Significado de Lucas 8

Lucas 8

Lucas 8 contém várias histórias e ensinamentos significativos de Jesus Cristo. O capítulo começa com a parábola do semeador, na qual Jesus ensina seus discípulos sobre a importância de ouvir e compreender a palavra de Deus. Ele passa a curar um homem endemoninhado e uma mulher que sofria de um distúrbio hemorrágico por doze anos. Esses atos de cura demonstram o poder e a compaixão de Jesus e sua disposição de alcançar aqueles que sofrem e são marginalizados.

Outro evento significativo em Lucas 8 é Jesus acalmando a tempestade no mar da Galiléia. Este milagre demonstra o poder de Jesus sobre a natureza e sua capacidade de trazer paz até mesmo nas situações mais caóticas e assustadoras. A história também ensina seus discípulos sobre a importância de ter fé diante da adversidade e a necessidade de confiar em Jesus mesmo quando parece que toda a esperança está perdida.

O capítulo termina com a cura da filha de Jairo, que havia morrido. A compaixão e o poder de Jesus estão mais uma vez em exibição quando ele traz a menina de volta à vida, demonstrando sua autoridade sobre a morte e sua natureza divina. Este milagre é um lembrete poderoso da esperança e da nova vida que Jesus traz para aqueles que acreditam nele.

No geral, Lucas 8 é um capítulo da Bíblia que contém várias histórias poderosas de cura e poderes miraculosos de Jesus, bem como seus ensinamentos sobre fé, confiança e a importância de ouvir e entender a palavra de Deus. Por meio de sua compaixão e poder, Jesus demonstra seu papel como Salvador da humanidade e sua capacidade de trazer esperança e nova vida para aqueles que acreditam nele.

Comentário de Lucas 8

8.1-3 O fato de Maria, chamada Madalena, ser apresentada aqui como se fosse sua primeira menção torna improvável que ela seja a mulher pecadora de Lucas 7.36-50. Maria Madalena também é distinta de Maria de Betânia, em João 12.3. As notícias a respeito de Jesus chegaram ao palácio de Herodes, onde as mulheres o serviam com suas fazendas. Isto é um exemplo de como algumas mulheres que possuíam bens usavam sua riqueza para beneficiar a obra de Deus.

8.4-8 As sementes a serem semeadas eram iguais. Entretanto, uma vez na mão do semeador, elas poderiam cair, contra sua vontade, nos caminhos que cortavam os campos. Algumas vezes, as sementes germinavam nestes caminhos, mas não amadureciam. Em outras, eram pisadas ou comidas. Além disso, quando caíam em solo rochoso também não havia a possibilidade do semeador colher os frutos.

8.9, 10 As parábolas de Jesus podiam ocultar e revelar verdades. Suas narrações alegóricas transmitiam ensinamentos recentes — mistérios — acerca do Reino de Deus. Os discípulos eram privilegiados por aprenderem as verdades das parábolas. Para outros ouvintes, as narrações serviam como julgamentos que ocultavam a verdade, como a referência de Isaías 6.9 indica. De vez em quando, uma parábola era compreendida por um estranho, mas não era aceita. Deste modo, ela ainda funcionava como uma mensagem de julgamento (Lc 20.9-19).

8.11 Mateus 13.19 faz um paralelo com este versículo e fala da semente como a palavra do Reino, algo que Lucas indica no versículo 10 deste capítulo. Tanto a semente como a Palavra de Deus são poderosas para produzir algo. Quando esta é semeada em terra fértil (num coração honesto, v. 15), nasce uma vida espiritual vigorosa.

8.12 Aqueles que estão junto do caminho são os que nunca conseguiram de fato adquirir entendimento (Mt 13.19) da Palavra de Deus. Assim, não há nenhuma produtividade.

8.13 Os que tiveram contatos rápidos e superficiais com a Palavra de Deus não resistem aos períodos de provação. Uma pessoa precisa meditar a respeito das verdades nas Escrituras e estabelecê-las como princípios de vida, a fim de não sucumbir às provações e tentações que inevitavelmente virão.

8.14 De acordo com esta parábola, os cuidados, e riquezas, e deleites da vida são três grandes obstáculos à fertilidade espiritual. As preocupações com a vida podem prejudicar o amadurecimento espiritual. Este tipo de “solo” é visto como tragicamente infrutífero (2 Tm 2.4; 4.10).

