Interpretação de Êxodo 12

Êxodo 12

Êxodo 12 descreve a instituição da Páscoa, a praga final e mais devastadora, e a preparação dos israelitas para a sua partida do Egito. Aqui estão os pontos-chave de Êxodo 12:

1. A Instituição da Páscoa (Êxodo 12:1-13): Deus instrui Moisés e Arão a estabelecer um novo calendário, marcando o início do ano como o mês de Nisan (também chamado de Abib), durante o qual a Páscoa será celebrada. ser comemorado. No décimo dia do mês, cada família israelita escolherá um cordeiro sem defeito, que será guardado até o décimo quarto dia. Naquele dia, o cordeiro será abatido ao entardecer, e seu sangue será aplicado nas ombreiras e na verga das casas. O cordeiro será assado e comido com pães ázimos e ervas amargas. A refeição pascal deve ser comida às pressas, com os israelitas vestidos para a viagem, com sandálias nos pés e cajados nas mãos.

2. A Proteção da Páscoa (Êxodo 12:12-13, 21-23): Deus explica que Ele passará pela terra do Egito naquela noite, matando todos os primogênitos, tanto de humanos como de animais. Porém, Ele “passará por cima” das casas marcadas com o sangue do cordeiro, poupando os primogênitos dentro dessas casas. O sangue serve como sinal de proteção.

3. A Praga dos Primogênitos (Êxodo 12:29-30): À meia-noite, Deus ataca todos os primogênitos no Egito, desde o filho primogênito do Faraó até o primogênito dos prisioneiros na masmorra. Há um grande grito de angústia em todo o Egito, e o Faraó finalmente cede e convoca Moisés e Arão, instando-os a partir com os israelitas e seus rebanhos e manadas.

4. A Urgência da Partida (Êxodo 12:31-39): Faraó diz urgentemente a Moisés e Arão para deixarem o Egito e levarem os Israelitas com eles. Os egípcios também estão ansiosos para que eles partam, temendo novas calamidades. Os israelitas, que já se prepararam para a partida, rapidamente reúnem os seus pertences, incluindo pães ázimos, e partem, num total de cerca de 600.000 homens, juntamente com mulheres e crianças. Eles estão no Egito há 430 anos.

5. Regulamentos para a Páscoa (Êxodo 12:43-51): Deus fornece instruções adicionais sobre a observância da Páscoa, enfatizando que nenhum estrangeiro ou incircunciso deve participar dela. A Páscoa deveria ser uma ordenança perpétua para os israelitas, observada como um memorial de sua libertação do Egito.

Êxodo 12 é um capítulo significativo com vários temas e lições importantes:

1. A Páscoa como um prenúncio: A instituição da Páscoa e o derramamento do sangue do cordeiro nos umbrais das portas prenunciam a expiação sacrificial fornecida por Jesus Cristo no Novo Testamento. Jesus é frequentemente referido como o "Cordeiro de Deus", cujo sangue fornece salvação e proteção contra a consequência final do pecado - a morte espiritual.

2. A Fidelidade de Deus: A fidelidade de Deus à Sua promessa de libertar os Israelitas é evidente na proteção dos primogénitos e na sua eventual libertação do Egito.

3. A Urgência da Obediência: A pressa com que os Israelitas se preparam para a partida sublinha a importância da obediência imediata às instruções de Deus.

4. O Conceito de Lembrança: A Páscoa é estabelecida como um memorial perpétuo para os Israelitas, servindo como um lembrete da libertação e da fidelidade de Deus ao longo das suas gerações.

Êxodo 12 marca um ponto de viragem crítico na narrativa, pois os israelitas estão prestes a deixar o Egito, iniciando a sua jornada para a liberdade e o eventual cumprimento das promessas de Deus. A Páscoa torna-se um dos rituais centrais e duradouros da tradição judaica, comemorando tanto o evento histórico como o seu significado espiritual.

Interpretação

A Consagração de Israel. 12:1-28.

“A libertação de Israel da escravidão do Egito estava para se realizar; também a sua adoção como nação de Jeová (6:6,7). Mas para tanto era necessária uma consagração divina de mudo que a sua ruptura externa com a terra do Egito fosse acompanhada de uma separação interna de tudo aquilo que viesse de fonte egípcia ou pagã. Esta consagração devia ser conferida pela Páscoa” (KD).

