Sem ela, os passos seguintes seriam sem significado. O Apóstolo João nos conta que “Deus é luz” (1 Jo. 1:5).

1:4. E viu Deus que... era boa. Quando o Criador olhou para o produto de Sua vontade, encontrou-o perfeitamente completo e admirável; ficou satisfeito. Esta declaração foi feita sete vezes. Cada um dos atos criativos de Deus era perfeito, completo, agradável, satisfatório. É bom lembrar que esta foi a mesma luz que o homem vê e desfruta hoje.

1:5. Tarde e manhã. No livro de Gênesis, a tarde sempre precede a manhã. A criação da luz acabou com o reino das trevas e começou o primeiro dia. Uma vez que isto aconteceu antes da criação do sol e da lua, é incorreto falarmos de dias de vinte e quatro horas até chegarmos a esse ponto no programa do Criador. A referência aqui é a um dia de Deus, e não ao dia comum limitado por minutos e horas. O começo de cada ato da criação é chamado manhã, e a conclusão desse específico ato divino é chamado tarde.

1:6. Firmamento (expansão) no meio das águas. A palavra hebraica râquî'a representa algo que foi batido ou pressionado para cobrir uma superfície extensa. O escritor sugere aqui uma expansão acima da terra retendo grandes reservatórios de água a serem soltos para a chuva.

1:9. Apareça a porção seca. Em um certo ponto, a água cobria tudo. No terceiro dia, contudo, o Senhor criou a terra e o reino vegetal. Por meio do Seu divino poder fez a terra emergir de dentro da grande massa de águas e formou a porção seca (cons. Sl. 104:6-8; Jó 38:8-11). Do solo, sob ordem expressa de Deus, brotou vegetação viva, e logo cobriu a terra com beleza e providenciou alimento para as criaturas vivas.

1:14. Haja luzeiros. A palavra hebraica mêôrôt descreve os luminares ou instrumentos de luz. Por meio desses luminares, a terra recebeu a luz necessária para sustento da vida. Eles deviam governar o dia e a noite (v. 16), servirem de sinais para as estações e dar luz à terra. A narrativa torna fato que Deus os fez e então os colocou no devido lugar. De acordo com o esquema divino, o sol, a luz e as estrelas, todos foram criados para a execução de Sua vontade específica.

1:20. Povoem-se as águas de enxames de seres viventes. Este versículo descreve o aparecimento súbito de hostes de peixes e seres alados. Tinham o propósito de fornecer outra demonstração visível do poder do Criador. Com o seu aparecimento, havia vida e também atividade sobre a terra. E havia, além disso, uma sucessão infinita de criaturas vivas, todas feitas pela poderosa mão de Deus.

1:21. Grandes animais marinhos (E.R.C., grandes baleias). Literalmente, animais estirados que rastejam, ou deslizara sobre a terra, dentro ou fora da água, tais como as serpentes, enguias, peixes e lagartos.

1:22 O Senhor pronunciou sobre eles a Sua bênção e ordenou que fossem fecundos e se multiplicassem. O progresso da atividade criadora de Deus subia na direção da criação do homem.

1:26. Façamos o homem. O momento supremo da criação chegou quando Deus criou o homem. A narrativa apresenta Deus convocando a corte celestial, ou dos outros dois membros da Trindade, a fim de que toda a atenção fosse dada a este acontecimento. Alguns comentadores, entretanto, interpretam o plural como um “plural de majestade”, indicando dignidade e grandeza. A forma plural da palavra Deus, Elohim, pode ser explicada mais ou menos da mesma forma. O Senhor está representado concedendo atenção fora do comum a um assunto cheio de muito significado.

À nossa imagem (selem), conforme a nossa semelhança (demût). Embora estes dois sinônimos tenham significados separados, aqui não há necessidade nenhuma de se fazer algum esforço para apresentar os diferentes aspectos do ser divino. Está claro que o homem, como Deus o criou, era distintamente diferente dos animais já criados. Ele estava em um platô muito mais alto, pois Deus o criou para ser imortal, e fez dele uma imagem especial de Sua própria eternidade.

O homem era uma criatura que o seu Criador podia visitar e ter amizade e comunhão com ele. De outro lado, o Senhor podia esperar que o homem Lhe correspondesse e fosse digno de Sua confiança. O homem foi constituído possuidor do privilégio da escolha, até o ponto de desobedecer o Seu Criador, Ele tinha de ser o representante e mordomo responsável de Deus sobre a terra, fazendo a vontade do seu Criador e cumprindo o propósito divino. O domínio do mundo seria entregue a esta nova criatura (cons. Sl. 8:5-7). Ele foi comissionado a subjugar (kábash, “pisar sobre”) a terra, e a seguir o plano de Deus e enchê-la com sua gente. Esta sublime criatura, com seus incríveis privilégios e pesadas responsabilidades, tinha de viver e movimentar-se regiamente.

1:31. Muito bom (tôb meôd). Quando o Senhor olhou para o resultado final de seus atos criadores, expressou deleite peculiar e satisfação extrema. Tudo no universo, desde a maior das estrelas até a menor das folhinhas, produziu alegria no Seu coração. Era uma linda sinfonia. A satisfação do Criador aqui se expressa em linguagem concisa ainda que vívida.

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