Gênesis 30 — Estudo Bíblico

Gênesis 30

30:1 O verbo hebraico para invejar descreve um forte sentimento interior de raiva (37:11), e pode ser traduzido como “agir com zelo” (Nm 25:11; 1 Rs 19:10; Zc 8:2). A inveja de Rachel refletia a inveja de Sarai por Hagar (cap. 16). ou então eu morro: sentimentos amargos de ciúme e raiva.

30:2 A ira de Jacó foi despertada: às vezes falamos de alguém que está “lívido de raiva”. Em meio à amargura familiar, que crescia com acusações e contra-acusações, a expressão hebraica para raiva é fascinante. Literalmente, pode ser traduzido como “o nariz de Jacó queimou”. O rosto corado do homem adulto semita de barba espessa seria mais perceptível no nariz avermelhado - a origem dessa expressão. Na expressão hebraica comum “o Senhor é longânimo” (compare com Êxodo 34:6), a expressão hebraica significa “nariz comprido”, significando que é extremamente difícil fazê-lo ficar zangado. Ao contrário de nós, o Senhor tem um pavio muito longo (Sl 103:8; Mq 7:18). A raiva de Jacob contra sua esposa ferida mostrou-se em uma transferência de culpa. Basicamente, ele disse: “Não me culpe; culpe Deus!”

30:3–5 O desespero de Raquel a levou a trazer sua serva Bilhah para Jacó como uma esposa substituta (para Sara fazendo a mesma coisa com Hagar, leia o cap. 16). Esta era uma prática aceita no antigo Oriente Médio para proteger uma esposa infértil. Uma mulher poderia se divorciar se não conseguisse conceber.

30:6 Dan: Ao dar um nome relacionado à palavra hebraica que significa “juiz”, Rachel agradeceu ao Senhor por ouvir e responder a seus apelos.

30:7, 8 Com o nome Naftali, que parece significar “minha luta”, Raquel expressou a veemência de sua luta com a irmã.

30:9–13 Leia estava feliz por causa de seus numerosos filhos, então ela chamou seu filho de Asher.

30:14 As mandrágoras são um tipo especial de erva que os povos do antigo Oriente Médio consideravam uma ajuda para a concepção. Seu aroma era associado ao ato de fazer amor (Cantares 7:13). A descoberta das mandrágoras por Reuben levou a outra briga entre Leia e Raquel. No final, Leia contratou Jacob para uma noite com ela.

30:15–18 O significado de Issacar é controverso. É tratado como se significasse “alugar”. Assim, Issacar é “o Contratado”, aquele concebido por causa do acordo feito entre Lia e Raquel. No entanto, Leah novamente louva ao Senhor, que realizou o milagre.

30:19, 20 O verbo “dotou” no hebraico soa algo como Zebulom . O nome vem do verbo que significa “ser exaltado”. Assim, Zebulom é “o Exaltado”.

30:21 O nome Diná está relacionado com a palavra que significa “julgamento”.

30:22 Finalmente, Deus permitiu que Raquel tivesse um filho. Os três verbos, lembrado, ouvido e aberto, enfatizam que a concepção é um dom de Deus.

30:23 minha reprovação: na cultura de Rachel, uma mulher casada sem filhos era desprezada.

30:24 Ao dar um filho a Raquel, Deus removeu sua vergonha e trouxe alegria à sua vida. O nome que ela deu a ele, Joseph, é um jogo de palavras em hebraico em dois verbos de som semelhante que acabam significando: “Ele (Yahweh) Acrescenta {Mesmo quando Ele Remove}”.

CONCUMBINAS

Léia e Raquel, as esposas de Jacó, usaram suas servas para competir uma com a outra pelo favor de seu marido, fazendo-as gerar seus filhos (Gn 30:3-13). Assim, as criadas, Zilpah e Bilhah, tornaram-se esposas secundárias ou “concubinas” de Jacó.

A prática de “casar” com concubinas, uma forma de poligamia, era conhecida em todo o antigo Oriente Médio. Uma concubina era geralmente uma escrava com quem o principal macho da família estava livre para ter relações sexuais. Ela não era considerada igual à esposa (ou esposas) “completa” dele, mas não poderia ser vendida se o homem perdesse o interesse por ela. No entanto, os direitos variavam de cultura para cultura.

Uma das principais justificativas para manter uma concubina era dar à luz filhos, principalmente um filho e, portanto, um herdeiro.

