Significado de Lucas 6
Lucas 6
Lucas 6 abrange vários ensinamentos de Jesus Cristo. O capítulo começa com o confronto de Jesus com os fariseus sobre o sábado e termina com a parábola dos construtores sábios e tolos. Nesse meio tempo, Jesus ensina seus discípulos sobre amor, perdão e como tratar os outros com bondade e compaixão. Ele também prega sobre não julgar os outros e a importância de ser misericordioso.
Um dos temas principais de Lucas 6 é o amor. Jesus ensina seus discípulos a amar seus inimigos, abençoar aqueles que os amaldiçoam e orar por aqueles que os maltratam. Ele também os lembra que, se eles amam aqueles que os amam de volta, que recompensa eles têm? Em vez disso, eles são chamados a amar incondicionalmente, assim como Deus ama todas as pessoas. Esta mensagem de amor é um princípio central do Cristianismo e tem sido abraçada pelos crentes há séculos.
Outro tema importante em Lucas 6 é o conceito de julgamento. Jesus adverte contra julgar os outros, lembrando a seus discípulos que o mesmo padrão que eles usam para julgar os outros será usado para julgá-los. Em vez disso, eles são chamados a serem misericordiosos, assim como Deus é misericordioso. Esta mensagem é um lembrete de que somos todos imperfeitos e necessitados da graça, e que devemos estender essa graça aos outros.
No geral, Lucas 6 é um capítulo da Bíblia que contém ensinamentos poderosos sobre amor, perdão e compaixão. A mensagem de Jesus a seus discípulos é tão relevante hoje quanto era quando foi registrada pela primeira vez, milhares de anos atrás. Seu chamado para amar incondicionalmente e não julgar os outros é um lembrete de que devemos nos esforçar para tratar os outros com gentileza e respeito, independentemente de nossas diferenças.
I. Intertextualidade com o Antigo e Novo Testamento
Lucas 6 encadeia controvérsias sobre o sábado, o chamado e a formação dos Doze, o “Sermão da Planície” (bem-aventuranças, ais, amor aos inimigos, ética do Reino) e duas parábolas finais que exigem obediência prática; cada cena é tecida com fios do Antigo Testamento e já conversa com a teologia do Novo Testamento. O episódio das espigas colhidas ao passar pelos campos (Lucas 6:1–5) relê a lei permitindo arrancar grãos com a mão no campo alheio (Deuteronômio 23:25) e invoca o precedente de Davi com os pães da proposição em situação de necessidade (1 Samuel 21:1–6). O argumento não elimina o sábado criado e abençoado por Deus (Gênesis 2:2–3; Êxodo 20:8–11; Deuteronômio 5:12–15), mas o interpreta pela finalidade misericordiosa da aliança (Isaías 58:13–14), culminando na reivindicação cristológica: “o Filho do Homem é senhor do sábado” (Lucas 6:5), título que ecoa Daniel 7:13–14 e que, no Novo Testamento, orienta a leitura do sábado como sombra que aponta para o descanso em Cristo (Hebreus 4:9–10; Colossenses 2:16–17). A cura do homem da mão ressequida, justamente no sábado (Lucas 6:6–11), desloca o debate para a essência da lei: “é lícito fazer o bem ou o mal, salvar a vida ou destruí-la?” (Lucas 6:9). A pergunta convoca a Torá que manda socorrer o próximo em necessidade (Êxodo 23:4–5; Deuteronômio 22:1–4) e lembra a restauração milagrosa da mão de Jeroboão (1 Reis 13:4–6). O gesto de Jesus cumpre Isaías 58:6–7 (o jejum que solta ligaduras e socorre o aflito) e antecipa sua própria máxima: “o Filho do Homem veio salvar” (Lucas 19:10), ao passo que a reação dos opositores prenuncia o conflito que culminará na paixão (Lucas 6:11; Lucas 22–23).
A eleição dos Doze após uma noite de oração no monte (Lucas 6:12–16) reencena o padrão mosaico de mediação no alto (Êxodo 19; 24) e a constituição simbólica de um Israel renovado: os “doze” remetem às doze tribos, às doze pedras e colunas de aliança (Gênesis 35:22–26; Êxodo 24:4; 1 Reis 18:31), prometendo, já no próprio Lucas, um assento judicial “sobre as doze tribos de Israel” (Lucas 22:30) e, no horizonte do Novo Testamento, a arquitetura da Nova Jerusalém com “doze portas” e “doze fundamentos” (Apocalipse 21:12–14). O chamado no monte seguido de ensino ao povo num “lugar plano” (Lucas 6:17) alude ao Sinai (Êxodo 19–20) e à promessa profética de que a lei sairia de Sião para as nações (Isaías 2:2–3), agora reconfigurada como palavra do Messias para Israel e para “uma grande multidão… de Tiro e Sidom”.