8.15 Este é o grupo louvável nesta parábola. A chave aqui é um coração honesto. Este “solo” permite que a Palavra de Deus se assente nele e torne-se produtiva (Jo 15.2,3; C l3.16,17; Tg 1.21).

8.16 Ainda falando sobre a Palavra de Deus, tema que foi introduzido nos versículos 4 a 15, agora Jesus compara Seu ensinamento à luz. A Palavra de Deus não deve ser escondida, mas sim exposta, para que as pessoas possam beneficiar-se da clareza que ela traz.

8.17 Tudo será revelado pela luz da Palavra de Deus (Hb 4.12,13).

8.18 Jesus recomendou explicitamente a Seu público que este ouvisse e seguisse a Palavra de Deus (Tg 1.22-25). O que parece ter lhe será tirado. Esta expressão introduz o princípio do julgamento. Aquele que obedece à Palavra de Deus recebe mais. O indivíduo que não é suscetível à Palavra de Deus perde o que ele pensava que tinha.

8.19, 20 A família de Jesus estava preocupada com o rumo de Seu ministério (Mc 3.31-35). Embora alguns estudiosos tenham sugerido que os irmãos aqui citados fossem os filhos de José de um casamento anterior ou os primos de Jesus, é mais provável que fossem os filhos de José e Maria. A ausência de José aqui pode indicar que ele já havia morrido nessa época.

8.21 Em claro contraste ao versículo 19, Jesus declara que Sua verdadeira família é formada por aquelas pessoas que ouvem e praticam a Palavra de Deus.

8.22, 23 O apaziguamento da tempestade é o primeiro dos quatro milagres, nos versículos 22 a 56, que demonstram a autoridade de Jesus sobre uma série de fenômenos — a natureza, os demônios, a doença e a morte. Cada inimigo quase domina as situações, mas todos são superados por Jesus, o que mostra a extensão de Sua autoridade. Este primeiro milagre aconteceu no mar da Galileia. O ar frio que se precipitava das ravinas e colmas da área encontrava o ar quente, causando súbitas e fortes tempestades. Até mesmo os experientes pescadores no barco temiam este tipo de tormenta.

8.24 Diante da palavra de Jesus, todo o caos da tempestade parou. Tal controle da natureza é atribuído a Deus no Antigo Testamento (SI 104.3; 135.7; Na 1.4).

8.25 Onde está a vossa fé? A pergunta de Jesus repreendia os discípulos. Deus estava ciente da situação, por isso eles puderam confiar em Sua proteção, pois Ele era poderoso o suficiente para controlar os ventos e as ondas. Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem? Esta foi a verdadeira questão de todo o ministério de Jesus na Galileia, o qual teve início em Lucas 4.14. Todas as demonstrações da autoridade do Mestre foram moldadas para alçar a indagação acerca de Sua identidade. E lhe obedecem. Esta reflexão sugere a resposta, considerando que Jesus controla a natureza. O precedente mais próximo de tal poder foi Elias (1 Rs 17), mas os milagres de Cristo vinham com tanta frequência e diversidade que mostraram o quanto o poder concedido a Elias era limitado. Os discípulos já tinham sentido que alguém maior do que um profeta estava presente. Lucas é honesto acerca de como os discípulos cresceram em seu entendimento a respeito de Jesus. Eles aprenderam sobre seu mestre gradualmente. Quanto maior for nosso conhecimento de Deus, maior será a nossa fé. Cada pecado que cometemos é o resultado de pensamentos inadequados e erróneos com relação ao Senhor.

8.26 A província dos gadarenos (Mt 8.28) provavelmente era uma cidade a cerca de 8 km a sudeste do mar da Galileia. Independente da sua localização exata, era situada em uma região predominantemente gentia.

8.27 Os demônios destroem a autoestima daquele que é possuído. O endemoninhado está mais perto da morte do que da vida. Este homem é um fantoche na batalha que o diabo trava desafiando a autoridade celestial. Apenas Mateus 8.28 menciona um segundo homem endemoninhado.

8.28 A afirmação do demônio a Jesus, chamando-o de Filho do Deus Altíssimo, relembra o anúncio do anjo a Maria em Lucas 1.31,32 e as confissões demoníacas em Lucas 4-34,41.

8.29 Guardavam-no preso com grilhões e cadeias. Esta expressão deixa bastante claro o poder dos demônios de “aprisionar” as pessoas.

8.30 Legião. Este nome reflete o fato de que o homem estava possuído por muitos demônios. Uma legião era uma unidade militar romana de aproximadamente seis mil soldados. Desta forma, a designação indica uma batalha espiritual.