30:25 Com o nascimento de José por sua amada esposa, Jacó estava pronto para ir para seu próprio lugar. Jacó sempre quis voltar para Canaã (27:43, 44). De fato, Deus havia prometido trazê-lo de volta à sua terra natal (28:4, 15).

30:26 Visto que Gênesis fala apenas das filhas de Labão durante a visita de Jacó, Labão provavelmente não tinha um filho na época (29:16). Portanto, ele adotou Jacó como seu filho e principal herdeiro. O Código de Hammurabi atesta que esta era uma prática comum no antigo Oriente Médio. Como o principal herdeiro, Jacó e sua família eram considerados parte da casa de Labão (v. 43). Mas nos anos intermediários, Labão teve filhos que ameaçariam a posição de Jacó na família (31:1). Por isso, ele pediu a Labão que o deixasse ir.

30:27 Deus havia prometido abençoar outros através dos descendentes de Abraão (12:2, 3). Agora, Deus abençoou Labão por meio de Jacó e, mais tarde, abençoaria uma família egípcia por meio de José (39:5).

30:28 dê o seu salário: Estas palavras devem ter soado vazias para Jacó, dada a sua experiência anterior em fazer um acordo com Labão (29:15–30; 31:7).

30:29, 30 o SENHOR te abençoou: Tanto Labão (v. 27) quanto Jacó reconhecem a obra de Deus no aumento do gado.

30:31, 32 Presumivelmente, as ovelhas salpicadas e malhadas seriam a menor parte do rebanho. O acordo foi vantajoso para Labão.

30:33 minha justiça: Jacó afirmou sua confiabilidade.

30:34 de acordo com a sua palavra: O negócio foi fechado.

30:35, 36 três dias de viagem: Uma distância de cerca de sessenta milhas separava os rebanhos de Jacó e Labão para que os animais não se misturassem. Jacob ainda cuidava dos rebanhos de Labão.

30:37–40 varas de álamo verde: Jacó colocou varas de várias cores nos bebedouros para simbolizar sua crença de que Deus o abençoaria com mais cordeiros salpicados e malhados (v. 27; compare 31:5, 9, 10). De fato, Deus abençoou Jacó como havia prometido (28:13–15). Jacó acrescentou todos os animais salpicados e malhados ao seu próprio rebanho. 30:41–43 Com as varas multicoloridas simbólicas, Jacó pediu a Deus que o abençoasse com animais salpicados e malhados do gado mais forte do rebanho de Labão. De fato, Deus prometeu fazer exatamente isso em um sonho (31:10), e Jacó ficou rico (v. 43).

Notas Adicionais:
Embora fosse bonita e amada, Raquel (1) logo descobriu que fortes sentimentos de inveja incitavam seu coração contra Léia. Os valores daqueles dias davam elevada im­portância ao fato de ter filhos e ela não tinha nenhum. Irracionalmente, ela exigiu que Jacó lhe desse filhos, diante do que ele respondeu furiosamente: Estou eu no lugar de Deus? (2). Mas Raquel se lembrou, como Sara (16.2), que a lei da região permitia a esposa sem filhos ter posteridade por meio de uma esposa substituta. Impulsivamente, ela deu a Jacó a serva Bila (4), que logo teve um filho — um filho que Bila não podia dizer que era dela, pois legalmente pertencia a Raquel. Quando chamou o menino Dã ( 6), que significa “juiz, justificação ou defesa”, ela não estava pensando que Deus a con­denava, mas que a julgava digna de misericórdia.

O nome que Raquel deu ao segundo filho de Bila, Naftali (8), quer dizer “lutan­do” e está baseado em com lutas... tenho lutado. Pelo fato de a primeira parte da frase ser literalmente “lutas de Deus” (naphtaley elohim), há quem afirme que Ra­quel estava se perdendo em magias. Mas não há razão para crer que ela estava fa­zendo algo que não fosse orar com fervor a Deus, embora suas emoções estivessem tingidas de inveja.

Léia também tinha uma serva, que ela prontamente deu a Jacó como outra esposa substituta. Zilpa, por sua vez, deu à luz dois filhos. Embora o nome Gade (11) queira dizer “tropa”, seu significado mais comum é “boa fortuna”, o que se ajusta muito melhor neste contexto e é aceito na maioria das mais recentes traduções bíblicas. O nome do próximo menino, Aser (13, “feliz ou bendito”), também era exclamação da extrema sa­tisfação de Léia e sua serva estarem gerando mais que Raquel.