As bem-aventuranças e os “ais” (Lucas 6:20–26) condensam a reversão escatológica anunciada pelos Salmos e pelos profetas e já prenunciada no Magnificat (Lucas 1:52–53): “bem-aventurados vós, os pobres” concretiza Isaías 61:1 (“evangelizar os pobres”) e corre em paralelo com a promessa de provisão e justiça para os humildes (Salmos 34:6; 37:11; 107:9), enquanto os “ais” contra ricos, fartos e aplausos universais retomam Isaías 5:8–23 e Amós 6:1–7 (a denúncia do abastado indiferente) e reconhecem a marca dos falsos profetas que adulam (Jeremias 6:14; 23:16–17; Miquéias 2:11). A bem-aventurança dos perseguidos “por causa do Filho do Homem” (Lucas 6:22–23) liga o título de Daniel 7:13–14 à experiência da igreja que se alegra por sofrer “por causa do Nome” (Atos 5:41) e que recebe, como promessa apostólica, a bem-aventurança dos injuriados por Cristo (1 Pedro 4:14).
O bloco ético do amor aos inimigos (Lucas 6:27–36) amplia o mandamento do amor ao próximo (Levítico 19:18) e o enraiza no agir divino: “sejam misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso”, fórmula que recolhe o credo de misericórdia do Êxodo (Êxodo 34:6–7), o retrato do Pai compassivo (Salmos 103:8, 13) e a bondade de Deus “para com ingratos e maus” que já escandalizara Jonas (Jonas 4:2). Dar a outra face e não reter a túnica (Lucas 6:29) dialoga com Lamentações 3:30 e com a legislação que protege o manto do pobre (Êxodo 22:26–27; Deuteronômio 24:13), ao passo que “emprestar sem esperar nada” (Lucas 6:35) ecoa a abertura de mão ao necessitado (Deuteronômio 15:7–11) e os salmos de justiça generosa (Salmos 37:26; 112:5). O Novo Testamento acolhe e expande esse ethos em Romanos 12:14–21 (“não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”) e 1 Pedro 3:9, onde a não-retaliação se torna assinatura do discípulo. A regra de ouro (Lucas 6:31) soa como síntese sapiencial em ressonância com Tobias 4:15 e é afinada por Jesus em Mateus 7:12 como “a lei e os profetas”.
O par “não julgar/medida retribuída” (Lucas 6:37–38) aproxima o discípulo do tribunal de Deus que pesa com justa medida (Provérbios 11:1) e adverte que o julgamento humano não usurpe o lugar do Juiz (Isaías 33:22), tema retomado por Paulo e Tiago ao proibir juízos condenatórios (Romanos 14:4, 10–13; Tiago 4:11–12). A hipérbole da trave e do cisco (Lucas 6:41–42) funciona como crítica profética à cegueira moral (Isaías 29:9–10; 42:18–20) e pede uma autocrítica que o Novo Testamento traduz como exame de si mesmo (Gálatas 6:1–4). O provérbio “pode um cego guiar outro cego?” (Lucas 6:39) denuncia lideranças sem discernimento (Isaías 9:16; Jeremias 23) e ressoa em Romanos 2:17–24 contra a arrogância religiosa. A máxima “o discípulo não é superior ao mestre… mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre” (Lucas 6:40) estabelece o padrão formativo que atravessa os escritos apostólicos: imitar a Cristo e seus apóstolos (1 Coríntios 11:1; Filipenses 3:17; 1 João 2:6).
A árvore e seus frutos (Lucas 6:43–45) retoma o salmo inaugural que contrasta justo e ímpio como árvore frutífera e palha (Salmos 1) e o retrato de Jeremias 17:7–8, ao mesmo tempo em que antecipa a teologia moral do fruto do Espírito (Gálatas 5:22–23) e a ética da língua que brota do coração (Provérbios 4:23; 10:11; Tiago 3:10–12). A sentença “da abundância do coração fala a boca” explica por que a confissão cristã não é apenas lábio, mas overflow de um coração renovado (Romanos 10:9–10; 2 Coríntios 4:13).