8.31 A palavra abismo também pode fazer alusão ao mundo subterrâneo e à destruição do julgamento (Rm 10.7).

8.32 Os porcos eram animais impuros para os judeus (Lv 11.7; Dt 14.8). Mesmo que este incidente tenha acontecido na área gentílica, é interessante notar que os espíritos imundos também buscaram animais impuros.

8.33 Esta demonstração clara da destruição demoníaca dos porcos mostra que o homem fora liberto de seus atormentadores.

8.34-36 Em seu juízo, assentado aos pés de Jesus. Esta afirmação está em contraste com a primeira descrição do homem, cuja anterior morada era os sepulcros (v. 27,29). A posição do homem, aos pés de Jesus, ilustra o verdadeiro discipulado (Lc 10.38-42).

8.37 Especula-se que o motivo pelo qual o povo pediu que Jesus se retirasse tenha sido evitar maiores prejuízos econômicos a seus rebanhos. De acordo com Lucas, as pessoas estavam com medo da presença de Cristo.

8.38, 39 O homem que outrora estivera possuído pelos demônios quis partir com Jesus e Seus discípulos, mas o Mestre encarregou-o de testemunhar as grandes coisas que Ele lhe tinha feito. Embora Jesus quisesse que o Pai recebesse o crédito pela cura do homem, este não conseguiu separar o que Deus fez e o papel que teve o Salvador neste caso. Ademais, é importante notar como Jesus prioriza Seu tempo e Sua energia. Deve ter havido muitos indivíduos como este homem, que quis ser um discípulo, mas Ele os limitou a 12.

8.40 Ao que tudo indica, Jesus retornou ao território judeu.

8.41, 42 Jairo era o dirigente principal da sinagoga. Como tal, ele conduzia o culto e mantinha a ordem.

8.43 Considerando que a filha de Jairo estava à beira da morte, a interrupção no atendimento de seu pedido deve ter sido algo aflitivo.

8.44 A condição da mulher do fluxo de sangue não era apenas embaraçosa, mas também impura (Lv 15.25-31). Ela teve muita coragem de procurar por Jesus. Note que sua atitude não foi criticada, e sim louvada (v. 48). A cura veio instantaneamente. Doze anos de sofrimento cessaram de imediato (Lc 4.39; 5.13,25; 7.15).

8.45, 46 Quem é que me tocou? Por meio desta expressão, Jesus faz com que o contato da mulher consigo seja conhecido, especialmente porque Ele sentiu sair virtude dele (v. 46).

8.47 A mulher sabia que não podia ocultar-se, então revelou tudo o que se passava com ela. A compreensão de que o poder de Deus está presente e que Ele sabe de tudo faz com que seja impossível esconder-se.

8.48 A tua fé te salvou. Aqui Jesus exalta a mulher acanhada por ter sido corajosa ao procurar a ajuda de Deus.

8.49 Ao que tudo indica, o atraso causado pelo episódio da mulher com hemorragia foi fatal para a filha de Jairo.

8.50 Crê somente. Este milagre enfatiza não apenas a autoridade de Jesus, mas também uma resposta de fé que honra Deus.

8.51 A ninguém deixou entrar, senão a Pedro, e a Tiago, e a João. A razão pela qual Jesus escolheu estes três discípulos não é dada. Lucas registra uma atitude similar no versículo 28 do capítulo 9. Mateus e Marcos falam de uma escolha parecida no Getsêmani (Mt 26.37; Mc 14.33). Nós fazemos bem ao acompanhar atentamente a prioridade estabelecida por Cristo no treinamento dos 12 discípulos.

8.52 Dorme. Esta é uma metáfora comum para a morte, mas nesse caso indica que a morte da menina não foi definitiva.

8.53 Eriam-se dele. A expressão sugere que eles riram como forma de escárnio.

8.54, 55 Novamente, a cura foi instantânea (Lc 4.39; 5.13,25; 7.15; 8.44).

8.56 O motivo pelo qual Jesus pediu que não contassem a ninguém o que tinha acontecido não fica muito claro, mesmo porque qualquer um poderia deduzir o que havia sucedido. A situação parece estranha diante da orientação que Ele tinha dado ao homem endemoninhado para contar o que havia ocorrido com ele (Lc 8.39,45-47) e da ressurreição pública do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17). Jesus pode ter tido a intenção de restringir a fama de tais curas para que elas não se tornassem o foco de Seu ministério.

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