Sendo criança, Rúben (14) inocentemente trouxe mandrágoras dos campos de tri­go para sua mãe. Os bagos amarelos desta planta eram altamente reputados por ter a capacidade mágica de produzir fertilidade. Quando Raquel os viu, ela caiu na tentação de obtê-los para cura de sua esterilidade.' Para isso, fez uma barganha sórdida com a irmã. A tônica que o paganismo dava em superstições mágicas atraía as mulheres em práticas repulsivas. Jacó não contestou, nem resistiu.

Apesar da implicação de valores morais distorcidos, Deus concedeu fertilidade a Léia, e Raquel descobriu que a magia não resolvia seu problema. Léia pelo menos reco­nhecia a atividade de Deus, embora entendesse mal a razão da misericórdia de Deus. Seu equívoco está incrustado no nome do quinto filho, Issacar (18), que significa “alu­guel ou pagamento”. O nome estava baseado no acordo feito entre Léia e Raquel. O sexto filho (19), Zebulom (20, “habitação”), reflete o desejo ardente e permanente que Léia tinha pelo afeto do marido, que nem sequer seis filhos lhe deram. Este nome é o único dos doze filhos que têm paralelo mesopotâmico. O termo acádio zubullu significa “presente de noivo” e, assim, liga-se à expressão boa dádiva (20).

Só uma filha (21) é atribuída a Jacó. Seu nome é Diná, que significa “julgamento”, mas nenhum testemunho pessoal foi ligado ao nome. Mais tarde, esta moça iria figurar em cena trágica (cap. 34).

Para Raquel (22), as mandrágoras foram inúteis. Quando finalmente deu à luz um filho ela entendeu que foi um ato especial da misericórdia divina. Lembrou-se Deus é termo associado com oração respondida. O nome que ela deu ao garoto foi José (24, que significa “adição, acréscimo”). Pela fé, ela esperava outro filho como presente de Deus. Para ela, a superstição pagã perdeu sua atração.

Depois do casamento de Jacó com as duas irmãs, a história se concentrou na luta que elas empreenderam entre si na questão de gerar filhos. Agora, a luta ocorre entre Jacó e Labão, até se separarem em paz apreensiva.

Quando Jacó (25) cumpriu o segundo período de sete anos de serviço, ele falou com Labão acerca do futuro. Jacó pediu permissão para que ele tomasse suas mulheres (26) e família e voltasse à sua terra. Mas Labão o convenceu a ficar, pois ele se aproveitava do seu trabalho. Caso esta fosse a atitude de Labão, Jacó havia planejado uma segunda proposta.

Superficialmente, as exigências salariais de Jacó pareciam curiosamente absurdas para Labão. Naquele país, as cabras, em geral, são totalmente pretas ou marrons escuras e a cor normal das ovelhas é totalmente branca, embora ocorressem variações. Jacó quis selecionar as cabras de cor pouco comum e as ovelhas de cor escura para formar seu reba­nho. Ele ficaria somente com as cabras e ovelhas de cor indefinida que aparecessem entre a descendência do rebanho básico. Esta divisão seria modo fácil de evitar engano quanto a quem pertencia determinados animais. Jacó disse: “E a minha honestidade dará testemu­nho de mim no futuro, toda vez que você resolver verificar o meu salário” (33, NVI).

Labão concordou, mas tomou uma precaução. Imediatamente, e em segredo, sepa­rou dos rebanhos os animais das cores que Jacó queria e os enviou para longe (35,36). Este ato era violação do espírito do acordo, mas no momento Jacó não podia fazer nada. Ele tinha seus próprios estratagemas. Exteriormente, seus procedimentos parecem um tipo supersticioso de magia, mas depois ele confessou às suas esposas que foi Deus que o instruiu na procriação seletiva (Gn 31.10-12). Descascou nelas riscas brancas (37) é tra­dução apoiada por Moffatt. Na verdade, ele estava limitando a linhagem da procriação masculina aos carneiros com coloração peculiar, e colocando a descendência em reba­nhos separados. Desta forma, aumentava radicalmente o número de filhotes e cordeiros de cor indefinida de gestação em gestação. Além disso, ele mantinha somente os melho­res animais para a procriação seletiva, e deixava os animais inferiores para os rebanhos de Labão. Esta era a verdadeira razão por que seus rebanhos eram tão numerosos e fecundos (31.9).

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