O fecho com as casas, a cheia e o fundamento (Lucas 6:46–49) pede obediência concreta às palavras de Jesus, não mera invocação (“Senhor, Senhor”). A sabedoria que cava fundo e funda na rocha evoca a “pedra provada” de Isaías 28:16 e a crítica de Ezequiel 13:10–14 às “paredes caiadas” que ruem na tempestade, e conversa com a parábola irmã em Mateus 7:24–27. No quadro amplo do Novo Testamento, essa rocha-fundamento é, em última análise, o próprio Cristo (1 Coríntios 3:11; 1 Pedro 2:6–8), e a cheia que prova a edificação relembra os juízos de Salmos 32:6 e Provérbios 10:25, separando quem “ouve e pratica” de quem “ouve e não pratica” (Lucas 6:47, 49; Tiago 1:22–25). Por isso a pergunta “por que me chamais ‘Senhor, Senhor’ e não fazeis o que eu digo?” (Lucas 6:46) arma a ponte para a teologia apostólica em que confessar o Kyrios exige vida obediente (Romanos 10:9; Lucas 11:28).
Assim, Lucas 6 recolhe a Torá (sábado, misericórdia, justiça), os Profetas (Isaías 58; 61; Daniel 7), a Sabedoria (Provérbios; Salmos 1) e a matriz histórica de Israel (doze tribos), reconfigurando-as em torno do Filho do Homem, Senhor do sábado, que chama um Israel renovado, funda a ética do Reino em imitatio Dei (“sede misericordiosos”) e exige resposta prática que atravesse a perseguição e as tempestades. Em diálogo com o restante do Novo Testamento — de Romanos 12 a Tiago e 1 Pedro —, o capítulo oferta a gramática da discipularidade: um povo cujas medidas, palavras, afetos e obras dão fruto porque foram enxertados no Mestre e edificados sobre Ele.
II. Comentário de Lucas 6
Lucas 6.1 De acordo com a tradição judaica, os discípulos estavam colhendo, debulhando e preparando comida. Assim, violavam o mandamento de não trabalhar no Sábado. É claro que a esta altura os fariseus já estavam observando Jesus atentamente (v. 7).
Lucas 6.2 Os fariseus queriam saber por que os discípulos tinham violado as tradições da Lei de Moisés (Lc 14.3; Mt 12.12; 19.3; 22.17; 27.6; Mc 3.4; 12.14).
Lucas 6.3, 4 Em resposta às acusações dos fariseus contra Seus discípulos, Jesus recorreu a 1 Samuel 21.1-7 e 22.9,10. Davi e seus homens comeram os pães da proposição, coisa que só os sacerdotes podiam fazer. Isso não lhes era lícito, mas Deus não puniu Davi por tal. O alimento foi retirado dos 12 pães colocados sobre a mesa do lugar santo, os quais eram trocados uma vez por semana (Ex 25.30; 39.36; 40.22,23; Lv 24.5-9). Jesus explicou que, se Davi e seus soldados puderam violar a Lei para matar a fome, os discípulos poderiam fazer o mesmo. Jesus estava tentando mostrar que a Lei não deveria ser aplicada tão estritamente de modo a passar por cima das necessidades da vida diária (Mc 2.27).
Lucas 6.5 Apesar das leis e dos costumes que os fariseus citaram (v. 2), Jesus tinha autoridade sobre o Sábado. Aqui a afirmação de Jesus como uma autoridade divina é similar à Sua afirmação de autoridade para perdoar os pecados em Lucas 5.21,24.
Lucas 6.6-8 Conhecendo bem os seus pensamentos [dos fariseus]. Jesus age como um profeta e, toda vez que essa expressão aparece, pode-se esperar a ação dele ou a Sua correção de um pensamento inadequado (Lc 5.22; 9.47; 11.17; 19.15; 24.38; Jo 2.25). A ordem para o homem da mão mirrada levantar faz com que a cura seja um acontecimento público.
Lucas 6.9 A questão levantada por Jesus era para ressaltar a forma correta de agir em um Sábado (v. 2). O Mestre escolheu fazer o bem. A intriga dos fariseus representava o mal e a destruição. Era isso que verdadeiramente desrespeitava o sábado (v. 7).
Aqui a palavra salvar significa simplesmente curar, coisa que Jesus estava prestes a fazer.
Lucas 6.10, 11 A palavra furor significa raiva irracional e irrefletida. Os trechos paralelos de Mateus 12.14 e Marcos 3.6 deixam claro que os fariseus começaram a conspirar de fato contra Jesus após este confronto.