12:1. Na terra do Egito. A primeira ordenança dada no Egito seria repetida no Sinai (Lv. 23) e nas planícies de Moabe (Dt. 16).

12:2. Este mês. O nome hebraico do mês é Abibe, que significa “espigas verdes”. Corresponde a Março-Abril em nosso calendário. Durante o Exílio foi substituído pelo nome Nisã que significa “começo, abertura”. O primeiro mês. O começo de Israel como povo de Jeová devia ser assim anotado no seu calendário. O ano civil começa, ainda hoje, no outono, com a Festa das Trombetas (Lv. 23:24; Nm. 29:1), hoje chamada Rosh Hashanah, Ponta do Ano, ou Ano Novo. O ano religioso ou espiritual começa com o mês da Páscoa, o primeiro mês da nova vida de Israel na qualidade de povo redimido.

12:3. Cordeiro. Um animal, cordeiro ou cabrito (cons. v.5).

12:4. Esta seria uma cerimônia familiar, a menos que a família fosse pequena demais. De acordo com a exegese rabínica, pequena demais significava com menos de dez pessoas. (Targum Jonathan). Conforme o que cada um puder comer. Deviam calcular quanto cada um poderia comer e assim determinar se deviam se reunir com alguma outra família.

12:5. De um ano. Hebraico, filho de um ano. Os rabis têm interpretado isto como significando” como do primeiro ano”, isto é, de oito dias de idade. Os comentadores modernos geralmente aceitam como significando um ano de idade. Um cordeiro ou um cabrito. Mais tarde o costume restringiu a Páscoa aos cordeiros.

12:6. Todo o ajuntamento da congregação, isto é, todos ao mesmo tempo. No crepúsculo. Hebraico, entre as tardes. Desde antigamente as opiniões têm divergido quanto ao tempo exato do sacrifício. Abn Ezra, os samaritanos e os coraítas explicaram-no como o período compreendido entre o pôr-do-sol e a escuridão total. Os fariseus mantinham-se apegados à explicação tradicional de que era entre o começo da tarde até o pôr-do-sol, aproximadamente das 3 às 5 hs da tarde, e o Talmude concorda com isto (Pesahim 61a). Esta era a prática geral, de acordo com Josefo (Wars of the Jews, VI, 9.3). Deuteronômio 16:6 diz simplesmente, “ao pôr do sol”.

12:7. O sangue devia ser aspergido “em ambas as ombreiras, e na verga, onde pudesse ser visto, e não na soleira para ser pisado” (Jamieson, Fausset e Brown). Por meio deste ato todos, a casa e seus habitantes, seriam expiados (pelo uso do sangue e do hissopo; cons. Lv. 14:4-7; Nm. 19:1 e segs.) e consagrados a Deus.

12:8. Assada. O animal inteiro tinha de ser espetado e assado sobre o fogo. “Por meio da unidade e integridade do cordeiro que lhes era dado a comer, os participantes seriam reunidos em uma unidade indivisível e uma comunhão com o Senhor que lhes fornecia o alimento” (KD). Pães asmos. Um memorial à pressa com a qual deviam partir (v. 34), mas também um símbolo de sua purificação e libertação do fermento do mundo. Ervas amargas. O Mishnah (Pesahim 2:6) menciona alface, escarola, chicória, serpentária, hortelã e dente-de-leão como sendo as ervas amargas. Isto serviria para “chamar a atenção para a amargura da vida experimentada por Israel no Egito, e esta amargura devia ser sobrepujada pela doçura da carne do cordeiro” (KD).

12:9. A fressura, as partes internas, as vísceras (coração, fígado, etc.)

12:11. À pressa. Com temor, unindo a pressa ao sinal de perigo. Lombos cingidos. Suas longas vestes flutuantes deviam ser amarradas para não lhes impedir os movimentos. A páscoa do Senhor. Uma páscoa (Hb. pesah, LXX pascha, e assim “páscoa” no português) a Jeová; ordenada por Ele e comemorada para Ele. A etimologia da palavra é incerta, mas o significado ficou esclarecido com 12:13. Deus “passaria por cima”, em Seu juízo, daqueles que tivessem dado evidências de sua fé nEle e se refugiassem sob o sangue.

