Anselmo (Filósofo)

Anselmo (Filósofo)

ANSELMO

(Enciclopédia Bíblica Online)

Filósofo e teólogo escolástico (1033-1109), nascido em Aosta (Piemonte), na Itália. Foi monge beneditino, com várias posições eclesiásticas na França e na Inglaterra. Tornou-se arcebispo de Canterbury em 1093, permanecendo no cargo até 1109. Aplicou a lógica aristotélica (herdada por meio de Boécio) aos seus argumentos teológicos, pelo que também alguns o intitulam pai do escolasticismo (ver o artigo). 

Escritos. Proslogion; De Grammatico; Sobre a Verdade; Por que o Deus-Homem? 

Idéias: 1. O argumento ontológico. (Ver o artigo; ver também sobre Deus, Provas de Sua Existência). Esse argumento em prol da existência de Deus acha-se no Proslogion. Assume duas formas: a. Deus é aquele ser (realidade) maior que podem os conceber. Tal realidade deve existir, pois doutro modo poderíamos conceber algo maior ainda. Outrossim, tal realidade deve ser perfeita; se Deus existia-se apenas como ideia, mas não na realidade, não seria perfeito e nem seria a realidade última, b. Deus é aquele ser que não podemos conceber como não-existente. Se falarmos em “não-existência divina” estaremos falando sobre um a contradição, porque o divino não pode deixar de existir. Em outras palavras, Deus é o Ser Necessário, ao passo que todas as outras coisas são contingentes. (Notas completas sobre esses conceitos aparecem nos artigos referidos acima). A oposição foi feita através da assertiva que o mero conceito de Ser Último, de Ser necessário, de Ser perfeito, dificilmente pode trazer à existência um tal ser. Há diferença entre o pensamento e a realidade. O que existe é meramente o conceito do Ser Último. Se for demonstrado que Ele existe na realidade, outras provas serão necessárias, para que não se trate de um m ero dogma mental. Anselmo, entretanto , não se escudava em meros conceitos mentais. Ele partia do pressuposto de que a iluminação divina (as experiências místicas) esclarece o homem, que o homem é capaz de ter pensamentos sobre verdades genuínas, como um tipo de comunicação feita pelo Espírito. Portanto, para que o argumento ontológico de Anselmo seja derrotado, é mister que primeiro seja derrubado o princípio do conhecimento através das experiências místicas. (Ver o artigo a esse respeito). 

2. Descrições de Deus no Proslogion. Deus é auto-existente, criador, sensível, embora incorpóreo, onipotente, compassivo, destituído de paixão, onisciente, supremamente justo, todo-amor, onipresente, embora não existente no espaço e no tempo, eterno e unitário. O Monologion discute sobre essas questões. Ver o artigo sobre os atributos de Deus. 

3. O Monologion contém o ensino anselmiano sobre a trindade (ver o artigo), cuja imagem é a mente racional. Portanto, o homem tem afinidade com a divindade. A alma humana é imortal, e retomar a Deus, em bem -aventurança eterna, é o alvo da existência humana. 

4. Em sua obra Por Que o Deus-Homem? pela primeira vez na teologia, a doutrina da expiação foi sujeitada a uma investigação sistemática, científica. O ensino que daí emerge se intitula teoria da “satisfação” da expiação. (Ver o artigo sobre a expiação). Ao morrer pelos homens, Cristo proveu uma satisfação proporcional à culpa humana, uma dádiva de Si mesmo que requer, a bem da verdade, um a recompensa proporcional, a saber, a salvação do homem. A Igreja existe basicamente em função da expiação de Cristo. Deus ficou satisfeito ante a expiação de Cristo, pelo que Sua justiça e misericórdia foram ambas satisfeitas. Essa obra também explica a doutrina de Cristo, Sua missão salvatícia, Sua encarnação e a redenção que nEle há. 

5. Fé e razão são mutuamente dependentes: “Creio para poder compreender”. Mas também “compreendo, pelo que creio”. A razão e a filosofia ajudam a fé ao responderem a objeções e ao proverem uma base lógica e racional para o dogma. Deus é o criador do intelecto, pelo que é impossível que o intelecto conflite com a fé. Porém, onde a razão mostra-se inadequada, a fé pode apreender verdades por meio da revelação. 

6. Anselmo foi profundamente influenciado por Agostinho, tendo rido denominado de “o segundo Agostinho”. 

7. Quanto à questão dos universais (ver o artigo), Anselmo era realista. Acusou Roscelin, quando este referiu-se aos universais como mera flatus voeis (meras palavras; flatus, sopro, respiração). 

8. No campo da ética, Anselmo frisava a lei do amor, não apenas como um principio ético, mas como um conceito que envolvia tanto a fé quanto o entendimento. Não podemos separar qualquer conhecimento ou inquirição do principio do amor. Anselmo foi um pensador original, eficaz e brilhante escritor.

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