Lucas 6.12 Vemos aqui um exemplo de Jesus passando um tempo com Deus antes de um importante acontecimento em Sua vida (Lc 3.21; 22.41-44).
Lucas 6.13 Jesus selecionou os Seus discípulos, aqueles que se tornariam responsáveis pela liderança no início da Igreja (Mt 10.2-4; Mc 3.16-19; At 1.13). A matéria-prima era a humanidade comum, mas Cristo moldou esses homens para serem os pilares de fundação da Igreja que nasceu no Pentecostes (compare com Ef 2.20).
Lucas 6.14 Bartolomeu provavelmente é Natanael, de João 1.45.
Lucas 6.15 Mateus é Levi, de Lucas 5.27-32 (Mc 2.14-17).
Lucas 6.16 Judas, filho de Tiago, provavelmente é Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18). Este não é o meio-irmão do Senhor.
Lucas 6.17, 18 Um lugar plano provavelmente faz referência a um platô. A definição e o conteúdo a seguir indicam que Lucas está dando uma versão menor do Sermão da Montanha, omitindo a parte que tem a ver com a Lei. Os pontos similares entre esta passagem de Lucas e a de Mateus 5—7 são: (1) ambos começam com uma série de bem-aventuranças; (2) as duas passagens contêm os ensinamentos de Jesus a respeito de amar seus inimigos; (3) ambos terminam com a parábola dos dois construtores. A matéria do Sermão era o percurso dos discípulos. O público que assistia aos ensinamentos do Mestre era formado pelos discípulos e por uma grande multidão. A fama de Jesus se estendeu até as regiões gentias: Tiro e Sidom. As pessoas eram atraídas pelos Seus ensinamentos e Seu ministério de cura.
Lucas 6.19 O poder de cura de Jesus era uma obra especial do Espírito por intermédio dele (At 10.38).
Lucas 6.20 Embora Jesus estivesse falando com toda a multidão, as bem-aventuranças dos versículos 20 a 23 são direcionadas aos discípulos. Bem-aventurados quer dizer felizes, e diz respeito ao regozijo e ao benefício especial que vêm sobre aqueles que experimentam a graça de Deus.
De modo geral, os discípulos de Jesus não eram ricos (1 Co 1.26-29; Tg 2.5). Eles eram homens pobres que vieram humildemente a confiar em Deus. Todas as promessas do domínio do Senhor, agora e no futuro, pertenciam a esses discípulos.
Lucas 6.21 A razão para a fome e para a pobreza é encontrada no versículo 22: a perseguição. Jesus prometeu que Deus proveria o sustento de que necessitavam os discípulos. Qualquer sofrimento presente seria transformado em alegria.
Lucas 6.22, 23 Neste trecho bíblico está a razão das precárias condições dos discípulos: a perseguição por causa do Filho do Homem. A identificação com Jesus geralmente levava à rejeição e à dificuldade, mas o discípulo que deixou tudo para seguir a Cristo entende o que é colocar o Mestre em primeiro lugar; reconhece que Deus está ciente de todo sofrimento.
Lucas 6.24 As desventuras dos versículos 24 a 26 contrastam com as bem-aventuranças dos versículos 20 a 23. A desventura é o brado de dor resultante do infortúnio. Da mesma forma que Deus apresentou bênçãos aos obedientes e maldições aos desobedientes em Deuteronômio 28, Jesus mostrou graça e desventuras aos discípulos que estavam antecipando o Reino. As mesmas bênçãos e os mesmos infortúnios aplicam-se aos fiéis hoje, na avaliação de suas obras (1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10; l j o 2.28; Ap 22.12). Mas ai de vós, ricos! Porque já tendes a vossa consolação. A base para esta observação é encontrada no cântico de louvor de Maria, em Lucas 1.51-53. Tudo o que os ricos recebem é aquilo que adquirem na terra (Mt 6.19-21). Lucas registra muitas das observações críticas de Jesus acerca da riqueza. A opulência dos ricos impede-os de enxergar sua pobreza espiritual e sua necessidade de salvação (Lc 1.53; 12.16-21; 14.12; 16.1-14,19-26; 18.18-25; 19.1-10; 21.1-4).