12:12. Sobre todos os deuses. Os deuses egípcios deviam ser denunciados como impotentes para defender e indignos de respeito. Mais ainda, os deuses eram adorados na forma de muitos dos animais e na pessoa do próprio Faraó, e nesses representantes os deuses seriam golpeados.

12:15-20. Regulamentos para a Festa dos Pães Asmos. Embora estas instruções possam ter sido dadas após o Êxodo (cons. v.17, “tirei”), a íntima relação de significado e tempo entre esta festa e a Páscoa explica a inclusão dos regulamentos aqui. Os pães asmos eram símbolos de uma vida nova purificada do fermento da natureza pecadora. Por causa disso os israelitas deviam abandonar todo o fermento da natureza egípcia, o fermento da malícia e maldade, e comer o pão puro e santo, reunindo-se para a adoração a Deus a fim de demonstrar que estavam andando em novidade de vida... Comer pão levedado nesta festa, seria uma negação do ato divino, pelo qual Israel foi introduzida na vida nova de comunhão com Jeová” (KD).

12:15. Ao primeiro dia. Quinze de Abibe. Essa pessoa será eliminada, isto é, proscrita ou exilada da comunidade.

12:16. Assembleia; santa convocação (Moffatt). O trabalho necessário seria feito; o dia não seria guardado tão severamente como o sábado.
 
12:18. Desde o dia catorze. O pão asmo devia ser comido na Páscoa no dia catorze; a Festa dos Pães Asmos começava no dia quinze.

12:19. Peregrino, estrangeiro, estrangeiro permanente (Moffatt). Uma pessoa pode habitar no meio do povo de Deus toda a sua vida e nunca chegar a ser parte integral do grupo (cons. v. 43 ).

12:21-28. Instruções dadas aos anciãos. Os regulamentos da Páscoa, dados por Deus a Moisés, deviam ser transmitidos aos representantes do povo.

12:21. Escolhei, isto é, no rebanho.

12:22. Hissopo. Embora a identidade desta planta seja discutida, a opinião geral é que seja uma espécie de orégano, talvez manjerona ou talvez tomilho silvestre. Bacia. O vaso no qual o sangue seria recolhido quando o animal fosse morto. Uma vez que o galhinho folhudo do hissopo era usado para aspersão do sangue do sacrifício para a purificação, veio a ser usado figurativamente para a própria purificação (cons. Sl. 51:7).

12:23. O destruidor. Anjo destruidor (Moffatt).

12:28. Por este ato de obediência e fé, o povo de Israel manifestava que confiava em Jeová; e assim o ato em si tornava-se a sua redenção.

A Décima Praga – o Juízo de Deus Sobre o Egito. 12:29-36.
Esta praga foi como as outras, uma epidemia natural aumentada e sobrenaturalmente orientada, ou foi mais do que isto? A repetida ênfase na declaração de que foi a operação do Senhor (12:12, 13, 23, 27, 29), parece indicar que foi um ato direto do próprio Deus.

12:29. Os primogênitos. Costuma-se concordar que isto significa o filho más velho que ainda não era pai. Caso contrário, o primogênito de cada geração teria morrido, inclusive, provavelmente, o próprio Faraó.

12:31. Chamou a Moisés. Aterrorizado e sofrendo, Faraó ignorou suas próprias ameaças (10:28).

12:32. A capitulação foi completa. Abençoai-me. Ao partir, orem por mim e por este povo ferido.

12:34. Antes que levedasse. Isto nos dá a explicação natural para o significado espiritual da Festa dos Pães Asmos. Amassadeiras. Literalmente, tabuleiros, isto é, cumbucas rasas de madeira. Neste caso cada família levava a sua amassadeira enrolada no simla, uma parte da vestimenta constituída de um grande pedaço de fazenda quadrado, muitas vezes usado como sacola para carregar coisas (cons. Rute 3:15).

12:36. Estes lhes davam. A palavra hebraica para emprestar significa “concediam, deixavam que levassem”. Não significa “emprestar” no sentido comum mais do que a palavra hebraica em 12:35 (cons. 3:22; 11:2).

O Êxodo do Egito. 12:37 - 15:21.
A Partida. 12:37-42.