Lucas 6.25, 26 Fartos e fome. Isso é chamado de reversão escatológica. Aqui Jesus não condena os ricos, a abundância. O Mestre alerta que o sofrimento será o destino daqueles que valorizam mais as riquezas terrenas do que as espirituais. Rides e lamentareis e chorareis. Novamente, o conforto e o bem-estar serão substituídos pela dor (1 Jo 2.28; Ap 3.17,18).
Lucas 6.27, 28 Fazei bem aos que vos aborrecem. Esta expressão dá uma sensação tangível à prática do amor. A ameaça da perseguição religiosa era bastante real quando Jesus apresentou Seu extraordinário comando de amar. A referência ao inimigo amaldiçoador sugere o contexto de perseguição religiosa.
Lucas 6.29 Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. Esta é a descrição de estar sempre vulnerável diante da injustiça. Aquele que busca amar sempre estará exposto e em risco. A túnica era o que se vestia por baixo. A capa ficava por cima.
Lucas 6.30 Não lho tornes a pedir. A instrução de Jesus aqui era para esquecer e perdoar. As ordenanças dos versículos 29 e 30 são expressas em termos tão absolutos que forçam o ouvinte a refletir sobre elas, contrastando-as com as respostas normais que as pessoas dariam a tais injustiças.
Lucas 6.31 Como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes também. Esta é a regra de ouro. Note que o comando de Jesus é estabelecido observando atitudes positivas (compare com Lv 19.18). O amor, tal qual Jesus descreve, reconhece as preferências das pessoas e é sensível a elas.
Lucas 6.32-34 Repetindo os exemplos, Jesus mostra que o amor do discípulo deve ser maior do que o do mundo e tal sentimento requererá sacrifícios.
Lucas 6.35 A prática de amar seu inimigo é moldada pelo próprio Deus, que é benigno até para com os ingratos e maus. Jesus também diz que será grande o [seu] galardão por causa das perdas sofridas por praticar este tipo de amor. A compensação divina será cem vezes maior (Mt 19.28,29).
Lucas 6.36 Sede, pois, misericordiosos. Esta é outra forma de definir a essência do amor — é o perdão. Os discípulos são instruídos a aplicar um padrão condizente com aquele que Deus exerce (como também vosso Pai é misericordioso).
Lucas 6.37 Não julgueis [...] não condeneis [...] soltai. A ideia aqui não é ignorar o pecado ou recusar-se a discutir suas consequências (Lc 11.39-52; G1 6.1,2). Em vez disso, deve-se ser benevolente e perdoar rapidamente.
Lucas 6.38 Boa medida, recalcada, sacudida e transbordando. Esta ilustração vem do comércio de cereais, atividade em que os grãos eram derramados, sacudidos e, em seguida, colocados no recipiente até o transbordamento. Esta é a boa medida que retorna àqueles que são generosos.
Lucas 6.39 Um cego. Esta expressão faz, referência aos mestres que não conseguem saber para onde vão e são incapazes de liderar os outros. Jesus estava advertindo acerca da arrogância. Discute-se, neste trecho, se Jesus estava aludindo aos fariseus, ou simplesmente alertando Seus discípulos a respeito dessas perigosas atitudes. O foco nas ações dos discípulos sugere a última hipótese, embora a observação também se aplique aos mestres que conflitavam com Jesus.
Lucas 6.40 O que for perfeito será como o seu mestre. Aqui Jesus observa que normalmente o discípulo se toma como seu mestre. Conclusão: tenha cuidado em saber quem o instrui.
Lucas 6.41 O argueiro, que representa um pequeno defeito moral em alguém, está em contraste com a trave, que diz respeito a uma grande transgressão cometida por aquele que faz a crítica.
Lucas 6.42-45 Tira primeiro. Esta expressão deixa claro que o confronto acerca do pecado continua. Jesus diz que aquele que critica deve lidar com o pecado em sua própria vida, para então poder estar em posição de ajudar outra pessoa nesta questão.
Lucas 6.46 Senhor, Senhor. Jesus esclarece que aqueles que o chamam por este título de respeito reconhecem a submissão a Ele. Entretanto, quando as mesmas pessoas ignoram Suas instruções, elas são culpadas de hipocrisia.
Lucas 6.47-49 Ouve as minhas palavras, e as observa. Aquele que ouve os ensinamentos de Jesus e age de acordo com eles tem condições de enfrentar qualquer circunstância difícil. Ouve e não pratica. Não agir conforme as instruções de Jesus fará com que a pessoa seja oprimida pelas circunstâncias. O resultado é, consequentemente, a derrota completa (1 Co 3.12-15; 2 Jo 8).
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