 O lugar exato da partida do Egito ainda é uma controvérsia, mas a maior parte das autoridades bíblicas concorda com as identificações feitas nos versículos abaixo. Tendo reunido o povo em Sucote, Moisés e Arão tiveram de fazê-los atravessar a barreira de brejos, lagos e o mar que atualmente é o Canal de Suez. O caminho foi mais determinado pelo fato de Deus pretender desferir um golpe final no orgulho e no poder egípcio.

12:37. Sucote. Foi identificado como Tell el-Maskhutah, 16 kms ao leste de Pitom. Isto significa que depois de Moisés despedir-se de Faraó em Ramessés, foi para o sul na direção do centro de Gósen, para ali reunir o povo para a marcha. Seiscentos mil. Como determinar o número exato dos que estavam envolvidos no Êxodo, há muito que constitui um problema. Tem-se destacado que, por exemplo, uma multidão de 600.000 homens teria sobrepujado de muito o pequeno exército de Faraó. A questão não é se Deus poderia ter multiplicado os setenta do tempo de Jacó até mais de dois milhões, mas se Ele o fez. Uma solução seria que a palavra 'elep, traduzida para mil, fosse traduzida para clã ou família, como em outro lugar (Jz. 6:15 por exemplo). Neste caso o número total poderia muito bem ser de cinquenta ou sessenta mil indivíduos. De uma coisa podemos ter certeza: Deus libertou uma grande multidão do Egito, milagrosamente cuidou dela durante quarenta anos no deserto e a introduziu na Terra Prometida. O fato de desconhecerem o número exato daqueles que foram envolvidos não diminui o milagre.

12:38. Um misto de gente. Egípcios e provavelmente pessoas de outras nacionalidades que se casaram com hebreus, queriam fugir à escravidão ou foram persuadidos de que havia alguma outra vantagem a ser obtida, se ficassem do lado de uma divindade tão poderosa como Jeová.

12:40. Quatrocentos e trinta anos. Gênesis 15:13 e Atos 7:6 dão um número redondo, quatrocentos anos. Uma vez que não sabemos a data exata da entrada de Israel no Egito, só podemos fazer conjecturas quanto à data da saída, mas parece-nos razoável uma data perto de 1300 A.C. (cons. Introd.). Alguns chegaram à conclusão de que a data foi em cerca de 1440 com base em I Reis 6:1.

12:41. Nesse mesmo dia. Cons. 12:17. Esse foi o Dia de Israel para ser lembrado pelas gerações futuras até que um Dia maior e uma Salvação maior viesse.

12:42. Esta noite se observará ao Senhor. Diversas traduções desta frase têm sido feitas: uma noite da preservação do Senhor para tirá-los (KD); uma noite de vigília por Jeová tê-los tirado (Cambridge Bible); esta mesma noite é uma noite de vigília observada ao Senhor por todo o povo de Israel através das gerações (RSV). Talvez ambas as ideias expressas nas diversas traduções estão implícitas: a noite na qual Jeová vigiou os Seus, deveria ser uma noite de vigília para o povo de Israel através das gerações, como um memorial.

Outros Regulamentos para a Páscoa. 12:43-51.
Uma passagem como esta, dizem os críticos, está inteiramente fora de lugar aqui, mas, na verdade, parece-nos muito apropriada. Ela define, no momento exato da ação, as exigências rigorosas que tornariam a ordenança espiritualmente significativa, como também fiel à realidade nas gerações futuras.

12:43-45. Estrangeiro... assalariado. Só aquele que estivesse identificado com o povo de Deus participaria desta ordenança. Isto foi planejado não para repelir o estrangeiro mas, sim, o incrédulo. Se o estrangeiro quisesse se identificar pela fé com Israel, seria bem recebido como alguém que fosse “natural da terra” (v. 48).

12:46. “Nesta refeição Israel preservaria e celebraria sua unidade e comunhão com o Senhor” (KD). Por este motivo a unidade cerimonial não devia ser interrompida nem pela inclusão de estranhos nem pela divisão do próprio alimento. Assim também a unidade de Cristo deve ser zelosamente guardada (cons. I Co. 1-3).

12:49. A mesma lei. Não bastava a descendência natural nem a associação. Nenhum incircunciso comerá dela (v. 48 ).

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